Eu acordei era umas sete e meia oito horas da manha, depois de beber igual uma condenada com as meninas sentei em minha cama e olhei para o quarto, as duas deitadas em um colchão no chão. Levantei da cama com o maior cuidado e peguei uma toalha e fui para o banheiro. Liguei o chuveiro e esperei que ele esquentasse, me despi e entrei no chuveiro.

Demorei ali apenas uns dez ou vinte minutos. Desliguei o chuveiro me enrolei na toalha e fui em direção a porta quando a abri vi Mia passando pelo corredor.

– Bom dia Letty – ela disse eu vi que seus olhos estavam inchados.

– O que aconteceu com você? Estava chorando? – perguntei e a abracei.

– Não é nada, vou fazer o café pra nós – ela disse nos separando do abraço e desceu a escada.

Virei no corredor e fui em direção a porta de meu quarto, a abri com cuidado e as meninas ainda estavam dormindo. Fui ao meu guarda roupa coloquei um uma roupa intima de cor azul. Peguei uma calça jeans e uma camiseta para ficar em casa. Escrevi um bilhete “Desçam para o café” e coloquei no espelho. Sai do quarto e desci as escadas mas Mia estava no telefone.

– Não Brian, eu não tenho falado com ele – ela disse – ele ligou semana passada perguntando como estávamos mas só isso não disse onde estava nem nada. Tá eu aviso elas.

Então Dom havia ligado? E nem sequer perguntou de mim. Eu estava incrédula com o que acabara de ouvir. Ela desligou o telefone e eu terminei de descer a escada.

– Quem era? – perguntei puxando a cadeira e sentando. Mia já havia posto a mesa.

– Era Brian – ela disse e colocou o café na garrafa e pôs na mesa – pediu para que quando fossem sair era pra ligar para ele. Mas não entendi pra onde.

– Ah claro eu aviso. – Disse e coloquei café em minha xicara.

Ela não insistiu em saber pois sabia que eu não iria lhe contar nada. Ouvimos alguns barulhos na parte de cima da casa eu corri para ver o que tinha acontecido. Entrei no meu quarto e não tinha nada, fui até a cômoda e peguei minha arma e Mia estava atrás de mim.

– Acorda elas que eu vou ver que barulho é esse – ela disse que era para me cuidar.

Entrei no banheiro e nada, fui até o quarto de Dom, e a janela estava quebrada no chão tinha uma pedra com um bilhete.

“Espero que o Toretto volte logo, temos coisas a resolver então ligue para ele e mande ele voltar se não a pedra não ira acertar o vidro. Jared”

– MIA – eu corri para meu quarto e ela me olhou assustada – quem é Jared?

– Jared? Jared é o pai do Jesse, ele culpa meu irmão pela morte de Jesse. – ela disse e eu lhe entreguei o bilhete.

– Jesse? – Marie disse – Esse tal de Jared pai do Jesse é noivo da minha mãe..

– Avisa ela pra ter cuidado, ele saiu da cadeia no ano em que o Jesse morreu não é seguro – eu disse – Se arrumem temos que sair.

Eu estava sem tempo para me preocupar mais com a mãe de Marie, ela era crescida e mais adulta que todas nós então ela se viraria apenas com o aviso de Marie. Liguei para Brian e disse que estávamos saindo. Ele pediu para que fossemos para a delegacia com o carro de Mia, pois Braga poderia ter colocado capangas atrás dos corredores, e o carro de Mia eles não conheciam então não iriam seguir. Tive que inventar uma história para Mia poder me emprestar o carro, ela logo viu que não arrancaria nada de mim.

– Meninas vão pro carro – elas foram sem questionar, elas sabiam que ficar ali iria atrapalhar na minha conversa com Mia – Mia.. eu sei que falou com ele essa semana não minta, Brian tem coordenadas minhas para te dar se algo acontecer comigo..

– Perai do que esta falando? – ela perguntou confusa.

– Escuta.. Não manda Dom voltar entendeu não manda. Não conta do Jared não fala nada. Eu vou dar um jeito nesse cara. Eu e as meninas estamos trabalhando com a policia em um caso, você tem que confiar em mim entendeu? – ela assentiu com a cabeça – Tem uma carta, explicando tudo, tudinho. Você vai receber ela quando for a hora certa. – eu estava sentindo que algo ia acontecer, e como nada de bom tem acontecido nesses últimos meses eu estava pensando no pior.

– Letty, você esta me assustando, me conta logo no que você ta se metendo – eu neguei com a cabeça.

