Lágrimas escrita por Felipe Melo


Capítulo 10
Capitulo 10


Notas iniciais do capítulo

- Graças a Deus o Livro está caminhando... a idéia de torná-lo uma triologia só aumenta...peço a opinião de vcs para isso... se acharem que sim comentem.. se não comentem também.. Obg Amores



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/489459/chapter/10

Capitulo Dez

Vee tentou me acalmar. Meus batimentos cardíacos se aceleraram e o aparelho começou a apitar. Os médicos vieram e é claro ela teve que sair. Odiei ter que ficar no quarto sozinha. Vovó tinha ido descansar em casa. Eu a dispensara. Não queria que ela se preocupasse mais. Senti-me até aliviada.

Lembrei dos lindos prados do meu sonho. Aquele tinha sido o sonho mais bonito e mais significativo. As palavras de Kianda tinham sido confortadoras. Queria desesperadamente voltar para lá. Era tudo tão perfeito. Ar fresco. Intocado para ser mais exata. Ela me parecia tão real. Lembrava-me até uma Deusa com tanta perfeição. Será que seu eu dormisse voltaria a sonhar com ela? Porque não tentar?

Fui abandonando o recinto em que estava e me deixando levar pela escuridão... Sentia-me já em outro lugar...

Eu corria. Na verdade não sabia do quê, - mas corria. Ouvia passos distantes e gritos. Eu estava praticamente aterrorizada. Estava usando um vestido rasgado. Ele devia ter sido perfeito. Ele era preto. Tinha rendas e o caimento se adequava bem ao meu corpo. Agora ele estava rasgado.

– Você não tem para onde escapar – sussurrou uma voz ao meu redor – é o fim da linha e você é o prêmio.

– Sai – meu grito foi atordoante – não quero machucar ninguém.

Aquilo me saiu compassadamente estranho. Como uma garota de dezesseis anos ia machucar sei lá o quê na floresta?

– Está colocando suas garras de fora não é? – sussurrou a voz.

– Não posso negar minha natureza – gritei eu – vocês pagaram. Todos pagaram. Essa cidade vai desaparecer.

– Antes que isso aconteça – gritou ele – você já estará morta.

– Não me faça rir. Acha mesmo que eu vou deixar que me matem? Está completamente louco. Não sou mais aquela de antes. Aceitei o que sou.

– Tenho dó de você. Você nunca foi realmente assim. Eu nunca devia ter me apaixonado por você.

– Você escolheu outros caminhos. Não era para ser assim. Se sou assim, é por sua causa.

Ouve silêncio. Ouvi passos e eles estavam mais perto. Realmente, nesse sonho eu tinha dezesseis anos?

Um homem alto e de cabelos negros muito compridos apareceu. Seu rosto era tão familiar. Meu corpo começou a formigar. Meu coração bateu mais forte. Eu não sabia o que estava acontecendo. Apenas o encarei.

– Você continua o mesmo – disse eu – não mudou absolutamente nada.

– Você continua linda – sussurrou ele – muito mais do que há dezesseis anos.

Caraça! Eu tinha trinta e dois anos. E estava gostosa daquele jeito? Opa. Partiu trinta.

– Você me traiu – disse eu – tudo que eu fiz foi para vê-lo feliz.

– Você arruinou a cidade. Nós a reconstruímos e você quer destrui-la de novo. Isso não é justo.

– Você fala como se tudo o que você faz é justo. Você não é o mocinho.

– Você e sua raça não prestam.

– Só queremos nosso direito perante o mundo. Você sabe disso.

– Eu só sei que vou acabar com isso agora.

– Por que já não o fez?

Ele hesitou. E foi se aproximando.

– Pelo menos me diga – disse ele parando a minha frente – valeu à pena desistir do que tínhamos?

– Nós não tínhamos nada. Tudo foi um erro. Não posso amar. É errado.

– Você já amou uma vez.

– Foi porque não sabia o quão grave isso era. Estava me matando se fizesse isso.

– Você não foi atrás do que te libertaria. Eu jurei que iria ajudá-la.

– Isso nunca existiu. Não podemos fugir do nosso destino. É perpetuo.

– Realmente você não é mais a Alana que conheço. Pensei que poderia trazer você de volta agora.

– Já disse que não sou a mesma. Você sabe disso. Tudo em mim mudou.

– Seus olhos continuam o mesmo. Você não perdeu seu brilho no olhar quando me vê.

Senti que já estava chorando. O que estava realmente acontecendo? Porque daquilo?

– Tudo podia ter sido diferente – ele sussurrara – não queria isso.

– Eu também não – sussurrei – mas era preciso.

– Você tinha escolhas. Você sabia.

– Esperei para encontrá-los minha vida toda. Não podia deixá-los.

– Você me deixou. Deixou sua vida.

– Deixei as mentiras. Deixei o que não me pertencia.

– Você ainda pode voltar.

– Não posso voltar. Não quero voltar. E isso acaba aqui.

Eu não sei o que aconteceu. O ar se movimentava ao meu redor, algo tão forte. O cheiro de chuva abarcou tudo. E logo uma longa tempestade chegou. Eu olhei diretamente em seus olhos.

– Sabia que você não teria coragem – disse para ele.

– Você está enganada – disse ele – você leva a cidade. E eu levo você.

