Lágrimas escrita por Felipe Melo


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Ninguém sabe realmente quem é quem... esses sentimentos escondidos..... Huuum...



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Capitulo Dois

Contei tudo para Vee. Não escondi nada. Ela no final descobriria.

– Amiga – disse ela olhando para mim – ele realmente gostou de você.

– Não começa Vee. – Oi? Ele apenas estava na hora errada no corredor.

Vee não respondeu. Ela sabia como aquilo me irritava. Ela me trouxe até em casa. Vee era umas das poucas que no colégio inteiro tinha um carro.

– Te vejo Depois Honey – gritou ela e logo sumiu pela quinta avenida estadual.

Entrei em casa. Pelo jeito vovó tinha saído. Subi até meu quarto sem pressa. Meus pensamentos estavam presos naquele corredor. Estavam presos a ele. Mas pensando bem, ninguém sabia seu nome. Ele não tinha me falado seu nome. Na mesma hora quis ligar para Vee. Mas vi que ela logo tacaria na minha cara que eu estava mexida com ele.

Hoje era começo de semana. Como tinha adiantado todos os trabalhos resolvi ler e me perder no mundo solitário de O Morro dos Ventos Uivantes. Pelo menos ali não existiam garotos estranhos que te hipnotizavam. Quando me dei conta já não estava mais lendo e sim caindo... Caindo...

Eu estava em um cinema. Não parecia mais um museu. A imagem aos meus olhos vinha ficando cada vez mais nítida. E foi quando percebi que estávamos na casa de Vovó.

– Você sabe que não pode ir atrás dele Sirena – disse vovó com uma voz suplicante

– Ele não pode destruir o futuro de nossa passarinha tão cedo. Ela tem muita pela frente.

O nome foi como um ponta pé no meu estômago. Sirena era o nome da minha mãe. Tentei não pensar nisso e prestar mais atenção ao sonho.

– Você sabe que escolheu errado – disse vovó agora apontando para a minha mãe de um jeito ameaçador – Toda escolha tem suas conseqüências.

Eu achei que minha mãe fosse responder algo do tipo “eu o amo independente do que a senhora acha” – mas não foi isso que aconteceu. Ela se virou para mim. Ela me enxergara. Ela me olhava com olhos azuis do mais profundo mar.

– Alana escolhas trazem conseqüências. – a voz veio em sussurro,

Foi quando tudo se quebrou e eu sentia que me aproximava do mundo real novamente.

Ofegante. Pasma. Chorando. Foi assim que acordei desse sonho maluco. Já tinha sonhado com minha mãe outras vezes. Mas nunca assim. Nos outros sonhos ela não me olhava. Não me chamava. Não me via. Nesse tudo tinha sido diferente.

Logo quando cresci e fiz doze anos, minha avó fez questão de me levar no psicólogo. Ele disse que quando eu atingisse a maioridade ou adolescência seria revoltada ou teria medo do mundo. Isso felizmente não aconteceu. Mas agora sonhava com minha mãe todas as noites. Isso poderia ter algo a ver?

Decidi tomar um banho. Assim não lembraria nada. Não contaria nada para vovó. E talvez contasse apenas para Vee. A água do chuveiro acalmava meus ânimos. E me anestesiava de um jeito que nem chocolates ou livros faziam. Minha avó brincava dizendo que eu fora um sereia em outra vida e por isso gostava tanto de água.

Depois do banho, resolvi descer e ver se vovó tinha chegado. Mas nem precisei descer muito as escadas para sentir o cheiro de chocolate quente e a lareira gigante acesa.

– Fiz chocolate para você meu bem – disse vovó me entregando uma xícara enorme de chocolate quente.

– Obrigada vó – disse eu – Para onde a senhora foi?

– Ah querida – ela agora sentara em sua cadeira de balanço – Resolver assuntos da aposentadoria.

Era por isso que tinha que estudar. Minha avó assumia todas as despesas com minha educação, além de querer que toda vez que eu saísse levasse sempre seu dinheirinho. Aquilo me afligia e de repente não pude conter as lágrimas.

– O que foi meu bem? – ela vinha em minha direção e me abraçara forte. Ah Vó!

Eu soluçava. Se não fosse meu pai ter sumido. Se não fosse minha mãe ter ido atrás dele. Talvez tudo seria diferente. Talvez hoje vovó que seria ajudada por nós.

– Ah vó – disse eu a abraçando – Eu queria tanto que tudo fosse diferente.

– Diferente como meu bem? – dessa vez ela levantara meu queixo e fazia eu olhar para ela.

– Queria que a senhora tivesse mais liberdade. Que eu não a transtornasse com despesas desnecessárias. Que meu pai não tivesse fugido que minha mãe estivesse aqui. Tudo seria diferente.

– Entendo – disse ela acariciando meu rosto – Agora me diga sobre a tal liberdade, o que uma velha de sessenta anos como eu faria agora? Você foi um presente ideal para mim. Também queria que Joseph e Sirena estivessem aqui, mas a vida nos deu outras respostas e caminhos opostos. Você não é um estorvo. É meu orgulho. Não se sinta recriminada passarinha.

Não tive como responder. Vovó agora chorava. Nós nos abraçamos e ficamos assim até nos defasarmos de volta aos nossos pensamentos secretos e tristes.

Estava deitada agora. Logo que eu e vovó cansamos de chorar, ambas fomos descansar. Eu ainda me sentia culpada por ela. Mas como ela também dissera, não adiantava lamentar. Tudo tinha um motivo.

