– Por uma vez na eternidade, Nada vai me deter... Eih... – Exclamou Anna, irritada por ter sido atirada dentro de um barco.

– Eu sinto muito, você se machucou? – Perguntou o jovem que a derrubara com o cavalo.

– Eu, eu t bem, eu só não estava olhando para onde eu ia, mas na verdade eu to ótima.

– Eu fico feliz – respondeu, a ajudando a se levantar, quando se curvou e disse - Príncipe Hans, das Ilhas do Sul.

– Princesa Anna, de Arendelle.

– Eu gostaria de me desculpara por derrubara princesa de Arendelle com meu cavalo.

– Não não não, tudo bem. Não sou esse tipo de princesa. Quer dizer, se fosse com minha irmã Elsa, ela daria um chilique. Sabe como e... Mas, pra sua sorte, sou só eu.

– Só você... – riu ele.

– Ahhh... – suspirou Anna, quando ouviu os sinos que anunciavam o inicio da coroação.

– Eu... Ai. É melhor eu ir, eu já vou... Já to indo... – disse antes de sair correndo.

***

Ao sentir a coroa tocar-lhe a cabeça, Elsa sentiu um arrepio controlado em relação a multidão.

Esticou as mãos para apanhar o Cetro quando o Senhor a interrompeu, falando baixinho.

– Majestade, as luvas.

Elsa ofegou e lentamente começou a puxar os dedos da luva na mão esquerda. Muito hesitante, ela os apanhou com todo o cuidado, a respiração falhada.

(POV Elsa)

Não sentir encobrir, não deixar saber... Um passo em falso e todos saberão. Sempre a boa menina deve ser...

Repeti para mim mesma, tentando bloquear qualquer coisa que pudesse estragar aquele momento.

Me virei para meus súditos, todos ficaram em pé, senti uma onda degelo percorrer meu corpo, e se concentrar nas mãos, que seguravam os objetos sem firmeza. O medo tomou conta de mim novamente, o gelo já estava cobrindo a superfície lisa, tentei me manter dura e bloquear o inevitável, e percebi que meu rosto assumia uma expressão aterrorizada.

Não sentir, Elsa, sempre a boa menina deve ser...

Pouco antes que o final dos votos pudessem ser terminados, abandonei os objetos em cima da almofada e apanhei minhas luvas, e o gelo começou a desaparecer.

– Rainha Elsa de Arendelle. – repetiram todos quando me virei.

Pude então respirar mais aliviada, contudo, algo ainda podia sair errado. Não podia mais perder o controle. Não sentir.

Todos aplaudiram, e deu-se inicio a festa.

–Rainha Elsa, de Arendelle. – Encaminhei-me para o lugar onde eu e Anna seriamos anunciadas.

– Princesa Anna, de Arendelle.

Anna saiu correndo e parou um metro mais longe de mim do que deveria.

O senhor esticou a mão e lhe mostrou um lugar ao meu lado. Hesitante ela perguntou.

– Ah, ali? Tem certeza, é que eu acho que não devia ficar

Ele a empurrou com delicadeza, e pude perceber sue desconforto quando deu um passo para trás.

Sorri confiante e houve mais uma onda de aplausos, mas esta era a vês de Anna ficar desconfortável.

Quando todos voltaram a dançar, eu a olhei com o canto dos olhos. Estava intrigada sobre ela. Era um pouco parecida comigo, apesar dos cabelos ruivos, e as leves sardas que eu não possuía. Ela estava mais crescida do que da última vez que tínhamos nos visto; Mas isso foi a tempo.

Anna parecia receosa de ficar muito perto de mim, como se eu fosse explodir a qualquer momento, mas eu sentia algo entre nós que me impedia de correr e voltar para o quarto e a ela de correr de medo que eu a repelisse se si aproximasse.

– Oi – falei, com suavidade.

– O... oi pra mim? – perguntou desajeitada. – Uh, an... oi.

Olhei para baixo, constrangida pelo silêncio que ficou entre nós duas, e ela fez o mesmo.

– Olhei para cima com timidez e pude ver seu rosto levemente corado.

Me enchi e coragem antes de comentar.

– Você está uma graça.

– Obrigada. – exclamou surpresa. – Você é que está cheia de graça, quer dizer não ta cheia, ta graciosa, mais graciosa ainda. – ela falou, atrapalhada e muito rápido.

– Obrigada.

Dei um sorriso disfarçado, e sem me conter mais disse.

– Então é assim que é uma festa?

– Bem melhor do que pensei.

– Que cheiro maravilhoso é esse? – perguntei, extasiada.

Inspiramos profundamente, e quando me virei de olhos fechados para ela comentamos juntas.

– Chocolate.

Rimos juntas e me lembrei dos velhos tempos, e um bom humor que eu não tinha desde que conhecera o medo me invadiu.

Anna era uma ótima pessoa, e estar com ela de novo era muito bom. Toda a tristeza que me dominava deu lugar a saudade e a alegria de revê-la.

Estava completamente feliz por estar com Anna como não me sentia a anos, apenas de poder vê-la de novo, e poder me esquecer da dor e solidão que sofria no quarto. Pensei nela. Tantas vezes me disse através da porta que sentia saudades e já se cansara de falar com os quadros, tantas vezes vigiando minha porta ansiosamente... Mas não... Eu precisava protegê-la. Me lembrei também de suas palavras que tanto me feriram anos antes...

“Elsa, por favor me escuta todos perguntam sem parar, e me encorajam pra te dizer, mas espero por você, me deixa entrar... Só temos uma a outra, o que vamos fazer. Temos que decidir... Você quer brincar na neve”