Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 39
Capítulo XXXVIII


Notas iniciais do capítulo

Alô!
Todos estamos tensos com a nova situação e com a vingança de Victoria, mas (apesar de estar temendo o que pode vir a ocorrer) não posso esquecer de agradecer vocês pelas opiniões deixadas nos comentário; merci!
AVISO!!! Entramos hoje, oficialmente, na RETA FINAL de L&B.
Boa leitura!



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CAPÍTULO XXXVIII

Uma nuvem úmida cobria a floresta de Forks, tirando as brechas de luz entre as árvores e umedecendo a terra. A grama estava perigosamente deslizante e enlameada; poças de água abrigavam-se na erosão e os lobos ― tanto da matilha de Leah quanto os de Sam ― estavam encharcados com a chuva. A mudança de clima fora imprevisível e assustadora; Leah tentou imaginar Quil correndo pela praia, tentando a todo custo proteger Claire de qualquer gotinha de água. Será que haviam caçado as pedrinhas coloridas? Naquela manhã, o humor de Leah parecia estar agindo com o clima: mudando rapidamente e sem explicações razoáveis.

“Você está tão mal humorada”, comentou Seth, que estava sobre as proteções dos galhos de uma árvore gigantesca. Abaixo dele, Sianoah era quase invisível de tão encolhida contra ele. “O que aconteceu?”

Leah não respondeu. Ela continuou parada na chuva, os pelos quase caindo encima dos olhos. O que aconteceu? ― perguntou a ela mesma. Qual era o motivo do mau humor… O que havia causado o aperto no coração? Por que não conseguia se distrair com os assuntos de Seth e não parava de contar os segundos para rever Bella? De forma tão desesperada e triste? Ah, Bella… Um nó formou-se no centro da garganta de Leah: ela estaria bem? Teria chegado a salvo na escola? Edward fora um incômodo?

“Bella deve estar bem”, opinou Sianoah, mexendo-se e continuando aconchegada na barriga de Seth.

“Por que se acha no direito de falar alguma coisa?”, retrucou Leah, ligeiramente irritada e saindo da própria abstração. Um amargo espalhou-se por toda a sua boca e ela passou a língua por cima dos dentes; tinha os dentes de qualquer lobo: amarelados, curtos e com caninos maiores do que o comum.

“Porque vi os Cullen saindo pra caçar enquanto vinha para a ronda.”, respondeu Sia, gemendo roucamente quando Seth lhe acariciou a coluna. “Estava passando no limite do tratado quando os vi do outro lado do rio. A baixinha Alice estava com Edward e outro loiro.”

A resposta de Sianoah não fez o coração de Leah aliviar-se. Ela começou a andar de um lado para o outro, afundando as patas no barro e rosnando baixinho enquanto pensava. Não; não… Alguma coisa tinha acontecido: ela sentia. E o coração de Leah não mentia.

De repente, todo o corpo de Leah foi guiado pelo seu temor: ela estalou os ossos antes de começar a correr. Não sabia para onde ia, mas escutava os gritos de Sianoah e Seth.

Leah! Onde você está indo?”, o casal deu início a uma corrida sôfrega, tentando, tolamente, alcançar a mesma velocidade de Leah. Ela estava à meio quilômetro deles e, se não fosse uma visão muito apurada, Seth não faria noção de onde estaria a sombra da irmã.

A Clearwater não deu ouvidos aos protestos: sentia seus ombros pesando e o corpo doendo, ardendo. Era a mesma ardência que sentira quando fora socada na barriga por um vampiro; o comparsa de Victoria. A bile pareceu subir e os lábios amargaram-se; Leah escorregou nas raízes de uma árvore, ligeiramente tonta e enjoada. O estrondo do impacto de Leah contra o pinheiro foi imenso e repercutiu a floresta. O que estava acontecendo com ela? O que acontecendo com Bella? Algo estava errado… Muitíssimo errado. A loba tossiu e escorou a cabeça na árvore; os olhos pesaram como se não dormisse há muitas horas… O coração debateu-se contra os ossos e a chuva escorreu entre os pelos cinzentos de Leah, fazendo-a tremer como se a febre fosse alta…

Um bramido furioso e histérico ergueu-se na floresta, fazendo Leah abrir os olhos e cambalear na direção das vozes. A visão embaçada não auxiliou muito e ela tropeçou numa pedra, cortando a pata. Ela sentou-se molenga no chão e ergueu a pata esquerda (e da frente): escorria um líquido quente e escurecido da fenda. O corte era longo e tinha início numa das garras e descia até o começo do tornozelo. O sangue e os latidos distantes de Seth foi a última coisa que Leah presenciou antes de amolecer no chão, ficando rodeada de escuridão.