Vee não me mandara nem uma mensagem. Comecei a ficar impaciente. Não queria dormir. Não queria sonhar com minha mãe de novo. Logo tratei de mandar um whatsapp para ela.

– Vee?

Nada de Resposta por uns dois minutos. Odiava gente que demorava para responder.

– Fala gata – Ufa aleluia.

– Onde você ta?

– Nashville. Festa do Anderson.

Okay essa eu não sabia. Anderson era um dos meninos que jogava futebol em nossa escola. Vee é louca por ele.

– Não fui convidada. Estou me sentindo chateada.

– Não fique. Aqui só tem gente feia.

– Onde está Anderson? Achei que você daria os parabéns pessoalmente.

– Esse cachorro está com Sarah Marques.

Não consegui não rir. Sarah Marques não gostava de Vee. E por tabela não gostava de mim. Ela era loura, peituda e muito metida. As vezes achava que ela era a filha bastarda de Britney Spears.

– Não creio. Saia daí garota.

– Não vai dar. Estou esperando alguém.

– Quem? Você conheceu alguém e não me contou? Vee eu achei que éramos melhores amigas.

– Aff para de besteiras. Antes de te contar, você tem que me prometer que não ficará brava comigo.

– Claro! Agora fala logo.

– Sabe o menino hoje gato de manhã? O que esbarrou com você no corredor?

Ai meu Deus. Se eu pudesse soltar um raio lazer via celular eu acho que mataria Vee e esse CRETINO.

– Hum! Tudo bem. Não tenho nada com ele.

– Nem eu. Ele apenas pediu minha ajuda porque achou que você viria à festa.

Okay se realmente eu pudesse fazer uma festa e colocar fogos de artifício em mim mesmo, esse seria o momento.

– O que ele quer comigo?

– Ele queria se desculpar por hoje no corredor. Pelo menos foi o que me disse.

– Vee eu nem sei o nome desse idiota.

– O nome dele é Miguel Blackswel.

Achei o nome meio sexy, mas não quis comentar isso agora com Vee.

– Esse nome é estranho. Eu simplesmente não sei o que você e o resto da escola inteira viram nele.

– Hello? Ele é gato, simpático, acessível... Você quer que eu enumere uma lista?

– Não precisa. Realmente não,

– Baby. Pausa depois nos falamos, ele chegou te conto tudo depois beijos.

Eu estava com vontade de me matar nesse momento. Mas ao mesmo tempo me sentia intrigada. Miguel me conhecera hoje de manhã. Não podia estar interessado em mim. Vai ver era só um pedido de desculpas. Mas não gostava da ideia de ele estar sozinho com Vee numa festa. Não que eu não confiasse em minha melhor amiga, mas eu não confiava nesse descarado.

Você está com ciúmes de um garoto que mal conhece. Ah Inferno! Minha consciência agora queria me dar lição de moral.

Vee não me ligou, ou sequer me mandou uma mensagem. Minha cabeça não parava de matutar. Inferno, o que teria acontecido para ela não me mandar nada, nem um Alô?

Vencida pelo cansaço fui dormir. Acho que nem senti quando apaguei e comecei a sonhar com sereias e outras coisas...

– Como Você está minha passarinha? – disse vovó se sentando ao pé de minha cama.

– Meu Deus vó estou atrasada. – dessa vez era apenas para fazer um charme.

– Não está – dessa vez ela sorria – Seu diretor disse que as aulas estão canceladas hoje por causa de uma forte tempestade.

– Tempestade? – Ok. Eu realmente tinha dormido. Eu tinha um sono muito leve.

– Sim, passarinha. Uma tempestade. E das bravas.

– Nossa, pelo menos terei mais tempo para me preparar paras as provas finais.

– Nada disso – disse vovó se levantando – Temos planos para hoje.

Agora realmente tinha me interessado. Amava sair com minha avó.

– Para onde vamos?

– Há um lugar para se tirar duvidas.

Não sei qual foi minha sensação, mas de repente sentia como se vovó quisesse me dizer algo.

Museu de História de Brochotes. Era esse o passeio interessante de dúvidas? Nossa, dessa vez realmente não estava tão animada assim.

– Penso que você deve estar desanimada – disse vovó pegando nossas entradas.

– Não, claro que não – disse eu dando um meio sorriso.

– Alana, você é péssima mentindo – disse ela pegando meu braço e rindo – Geralmente vamos a passeios para bares e parques, mas hoje fiquei sabendo de uma exposição interessantíssima.

– De quem é? – bom se minha avó falava que era interessante realmente devia ser.

– Ele é australiano. A exposição fala de sereias e ninfas.

Nossa! Realmente ela acertara em cheio. Amava Mitologia como um todo.

– Curiosa?

– Muito. – minhas mãos por estranho que fosse suava.

– Então vamos seguir nosso guia.

A exposição se resumia a grandes voltas e tudo o que o guia falava eu já sabia. Vovó percebeu minha cara de tédio e logo tratou de nos levar para almoçar. Anotei mentalmente mandar uma mensagem para Vee mais tarde para sairmos. Isso se a tempestade não chegasse. De repente me lembrava que marinheiros acreditavam que sereias traziam tempestades.

“Aonde você vai?”

“Alana”

“Alana”

“Escolhas têm conseqüências. Fundo do mar...


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Notas finais do capítulo

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