Lágrimas escrita por Felipe Melo


Capítulo 16
Capitulo 16 - Alana


Notas iniciais do capítulo

Gente ... Lágrimas está cada vez mais revelando mais mistérios dos personagens... espero que estejam gostado. Como eu mencionei todos os personagens são meus, a história foi algo que surgiu em minha cabeça completamente pronta. Curtam. Logo segundo depois que terminarem esse... Segundo Volume vindo por ai... Aguardem...



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Capitulo Dezesseis

Alana

Era incrível como uma tarde no shopping com Vee mudava todo meu dia. Ela estava meio triste, mas mesmo assim não perdia o humor de sempre. Nunca vira Vee chateada por nada, - ela sempre levava no bom humor. Mas hoje era diferente, o que eu mais temia estava acontecendo. Ela estava gostando realmente de Antony. E mesmo Antony sendo bom, ele era gay. E isso ninguém podia mudar.

– Vee – disse um zilhão de vezes – ele é gay. Você não poderia ter feito nada.

Ela me olhou triste e pesarosa. Não respondeu. E continuou andando. Olhei minha amiga, e abaixei a cabeça. Não importava o que eu fizesse, Vee estava novamente em seu casulo.

– Onde esteve esse tempo todo meu bem? – disse vovó quando cheguei a casa – o jantar está te esperando faz horas.

Sorri. Pelo jeito era sopa. Eu amava sopa, em dias frios e calmos.

– Sopa – disse eu sorrindo – obrigada vó.

Ela sorriu. Antes que pudéssemos conversar sobre como foi o dia de cada uma, - a campainha tocou. Não esperávamos ninguém. Vovó não recebia amigos à noite. Nem mesmo eu. Só se fosse algo muito grave. O que estaria acontecendo?

– Eu abro querida – disse vovó – deve ser alguém pedindo comida. Não devemos negar comida a ninguém.

Fui atrás dela. As mortes na cidade estavam triplicando nos últimos meses. Ninguém sabia o motivo. Achavam que era um serial killer. Alonguei meus músculos, não sabia lutar, - mas caso precisasse usaria o que eu pudesse. Vovó abriu a porta. E o que vi foi uma linda mulher, vestida de negro. Seus cabelos dariam inveja a qualquer mulher, seus olhos verdes musgos encantavam algo em mim, chegava a ser sobrenatural. Nunca tinha visto alguém tão bonito como ela.

– Você – disse vovó em um tom sombrio que jamais escutara de sua vida – o que faz aqui?

Cheguei mais perto. Vovó conhecia essa mulher? Quem era? E o que estava fazendo ali? Porque vovó falava em um tom ameaçador?

– Olá Sylvia – disse ela educadamente – creio que vai me convidar para entrar não?

Vovó parecia petrificada demais para responder. Não entendia o porquê, - mas temia descobrir. Esperei vovó responder mas ela não respondeu. O que tinha demais em receber aquela linda mulher? Tentei ser educada.

– Claro que sim... Entre...

Antes que a mulher entrasse, vovó levantou a mão em sinal de pare. Fiquei atônita. O que estava acontecendo?

– Ela não vai entrar – disse vovó em um tom grave – ela não é bem vinda. Não nesta casa.

A mulher a minha frente pareceu ofendida. Colocou a mão no peito e uma lágrima brotou de seus olhos. Ela olhou diretamente para mim, - senti como se meu coração fosse desmanchar. Porque vovó estava sendo tão injusta? Essa mulher parecia-me tão boa.

– Pare com seus truques – gritou vovó para ela – Saia Daqui...

Ela abaixou a cabeça e começou a chorar. Algo em mim agora se enfurecia. Vovó estava passando dos limites. Como podia fazer isso com essa pobre mulher?

– Vó – disse eu mais arrogante do que nunca fora - a senhora está sendo mal educada.

– Cale-se – disse vovó – você não está em condições de responder.

Ela estava me achando louca? Claro que estava nas condições de responder. Ela estava expulsando alguém que era bom. Essa mulher era algo bom. Como ela podia?

– Vó...

– Chega – disse a mulher – vou embora Sylvia. Mas ela precisa saber. Sabe que vim dar uma trégua. Farei com que ela se esqueça de tudo. Mas você não. Meus poderes nunca funcionaram com você.

Tentava processar cada palavra falada. Poder? O que eu precisava saber? Não estava compreendendo. Ela olhou para mim mais uma vez. Senti meu mundo rodando, e tudo ficando escuro como negro. O que estava acontecendo? Só me lembrava de deitar na cama e ter comido a deliciosa comida de minha avó...