***

Victoria agarrou o corpo flácido de Isabella Swan, levando-a no colo para o subterrâneo do ginásio. Lá, outrora, os jogadores vestiam-se, sendo o vestiário compartilhado num porão largo e comprido. Armários velhos e descascando tinta vermelha estavam junto às paredes; cheios de pós e sujeira. Victoria deu passos largos e com o rosto contorcido de nojo, atirou Bella num velho colchão sujo que estava no centro do ginásio. Quando o corpo de Bella impactou contra o colchão, o de Alice ― que estava no centro da floresta, agarrada no pescoço de um alce e sobre o chuvisco frio ― tremeu. Jasper, que estava na posição de ataque e procurando o melhor animal, levantou-se tensamente com o medo que irradiava de Alice. Ela estava com os olhos vidrados e a boca suja de sangue, que escorria no cantinho de sua boca.

― Alice? ― Jasper parou do lado da esposa e pousou uma mão sobre suas omoplatas pequenas. ― O que houve?

― Bella… ― ela piscou, saindo do devaneio e agarrou desesperada a manga do suéter de Jasper. Jamais ficara tão amedrontada; nem mesmo quando James encurralara Bella. ― Victoria… Ela pegou Bella.

― Como? ― Jasper franziu a testa, formando um vínculo entre as sobrancelhas loiras.

― Eu não vi… Tudo foi agora e soou tão nublado… Elas estão numa espécie de vest… ― antes que finalizasse, Alice gritou e tremeu nos braços de Jasper: outra visão desencadeou-se na mente da Cullen. Bella, recém acordada, encolhendo-se e gritando de dor ao receber novos golpes de Victoria. Um chute no rosto que foi impedido pelos braços de Bella (que, de tal forma, receberam a força de Victoria: estalaram com a fratura.). O berro doloroso ecoou o porão e Victoria riu, sentando-se numa cadeira e observando Bella agonizar. As lágrimas rolando pela face e os braços assumindo hematomas quase negros; Alice não viu nada além da dor da amiga e jogo psicótico de Victoria.

― Alice. ― Jasper segurou-a com cuidado e força. Ela arquejou e afundou as unhas na pele marmórea de Jasper Hale.

A primeira e a segunda visão misturam-se na mente de Alice e ela sentiu uma avalanche de medo indo contra seu corpo pequeno. Lembrou-se do que vira recentemente: de Victoria carregando Bella, dos cabelos da menina quase arrastando no chão e dos braços pendendo dos lados do corpo. De Victoria gargalhando ao chutar-lhe e deliciando com o som dos ossos ferindo-se. Tudo fez um extremo sentido e ela disse:

― Victoria vai torturar Bella antes de mata-la. ― ela soltou-se de Jasper e deu um passo nervoso para trás. ― Jasper… ― seus olhos estavam arregalados e, se humana fosse, estaria falando entre soluços e lágrimas. ― Ela não vai aguentar muito… E Victoria não está querendo se estender muito. ― os olhos de Jasper, que pareciam sempre calculistas, semicerram-se. ― Eu preciso avisar os lobos…

― O que aconteceu? ― Edward passou por uma série de arbustos: paralisou ao ver a mente de Alice, mandando-lhe um resumo doloroso do que Victoria tinha começado. ― Eu conheço esse ginásio… ― sussurrou com a voz rouca. Um ódio e fúria circundavam a voz de Edward. ― A última vez que vi foi em 1949… Muito rapidamente, mas ainda sei onde é.

― Temos que avisar os lobos. ― suplicou Alice.

