Robin de Gotham escrita por Renner Nogueira


Capítulo 6
Verdade e Consequência


Notas iniciais do capítulo

Alfred contou a John que Bruce está vivo, e que ele planejava treiná-lo.Mas como ele não pode voltar, enviou Alfred para que fizesse isso por ele.
Agora, John e Alfred começam a investigar quem são as pessoas por trás de tudo isso, e descobrem que seu inimigo é mais poderoso do que imaginavam.
Entre todas essas reviravoltas, John abre o jogo com Cameron, e descobre um novo sentimento que jamais imaginou sentir.
Boa leitura.



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Sete dias depois

Na BatCaverna, John socava o saco de pancadas com toda a sua fúria.Eliminava ali, toda a raiva, o medo, o ódio, a ansiedade, e a angústia que sentiu durante todos esses meses, em que achou que Batman estava morto.

Agora, viera Alfred, e lhe contara a verdade.Bruce Wayne estava vivo, em algum lugar da Europa, vivendo sua vida de playboy filantropo por lá.Disse que ele realmente tinha doado todos os bens que tinha, mas somente os dos Estados Unidos.Bruce tinha muitas contas espalhadas pelo mundo.Ele não deu muitas explicações sobre o que aconteceu na nave, nem como Bruce saiu de lá, mas tinha algo haver com o piloto automático.

–Ele conseguiu escapar, mas precisava fazer com que todos acreditassem que o Batman tinha morrido, pois não podia continuar com isso.- dissera Alfred- Por anos, ele aguardou um herdeiro, mas ele não o encontrou.Então, veio o Bane, e com isso, veio você.Ele disse que viu em você algo que não via em ninguém desde Harvey Dent, e que gostaria de treiná-lo.Mas seus planos não podiam ser frustrados.Então ele realmente teve que morrer, mas mesmo de longe continuou o observando.Vendo sua inspiração na BatCaverna.Até que você decidiu ser o novo herói de Gotham.E você se saiu bem.Então ele me mandou aqui.Quando me ligou, eu já estava a caminho.E aí você foi sequestrado...E agora estamos aqui.

–Se o Bruce quer mesmo me treinar, por que ele mesmo não vem?

–Bruce Wayne?Voltar á vida?Não.Ele não pode ser visto.

–Então, não vou vê-lo?

–Verá.Em breve.Mas saiba que todo o treinamento que eu te der, serão instruções de Bruce.Então não se preocupe.Será como se ele estivesse aqui.

John esmurrou aquele saco até as correntes que o sustentavam afrouxaram.

–Não devia se esforçar tanto.- disse Alfred, sentado à cadeira- Acabou de se recuperar.

–É, eu sei.- John continuou socando o saco- Mas preciso voltar a ativa.Você leu os jornais?Manchete da última semana: “Novo herói Robin já se aposentou!Um salvamento basta para o grande herói de Gotham”.- ele parou por um segundo- Percebi a ironia no “grande herói”.- fez aspas com os dedos, e voltou a socar.

–Não se preocupe, você voltará aos seus atos heróicos quando estiver pronto.Agora, vamos nos concentrar em Jack Daniel’s.

–Marcou o encontro?

–Sim, para hoje.- John parou de socar o saco e se sentou no balcão, de frente para Alfred.

–Onde?

–No Gotham Grill, é claro.

–Bem sugestivo.- comentou ele.

–Esteja lá ás oito horas.Encontro você lá.

–Ótimo.Agora, preciso ir.

–Onde vai?

–Vou falar com a Cameron.Ela me visitou por uma semana e nem me viu depois que saí.Devo explicações a ela.

–Certo.Até à noite.

–Até...

*

–Car?- chamou John, ao entrar em casa.Não houve resposta- Cameron?- chamou mais alto.

–Oh, John!- ela veio correndo e o abraçou.Parecia que andou chorando.Estava tremendo.

–O que aconteceu?

–Eu...eu recebi uma mensagem...

–O que?Que mensagem?

–É melhor você ver.

Ela o levou até o computador, e no e-mail dela, tinha ma mensagem escrita: “Se afaste do Robin, ou sofrerá as consequências.”

–Meu Deus.- disse ele, ainda olhando para a tela.

–Quem faria isso, John?

Ele olhou o nome do remetente: TC.

–Thief Computer.

–Quem?

–Car, acho que estamos em uma situação delicada.

–Estamos mesmo.Você me deve muitas explicações, Robin.

