Lágrimas escrita por Felipe Melo


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

O segredos estão á caminho...



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Lágrimas

Capitulo Um

Meu despertador não parava de tocar. Aos poucos o sono vinha me deixando e eu ficava tão nervosa que não conseguia ao menos pensar em minha prova de Inglês dali a algumas horas.

O sol batia pela minha janela, mas não a adentrava e eu me perguntava por que diabo acordava sempre suada. Sabia que tinha sonhado com alguma canção que não me parecia estranha, mas também não estava dando tanta importância para isso, afinal quando se tem provas, para quê se pensar em sonhos idiotas.

Levantei e amarrei meu cabelo em um coque. Minha avó com certeza me esperava lá em baixo com um super café da manhã. Vovó cuidava de mim desde os cinco meses de vida. Meu pai desaparecera sem deixar rastros junto com minha mãe. No final meu pai me entregou para minha avó dizendo que voltaria para me buscar... Mas ele nunca voltou. Ela me disse ainda que minha mãe tinha perdido a cabeça, ficado louca e ido atrás dele, ela tentara controlar minha mãe mas não dera certo. Às vezes sentia falta dela, só me lembro dela por fotos que estão espalhadas pela casa, mas ainda sim são apenas fotos e elas não podem trazer meus pais de volta.

Deixei os pensamentos mais uma vez de lado. Não. Não podia pensar nisso agora. Isso tinha sido há muito tempo. Se eles me amassem teriam ficado comigo. Teriam me colocado como prioridade. Mas escolheram desaparecer e deixar nós sozinhas.

Desci as escadas para a cozinha com passadas divagares. Tentando absorver os impactos que esses pensamentos me causavam sempre que eu acordava. Vovó Loham estava sentada na cadeira de balanço como sempre lendo seu jornal e tomando sempre sua xícara de chá verde.

- Querida já acordou? – disse ela num tom calmo de sempre.

Vovó nunca brigava comigo. Esse era mais um dos motivos pelo qual a amava tanto.

- Tenho provas hoje vó – disse eu sorrindo.

- Você não para de estudar em um segundo, nem sai com suas amigas. – ela agora olhava para mim e sorria.

- Se eu não estudar não conseguirei passar na Universidade de Lancaster.

- Se você estudar tanto vai acabar louca.

Não me agüentei e sorri. Minha avó tinha essas manias de sempre arrumar um jeitinho para me animar de manhã. Outro ponto era que ela não apoiava estudos integrais em casa. Para ela estudos eram na escola e em casa eu tinha que levar uma vida normal de adolescente.

- Por falar em estudos, quando você vai trazer um gatinho aqui em casa? – agora ela já levantara e me preparava ovos com bacon.

- Vó – dessa vez eu ficara totalmente vermelha – Não tenho tempo para isso agora.

Oi? Será que era difícil entender que na minha escola só tinham garotos cdfs e nerds, e que eu não gostava de conversar de garotos com parentes?

- Na minha época – disse ela com tom professoral. Ai meu Deus ia começar. – Eu era muito namoradeira.

- Os tempos mudam. Quando eu conhecer alguém prometo que apresento para a senhora.

- Esperarei ansiosa esse dia passarinha.

Colégio Santo Clara. Construído em 1567 era na verdade uma igreja que com o passar do tempo refugiava mulheres e as tornava freiras. Hoje ele era um dos colégios mais badalados da cidade e o mais chato que já existira.

- Alana – essa voz na me enganava. Minha melhor amiga Vee corria em minha direção com um sorriso de cachorrinho que acabara de encontrar um lar.

- Que animação – disse eu.

Realmente ela parecia toda animada quase como se tivesse visto um pássaro verde.

- Novidades amiga – disse num tom totalmente ofegante – Um gato acaba de se mudar aqui para Budapeste.

Meninos... Como sempre Vee e sua capacidade de arrumar namorado.

- Hum – disse eu – Isso é bom.

- Nossa que indiferença.

- Você quer que eu solte fogos de artifício? – “Nem brinca, vai ver ele era apenas bonitinho”.

- Você vai babar. Escute o que digo. As meninas todas estão em êxtase.

- Eu não sou todas as meninas. Vee preciso estudar. Você sabe que vovó banca meus estudos sozinha.