Geliel

Eu corria contra o tempo. Havia prometido a mim mesmo que se não achasse nada, - voltaria para Alana. Valentina havia tido uma visão repentina que dois caras renegados estariam no bar do BeCo. Não custava tentar.

Esperamos até as cinco horas para podermos sair. Valentina iria à frente para chamar a atenção dos rapazes. Eu cuidaria da parte que mais gostava. Que era acertar as contas. Se eles sabiam de alguma coisa. Iriam falar. Não me importava como. Mas iriam falar.

– Geliel – disse Valentina ao me ligar – entre. Os dois estão uma mesa atrás da minha. Eu acho que a situação é mais complexa do que parece.

– O que está querendo dizer? – disse eu – Fala.

Ela não me respondeu. Notei que estava mortificada de medo. Parecia que havia levado um choque.

– Valentina – chamei eu – Responda. Valentina...

Mas notei um baque surdo e gritarias do outro lado da linha. Isso significava que os dois a tinham pegado. E que eu teria que salva-la. Como faria isso eu não sabia. Mas seria agora. Caso contrário minha companheira morreria. E caso contrário minha missão falharia.

O bar estava aparentemente quieto para a noite de sexta-feira. Mas notei que não havia uma alma viva ali. Isso queria dizer que Valentina estava sendo feita de refém. Tentei raciocinar como administrar melhor a situação. Pensei em como Valentina tinha sido capturada. Ela era um Evo. Podia facilmente sumir dos lugares. Era boa lutadora. Mas como tinha sido pega? O poder desses renegados era baixo. Podia sentir. Como? Isso era algo que eu tentaria entender.

Entrei no bar totalmente desprevenido. O lugar aparentemente estava devastado. Cadeiras de madeira foram parar no teto. Mesas de mármore quebradas ao meio. O poder deles então era um pouco superior. Ri com a hipótese de ser capturado. Isso não aconteceria. Não cairia em sei lá que truque.

– Você veio sozinho pequeno tritão? – perguntou uma voz feminina.

Olhei ao redor. Tudo estava aquieto. Silencioso. Fiquei atento a movimentos.

– Claro – disse eu – vocês pegaram minha amiga. Ela é minha companheira.

Ouvi um baque em o que parecia ser uma escada. O corpo de Valentina estava em posse de um homem alto e careca. Ele não parecia alguém com quem fazer acordo, ou bater um bom papo. Bem... Teria que brigar. Isso me deixava animado.

– Vou ter que tirá-la a força, ou vai me entregá-la de bom grado?

O careca riu. Parecia muito mais confiante do que qualquer um. Isso me incomodou.

– Você não entende não é? – riu a menina.

E de repente uma menina alta e de cabelos vermelhos fogo surgiu ao lado do grandão. Ela tinha lindos olhos. Eram violetas. Aquele tom em meu mundo não era normal. E de repente comecei a entender tudo.

– Estão contaminados? – disse eu – vocês... Não... Isso não é possível...

Eles riram e percebi que Valentina começava a despertar. Tinha que ser ágil. Precisava descobrir o mais rápido o que tinha acontecido. E salvar minha amiga.

– Porque a surpresa? – disse a menina rindo – o caos já está nesse mundo. Tudo por culpa de sua amada. Tenho uma proposta a lhe fazer...

Tapei meus ouvidos. Aquilo de novo não. Era uma maldição. Não queria... Era algo terrível... Meus pensamentos estão absortos.

– Você é tão infantil pequeno tritão – disse o homem careca – isso é nossa salvação. Não tenha medo. Se escolher ficar do nosso lado... Esse mundo será nosso.

Aquelas palavras não faziam sentido... O mundo era dos homens. Nós não tínhamos lugar nem mesmo em nosso mundo. Éramos renegados. Tanto pelo mar – quanto pela Terra. Isso era angustiante, mas o que eles estavam fazendo, - superava tudo o que eu já imaginara.

– Isso é proibido – disse eu – são domínios das trevas. São demônios. Vocês deixaram que as pestes assumissem seus corpos é isso?

Os dois riram uma risada infernal. Pareciam ecos. Eu me arrepiei. Mas continuei com a postura. Não podia fraquejar. Senti o cheiro podre, e ao mesmo tempo o poder que eles emanavam. As trevas em um dos estágios mais puros. Aquilo era o fim.