*

–E então, você decidiu se vestir de herói e salvar o dia?- perguntou ela, sentados a mesa, após John lhe contar toda a sua história.

–Basicamente.E agora tem esses caras me seguindo.Eles querem algo que e ainda não descobri o que é.Também recebi uma mensagem.

–Ah é?O que dizia?

–“Estamos de olho em você.”Agora eu me sinto vigiado o tempo todo, e não sei o que fazer.- ele a olhou, como se esse fosse o menor de seus problemas- E agora eles estão te ameaçando.Car, se algo acontecer a você por minha causa...

–Não vai.- ela pegou em sua mão.Ele a encarou.Seu toque era macio.Fez-lhe se senti acolhido de novo, depois de tanto tempo sem ninguém.

–Não se depender de mim.Mas eu tenho um inimigo perigoso, que eu não sei nem a própria face.Ele pode muitas coisas.Eu sei disso.

–Você não sabe o que ele quer?

–Acho que é algo comigo.Ele atacou a mim diretamente.Acho que pode ser algum inimigo que fiz no passado, mas não sei quem pode ser.

–Talvez não seja você.- disse ela.Ele estendeu o olhar- Talvez seja quem você representa.Talvez o que você está se tornando seja uma ameaça a eles.Talvez eles tenham um objetivo, e você está atrapalhando.

–Você acha mesmo?

–Pode ser.

John pensou.Era muita coisa sobre pressão.Pôs a mão no rosto.

–Car, de qualquer forma, eu não quero você nisso.

–O que?- disse ela, como se ele não tivesse o direito de dizer isso.

–Isso é muito perigoso.Esses caras querem me atingir e para isso vão começar a atacar a única coisa que me mantém vivo: você.- não foi a intenção de John, mas ela pareceu um pouco constrangida com isso- Olha, eu não vou permitir que você se envolva mais.

–Do que está falando?Você nem me perguntou o que eu acho.Eu to morando com você, John, não pode esconder coisas de mim.

–Posso sim.- ele pensou rápido- E amanhã, vamos arrumar outro lugar pra você ficar. Um lugar bem longe de Gotham.Um lugar...bem longe de mim.- ele pareceu não gostar da própria idéia.

–Só por que eles querem?- disse ela- Só por que eles não querem eu com você, você vai dar isso a eles?Isso não vai me proteger, John.Só vai me deixar mais preocupada.

–Mas se você ficar perto de mim, aí que eles vão poder te usar para me atingir.Lamento, mas não posso fazer isso!

–Não pode fazer isso por mim.- disse ela, levantando-se e virando as costas para ele.

–Isso não é só por você, está bem?- ele se levantou, seu tom de voz aumentou, mas ele não estava nervoso- É por mim também.Você sabe o que eu passaria se acontecesse algo com você por minha causa?Eu morreria, Car!Não suportaria um dia sem você!Não aguentaria nem me olhar no espelho, pois eu só veria a culpa em meus olhos, e me odiaria cada dia, por não ter feito nada para salvá-la, e não importa o quão egoísta isso soe, eu não vou deixar que toquem nem em um fio de cabelo seu, pois eu não suportaria viver num mundo onde você não exista.

Cameron só o encarou, chocada com aquilo.Não disse nada.Não sabia o que dizer.O que aquilo significava?Não havia o que falar naquele momento.

Então ela só saiu da sua frente.

John ficou olhando o espaço, pensando no que disse.Estava louco?Não devia ter dito aquilo.Não assim.Não para sua amiga.Ele a deixou muito confusa, e pra falar a verdade estava bem confuso também.Desde que Car voltou, as coisas entre eles não eram as mesmas.Pelo menos de sua parte.Achou que era só saudade, mas ali ele deixou bem claro que era mais que isso.Ele não sabia o que sentia, nem mesmo se sentia, mas quando disse aquilo, teve que repensar.Foi como se ele tivesse dito tudo o que sentia, e nem notou.Mas aquilo mais pareceu uma declaração.

Mais tarde em seu quarto, ele pensou se realmente, aquilo não tinha sido.

*

–Alô, comissário Gordon?- chamou, John, ao telefone, á noite.

–John!Graças a Deus!Você está bem?

–Estou.Saí do hospital hoje.

–Ainda não descobrimos nada sobre os sequestradores.

–Ah, não tem problema.Tenho certeza que vamos conseguir.Mas eu liguei, para lhe pedir um favor.