– Não dá tempo.. olha eu tenho que ir.. se eu não voltar em 3 dias procura o Brian ele vai estar em L.A., eu preciso ir se cuida. – eu disse e sai pela porta dos fundos.

– LETÍCIA VOLTE AQUI – Mia gritou da porta.

– Meninas – eu disse entrando no carro após trancar as portas – a hora que virarmos na rua, olhem para todos os lado e procurem algum carro diferente. Brian acha que Braga pode ter colocado homens para vigiar os corredores. – elas assentiram e eu liguei o carro. Mia já havia entrado para casa. Para todos os efeitos eu peguei a chave dos tres carros, o meu o de Candy e o de Marie e coloquei em minha bolsa para evitar que desse a louca em Mia e ela nos seguisse.

As meninas me falaram que não viram nenhum carro diferente por ali, eu dirigi menos preocupada, as meninas não sabiam do plano verdadeiro, sem querer parecer falsa coisa que eu não sou, e tampouco maldosa, elas eram as marionetes para distrair Braga, por isso eu disse aquilo a Mia. A vida das meninas não estava em jogo, a minha tava, claro que as fichas criminais delas já estavam limpas, foi meu acordo com a policia.

Flashback on

Eu estava no carro de Brian um dia antes da corrida que definiria os três finalistas. Eu estava incrédula por ele ter sabotado os carros dos outros competidores para garantir que nós três ganhássemos.

– Entenda Letty, não me leve a mal, mas Candyce e Marie são apenas distrações. Você só não queria enxergar. O trabalho todo é para você, claro a ficha delas está limpa, como nós combinamos, mas a sua e a do Dom não, tampouco a minha.

Eu me lembrei do acordo que fizemos no dia em que eu aceitei entrar pra esse trabalho, ou a ficha de Dom era limpa junto com a de nós quatro ou eu não participaria. Stasiak ficou possesso com essa minha condição, mas todos os outros aceitaram.

– Eu entendi Brian. Mas elas nem vão chegar a ir comigo pra qualquer lugar que eles mandem?

– Vão... eles provavelmente vão fazer a mesma coisa que fizeram com os agentes que colocamos infiltrados antes... Vão passar pela fronteira com o México, nós sabemos todo o esquema deles, mas o somos dos EUA então não temos permissão para proceder lá, somente vocês que são infiltrados entendeu? Eles tem um caminho aleatório, eles vão pelos tuneis.. e assim desaparecem de todo e qualquer sinal que possamos rastrear.

– Brian isso é arriscado, temos que contar para as meninas – ele negou com a cabeça e isso me fez parar de falar.

– Temos agentes infiltrados na policia que monitora essa fronteira, então Candyce e Marie ficarão na fronteira.

– Tá. E como elas vão ficar lá se elas não sabem do plano? – eu perguntei.

– Os carros vão estar modificados. Instalaremos um dispositivo no carro delas que no momento certo será acionado e o carro vai parar de funcionar, nisso vocês já estarão nos tuneis.

– Pra que tudo isso?

– Precisamos prender eles Letty, agora mais do que nunca isso tem que dar certo. Braga é contrabandista. Nos dois carros arriscamos ter no mínimo uns 15 milhões de dólares, os dois 30 milhões.. então é um desfalque bem quando pra uma remessa de 60 milhões. E esse dinheiro que fica no México é dos EUA. E cada semana que passou perdemos 60 milhões de dólares.

– E desde quando se preocupa com os Estados Unidos?

– Desde que me aceitaram na policia, e minha ficha esta quase limpa, assim como a sua vai ficar se concluir esse serviço.

– Tá tá tá. Entendi. Não vou contar a elas. – eu disse, por mais que eu não acreditasse que era só aquilo. Enfim, desci do carro que estava parado na rua de cima e fui andando para casa.

Flashback off

Chegamos na delegacia e entramos, claro que sempre olhando para todos os lados humanamente possíveis. Brian nos esperava na sala em que eu fui detida da ultima vez. Os GPS ainda não haviam apitado então eu previ que teríamos mais um dia. Passamos o dia na delegacia arrumando os últimos detalhes.

– Brian – eu o chamei para a porta da sala – eu to sentindo que vai acontecer alguma coisa.. sei que pode ser paranoia mas quero que entregue isso para Mia caso eu não consiga voltar.

– Ei.. você vai voltar – ele sorriu gentilmente.

– Vou voltar de qualquer jeito.. ou viva ou num saco preto onde meu corpo vai estar frio gelado e quase se decompondo igual os últimos agentes voltaram. – ele riu do que eu disse, mas por mais que eu tivesse falado rindo, no fundo eu estava com medo de voltar morta.