Edward me esperava em frente à minha casa na manhã seguinte.

Isso me fez ficar surpresa, mas eu não contestei, nem discuti, e simplesmente fui com ele.

Assim que entramos no carro, perguntei:

– Já pensou em algo para conversarmos?

Ele sorriu levemente, mas logo sua expressão ficou mais séria.

– Não exatamente. Só consegui pensar que... quero saber mais sobre você - ele não me olhou enquanto falava.

– Bom... - pensei em voz alta. - eu até poderia dizer o mesmo, mas acho que sei o suficiente sobre você.

Franzi as sobrancelhas e torci levemente o nariz - tinha falado demais.

– Vai me contar como sabe tanto sobre mim? - perguntou.

Minha expressão deve ter escurecido nesse momento.

– Não - minha voz era firme. - Não é hora ainda.

Queria muito pensar que ele ainda não estava pronto para ouvir isso, mas sabia que quem não estava pronta, na verdade, era eu.

Ficamos em silêncio por um tempo depois disso, até que ele o quebrou:

– Então, pode pelo menos me falar sobre seu cachorro?

Olhei-o, perplexa.

– Como você...?

Mas não terminei a frase, pois a compreensão me invadiu.

– Você a ouviu ou sentiu o cheiro? - perguntei.

Ele demorou um minuto para responder.

– Os dois - deu um sorriso torto, como se estivesse curtindo uma piada interna que eu, obviamente, não entendia. Ignorei isso.

Pensei sobre o que ele me perguntava.

– Acho que, sobre Jacey, eu posso falar - eu disse.

Ele sorriu.

– Hum, Jacey é um Pastor Alemão... é fêmea... deixe-me pensar... tem cinco anos e meio, então está um pouco velhinha... é muito inteligente... acho que, basicamente, é só.

Olhei-o, e ele não parecia satisfeito com tão pouca informação.

Mas, a essa altura, já havíamos chegado na escola.

O dia se passou assim: ele me pegava nas minhas salas, e me deixava na sala da aula seguinte, nós dois conversando no caminho. Aliás, assim se passaram os dias também. Ele me pegou e me deixou em casa a semana toda. Tenho que admitir que era divertido conversar com ele, mesmo que basicamente eu falasse, contando detalhes de minha insignificante e insípida vida. Ele de vez em quando fazia comentários, mas, em geral, me deixava falar o tempo todo. E ele era um bom ouvinte.

No final do intervalo de sexta-feira, eu disse:

– É melhor irmos logo para a aula de biologia, vamos nos atrasar.

Ele encarou para a mesa por um momento, antes de olhar para mim.

– Não vou à aula hoje.

Minha cabeça pendeu para a esquerda, e eu franzi as sobrancelhas.

– Eu... vou caçar. - disse - Com Alice.

Caçar. Falávamos muito pouco sobre ele e sua... condição... de vampiro. Não que eu me esquecesse disso, mas era simplesmente um assunto que não tocávamos. Mas eu conhecia aquela situação. Ele ia caçar com Alice, já que amanhã iríamos sair sozinhos. Ele ia com Alice... por que era mesmo? Acho que talvez, no fundo, fosse porque ela gostasse de mim, de um modo diferente dos outros. Ou assim eu esperava.

Olhei para a mesa, como ele tinha feito - e fazia novamente agora - antes.

– Tudo bem. Então... até amanhã? - franzi as sobrancelhas ao dizer isso.

– Acho que sim... Ah! Como vai voltar para casa?

– A pé. Faz uns dois meses que não faço isso... Por incrível que pareça, eu até gostava de ir para casa a pé. Me dava tempo para ficar sozinha, e pensar.

Observei um esboço de sorriso se formando vagarosamente em seu rosto.

– Tudo bem. Então... que horas amanhã?

– Poderíamos ir cedo - digo.

Ele riu baixinho, mas percebi que não havia muito humor no ato.

– Talvez. Então, no mesmo horário de sempre?

O horário de sempre na verdade era o horário dessa semana, mas não me importava.

– Ótimo.

Alice de repente apareceu ao lado de Edward. Ela sorria para mim.

– Pronto? - perguntou para Edward, que apenas assentiu em resposta.

Eu observei a garota, sua altura, cabelo, olhos, feições... tudo. E ela era exatamente como eu imaginara.

– Oi Bella - ela disse, provavelmente percebendo que eu a analisava.

Engoli em seco antes de responder:

– Oi... oi Alice.

Um arrepio percorreu minha espinha ao dizer seu nome, mas, como muitas outras coisas, ignorei isso também.

Eles se levantaram, e Edward somente virou-se para mim uma última vez, e talvez fosse dizer algo, mas somente me olhou. Devolvi o gesto.

E, então, os dois Cullen de que, apesar de eu não dizer isso claramente, ou mesmo pensar no fato em si, eu mais gostava, viraram-se, e saíram do refeitório.