Lágrimas escrita por Felipe Melo


Capítulo 8
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

- Não tenho palavras para agradecer o apoio de meus pais... eles me ajudam muito... ao meu professor de português... aos meus amigos que ouvem quando conto minhas idéias... e você que deixa sempre seu comentário... Agradeço a Tatiana que sempre comenta e tem paciência com meus personagens.. esse capitulo vai para vcs...



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Capitulo Oito

Aos poucos fui acordando. Estava com uma preguiça hoje fora do normal. O sol embaçava minhas vistas. E eu me perguntava por que estava tão feliz. E Geliel me veio à cabeça. Ele tinha sido um verdadeiro cavalheiro ao me defender de Miguel. Eu já não me sentia tão culpada. Tinha feito essa promessa para mim mesma, de que o passado havia ficado para trás.

Hoje resolvi colocar um vestido estampado com bolinhas brancas. Ele era meio curto, mas não chegava a mostrar nada além do normal, como muitas garotas ridículas por ai. Continuei andando, e encontrei a familiar picape no estacionamento, isso indicava que Miguel veio. Ou melhor, indicava que íamos passar o dia juntos, só que ele sozinho, - eu com Geliel. Bem... Se ele quisesse.

– Bom dia – disse Geliel a me ver entrar na sala – achei que não vinha mais.

– Nossa – disse eu brincando – isso tudo são saudades da menina que conheceu ontem?

– Coisas boas acontecem com o tempo – disse ele me olhando – e acho que podemos ser grandes amigos.

Antes de responder vi que Miguel me observava de longe. Ele não parava de me fitar, Geliel não se incomodou. Apenas continuou sendo mais gentil.

– Compromisso para hoje? – disse ele brincando com a mecha do meu cabelo – diga que não tem.

– Não tenho – disse eu rindo – aonde vamos?

– Não posso falar – disse ele sorrindo – gosto de fazer suspense. É sexy.

Tentei descaradamente não rir. Mas foi uma tentativa em vão.

– Isso fica bem para você. Com esses cabelos loiros. Pega todas.

– Não pego não – disse ele ficando sério – hoje só me interesso por uma.

Não tive como não sorrir. Eu não sei o que estava acontecendo comigo. Antes eu era tão fechada, tão tímida. E hoje após um turbilhão na minha vida, - eu era sedutora. Bem sedutora não. Mas que tal envolvente? Gostei do termo.

– Honey – gritou Vee – na troca de períodos – Geliel me contou que vocês vão sair.

Outro garoto bonito que era amigo de Vee. Tinha que me acostumar.

– Sim – disse eu – ele é um fofo.

– Fofo é pouco. Você tirou a sorte grande. Arrasou.

– Não aconteceu nada ainda – disse eu rindo – parece até que vou casar com ele. Não fale assim.

– Se você insistisse – disse ela maliciosa – vocês podiam aprontar hoje a noite.

Ah não! Isso não. Ai já era demais. Eu gostava dele. Mas não a esse ponto. Vamos lembrar que Miguel eu já conhecia faz um mês. Já Geliel, era o segundo dia.

– Vee – disse eu – não vou ficar “dando” para qualquer um.

– Que termo feio – disse ela balançando o dedo com sinal de não – você não quer se apressar demais com ele.

– Desde quando parou de usar termos obscenos?

– Desde quando você virou pegadora?

– Não virei nada. Estou na minha.

– Tem certeza? Dois garotos em pouco tempo. Está virando uma Sarah Marques. – ela riu.

– Nem brinca – disse eu – isso já coisa do mal. Ofendeu – brinquei com ela.

– Desculpa amiga – disse ela rindo – dá próximo pego mais leve nos xingamentos.

– Obrigada – disse eu.

– Disponha amiga.

A aula de literatura estava péssima. Um saco. Mesmo eu tentando me manter focada, acaba distraída com os olhares de Miguel. Geliel infelizmente não tinha essa aula comigo, estava treinando com o time de futebol.

– Alana – sussurrou Roberto meu colega de classe – mandaram esse bilhete para você.

Franzi a testa. Ninguém me mandava bilhetes na aula. Eu não era notada. Olhei para Vee. Ela parecia concentrada demais no celular debaixo da carteira. Olhei para Miguel, ele piscara. Meu ódio deu as caras de novo.

– Diga para o dono que eu não quero bilhetes – disse eu.

– Ele insiste – disse Roberto – e desculpe, mas não quero apanhar.

Então Miguel ameaçara o nerd da sala para me entregar o bilhete? Ri sem pensar. Pelo jeito ele percebeu, porque logo tratou de me olhar de novo.

– Okay – disse eu – me entregue o bilhete.

Roberto me deu, e pareceu mais tranqüilo. Graças a Deus a professora era substituta. Assim não teríamos que nos esconder muito. Comecei a ler o bilhete.

