Lágrimas escrita por Felipe Melo


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

- Choro as vezes me imaginado na pele de Alana... e peno para colocar minhas emoções nessa história... Obrigado pelo Apoio...



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Capitulo Cinco

No fim das contas apenas eu estava exausta. Vovó veio rindo e contando piadas o caminho inteiro. Estava bem demais. Ela não comentara nada do acidente, mas em casa não havia como ela escapar. Ela me contaria tudo, em seus mínimos detalhes.

– Alana – disse vovó – vejo que você está inquieta querida, o que aconteceu?

– Vó – disse eu – quero saber como conseguiu sobreviver á um acidente como esse. Não é possível.

– Você e suas manias – disse ela rindo – não acredita em milagres? Foi um milagre. Realmente não tinha que ter sobrevivido. Mas já está tudo bem.

Aquilo ainda não me parecia possível. Mas resolvi não discutir.

– E o cara do carro? Foi preso?

– Ele fugiu. A policia local está atrás dele. Não se preocupe. Tudo ao seu tempo querida.

Não falei mais nada. Era realmente uma situação estranha. Vovó ter sobrevivido, Miguel não estar com a Sarah. E eu estar tentando resolver tantos problemas diariamente. Se isso era ser adolescente, que eu me tornasse adulta logo.

– Chegamos – disse Vee – vovó a senhora não precisará mais de nada. Tenho que ir a farmácia, e posso trazer alguns remédios.

– Não se preocupe Vee – disse ela rindo – você já fez demais por mim hoje. Vou apenas descansar e assistir minhas novelas. Afinal uma velha como eu ama romances.

Vee sorriu e logo sumiu estrada afora. Vovó em momento algum precisou de ajuda até para subir as escadas que davam ao seu quarto. Ela ficara brava quando eu ofereci ajuda. Por isso fiquei logo atrás dela, para que se tropeçasse eu a seguraria.

– Você precisa descansar meu bem – disse ela sorrindo – vá se deitar.

– Estou indo vó – disse eu – e se cuide mais, por favor.

– Eu me cuido querida – disse ela afagando minhas mãos – mas o mundo hoje em dia não liga para nós idosos.

– Não diga isso vó – disse eu com lágrimas que já me brotavam os olhos – eu te amo. A senhora é tudo o que tenho.

– Querida – disse vovó – eu te amo também. Ficaremos unidas sempre. Não se esqueça disso.

Eu deixei vovó dormir. Ela precisava descansar. Eu ficara tão nervosa que minhas emoções estavam descontroladas um pouco. Eu tremia só de pensar em carros vermelhos, e tremia mais só de pensar em minha avó em um caixão.

Pare de pensar então” – resmunguei para mim mesma.

Abri o caderno de literatura e comecei a ver sobre o que escreveria. Não gostava de Deuses muito menos de monstros feios e cheios de olhos. Sereias eram adoráveis, mas ainda assim as via como algo terrível. Não poder amar, e matar seu próprio amor, - pra mim isso servia como uma maldição.

Tentei pensar em outros mitos, mas não existia nenhum que eu gostasse. “Bem então será sereias mesmo”.

Abri a página do Google, e logo me deparei com diversas histórias. Claro que ninguém iria até uma biblioteca pesquisar sobre mitos, quando o Google era tão atencioso, e tão prestativo. Viu? Realmente você não é uma nerd.

Um link marcado em negrito me chamou a atenção. E eu cliquei, e logo me interessei pelo o que havia ali.

“Sereias são na verdade as protetoras do oceano. Dotadas de uma capacidade incrível de sedução e beleza, ela não só comandam os grandes oceanos. Como também amam marinheiros para se divertir.

Se você pensa que elas são terríveis e matam por prazer, daí você mesmo se engana. Quando criadas elas inicialmente podiam vagar pela terra. Mas Gaia a Deusa da Terra repudiou Poseidon por estar deixando suas criaturas adentrarem seus domínios. Poseidon então nervoso, falou as elas que de agora em diante elas teriam caudas ao invés de pés. E “que se algum humano tolo profanasse os mares sagrados, elas não poderiam amá-los, e sim matá-los.”

Não consegui mais ler. De repente fiquei com dó das sereias. Elas não podiam amar. Como alguma criatura não podia amar? Gaia estava certa, mas Poseidon tinha sido muito egoísta por amaldiçoá-las desse jeito.

Não parei para pensar se ficaria remoendo aquilo ou não. Mas logo comecei a escrever e contar aquilo que sabia, e aquilo que mais me admirava nelas. Lembrei que vovó me dissera uma vez que as caudas mudavam de cor. As escamas eram coloridas e quando o sol parecia refulgir, elas brilhavam mais e mais. E assim continuei narrando o triste destino das protetoras dos mares.

