Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 38
Capítulo XXXVII


Notas iniciais do capítulo

Alô, queridos leitores!
Muito obrigada por tudo que vocês tem me dado desde o início de “Leah e Bella”; pelas mensagens, comentários, recomendações, favoritos e pela coleção infindável de imagens Belleah; vocês são demais! Agradeço do fundinho do coração pelos comentários do último capítulo postado!
Hoje estou trazendo para vocês algo muito esperado: VICTORIA. Sim; ela está de volta!
Boa leitura!



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CAPÍTULO XXXVII

Era estranho andar pela areia umedecida de La Push sem Bella; Leah sentiu a diferença ao pôr os pés na entrada da praia. Ela, que vestia um jeans meio frouxo, colocou as mãos nos bolsos e caminhou ao lado de Quil. Não estavam a passeio, mas haviam decidido passar pela praia até as profundezas da floresta: era merecido alguns segundos de relaxamento depois da última luta. Boa parte de moradores da região e turistas erguiam os olhos para observar Quil Ateara, que, em pleno inverno, atravessava a praia só de bermuda. Com os olhos semicerrados, Leah Clearwater deu uma rápida observada ao seu redor:

O vento gelado e cortante assoviava em suas orelhas e as gaivotas e ondas ecoavam por cima dos visitantes; uma ponta amarelada ameaçava mostrar-se nos céus. Um grupo de adolescentes, embolados e brigando por um pedacinho de cobertor, gargalhavam no chão. Um casal sussurrava entre si e, meio alheia a calmaria de todos, uma menininha corria pela praia: talvez tivesse entre dois e três anos. A menininha estava contente e saltitava, rindo com a própria sombra. Quil não tinha notado ela.

E tudo se mostrava tão calmo, tão… Humano. Soou estranho.

― Então… ― Quil pigarreou, falando pela primeira vez desde a saída da casa Clearwater. ― O que você acha que vai acontecer agora?

― Depende. ― respondeu baixinho. ― Do que você está falando?

― Daquela ruiva… Acho que é Victoria o nome daquilo. ― respondeu, olhando Leah de esguelha; conseguiu capturar o momento no qual ela franzia a boca com desgosto. ― Matamos tantos Leah… O que você acha que ela pode vir a fazer?

― Ele vai vir atrás de Bella. ― garantiu a loba, mexendo a cabeça como se concordasse para si mesma o fato. No fundinho de sua cabeça, uma voz murmurou tremulamente: você vai conseguir derrotar ela. ― E nós estaremos prontos.

E aquele parecia o fim do assunto entre eles, pois Quil anuíra. Não havia muito que falar; Quil era o inverso de Leah e tinha gosto totalmente diferentes. Seu humor era um e do Leah outro. Uma relação de coleguismo, se bem analisada. Sentindo-se inevitavelmente mal por aquilo, Leah pronunciou-se com certa tensão.

― Então… ― ela sorriu. ― Você está namorando?

― Eu? ― Quil apontou para si e Leah assentiu. ― Bem… ― falou longamente, pensando num modo educado de explicar a situação de algumas noites anteriores. ― Eu saí com uma menina há algum tempo.

― É mesmo? ― questionou momentaneamente curiosa para saber o resumo da empreitada amorosa de Quil. ― Há quanto tempo?

― Talvez semanas; não contei no calendário. ― lamentou. ― Ela é de Seattle. As chances entre nós eram minúsculas.

― Eram? ― Leah arqueou as sobrancelhas. ― Já terminou?

― Ela gosta de jazz… ― suspirou. ― Usa uns grampinhos coloridos nos cabelos, planeja estudar psicologia. Soube fazer uma boas piadas no cinema, mas… Não encontro um futuro em que possamos estar juntos.

― Não era o seu imprinting. ― Leah sussurrou tão baixo que não esperou que Quil escutasse, porém, ele escutou e muito bem. Pouca coisa escapava dos ouvidos de Quil. Ele lambeu os lábios e disse, mexendo as mãos de forma indistinta.

― Eu realmente admiro o seu amor por Bella ― afirmou, chamando a atenção do olhar de Leah. ― A coragem de abandonar a matilha para lutar por ela, apesar de todos desaprovarem e, devo admitir, sinto vergonha de algum dia ter apoiado Sam nessa loucura. Sinto muito por isso. ― complementou. ― Contudo, Leah, acho que o imprinting não é pra mim.

― Eu nunca achei que tivesse algo além de Sam; meus amores giravam em torno dele. ― explicou. ― Então, eu conheci Bella. ― um sorriso bordou os lábios da garota Clearwater. ― Meu imprinting.

― É diferente. ― replicou. ― Quer dizer… O seu primeiro amor foi Sam e nada além dele ― se bem que, beijinhos da adolescência não podiam contar como “amor”. Leah decidiu concordar com Quil. ― Eu já conheci mais garotas do que posso contabilizar. Rostos e histórias diferentes ― o ouvido direito de Leah deteve o gritinho da menina que brincava; mais próxima e extremamente feliz. ― E, Leah, nenhuma delas fez o meu mundo rodopiar e ter um novo sentido.