–Pode dizer, John.

–Eu tenho um compromisso hoje, e uma amiga minha está aqui em casa.Preciso que alguém fique com ela.

–Pode contar comigo, John.

–Ah, obrigado.Eu realmente agradeço.

–Não a de que.

–Você pode vir umas sete e meia?

–Claro.

–Obrigado.

*

Quando John chegou ao grill, viu Alfred, sentado no balcão, bebendo uma dose de uísque.

–Não sabia que bebia, Alfred.- disse, sentando-se ao lado dele.

–Só em ocasiões especiais.

–E qual é a ocasião?- perguntou.Alfred o olhou.

–Hoje é o aniversário de Thomas Wayne, pai do Bruce.

–Ah...- ele refletiu- Uma dose, por favor- pediu, e quando a bartender entregou, ele estendeu o copo- Á Thomas Wayne.- brindaram e tomaram juntos- E então?Sabe como o nosso cara é?

–Não.Mas ele virá com um casaco cinza escuro e gorro preto, com uma calça jeans azul.Acho que ele tem uma barba por fazer.

–Alguém como aquele cara?- disse, apontando para um homem, sentado no balcão, alguns bancos de distancia deles, que se encaixava na descrição de Alfred, que pareceu surpreso por não ter notado ele ali.

–É.Exatamente.Minha visão não é mais a mesma.

John foi até o homem e sentou ao seu lado.

–Boa noite.

–Boa noite.

–Mais uma dose.- pediu, John.O homem não disse nada- Noite agitada, não?- o homem pareceu não querer conversar, mas disse:

–Não muito.A minha está bem tranquila.

–É?Claro, deve estar de folga hoje.

–Não.Na verdade estou aqui trabalhando.- disse o homem.Ele era jovem.O cabelo liso e preto escapava pelo capuz.

–Num bar?

–Por que quer saber?- perguntou o homem, agora desconfiado.

–Tudo bem.- John resolveu parar com os joguinhos- Eu te chamei.

–Você é o Alfred Crane?Achei que fosse mais velho.

–Não, na verdade, ele é o Alfred.- disse, apontando para Alfred, que continuou sentado onde estava- Mas eu to com ele.

–E então, o que vai ser?

–Primeiro, diga, que tipo de trabalho você faz?Rouba e refaz senhas em redes sociais?Põe vírus no computador?Bloqueia aparelhos eletrônicos?

–O que o cliente desejar.

–Você também manda mensagens assustadoras para um computador desligado?

O cara olhou para ele.Ele riu, tomado uma dose de uísque em seu copo.

–Ah...Entendi tudo.Você é o John Blake.- disse- Robin.

–É.Sou eu, Jack Daniel’s.- disse.O cara pareceu surpreso por ser chamado pelo próprio nome.

–Meus amigos me chamam de Thief.

–É, mas eu não sou seu amigo.- disse.O cara olhou para ele com desgosto.

–E nem meu cliente.Tchau, cara.-ele levantou e foi saindo, mas John segurou seu braço, puxando-o, e dando um soco em seu rosto.

–Você ta maluco cara?- gritou ele, cambaleando, o nariz sangrando.

–Você manda ameaças pra garotas, é?

–O que foi?A namorada não gostou?

John se irritou mais e quando foi dar outro soco em Jack, ele segurou sua mão, e foi ele quem deu um soco em seu rosto.

–Você não quer mexer comigo, cara.- todos do bar olhavam, mas ninguém fazia nada, é claro.

–Quem te contratou?- gritou.

–Ninguém!

–Quem te contratou?!- gritou mais alto.Alfred se ajeitou na cadeira.Parecia tentar decidir se agia ou não.

–Eu não sei!Eles falaram comigo por telefone!

–E pelo que disseram, você não achou que fossem criminosos?!

–Não!Eles disseram que era uma piada!

–Uma piada?!- John veio correndo e agarrou a gola da camisa de Jack e foi o empurrando para trás- Você me tirou noites de sono!

–Muito interessante, mas eu não tenho mais nada a ver com isso!

–Nada a ver?Hoje você enviou outra mensagem para a minha amiga!Ela não tem nada a ver com isso!

Quando John foi dar outro soco em seu rosto, alguém segurou sua mão.Alfred.Ele era muito forte para alguém de sua idade.

–Já chega, John.Não viemos aqui pra isso.Já descobrimos o que queríamos.- John afrouxou a mão e cedeu.Olhou com raiva nos olhos de Jack, mas se conteve.Se virou, e foi andando.