Eu tenho que encontrar Bella. ― a boca de Edward Cullen retorceu-se.

― Edward ― um grunhido escapou da garganta de Alice; um pré-rosnado. ― Deixe o egoísmo para depois… Os lobos precisam saber. Leah precisa. ― a mente de Alice permitiu lembranças, de quando falara com Bella a respeito de Leah e o quanto os olhos dela brilhavam quando falava da sua amada Lee. ― Preciso de um tradutor: ainda não aprendi a ler pensamentos.

Edward não aparentava felicidade quando passou as coordenadas para Jasper, mandando-o chamar os outros para irem atrás de Bella em Seattle. Sobrecarregada com o fato de que precisaria invadir o território Quileute, Alice deu um rápido abraço em Jasper, que lhe limpou o canto dos lábios e beijou-lhe a testa com pressa. Então, desapareceu na direção contrário na qual Alice e Edward estavam indo.

O relâmpago brilhou no céu obscurecido, trazendo junto de si um clarão azulado. As nuvens pesadas e densas fecharam o céu e a chuva caiu pesada encima dos irmãos Cullen; congelante e dificultando os movimentos na floresta. Os pés deles mal se encostavam ao chão ao correrem pelo perímetro: tudo tinha se transformado num borrão escuro e tudo estava abstrato demais para Alice diferenciar o que era árvore e o que era rochedo.

O uivado dos lobos retumbou curto e antes que Alice tivesse chance de virar-se e ouvir o grito de aviso de Edward, teve a cintura abocanhada por algo gosmento e quente. O corpo de Alice voou até o rio e ela afundou; a água chocando-se contra as paredes de pedra que cercavam a piscina natural. Edward avançou encima do lobo negro, antes que ele entrasse na água e puxasse Alice a mordidas e unhadas. Era Sam Uley; ensopado e sugerindo estar com raiva, pois algo espumado saía da boca dele.

“Vocês invadiram o nosso território!”, o berro mental deixou claro o sentimento de injustiça em Sam. “Não cumpriram os acordos!”, acusou outra vez, andando na direção de Edward.

― Precisávamos fazer isso! ― qualquer resquício de autocontrole evaporaram de Edward, que estava com os cabelos caindo sobre a testa e olhos. Sam rosnou, erguendo o lábio superior para libertar o som ameaçador. O rosnado de Edward foi mais baixo, mas não menos feroz. ― Victoria pegou Bella. ― a ira de Sam pareceu desaparecer dos seus olhos por um segundo. ― Onde está Leah? ― Alice emergiu da água, tão elegante quanto uma nadadora profissional. Correu com as roupas pesadas até onde estava Edward e Sam; mentalmente, ficou feliz em não estar usando suas botas de salto naquele dia.

“Não somos da mesma matilha…”

― Eu sei, seu estúpido ― Edward estalou os dedos, com os membros dominados pela raiva e pronto para quebrar o queixo de Sam a qualquer momento. ― Ajude-nos a encontra-la.

“Não obedeço a sanguessugas!”, Sam cuspiu no chão.

― O que ele está falando Edward? ― Alice estava afobada.

Mas ele não falou: avançou em Sam.

***

Foi uma loba branca e de olhos escuros que impediu o confronto (ou, pelo menos, parte dele) entre Sam e Edward. Ela atirou-se entre os dois e acabou rolando junto de Edward alguns metros. Ela soltou um ganido assustado e dolorido enquanto rolava e a queda no rio foi anteparada por Edward que, mesmo sem conhecer Sianoah Noël, agarrou-a pela pata e puxou-a antes que caísse. Ela ergueu-se com seus dois metros de altura na forma lupina (era a menor da matilha, até mesmo quando transformada) e deu um olhar grato ao vampiro.

Seth tinha ficado com Leah na floresta, tentando ampará-la ao despertar do desmaio recente. Sia fora desvendar o que acontecia e qual era o motivo do alvoroço na floresta. Gotas d’água escorriam pelas bochechas de Edward quando falou, depois de visualizar dos pensamentos da garota.