– Ora criança – disse o careca enfim soltando o corpo de Valentina e caminhando em minha direção – o mundo não é mais o mesmo. Se Alana viver, - ela só acelerara as coisas. Mas se ela morrer, - ficará muito mais rápido. Se você viesse para o nosso lado, iria ter todo esse poder. Pense só... Vitalidade e beleza infinita.

– Não preciso disso – gritei eu – isso é trair nossa própria espécie. Eu nunca venderia meu corpo para um demônio.

O homem careca apenas estalou o dedo. Uma leve lufada de ar desapareceu e surgiu em volta de mim como uma brisa suave. Estava prestes a rir, - foi quando meu rosto se desfigurou. Senti uma ardência e um fogo em minhas veias. O que estava acontecendo? Sentia vontade de gritar. Não. Aquilo não podia acontecer. Tentei pedir ajuda a Kianda. Mas rezas não adiantavam naquele momento.

– Calma – disse ele – seu rosto está apenas com um pequeno corte.

Coloquei a mão no rosto para ter certeza. E sim realmente ele estava inteiro. Mas um corte fundo em uma de minhas bochechas ardia como fogo.

– Meu Nome é Eduardo – disse o careca – e o dela é Alice. Seja bem vindo.

– Não vou me juntar a vocês.

– Ah – ela disse pegando o corpo de Valentina – claro que vai. Se não sua amiguinha aqui morre. Tenho certeza que você não iria querer que isso acontecesse... Mas bem já que insiste...

Não podia. Era aceitar ou ver Valentina morrer. Nunca havia sido responsável por mortes de companheiros. Todos que eu matara, - eram em nome de batalhas fúteis. Tentar sobreviver em um território inóspito. Isso já era diferente. Valentina era irritante, - mas tinha sido minha amiga a muito tempo. Lágrimas brotaram em meus olhos, e eu não tive coragem de secá-las.

– Eu aceito – disse eu.

– Muito Bom – disse Alice e soltou corpo de Valentina com agressividade – vamos.

– Vamos? E o corpo dela? Ela vai ficar aqui sozinha?

Alice sorriu impetuosamente.

– Vai – disse ela – e não vai se lembrar de nada. Vai continuar sua vida normalmente.

Aquilo me feriu. Salvava uma vida. Mas iria acabar com outra. Não podia... Porque estava sendo tão covarde...

– Como você é mais próximo da criança Alana – disse Eduardo – você terá que trazê-la a nós no tempo certo. Estaremos de olho em você. Se falhar, - mataremos sua “amiga” e quantas pessoas inúteis forem necessárias.

Abaixei a cabeça e concordei.

– Bom menino – disse Alice – agora vamos. Temos que apresentar você ao mestre.

Mestre? Aquilo parecia deslocado em meus lábios... Alana... Meu coração se partia.

– Quem é? – disse eu.

– Ora – disse Eduardo caminhando para a porta – venha e verá. Ele está muito ansioso para vê-lo.

Caminhei atrás dos dois, chorando não só lágrimas de sal. Mas por dentro chorava lágrimas de sangue. Eu não mataria Alana. Com certeza arrumaria um jeito de protegê-la. Eu não a deixaria morrer... Nem que custasse minha existência... Enquanto caminhávamos noite adentro... Escutei a voz da Deusa se lamentando...

Alana

Não sabia o que estava acontecendo comigo. Estava de repente em um cenário lindo, - com flores, árvores bonitas e de repente tudo muda. Estou parada em um alçapão, ele parece mais velho. Olhando mais atentamente parece um bar velho. Pelo que percebo está vazio. Não. Existem quatro pessoas ali. Reconheci Geliel instantaneamente. O que ele estava fazendo nos meus sonhos malucos? Não sabia responder.

A cena estava muita confusa. Percebi que havia uma menina estirada no chão. Muita bonita e de um busto de dar inveja. Sim, confesso reparo em peitos. Não, não sou lésbica. Mas é que mulher olha a outra para se arrumar melhor. Tentei ver quem mais estava ali. Um homem negro e careca estava caminhando ao redor de Geliel. Pelo rosto de Geliel ele não gostava muito daquilo. Tentei gritar, ou perguntar alguma coisa, mas não saia nada. Ótimo. Mais um sonho totalmente crazzy.

Havia também outra menina. Os cabelos louros eram como se fosse troféus para ela. Seus olhos eram encantadores. Mas ela me parecia ruim. Tipo, aquelas patricinhas que te perseguem o ano inteiro e depois no final de ano te convida para festa e diz “eu sempre gostei de você”. Aff. Até aqui uma versão loira de Sarah Marques me assombrava. Notei que Geliel gesticulava muito. Ele gritava. Mas nada parecia fazer sentindo. Quando finalmente minha voz saiu, - o sonho se despedaçou.