Alana...

Fica difícil explicar o que sinto. Dei tantas mancadas com você. Mas saiba que não quero te perder. Você é muito importante para mim. Todas essas reviravoltas não são culpa sua. Mas agora você precisa escolher. Sei que gosta de mim, e estarei disposto a fazer dar certo dessa vez.

Se por acaso mudar de idéia, me ligue. Tenho certeza que ainda tem número.

Beijos: Miguel Blackswel

Li e reli o bilhete. Ele realmente parecia sincero. Ele admitira seus erros. Mas eu não podia ficar sempre adulando. Ele já era praticamente um adulto, eu não queria passar meu último ano escolar me lastimando. Eu queria viver, curtir. E o mais importante, passar na faculdade de Jornalismo. Essas eram as minhas metas agora. Eu não podia desistir. Ele infelizmente não ganharia dessa vez.

Levantei da carteira e joguei o bilhete fora. Ele apenas assentiu e abaixou a cabeça. Seus movimentos fizeram algo palpitar dentro de mim. Uma lágrima quis brotar no meu rosto, mas eu logo as enxuguei. Ele não merecia. Ele não valia. Ele não prestava.

Hoje, Geliel e Vee iam passar à tarde comigo. Ele conseguira ser dispensado dos treinos. E Vee era Vee... Ou seja, não trabalhava. Mas tinha tudo.

– Aonde vamos queridos? – disse ela entrando no carro.

– Para o lago perto do centro. – disse ele.

– Lá é nojento – dissemos eu e Vee.

– Qual é gatas? – disse ele sorrindo – um pouco de turismo para o inglês aqui faria bem. Não conheço a vegetação daqui.

– Vá ao parque ecológico de Nova York – disse Vee rindo – aqui você só encontra caipira e gente chata. Bem menos eu e a Alana.

Geliel riu com o comentário de Vee.

– Vee, isso não está ajudando. Vamos logo ao lago.

– Isso vai ser nojento – disse ela – se soubesse mais cedo, pegaria meu perfumador de ambientes.

– Cheiro da natureza é bom – disse Geliel.

– Acho que você foi abduzido de Londres – disse Vee brincando – e trazido para cá na forma de humano.

– Claro tenho parentes Óvnis.

Eu não pude deixar de rir.

– Cheguei a conclusão de que somos idiotas. E vocês dois me deixam maluca.

– Credo – disse Vee – não sou lésbica. Deixo isso para a Paula.

– A Paula é lésbica? – Tapada eu.

– Nossa até eu sabia – disse Geliel – todo mundo percebe.

– Eu não percebi – disse eu – será que sou retardada?

– Claro que é – disse Vee rindo – você fala comigo.

– Então agora está explicado – disse Geliel.

E assim rimos o caminho inteiro para o lago perto do centro da cidade. Hoje eu estava feliz.

O lago que Geliel queria ir estava mais limpo que o normal. Claro que o local era abandonado. Disseram que antes havia uma empresa de agrotóxicos, e que ela poluíra o local e o parque antigo, desde então se tornara uma área abandonada.

– Esse lugar – disse Vee – me lembra um filme de terror antigo.

– Para com isso – disse eu – ainda está de dia.

– E se começar a chover? – disse ela.

– Nós voltaremos correndo para o carro, prometo – disse Geliel.

Continuamos andando ao caminho estreito do lago. Ele estava com um tom de azul muito bonito. Até parecia reluzir, mais que o normal.

– Você gosta da água? – disse ele.

– Claro – disse eu – qual ser humano que não gosta?

Pergunta estranha. E ao mesmo tempo escrota. Desculpe. Falei.

– Você nunca tentou fazer aulas de natação? Você se daria muito bem. Tem o corpo perfeito para isso.

– Sou do time de natação – disse eu rindo – só que as olimpíadas só começam daqui a algumas semanas.

– Você vencerá a todas – disse ele segurando minha mão.

Onde estava Vee numa hora dessas? Vee? Ai Meu Deus.

– Não sou tão boa assim – disse eu – apenas tenho meus métodos.

– E quais são? – disse ele com um brilho diferente no olhar.

– Não sei – disse eu – sou apenas mais rápida que as outras. Consigo prender mais a respiração. Todo mundo faz isso com muito treino.

Agora ele ria da minha cara e eu ficava igual á uma idiota boiando no assunto.

– Qual a graça?

– Você é muito espontânea.

– Isso é ruim?

– Para mim é maravilhoso. Só me faz gostar mais de você.

