Lágrimas escrita por Felipe Melo


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

- último capítulo do dia... Beijos...



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Capitulo Sete

Como eu pensara o boato que eu tinha algo com Geliel se espalhou como fogo. Todos me olhavam boquiabertos não acreditando. Eu e Vee nos divertíamos. Decidi que certas fofocas valiam à pena. E que se eu me soltasse mais, seria motivo para ainda mais gargalhadas.

– Você tem certeza que está bem? – disse Vee – realmente roubaram a Alana nerd e trouxeram a “quero ser popular”. E particularmente, gosto mais dessa.

– Popular? Eu? Não exagera Vee – disse eu rindo e entrando no carro dela – Apenas acho que tenho que mudar só isso. Não me julgue.

– Julgar? Quem está falando em julgar? Amei Você assim. Arrasa garota.

Quando estávamos quase saindo da vaga, um carro nos fechou. Eu conhecia essa picape. Eu conhecia o cara lá dentro, e no momento não estava querendo falar com ele. De novo não!

– Vee – disse eu – acho que vou a pé. O sol está ótimo hoje.

– De jeito nenhum – disse ela saindo do carro – vou avisar esse engraçadinho para sair...

Tarde demais ele já saíra da picape e vinha em nossa direção.

– Vee... Desculpe te fechar assim, mas preciso falar com a Alana...

– Ela não tem nada para falar com você. Aliás, isso é falta de educação. Vamos, tire sua picape daí.

– Desculpe Vee – disse ele dando a volta e vindo na direção em que estava sentada – mas o assunto é com ela não com você.

Enquanto ele se aproximava, sai do carro. Se eu prometera mudar e assumir o controle, seria aquele o momento. Percebi que alguns alunos pararam para observar. Ótimo. Platéia. Assim seria melhor.

– Não quero falar com você – disse eu – pronto. Resolvido. Agora posso ir embora?

– Não. Não resolvemos nada – disse ele segurando meus ombros – você não me deixou explicar.

– Explicar o que? – disse eu jogando as mãos dele contra ele mesmo – eu não preciso de explicações. Não tenho nada com você.

– Poderia ter se quisesse.

– A fila anda. Já ouviu esse ditado?

– Você está criando alarde bem em frente à escola. Vamos conversar em outro lugar.

Mais uma vez ele começara e queria fugir? Não. Agora seria ali. Isso só me irritou mais.

– Vai fugir de novo? – disse eu sorrindo sinicamente – ou vai ficar e discutir isso?

– Acho que aqui não é lugar...

– Acho que você não a ouviu não é cara? – ai meu Deus. Geliel – tire as mãos dela.

– Quem é você? – agora Miguel virara e o encarava – namorado dela?

– Não. Mas se ela quiser. Estamos ai.

– Ela não precisa. Ela tem á mim.

– Pelo que Vejo você não a tem mais. Ou estou enganado?

– Cala a boca – sussurrou Miguel entre dentes – ou se não vou quebrar essa sua cara de estrangeiro farsante.

– Vamos ver quem se dá bem por aqui – disse Geliel.

Miguel deu o primeiro soco, que facilmente Geliel desviou. Os dois se olhavam ferozmente. Geliel tentou dar um chute no joelho de Miguel que se desviara por pouco.

– Amiga – gritou Vee na confusão – dois homens brigando por você. Isso é um sonho não é?

Não. Não era. Eu não queria que isso acabasse assim. Não queria que ele saísse machucado. Tentei me meter, mas algo me impedia. Eu não sabia o quê.

– Você se acha muito esperto – disse Geliel – perdeu a menina dos seus sonhos.

– Não me faça rir – disse Miguel –nós nos entenderemos. Sempre foi assim.

Sempre foi assim o quê? Nessa hora me deu uma vontade que ele apanhasse.

– Não há argumentos para você cara – disse Geliel – pela cara dela eu vejo tudo. Ela parece magoada. Mas também feliz por estar sem você.

– Não diga besteiras – disse Miguel – você não entende.