― Avise sua alfa sobre Bella…

“O que aconteceu com Bella?”, Leah andou na direção de Edward: parecia confusa e enfraquecida. As sensações angustiantes não tinha melhorado nem em 1%. Edward olhou para a loba da sua altura, analisando rapidamente o estado de Leah.

― Victoria ― os joelhos de Leah fraquejaram. ― Está com Bella num ginásio em Seattle. ― os sentidos de Leah desligaram-se e tudo que sentiu foram seus pensamentos e incertezas contornando-a; o motivo das debilidades e más sensações. Como não podia ter adivinhado? Por que não levara Bella à escola? Por que não fora capaz de protegê-la? Por que não foi o suficiente?

Mas não se preocupe com esse tipo de coisa banal: nada irá acontecer comigo no meio do caminho. ― se tivesse acompanhando-a, se tivesse sido mais persistente… Leah lembrou-se de Bella tocando-lhe a face com devoção, de terem feito amor na noite anterior e de rirem abraçadas na cama. E chorou, porque teve medo de que aquela fosse a última vez. Seu corpo sacudiu-se, consternado e com a fantasia de um futuro colorido (uma casa, talvez filhos e gatos, um jardim cheio de flores) ao lado de Bella desmanchou-se.

Leah foi recuperando os sentidos aos poucos; a audição veio por último e ela pode escutar grunhidos e bufares insatisfeitos vindos de Sam Uley.

Ela pulou em Sam, gritando e rasgando a carne dele. Com as garras fortes e compridas, afundou-se na pele do lobo. O sangue escorreu e ela foi para o pescoço dele, perfurando a garganta com os dentes. Sam debateu-se embaixo de Leah, mas não conseguiu distanciá-la. E nem conseguiria, caso tentasse outra vez: ela era feita de ódio e revolta; aquilo tudo fermentava no corpo de Leah há um longo tempo. Agora, ela estava entrando na combustão espontânea: era certo o dia que precisaria por tudo aquilo para fora. Só não era esperado que fosse a tal situação e, justamente, em Sam.

“Leah… PARE!”, a voz não veio de Sia e nem de Seth, que chegara agora. Os irmãos Cullen, Alice e Edward, mantinham-se em silêncio. Leah saiu de Sam no mesmo instante; nunca conseguira escutar a voz de Sam em sua mente depois que saíra da matilha. Caso quisesse, podia conversar na forma lupina com outros da matilha de Sam (como fizera com Jacob Black), mas, era a primeira vez que escutava Sam. O gosto de sangue era salgado em sua língua e Sam parecia estraçalhado: ferido e com tufos de pelo negro faltando pelo corpo.

Ela ergueu o rosto, vendo Sianoah e Seth. Edward encarava-a sem muitos sentimentos no rosto e Alice parecia descrente do ataque de fúria que tinha acabado de presenciar.

“Seth”, sua voz era uma ordem clara e grosseira. “Chame os outros.”

Seth roçou o focinho no dorso de Sianoah antes de correr até o topo da colina: o habitual ponto onde esticava o pescoço e uivava, chamando pelos companheiros.

“A minha matilha vai ajudar caso vocês precisem.”, prometeu Sam, que parecia um pobre galo despenado.

― Alice só viu Victoria. ― Edward disse. ― Creio que esteja sozinha, porém, sempre é possível uma ataque surpresa.

Leah assentiu rudemente e observou Sianoah.

“Você vem comigo” e virou-se para Edward. “Você sabe como chegar a esse ginásio, bebedor de sangue?”

― Sim. ― anuiu.

“Então… Vamos encontrar Bella e acabar com a vadia.”

E, pela primeira vez, Leah viu um sorriso maligno nos lábios de Edward, que estava com a sede de vingança desperta como não acontecia há anos. Qualquer sentimento de concorrência (ambos querendo amar a mesma garota) foi esquecido e eles partiram juntos, procurando por Isabella.


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Notas finais do capítulo

Bem... Mais um capítulo e teremos o confronto entre Leah e Victoria! Quem está ansioso por isso? Quem vencerá?
E sobre esse capítulo... O que acharam? Deixem comentários!
Milhares de beijinhos pra vocês!



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