E ele se aproximou. Foi tão surreal. Eu sentia seu hálito de menta e mel no meu rosto. Seus olhos negros olhavam meu rosto com ternura. Ele veio se aproximando calmamente. E eu apenas me deixei me levar. E foi assim que aconteceu. Geliel me beijou. Foi meu primeiro beijo. E me senti muito mais adulta do que parecia. Ele agarrava meus cabelos como se aquele beijo significasse muito para ele. Eu tentei corresponder mais suas expectativas puxando-o para mim. Ele me transmitia muita emoção naquele beijo. É como se necessitasse de mim. E de alguma forma, com Miguel ou sem Miguel, - eu necessitava dele também. Tínhamos uma conexão que Miguel e eu não poderíamos ter.

– Ai Meu Santo Deus – berrou Vee – eu sabia.

Foi muito constrangedor. Eu achei que ele fosse me soltar logo de cara, mas ainda assim parara de me beijar, - mas segurava minha cintura.

– Desculpe – disse ele antes de mim – não pude evitar.

– Não evite – disse Vee – eu sabia. Nossa estou muito orgulhosa amiga.

Fiquei sem reação. Estava vermelha. Completamente um pimentão. Queria cavar um buraco e me esconder.

– Ela está tímida – disse Vee me agarrando – mas foi tudo ótimo.

– Vee – disse eu agora conseguindo falar – obrigada pelo constrangimento.

– Me ame menos – disse ela – vocês com toda certeza iriam aumentar a velocidade das coisas. Que bom que apareci.

– Vee – berrei eu quase rindo.

– Se a Alana quisesse... – disse Geliel com um brilho malicioso no ar.

Meu Deus. Até safado ele parecia mais gostoso. Como pode?

– Não brinque com isso – fingi dar um soco em seu braço – sou difícil.

– A gente faz ficar fácil – disse ele me abraçando.

– Hum – disse Vee – agora só falta meu namorado gay.

– De novo essa história?

– Para que um namorado Gay? – dissera Geliel rindo.

– Assuntos femininos – disse Vee franzindo a testa – eles podem ser úteis para meus planos. Amo os gays. Eles são versáteis.

– O que você quer dizer com versátil? – disse eu rindo.

– Podem ser os maridos – disse ela – ou a esposa. Não me importaria de ser o marido. Desde que eu mandasse na casa, e encontrasse comida na mesa.

– Você não está normal Vee – disse eu.

Nós rimos até acharmos o carro. Algo me chamou a atenção, olhos verdes me encaravam a menos de cinco metros. Balancei a cabeça, mas tinha sumido. Pensei ter visto Miguel. Algo me dizia que a tempestade voltaria essa noite.

Choveu a noite inteira. E por alguma razão me sentia culpada. Geliel realmente gostava de mim. Mas isso me fizera beijá-lo. “Poderia ter sido Miguel”. Afastei o pensamento. Mesmo chateada com ele, meu coração batia feito louco. Eu realmente estava gostando de dois garotos lindos, só que um misterioso demais para mim, e outro lindo e aberto para mim. O caminho seria continuar com Geliel.

Deitei mais cedo hoje. Não tinha planos e nem tarefas então fui descansar. Esperava não sonhar com ninguém.

Agora eu era eu. Não era Lisandra e nem moça nenhuma. Senti-me aliviada. Mas logo vi que estava na tempestade lá fora. Ventava muito, e relâmpagos cortavam o céu. Eu tinha que voltar para casa. Mas ela não estava lá. Continuei andando para frente. O vento era tão forte que meus cabelos se embaralhavam contra meu rosto. Foi quando uma mão me tocou a costas.

– Porque me deixou? – era Miguel. Seu rosto estava acabado.

– Não te deixei – disse eu – você me deixou primeiro. Geliel e eu não temos...

– Você foi embora – disse ele chorando – porque me deixou?

Embora? Aquilo não estava fazendo sentindo.

– Estou aqui Miguel – disse eu calmamente – não fui embora.

– Não minta – disse ele chorando mais – você me largou sozinho.

Vê-lo chorar mesmo em sonho me atordoava. Nossa, eu ficara mesmo complexada achando que o tinha visto no parque.

– Todos morreram – disse ele – e só sobrei eu.

– Como assim morreram? – agora aquilo me assustava.

– Você casou isso – disse ele me olhando nos olhos – e eu nunca vou te perdoar...

A frase foi ficando distante... Aos poucos voltava ao mundo real.

– O que pensa que está fazendo? – disse vovó.

Eu estava na cozinha de pé em cima da mesa. Nossa! Eu estava louca.

– Foi um pesadelo que tive – disse eu descendo rápido da mesa.

– Pesadelo?

– Sim – disse eu subindo as escadas – mas não foi importante.

– Tem certeza?

– Tenho sim.

Algo estava errado. O pesadelo foi o pior até agora. Todos tinham morrido... E por minha causa. Mas por quê? O que eu fizera que desencadeara tudo isso? Sentei na cama e comecei a chorar. Agora não podia mais ignorar os sonhos.


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Notas finais do capítulo

- Obrigado... Comentem Amores...



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