– E você já parou para entendê-la? – disse ele rindo.

Aquela frase eu tinha usado ontem na briga com Miguel. Ta certo que pessoas podiam usar qualquer tipo de palavra. Ou raciocínio. Mas algo dentro de mim estremeceu. Se essa discussão continuasse, creio que os dois logo se matariam.

– Chega – gritei eu para uma multidão que agora se aglomerava – eu não quero isso.

– Alana... – sussurrara Miguel – deixe-me explicar...

– Miguel – disse eu – nós já encerramos o assunto. Geliel não mentiu. Estou bem sem você. Pelo menos alguém não me magoa.

– Não fale isso... Eu apenas...

– Você a ouviu – disse Geliel chegando perto de mim – ela não precisa de você.

Miguel demorou a entender que agora quem estava machucado era ele. Quando percebeu quem Geliel e eu estávamos perto um do outro, ele surtou. Pegou o carro e logo desapareceu estrada a fora. Quase bateu em um carro. Não tive tempo de me sentir culpada, Geliel e Vee me tiraram do transe mais uma vez...

– Você está bem? – essa era a voz de Geliel – não quis magoá-la. Eu nem a conheço. Mas quis defende-la.

– Obrigada – disse eu – acho que ele não entenderia se fosse só eu a explicar para ele.

– Ex Namorado?

Vee riu. E eu apesar de tudo o que passava dentro de mim, ri também.

– Não. Na verdade nem começamos nada.

– Mas então o que aconteceu?

– Uma longa história – disse Vee.

– Longa mesmo – disse eu – e não quero mais me lembrar disso. Podemos ir agora Vee?

– Claro Honey – disse ela entrando no carro.

Antes que eu entrasse no carro, ele segurou meu braço:

– Desculpe mais uma vez pelo ocorrido – disse ele – não quis parecer grosso.

– Não foi – disse eu – acredite.

– Gosta de meninos valentes? – ele agora inflava o peito de brincadeira.

– Se eles forem dóceis. – brinquei também.

– Acho que encontrou o menino certo dessa vez – disse ele rindo.

– Veremos – disse eu. E assim entrei no carro. Geliel agora ocupava também boa parte dos meus pensamentos.

Não fui para a casa. Vee e eu combinamos de correr no parque. O sol estava tão bom, que todos estavam saindo. Claro que liguei para vovó, que disse que iria procurar uma aula de Pilates para idosos. Na hora quis rir com a ideia. Mas depois, achei legal que ela quisesse se cuidar mais.

– Sol – disse Vee na segunda volta de corrida – como eu te amo.

Eu sorri.

– Vee – disse eu – podemos parar uns cinco minutos. Quero tomar um sorvete.

– Sorvete? – disse Vee – claro que podemos. Porque não disse antes.

Sair com Vee era uma diversão. Ela fazia piadas irônicas de todo mundo. Agora pouco ela dissera que queria um namorado gay. Okay nada contra os gays. Pelo contrário nosso diretor era gay. E por isso era tão legal e engraçado. Apenas ri com a ideia de Vee namorando um gay.

– Vee – disse eu – não vai dar certo.

– Claro que vai – disse ela – vamos ser ótimos amigos. Ou amigas.

– Mas e na hora dos amassos? Vai amassar o quê? Um papel?

– Não seja idiota – disse Vee terminando seu sorvete – eu o beijo de mentirinha. Assim ninguém vai desconfiar.

– Eu espero realmente que nenhum gay caia nessa sua conversa – disse eu rindo – eles têm que ser felizes do jeito deles Vee.

– E vão ser honey – disse ela rindo também – sou um poço de alegria.

Já eram 18h30min e eu ainda não chegara em casa. Vee me deixara no centro da cidade. Tinha que passar em uma livraria estranha para minha avó. Ela amava livros estranhos. Uma vez ela me fez comprar um livro de bruxaria. Eu morrera de medo, mas ela nunca tinha feito um feitiço perto de mim.

