Who Will Save Your Soul? escrita por Beatrix Kiddo


Capítulo 4
Eva


Notas iniciais do capítulo

Olá! *-*
Mais um capítulo! :)
Minha querida leitora, Giovanna, pediu que eu fizesse um P.o.v de Eva e Edward no mesmo capítulo, mas não foi possível :(
Desculpe flor, eu até tentei, mas não consegui fazer em um mesmo capítulo, pois eu já tinha escrito bastante coisa e ficaria imenso!
Sorry :(
Obrigada a todos que leram e comentaram o anterior!
Beijinhoos



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Eva’s P.o.v

Acordei totalmente desnorteada. Uma forte dor no pescoço me fez gemer quando tentei movimentá-lo. Levei a mão ao local dolorido, passando as pontas dos dedos por toda a extensão, só parando quando meus dedos encontraram um inchaço considerável. Ergui um pouco a cabeça e percebi que foi uma péssima ideia quando tudo girou ao meu redor. Deitei novamente e abracei um travesseiro... branco?! Mas eu não costumava usar roupa de cama clara! Só então caiu a ficha de que eu não estava na minha casa, logo, não estava em meu quarto. Observei o cômodo com cuidado. As paredes eram cor de gelo, as cortinas de seda azuis escuras, cobrindo toda a região onde ficava a janela. Não entrava muita luz no ambiente, mas era perceptível que ainda era dia pelo barulho proveniente da rua. Apesar de o quarto não ser estranho a mim, eu não sabia quem era seu dono, tampouco não me lembrava de ter estado aqui alguma vez.

Ouvi algumas vozes lá embaixo, misturadas com o som de tv ligada em um canal de esportes. Fechei os olhos e sorri forçado ao reconhecer finalmente a quem elas pertenciam. Um lapso de compreensão me atingiu e eu automaticamente levei as mãos ao pescoço, descobrindo o motivo da dor e inchaço que emanavam daquela região.

“Droga” – Praguejei ao sentir a consciência me atormentar. Por pouco eu não havia posto tudo a perder atacando aquela garota na frente de toda a escola. A garota de olhos cor de chocolate tinha o sangue mais convidativo que eu já tinha sentido e a lembrança daquele aroma, adentrando minhas vias aéreas, fez um arrepio passar por minha pele. Eu deveria estar ficando louca para agir com tamanha insensatez, colocando em risco não só a mim, mas a todos os meus amigos. Aquele sangue, entretanto, havia despertado meus instintos mais assassinos. Eu me conhecia bem o suficiente para saber que das duas uma, ou eu matava o desejo de ir atrás da garota e me saciar com seu sangue, o que não seria a primeira vez que acontecia, ou, o desejo me mataria antes. Foi com esse pensamento que eu saí daquele quarto e fui atrás de respostas.

Quando terminei de descer as escadas, vi Damon sentado no sofá, brincando com um copo de uísque na mão. A tv estava ligada, mas a última coisa que o moreno fazia era prestar atenção no que era transmitido por ela. Ele sabia que eu o observava, mas não olhou para mim.

“Pensei que tinha te matado de verdade” – Disse ele, enquanto desligava a tv com o controle.

“Desculpe te desapontar” – Ele sorriu de canto e eu me aproximei, sentando ao seu lado no sofá. Peguei o copo que estava em sua mão, tomando o restinho que havia ficado no copo. A bebida era forte, justamente o que eu precisava no momento. Ele passou um dos braços por meus ombros, fazendo minha cabeça se apoiar na base do ombro dele. Suspirei sentindo meu pescoço reclamar com o movimento.

“Foi mal” – Damon disse baixo. Aconcheguei-me mais a ele, seus dedos se embrenharam em meus cabelos, fazendo um carinho gostoso ali. Fechei meus olhos e acabei bocejando sem querer.

“Tá brincando que você ainda tem sono?” – Perguntou espantando. Abri meus olhos e dei de cara com seus orbes me fitando bem de pertinho. Naquele instante eu me atentei para um fato que ate então havia passado despercebido. Desde quando Damon tinha olhos azuis? Franzi o cenho. Não era um azul comum, era um tom de turquesa muito claro, que fazia um contraste lindo com seus cabelos escuros. Ele arqueou uma sobrancelha em interrogação. Os olhos azuis me estudavam com curiosidade e um toque suave de malícia. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas achei aquilo bem sensual. Ouvi um pigarro e me perguntei quanto tempo eu fiquei parada feito uma idiota observando-o.

“Por que tá me encarando assim?” – Sua voz de barítono estava um tom mais baixo do que o comum. Sua respiração bateu contra meu rosto, trazendo aquele aroma de uísque gelado mesclado com seu cheiro de canela. Senti um calafrio instantâneo e mordi o lábio inferior em reflexo. De repente o ar descontraído que ele sustentava me deixou tensa e acho que o fato não passou batido por ele.