- Você deveria andar com os nerds. – ela agora tinha ido longe demais – Sua sorte é que é bonita.

- Ah vai se catar.

Foi quando uma gritaria me vez virar de costas. Meninas abriam espaço no corredor para alguma coisa. E então eu vi. Ato, cabelos negros, olhos verdes como de uma folha, e pele morena. Por alguma razão ele não ligava para esse assanhamento todo. E me encarava como um troféu. Eu me encolhi. Não sabia mais o que estava ligado ao quê. De repente meu coração palpitava dentro do peito.

Ele passou por mim como ferro em brasa. Eu estava em choque. Não era de me atrair facilmente assim. Mas como isso podia ter acontecido? Ele passou ao meu lado, mas não olhou sequer para trás. Como ele podia fazer isso? Como?

- Hello – grita Vee ao meu ouvido.

- Hã? – estou totalmente perdida.

- Eu disse que você ficaria babando. – ela agora ria.

- Apenas fiquei surpresa Vee só isso.

- Honey – disse ela colocando o dedo na boca de um jeito sexy e ao mesmo tempo brincalhão – Vocês ainda vão ficar, Escute o que estou te falando.

Dei um empurrão nela de brincadeira e voltamos para a rotina atordoante da escola,

Minha Bunda doía de tanto que eu estava impaciente para sair dessa cadeira insuportável. A prova de Inglês da senhorita Sthephenie, que nós (eu e Vee), apelidamos secretamente de senhorita Albatroz, estava fácil. Mas só saímos quando metade da sala acabasse o que no momento me parecia impossível.

Felizmente sentava no canto esquerdo da sala. Perto da janela. Nossa escola dava de frente para a praia. Hoje o tempo estava gostoso. O sol aparecia raras vezes por aqui. O cheiro de sal invadiu a sala. Eu não conseguia respirar. Nossa, quando o sal do mar se tornara tão forte a ponto de inundar a sala com esse cheiro terrível?

- Senhorita Sthephenie? – chamei tapando o nariz.

- Sim Alana – disse ela vindo até minha carteira.

- Não estou me sentindo muito bem, poderia ir até a enfermaria?

- Claro. Você já terminou a prova. Pode Sair.

Praticamente sai correndo da sala. Meus pulmões queimavam. Não conseguia puxar ar. O mais confuso era que todos da sala pareciam não sentir nada. Mas que diabos estava acontecendo comigo? Eu estava entrando em crise alimentar é isso?

Corri até o banheiro e lavei meu rosto rapidamente. A sensação pareceu passar. Mas ainda assim algo queimava dentro de mim. Resolvi tomar um copo d’água e relaxar um pouco. Vai ver era o estresse desse garoto novo.

Estava absorta em meus pensamentos quando esbarrei em algo...

- Ai – disse eu me colocando a mão na cabeça pronta para xingar quem quer que fosse.

- Você não olha por onde anda - essa voz me pegou de surpresa. Era melodiosa. Quase como uma voz cantada. Era Ele. Era Ele. Tentei me recompor.

- Quando se tem uma montanha dessa na nossa frente – tentei ser arrogante. Ele mal me conhecia e falava isso com tanta clareza?

- A errada é você – disse ele agora me encarando nos olhos.

AI MEU DEUS. Se controla Alana. Força.

- Tudo Bem – disse eu agora me revoltando – Desculpe se passei mal e vinha tomar um copo d’água, que pelo o que eu saiba não é proibido por aqui.

Ele sorriu. E por um momento posso ter visto um brilho em seus olhos. Nossa! Eu estava ficando paranóica.

- Desculpe então – agora ele sorria mais ainda – Não Sabia. Boa Desculpa para cabular aula.

- Não Cabulo aulas. Não sou Dessas.

- Nerd?

- Não – Gente, hello apenas gostava de estudar.

- Estranhei mesmo. Você é muito bonita para ser nerd.

E você lindo demais para dar em cima de mim.

- Obrigada- tentei ser indiferente, mas minhas mãos suavam – Vou voltar para a sala agora.

- Mas e o copo de água? – agora ele parecia aturdido?

- Não precisa – disse eu – Perdi a sede.

Quando me afastei dele foi como se o mar e a sensação de água salgada me deixassem um vazio dentro do peito. E como se um choque elétrico me matasse por dentro.


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