Acordei, depois de parecer que eu tinha dormido durante dias. Eu estava completamente dolorida. Olhei em volta tentando reconhecer o lugar que eu estava, percebi que se tratava de um hospital. Perguntei-me o que eu estava fazendo ali, tirei a agulha que perfurava meu braço e me levantei, cambaleei e fui segurada.

– Estava esperando que acordasse logo Letty – o homem me ajudou a sentar na cama novamente.

– Quem é você? – perguntei olhando para os olhos verdes do homem a minha frente que proferiu seu nome. Owen Shaw. – Desculpe mas não te conheço, agora se me permite eu preciso ir para... – eu dei uma pausa. Não me lembrava de nada. Minha mente estava um branco.

– Para nossa casa – ele completou, e eu o olhei desconfiada. Mas ele falava de forma tão segura que por hora eu decidi confiar em Owen. – Porém Letty não moramos aqui, no continente americano – dei um olhar confuso a ele que falou em seguida – estamos em constante viagem, temos trabalhos a fazer.

POV Mia

Já tinha se passado dois dias desde que começaram a procura pelo corpo de Letty, eu segurava a carta em minhas mãos sem coragem de abri-la. Brian tem me feito companhia assim como Marie, mas Candyce ninguém sabe do paradeiro sumiu depois de serem pegas pela polícia da fronteira e até então não retornou.

– Vamos acha-la – disse a mim mesma enquanto Brian fazia o café.

– Sim, claro que vamos Mia – Marie falava segundo a mão que estava vazia – a família nunca desiste lembra? Nunca desiste. – Ela me abraçou e decidi que era hora de abrir a carta.

Respirei fundo algumas vezes antes de rasgar o envelope. Desdobrei cuidadosamente a folha da carta e a coloquei em meu colo. Procurava coragem em meu corpo para ler a carta.

– Quer que eu leia para você? – perguntou Marie e eu assenti. – Tudo bem.. – Marie limpou a garganta - Mia... Bom se está lendo isso é porque eu não voltei... então sinto muito. Desculpe não ter te falado, mas você é esperta deve ter sacado tudo, demos muitas pistas para que você descobrisse, mesmo involuntariamente. Mia obrigada por tudo que fez por mim nesses anos em que vivemos juntas. Vou explicar por aqui.
Eu e as meninas estamos fazendo um trabalho para a polícia, para prender um traficante perigoso. E tudo para isso para que Dom pudesse voltar, e para que nossas fichas ficassem limpa, mas se isso esta em suas mãos nada deu certo. Então eu falhei. Sinto muito, por favor não conte a Dominic, ele não pode voltar em hipótese alguma. – Eu estava chorando, de forma bem silenciosa para que não atrapalhasse Marie. Eu queria ouvir o resto da carta, então percebi que a loira ajoelhada a minha frente dera um alonga pausa e me olhava, olhei em seus olhos e ela proferiu – Letty.

Sequei as lágrimas e agradeci a Marie, que mais uma vez me abraçou, dessa vez eu retribui encostando minha bochecha em seu ombro, de modo que ficasse olhando para a cozinha, e vi Brian colocar as xícaras na mesa e olhar para mim, sorriu confortavelmente para mim. Por mais que eu tivesse magoa pelo que ele fez eu ainda o amava, e tudo pareceu tão real que decidi permanecer com a lembrança boa de tudo.

– Marie – disse eu nos separando – será que podia deixar eu conversar com Brian um momento?

– Claro, eu ia me despedir já.. vou ver minha mãe qualquer coisa me liga tá? – por mais que eu e Marie não conversássemos muito, éramos amigas desde que Letty a conheceu o que era bom pois ela me lembrava que Letty sempre estaria conosco. Ela andou até a cozinha, cochichou algo no ouvido de Brian que assentiu e logo saiu. Assim que ela passou pela porta Brian pegou duas xícaras e caminhou até a sala e se sentou em minha frente, me entregou uma xícara e me encostei no sofá encarando-o.

Ficamos assim por um longo tempo, e durante isso eu lembrei de antigamente, quando ele entrou na lanchonete pela primeira vez, e arranjou briga com o Vince. Quando fomos jantar. Lembrei de tudo o que vivemos, mas com isso veio a lembrança da mentira e tudo de bom se foi no mesmo instante. A magoa estava sempre presente, mas o amor também. Era a primeira vez que ficávamos só nós dois, antigamente estaríamos no beijando, indo para o quarto mas hoje não. Me preparei para falar algo mas Brian se adiantou.

– Liga pro Dom.. conte a ele – foi o que disse. – ele merece saber por você.

– Não posso contar, ele não pode voltar.. assim que por os pés aqui vai pra cadeia – disse olhando a xícara de café.

– Não se eu enrolar a policia – meus olhos foram para ele.

– E porque faria isso? – perguntei mas ele não respondeu, apenas encostou na poltrona e continuou a me olhar.

– Só ligue para o Dom, e conte. Ele vai saber o que fazer – ele se levantou e deu um beijo e minha testa – ele sempre soube o que fazer, vai saber agora. – Pegou suas chaves e saiu pela porta, deixando-me com meus pensamentos.

Andei até o porta retrato que estava seu numero novo. Ele estava no Panamá, me ligou no dia em que Letty começou o trabalho, me passou o numero e disse que era para eu ligar quando fosse muito serio.. era muito serio agora. Disquei o numero no telefone.

“alô” Disse uma voz de criança ao telefone, pedi que chamasse Dom o mesmo saiu da linha. Esperei pouco tempo e então ruídos apareceram no telefone.

“Hola” – disse a voz de dom no telefone.

– Dom é a Mia..

– Mia, eu já disse para não ligar quando não fosse necessário...

– É necessário Dom.. É a Letty... ela foi assassinada – O telefone ficou mudo por muitos minutos, mas eu sabia que meu irmão não havia desligado pois eu ouvia sua respiração. Eu dei a notícia muito diretamente, nós os Toretto nunca soubemos enrolar assuntos, éramos bem diretos em todos eles. – Dom?

– Quando ela vai ser enterrada? – perguntou, eu não sabia o que responder.

– O corpo.. não foi encontrado.. as buscas foram encerradas hoje – ele bufou no telefone – eles, os policiais que estavam procurando acham que o corpo foi queimado junto com a explosão.. você sabe que não sobra muita coisa..

– Quase nada – murmurei um “uhum” – vejo você logo Mia... eu amo você. – e o telefone ficou mudo.

Eu sabia exatamente o que aquilo significava. Dom estava voltando.