Lisandra

Ela conseguira o que queria. Tinha ido a casa de Sylvia atormentá-la. E a pequena Alana caíra em um de seus truques de hipnotismo. Se ela a visse de novo, Alana não ia se lembrar. Claro. Mas sentiria um enorme apreço por ela. E isso Lisandra não tardaria em fazer. Era mais que um fato, que ela se encarregaria de matar Alana. Sirena já não existia mais, Geliel com certeza havia morrido. Também com os dois capangas renegados e fortes que Minos enviara, - ele não teria chance de sobreviver.

Pensativa ela nem percebeu o quanto a luz da lua havia mudado. Do tom branco e cálido, salpicos negros agora faziam parte da própria atmosfera da Lua. Tudo efeito de Alana. Ela não poderia ficar viva. Ela prejudicaria a todos. Será que ninguém estava entendendo? Será que todos eram cegos para perceber que o poder de Alana pertencia a ela?

Uma senhora mendiga estava sentada em um banco de praça. Lisandra evitava esse tipo de gente. Odiava humanos. Não gostava de sequer um. E quando finalmente o objetivo estivesse completo, nem os EUA existiriam mais.

– A senhora chique – gritou a senhora – cuidado. A senhora está cercada de trevas.

Lisandra sorriu. Ora, - havia realmente pessoas com o dom da espiritualidade. Ela se aproximou mais da senhora.

– Jura? – disse com uma voz mais teatral – e o que mais a senhora vê?

– Vejo escuridão. E vejo que a senhora quer cumprir um objetivo. Mas existem muitas pedras em seu caminho. E pelo nome de Deus, a senhora vai falhar. A garota está despertando. E antes que seja tarde, - ela irá matá-la...

Lisandra ficou furiosa. Aquela velha já estava falando baboseiras. Tudo aquilo era mentira. Ela já estava cansada. Ela apenas brilhou os olhos, e a pobre mendiga começou a se contorcer. Os membros começaram a se torcer um por um. Não houve gritos. E quanto mais a senhora se contorcesse, - mais poder ela ganhava. O pescoço da senhora girou em trezentos e sessenta graus, - algo impossível, mas para uma sereia renegada aquilo era só o começo.

Entre risadas e morte, ela já sabia qual passo dar. Alana teria olimpíadas. As provas finais também viriam agora. Ela se aproximaria da garota de jeito diferente. Ela tinha que criar um pouco mais de caos na vida da menina. Vamos combinar – pensou ela, que a vida dela está até muito fácil.

Pensando em como se livrar de Sylvia e da amiga possessiva. Ela teria que enxertá-las de seu caminho. Era o único jeito. Ainda não podia matá-las. Não era a hora.

O castelo abandonado de Budapeste era o lar de Minos e dela. Além de o local ser ótimo para se esconder, - eles mataram todos os herdeiros. O castelo é deles agora. Minos não estava. Pelo jeito estava tentando descobrir como ganhar seu corpo humano de volta. Isso para ela é uma besteira. O charme de demônio marinho lendário dava um “charme” a mais à relação.

– Genebra – chamou ela – Genebra.

Genebra era uma ninfa renegada. Depois que a antiga rainha morreu, - quem a sucedeu foi Lisandra. Metade das ninfas, - não a aceitava como superior. Mas isso não importava para ela. Ela é superior e ponto. Genebra era baixa e feia. Seu nariz é longo e obtuso, seus cabelos são oleosos, - e ela não tem um pouco de humanidade. Características das ninfas.

– Sssssim – disse uma delas – o que desssseja?

O modo como a voz delas era grutural lembrava a Lisandra de Minos. Mas até ele mesmo sendo um demônio, - tinha modos. Já esses seres inferiores nem isso tinham. Desistindo de pedir o que queria ela a despencou. O sotaque e o cheiro delas, - não era agradável para Lisandra.

– Mas que Inferno – disse ela em voz alta – ninguém nesse castelo para divertir-me?

Realmente o tédio ali sem Minos era imenso. Com um pouco de sanidade que ainda restava, - ela começou a arquitetar planos de como mataria Alana.


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Notas finais do capítulo

- Espero que gostem desse capitulo... mais de ação e revelação vem por ai... não percam.. Beijos & Beijos...



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