Um arpão. Ele estava com um arpão. Como eu não vira esse tempo todo. Ele apontou para mim. Ficamos nos olhando. Ele não teria coragem. Ele não faria. Não aconteceria. Fo quando tentei me apegar a essas esperanças, que ele disparou e meu mundo caíra em breu.

O eu estava calma. Incrivelmente calma. Pensei estar em outro sonho. Mas percebi que olhava um garoto muito bonito. Um garoto que parecia preocupado. Achei que fosse um anjo. Foi quando parei de ser retardada e vi que era Geliel.

– Você apertou minha mão todo esse tempo – disse ele – aconteceu alguma coisa?

Eu me lembrei do sonho. Foi aterrorizante, Mas de certa forma estava calma. As palavras de Kianda disseram para que eu não me apavorasse.

– Foi só um sonho bobo – disse eu – e você?

Nossa! Minha voz estava horrível. Como eu podia ser tão ridícula?

– Estou no momento preocupado – disse ele – quase morri achando que ia te perder.

Okay. Meu coração quase pulou dentro do peito com essas palavras. Ele era mega fofo. Merecia o melhor de mim. Mas no momento eu não estava fazendo isso. Grande... Namorada? Não. Nós não namorávamos. Ficante? Não. Era vulgar. Bons amigos? Pelo menos servia.

– Desculpe – sussurrei eu – está bravo comigo?

Diga que não.

– Bravo não – disse ele – chateado.

Ops! DR pós sonhos assustador. Obrigada Deus. Meu humor estava ótimo para isso.

– Não sinto nada pelo Miguel – disse eu – foi só a surpresa.

– Se você não sentisse – disse ele suavemente – não teria corrido e não teria se machucado.

Ele estava certo. Não respondi. Não queria brigar. Não queria perde-lo.

– Não quero discutir sobre isso agora – disse ele – vamos ter tempo.

– Obrigada – disse eu.

– Passei a noite com você. Mas quando cheguei você estava dormindo.

– Pois é. Não tenho nada para fazer aqui a não ser dormir.

– Hoje você recebe alta. Pelo menos foi o que o médico me disse.

Graças a Deus. Quase cantei Oh Happy Day.

– Ufa. Não estava com saco mais para isso. Quero minha vida de volta.

– E mais o quê? – ele sorria.

– Beijos e abraços do menino mais lindo, mais compreensível. Sincero e gato de todo o colégio. Mas eu acho que ele não me quer.

– Será? Boatos de que ele tem uma surpresa para ela quando ela melhorar.

Surpresa? Espero que não envolva lagos, e parques.

Ele me acariciou no rosto e me beijou levemente na testa. Eu estava com Geliel e isso me fazia bem. Ficamos um bom tempo conversando. Enfermeiras iam e vinham. Tiraram alguns aparelhos de mim, trouxeram meu almoço. Tudo estava perfeitamente normal. Até Vee viera. E dessa vez se comportara. Logo ela teve que ir. Arrumara um emprego de garçonete. Eu rira com ela e com ele. Isso enfim não era tão ruim.

– Senhor Geliel? – uma enfermeira chamava – o senhor pode se retirar um instante Alana tem outra visita?

– De quem? – disse eu.

– O nome dele é Miguel. E sua avó o autorizou a entrar.

Geliel fechou os punhos.

– Mande-o entrar – disse ele – Alana vejo você depois. Estarei aqui fora.

Meu coração gelou. O que ele estava fazendo aqui? Miguel com certeza estava louco. Meu coração só faltava sambar.

Ele entrou me olhou e eu não pude evitar.

– Como está? – disse ele se aconchegando ao meu lado.

– Estou bem – disse eu – e você?

– Não estou bem – disse ele – você não esta. E se você não está...

– Miguel – disse eu – você está namorando. E eu estou com Geliel. Vamos pelo menos ser educados hoje?

Ele sorriu, mas não pareceu sincero. Estava triste.

– Aceito a trégua – disse ele – quando tem alta?

– Hoje mesmo – disse eu.

– Pretende voltar à escola o mais rápido possível não é?

– Você me conhece bem. Menino esperto.

– Aprendi com a melhor.

E nos olhamos e aquela sensação voltou. Eu formigava. Seus lábios eram convidativos. Eu não queria que nada passasse dos limites. Mas não sei explicar. Eu queria dois garotos.

– Acho que preciso ir – disse ele – seu namorado não gosta de mim.

Mas eu gosto. E Geliel não é meu namorado!

– Preciso descansar se quiser ter alta – disse eu.

– Melhoras – disse ele – Espero que tudo dê certo.

– Pra você também – disse eu – que você seja feliz.

– Isso está parecendo uma despedida – disse ele – e não vai ser assim. Vamos nos ver ainda.

Sorri. Como eu estava oferecida.

– Sim – disse eu.

– Tchau Alana – disse ele.

E não me deu tempo para responder. Ele saiu meu coração bateu forte. E eu sabia que muita coisa estava por vir. Eu sabia que ele e eu íamos nos encontrar novamente. E estava decidida a pesquisar como sobrevivera debaixo d’água. Tudo ao seu tempo. Fechei os olhos e sonhei com caudas coloridas e um universo o qual não conhecia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

- Comentem se Lágrimas deve virar uma triologia ou não... Beijos & Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lágrimas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.