–Olha, cara, eu não queria confusão.- disse Jack, mais calmo.

–O que eles te deram?- disse John, ainda de costas e se virou- Quanto eles te pagaram?

–Nada.

–Fez isso de graça?

–Quanto vale uma família?- John pareceu se surpreender com a pergunta- Eles sequestraram a minha esposa, meu pai e meu irmão.Disseram que iam matá-los se eu não fizesse o trabalho.E depois eles vieram de novo.Estavam com meu pai e irmão.Tive que fazer.- John percebeu que ele estava numa situação parecida com a dele.Ameaças.E ameaças á pessoas de quem ele gostava.

–E você não pensou em afastá-los?- disse, tendo Cameron no pensamento- Digo, você sabia que eram criminosos, e que iam de procurar de novo, não é?E que ameaçariam sua família?

Jack assentiu.

–Então por que você não tentou afastá-los?Pelo menos por um tempo, até ser seguro para eles?

–Como?Eles estão em Los Angeles, agora.Me mostraram que estavam com eles na webcam.Realmente os pegaram.Esses caras são poderosos, John.Não importa a distancia, eles vão encontrar pessoas que você goste e tirar de você, para que você faça o que eles querem.Para te fragilizar.Pra te pegar.Você se meteu num jogo de vida ou morte, cara.Achei que depois do que o Batman fez pela cidade, os crimes de Gotham haviam ido pra sempre, mas agora estão voltando.E estão voltando pelas mãos de alguém muito poderoso.

*

John chegou em casa exausto.Estava desanimado, com medo de tudo o que ouviu.Esses caras conseguiram achar uma família em Los Angeles para ameaçar.John estava percebendo que não importava a distancia que estivesse de Cameron, eles ainda assim a achariam, para afetá-lo.Não havia nada a fazer.

Exceto isso.

Quando abriu a porta, viu Gordon dormindo no sofá, e três malas no chão.Cameron veio logo depois, de braços cruzados.

–Oi.

–Oi.Olha, me desculpa por hoje cedo.Não queria te assustar.

–Tudo bem.- ela olhou para o Gordon- Ele dormiu na metade do filme- disse ela, se aproximando- Entendo por que quer me afastar, me manter distante.É pra não me afetarem e não te afetar também, eu entendo.Desculpe por querer me intrometer nisso.Você entrou nisso sozinho e não quer levar ninguém com você.Eu entendo.Hoje eu pensei bastante e percebi que tem razão.Vou embora amanhã.Vou para um lugar longe de você e...

–Não.- cortou-a- Não vai.Eu achei que te afastando poderia te livrar de todo o mal que poderia te afetar, mas não posso.Esses caras vão te achar, e vão te machucar quando eu não puder protegê-la, e eu não posso deixar isso acontecer.Eu sei que disse pra você ir, mas agora estou pedindo pra ficar.

–Mas se eu ficar perto, vão me usar pra te afetar.Você é um herói agora, não pode me proteger o tempo todo, eu estando perto ou não.

–Mas você pode.- disse.Ela o encarou, tentando entender- Você entrou nessa de um jeito que não dá mais pra sair, e agora vai ter que ir até o fim.O que vai acontecer se você for ao mercado e boom!, eles resolvem te atacar de novo?Você precisa aprender a se defender sozinha, Car.Aprender a lutar.Coisas como esse sequestro não podem acontecer de novo.Você não pode depender de mim para protegê-la.E para isso você vai ter que treinar.

Ela pareceu pensar no assunto.

–Mas eu não posso...- parou- Não quero virar uma heroína.

–E não vai.Só vai lutar por si mesma, o.k?Só pra eu saber que está segura.Para o caso de eles te atacarem, você saber o que fazer.Alfred nos mostrará tudo o que o Bruce sabe.Vamos sobreviver, e acabar com esses caras.

Cameron parecia pensar, temerosa.

–E aí?O que me diz?


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Notas finais do capítulo

Confesso que fiquei na dúvida sobre o que fazer sobre Cohn (team Cameron e John muahaha) Quando eu a criei pensei em alguém que pudesse realmente fomar um par amoroso com John, mas acabei tornando ela em somente uma amiga e agora eu venho com isso.Sinto muito se as coisas ficaram um pouco confusas mas acho que posso evoluir muito com eles dois, então aguardem.
Não percam os próximos capítulos!