– Querida – disse vovó entrando em meu quarto – a um menino ai fora querendo falar com você. Ele é bem bonito.

Vovó sorrira e eu também não pude deixar de sorrir.

– O nome dele é Miguel? – meu coração palpitava dentro do peito.

– Exato – disse ela sorrindo mais ainda – vá La fora e converse com ele.

Antes que eu terminasse de descer as escadas vovó sussurrara:

– Querida? – disse ela rindo.

– Sim vó.

– Arrebenta – e agora riu e voltou para o seu quarto.

Eu fui sorrindo para a porta, mas o que encontrei ali parado em uma picape preta, me fez sorrir mais ainda.

– Não achei que soubesse onde eu morava – disse eu me aproximando dele.

– Tenho minhas fontes – disse ele sorrindo – acho que Vee é uma amizade útil.

Vee? Ah não. Como ela podia ser tão persistente? Sorri ao pensar que minha amiga só queria o melhor para mim.

– Bem – disse eu – você terá que pagá-la com muitos bolinhos. Ela adora.

– Já dei minha quota por hoje – disse ele sorrindo.

– O que? Como assim por hoje?

– Você acha que vai se livrar de mim tão facilmente? Está enganada quanto a isso.

Apenas consegui rir. Ele me encantava de um modo que ninguém conseguia até agora.

– Ora – disse eu – então terei que me esconder.

– Eu te acho – disse ele – e você teria que me aturar mais ainda.

– Será? – disse eu tentando provocá-lo.

Nós conversamos sobre tudo. Ele riu dos boatos com Sarah. Fez-me piadas engraçadas. E por incrível que pareça, até agora tinha sido tudo perfeito. Não tínhamos sidos grossos, ou rudes um com o outro.

– Sabia que você não era uma nerd – disse ele brincando com a minha mão – você não leva o jeito.

– Sabia que você não era tão chato – disse eu rindo – você não leva o jeito. Bem talvez.

– Mocinha – disse ele imitando nosso diretor – está de detenção.

– Você não ousaria – disse eu rindo – sou uma aluna exemplar.

– Pelo que vi ate agora. É sim. Não há dúvidas.

Ficamos em silêncio por um bom tempo. Não estávamos acostumados a sermos amáveis uns com os outros. Eu estava meio que em seus braços. O seu braço esquerdo estava nas minhas costas. E foi assim que aconteceu. Não tinha percebido que estava de frente para ele, até que encontrei seus lindos olhos verdes. Ele passou a mão pelo meu cabelo escuro. Eu apenas fechei os olhos. Quanto tempo tentará evitar aquilo? Seria ali mesmo? Foi quando nos aproximando que de repente ele parou...

– Não posso fazer isso – disse ele fechando os olhos e indo para trás – eu realmente não posso.

– Então porque começou? – disse eu já chorando e com raiva.

– Me perdoe – disse ele percebendo a extrema burrada que tinha feito – eu não queria... Eu na verdade...

– Não me dê explicações. Eu realmente pensava que seria diferente. Mas pelo que vejo você é igual aos outros.

– Alana...

– Não me chama assim. Não fale como se eu estivesse errada, porque sei que não estou.

Ele apenas me olhou. Fechou os olhos, e lágrimas também brotaram seus olhos.

– Não sou como os outros – disse ele se aproximando de mim – tente entender.

Eu recuei de seus braços. Não queria vê-lo. Ele só me machucava.

– Não precisa me dar explicações. Não sou eu que pago suas contas.

– Pelo amor de Deus Alana... Deixei-me explicar...

– Explicar o que? Que você de novo me machucou. Magoou-me. Iludiu-me. Isso não tem perdão. Isso não é certo. Você apenas me destrói.

– Eu já estou destruído. – disse ele se ajoelhando ao chão.

– Não banque a vitima – disse eu – você não foi magoado. Eu nunca demonstrei nada por você.

– Você não entende – disse ele – eu tenho meus motivos. Mas você nunca procura entende-los.

– E você já entendeu os meus? – gritei para ele.

Foi demais para nós dois. Ele entrou em sua picape e arrancou com toda a velocidade. Eu bati a porta de casa subi para meu quarto e chorei intensamente. Mais uma vez ele tinha me arrasado. Se eu não estivesse tão triste, jurara que a tempestade lá fora começara cair.


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Notas finais do capítulo

- Comentem Gente... Beijos...



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