– Pois não? – disse uma moça loira e muito bonita – posso ajudá-la?

– Queria retirar este livro aqui, por favor – disse eu entregando um recibo bem pequeno e amarelo.

– Nossa! – disse ela retirando o livro de uma gaveta – tão jovem e já se interessa por livros de magia negra?

Fiquei constrangida. Se falasse que era minha avó, ela não iria acreditar. Então preferi não responder.

– Está aqui – disse ela assustada – faça bom aproveito.

Sai dali toda vermelha. Para que finalidade minha avó queria um livro desses? Ela estava ficando louca? Curiosidade matou o gato, sabia? Meu Deus. Quantas coisas mais ela me escondia? Isso seria revelado quando eu chegasse em casa.

– Alana – a disse logo que entrei – foi na livraria que te pedi?

Eu a encontrei na cozinha como sempre fazendo chá de erva doce. Era seu sabor favorito. E para confessar, o meu também.

– Fui sim – disse eu entregando o livro para ela – e a moça me diz que fala sobre magia negra. Interessante não? Super legal.

Tentei ser sarcástica.

– Não me olhe assim – disse ela – tenho direito de conhecer novas culturas.

– Para mim isso não é cultura – disse eu – nada contra. Mas não é cultura. Conte-me a verdade vó.

– Essa é a verdade – disse ela tomando seu chá – não há nada demais.

– Vó – disse eu – a senhora anda muito estranha desde o acidente. Até mesmo antes disso.

– São impressões – disse ela – você está completamente errada.

– Nós nunca tivemos segredos uma com a outra – disse eu – e sei que a senhora esconde algo.

– Mesmo se escondesse – disse ela agora olhando para mim – porque não te contaria? Confio em você.

– Não está me escondendo nada?

– Claro que não. Caso contrário nossa confiança não existiria. Agora me deixei com minhas manias. Sou velha, e antes de morrer quero conhecer tudo.

Não tinha como não sorrir para ela. Corri para junto dela e a abracei. Vovó era meu bem mais precioso. E enquanto ela estivesse aqui comigo. Nós nunca nos desgrudaríamos. Pois como ela mesma dissera: nós tínhamos uma à outra.

– Meu Deus do Céu – gritara vovó do quarto – não acredito.

Corri imediatamente para lá.

– O que aconteceu? – disse eu espantada.

– Olhe o noticiário – disse ela.

Linda e James os apresentadores da Fox News comentavam algo sobre uma inundação. Eu me arrepiara. Isso era aqui. Mas isso tinha sido da tempestade de ontem?

“Muitos mortos foram encontrados. As cidades vizinhas a Nashville estão em estado de alerta. Os corpos mais encontrados são de homens. Vamos relembrar que essas cidades são praianas. Fiquem alerta.”

Logo mudaram de assunto. Vovó continuou ao mesmo tempo vidrada e longe. Não entendia o que a abalava tanto.

– Vó? – disse eu sentando ao seu lado na cama – a senhora está bem.

Ela agora parecera me ouvir.

– Sim querida – disse ela – é só que devaneio um pouco pensando nas famílias dessas pessoas.

– Calma vó – disse eu – a polícia local já tomou conta disso.

E assim ela deitara e eu fora dormir. Mas para segurança fechei a porta do quarto e fiquei logo atrás ouvindo se ela falaria ou não quisesse dormir.

“Eu imploro a vocês” – dizia vovó.

“Não vou deixá-la ir. Não vou. Ela merece ter um destino melhor. Algo bom. Ela é apenas uma adolescente. Não a julguem. Não tentem se voltar para cá. Eu não vou deixar. Eu lhe imploro. Oh Deus não”.

Mais uma vez eu não entendera aquilo. Levar quem? O que estava acontecendo? Ela precisava de ajuda médica. Tentei não pensar nisso enquanto voltava para meu quarto. Enquanto eu saia, um cheiro salgado doce vinha do quarto de vovó.


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Notas finais do capítulo

- Beijos & Beijos



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