“Minha cara tá suja, por acaso?” – Perguntou para logo depois abrir um sorriso sexy.

Antes que eu pudesse colocar um freio na língua, já tinha disparado.

“Você tem olhos azuis” – A sua reação me pareceu surpresa, para logo mudar para algo que não era muito condizente com a personalidade fria e desapegada dele. Seus olhos deixaram de lado a malícia, restando apenas o brilho azulado misterioso.

“E?” – Seu braço, que estava sobre meus ombros, foi retirado na medida em que ele se ajeitava melhor no assento, deixando o corpo de frente para o meu. Não sei dizer o porquê, mas eu me senti intimidada quando notei seu corpo robusto de frente pra mim e acabei me encolhendo. O sangue circulou mais quente por minhas bochechas e eu tive a certeza de que corava. Ele me olhava de uma maneira que nunca tinha feito antes e isso me fez querer fugir dali. Eu estava costumada a um Damon brincalhão e sombrio e descobrir que ele poderia ter uma faceta sedutora, pelo menos comigo, me deixava assustada. Eu deveria estar mesmo ficando maluca! Cara, aquele era o Damon! O cara que adorava pegar no pé e encher o saco.

Tudo parecia estar diferente e errado, a começar pelo que eu disse a seguir.

“São olhos lindos” – Engoli em seco ao vê-lo passar a língua sobre os lábios rosados. Sua barba estava por fazer e o deixava com cara de mau.

“Seus olhos são verdes” – Ele disse um pouco mais perto. Os olhos azuis percorriam minha face, demorando-se mais que o comum nos lábios que eu mordia. Cara, eu estava mesmo a fim de beijar o Damon? Justo o vampiro mais irritante e egocêntrico que eu conhecia?

“Olhos verdes são comuns” – Minha voz tremulou uma oitava e ele deu um sorriso de lábios, sem o sarcasmo habitual. Se eu não estivesse louca, diria até que foi um sorriso carinhoso.

“ Podem ser comuns, mas não deixam de ler lindos também” – O hálito com cheiro de uísque, a presença máscula e a voz forte de Damon estavam me deixando afetada. Minha mente apitava para que eu fugisse logo dali, antes de fazer uma besteira que eu com certeza me arrependeria. Mas meu corpo não se moveu um centímetro sequer. Os olhos azuis cada vez mais perto fizeram com que os meus se fechassem em antecipação. A última imagem que lembro ter visto foi Damon se inclinando em minha direção. Quando senti sua barba roçando em minha pele, ouvi um barulho de chave girando na fechadura. Abri meus olhos rapidamente, encontrando Damon de pé me lançando um olhar estranho.

Não dissemos nada.

“Eva!” – Bonnie veio correndo em minha direção se jogando em mim. Abraçamo-nos sorrindo, vi que Matt e Stefan também estavam ali. Stefan me lançou um olhar estranho, que eu não entendi, e Matt apenas sorriu, lindo como sempre.

“Também senti sua falta, minha bruxinha linda, mas você me viu hoje de manhã” – Ela me soltou e se sentou junto a mim. Vi que todos trocaram um olhar estranho.

“ O que foi?” – Odiava ser a última a saber das coisas.

“ Você ficou apagada por uma semana, Eva” – Foi Matt quem disse sem rodeios. Olhei atônita para Bonnie, que segurou a minha mão e assentiu com a cabeça.

“Mas como? O que vocês fizeram comigo?” – Minha voz saiu um pouco mais alta do que eu gostaria e isso fez com que meus amigos se levantassem, talvez temendo um ataque de fúria. Respirei fundo.

“ Eva, você nos deixou assustados naquela manhã. De repente você ficou fora de si, fizemos de tudo para te trazer de volta, mas você não reagia. Eu nunca te vi daquele jeito, nem quando você era uma recém-criada.” – Stefan se aproximou do sofá, abaixando-se para ficar no mesmo nível que eu.

Olhei de relance para Damon. Stefan acompanhou meu olhar. Ele e Stefan se encararam por um momento, logo depois Damon foi em direção à porta e saiu. Stefan suspirou. O clima tenso entre eles me fez sentir algo estranho. Todos olharam para a porta que bateu assim que Damon passou por ela.

“Evita!”- Matt me puxou pelo braço, meu corpo se projetou para frente todo de uma vez, segurei um suspiro de dor. Ele me pegou em um abraço de urso, me tirando do chão. – “Arranjei uma festa pra gente ir hoje” – Acabei rindo. Tanta coisa estranha acontecendo e Matt pensando em festa.

“Você enlouqueceu, garoto?” – Bonnie ralhou – “ Primeiro ela age como uma louca possuída, depois fica uma semana nocauteada, aí você vem você querendo deixa-la bêbada?” – Ela parecia bem irritada com a ideia, me perguntei o porquê disso. Bonnie costumava ser uma pessoa bem tranquila. Matt revirou os olhos.

“Eu topo” – Respondi dando um soquinho no ombro dele, que me apertou.

“Eva!” – Bonnie me repreendeu, depois tentou me puxar de Matt, mas ele era bem mais forte que ela.

“Relaxa Bonnie, eu tô legal. Prometo que não vou mais agir feito uma louca. – Dei uma ênfase especial na palavra louca. Não gostei de ela ter se referido a mim daquele jeito agressivo. Olhei bem para os olhos cor de mel, que tentavam a todo custo me persuadir. Não adiantou e ela acabou cedendo.

“ Acho que a Eva precisa mesmo se distrair” – Stefan concordou com Matt e Bonnie fez uma careta.

“Cadê o meu irmão?” – Perguntei estranhando o fato de ele não ter aparecido.

“Ele veio aqui todos os dias, mas você estava hibernando” – Matt disse divertido e eu mostrei a língua – “Ele veio mais cedo, disse que vai nos encontrar mais tarde, na festa.”

Bonnie ficou inquieta. Ela me escondia alguma coisa.

“Jeremy saindo com uma garota?” – Stefan debochou. Cruzei os braços irritada.

“ Calma aí irmã ciumenta” – Matt bagunçou meus cabelos e eu lancei um olhar mortal pra ele.

“Sou mesmo” – Respondi emburrada.

Bonnie veio até mim e me puxou pela mão, tentei resistir, mas ela foi mais rápida.

“Vamos até a sua casa, temos que trocar a sua roupa e te dar um banho” – Não me pareceu ser o real motivo de estar sendo rebocada, mas não criei obstáculos. Queria mesmo falar com ela.

Acenei para os garotos, combinando com Matt que ele fosse me pegar às oito. Bonnie estava bem apressada e eu me perguntei se ela queria sair o mais rápido da mansão dos Salvatore ou ficar a sós comigo. Descobri que era a segunda opção.

Assim que já estávamos a caminho da minha casa, vi que ela ficou mais tensa.

“Fala logo, Bonnie” – Falei impaciente.

“Como você sabe que eu quero te dizer algo?”

Sorri, pensando em como ela era ruim em tentar me esconder coisas.

“ Eu conheço você Bennet, melhor do que você imagina” – Ri, me achando uma expert em expressões corporais. Ela negou com a cabeça, mas sorriu também.

Pouco depois já tínhamos chegado a minha casa. Bonnie estacionou em frente à garagem e desligou o carro.

“Eva....” – Começou, mas eu a interrompi.

“Ah não, odeio quando você começa falando assim, é sempre má notícia” – Fui ignorada.

“Você lembra que o Stefan disse que o Jeremy nos encontraria lá no Mystic Grill?” – Tenho certeza que meus olhos brilharam.

“Mystic Grill? Oh, mas lá não estava interditado?” – Perguntei realmente surpresa. Eu amava ir pra lá jogar sinuca, nem acreditei quando ela mencionou aquele nome.

“Que droga Eva, não me interrompe!”

Encolhi os ombros, não gostava quando ela me tratava daquele jeito.

“Desculpa, ok?” – Ela pegou na minha mão e fez com que eu olhasse para ela – “O Jeremy vai com uma garota” – Fechei a cara na hora, sabia que não ia gostar do assunto.

“Isso eu já estou sabendo”

Ela previu a minha reação e segurou a minha mão com mais força, me impedindo de interrompê-la de novo.

“ Ele vai com aquela garota.”

“Que garota? A vadia da Vick?”- A raiva fez minha pulsação acelerar. Vi que Bonnie já estava perdendo a paciência.

“Não Eva, ele vai com aquela ruiva que você quis devorar na segunda” – Pisquei os olhos atônita. Oh sim, isso era um problema.

“Entende agora porque eu fiquei tão histérica com o Matt?” – Perguntou com a voz mais calma. Agora sim eu entendia tudo. O olhar estranho que Stefan trocou com Bonnie, Jeremy não ter aparecido pra me ver e o comportamento estranho da minha amiga. Eles tinham medo. Medo de que eu não conseguisse me controlar quando estivesse perto dela, medo de que acontecesse uma tragédia. Fechei meus olhos e me afundei no banco do carona.

“Oh, droga!” – Puxei algumas mechas de cabelo. Isso parecia teoria da Conspiração.

“Calma Eva, Matt tem razão, vai dar tudo certo” – Olhei incrédula pra ela – “Você é mais forte do que imagina garota” – Deu uma piscadinha. Eu não sabia se ria ou se chorava.

Eles todos estavam confiando em mim. Decisão terrível, pois nem eu mesma confiava em mim. Sorri amarelo pra ela. Seria uma longa noite.


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