― Paciência, Quil. ― Leah riu. ― Ela ainda vai aparecer. ― ela deu um tapinha no ombro do amigo. Ele fez careta e birra.

― Hoje ou amanhã? ― retrucou. ― Não estou muito esperançoso.

― Quem sabe você continua apaixonado pelas panquecas da mamãe enquanto ela não aparece?

― Parece uma boa. ― Quil fitou Leah. ― Você teria saído comigo algum dia?

― O que? ― de repente, o oxigênio formou um bolo no centro da garganta de Leah Clearwater. ― Não!

― Isso melhora o meu astral… ― ele abaixou a cabeça, desanimada ao andarem pela praia. Cada vez mais próximos da garotinha alegre. ― Valeu Lee.

― Quil. ― Leah respirou profundamente. ― Espero, sinceramente, que você tenha um imprinting e logo. ― ele franziu o cenho, como se estivesse ofendido. ― Você não imagina o quão impossível e doloroso é cogitar outro alguém, mesmo que seja apenas uma suposição boba. ― Leah puxou as mãos dos bolsos. ― Por mais bonito e divertido que você seja, a loba dentro de mim não imaginaria qualquer envolvimento romântico que nós pudéssemos ter desenvolvido.

― Sei disso, Leah e te entendo. ― ele deu de ombros. ― Esqueci rapidamente que nós dois gostamos de mulher.

― Outro grande “porém”. ― anuiu.

De repente, algo pequenino e agitado bateu contra os joelhos de Quil e espatifou-se no chão, choramingando. Estiveram tão mergulhados no assunto que nem notaram a proximidade da menina; não notaram que Claire corria perto deles. Quil, sensibilizado, ajoelhou-se e pôs uma mão nas omoplatas delicadas e pequenas da menina. Ela ergueu o rosto ― cabelos negros, olhos escuros e lábios cheios; como a maior parte das crianças da Reserva ― e fez um bico, visivelmente ofendida com Quil.

Se fosse mais um dia comum, em que uma criancinha qualquer esbarrasse em suas pernas, Quil daria algumas desculpinhas e oferecia dinheiro a mãe da menina, tentando recuperar a moral da criança com um doce. Mas não daquela vez, pois era Claire. A garota que ele sonhava em conhecer e que pensava que não encontraria; lá estava, de repente, seu imprinting (e muito mais cedo do que Leah imaginara). Era baixinha e usava fraldas; tudo que ele não esperava, mas que parecia mais do que suficiente. O coração de Quil comprimiu-se contra as costelas antes de quase explodir em felicidade e deleite; os olhos dele lacrimejaram ao contemplar a pureza da pequena.

― Claire… ― Emily correu na direção deles: uma fralda de pano no ombro e um baldinho nas mãos. Parecia exausta (e eram apenas 10h da manhã) com a animação da criança. ― Finalmente! ― ela pôs a mão no peito, respirando mais calma ao encontrar a menina. ― Obrigada, Quil. ― ela ofereceu a mão para Claire que aceitou no mesmo instante. ― Achei que nunca mais fosse te encontrar ― repreendeu com uma voz muito doce, abaixando-se para olhá-la. Claire levantou-se atrapalhada e Quil teve o impulso de apoiá-la, segurando as mãos para que desse passos firmes. ― Nunca mais faça isso comigo, querida.

― Ela está bem, Emily… ― a voz de Leah saiu apertada, como se tivesse no fim. Os olhos estavam gigantes no rosto e a boca escancarada, descrente do imprinting que tinha presenciado.

― Moço mal! ― acusou Claire, cruzando os braços curtos.

― O que? ― Emily riu baixinho; um lado do rosto lindo num sorriso e outro retorcido.

― Eu não fiz de propósito… ― a respiração de Quil desestabilizou-se e ele quase colocou as mãos na cabeça: não podia magoar o imprinting na primeira vista!

― O Quil não é mal, Claire. ― respondeu Emily. ― E, na verdade, acho que você não devia ficar correndo pela praia.

Cuil mal! ― insistiu.

― Não, não… ― Quil olhou desesperado para Emily que sussurrou silenciosamente “Claire”. ― Sinto muito, Claire. Nunca quis que você se machucasse…

― Relaxe, tio Quil. ― pediu Emily, sabendo que a menina não estava nem com o joelho ferido. Claire tornara-se impassível: encarava Quil com os olhos furiosos de uma criancinha injustiçada.

― Tem alguma coisa que eu possa fazer para reverter essa situação? ― em momento algum, a mente de Quil analisou que Claire era criança e que, assim como o imprinting de Leah, aquilo jamais havia acontecido. Algo mais sério precisava da sua atenção: os sentimentos de Claire. Os olhos da menina brilharam e ela quicou.

Peda, peda, peda! ― berrou entre saltinhos. Quil aliviou-se e olhou para os lados, achando o lugar mais próximo.

― Pedras… Você quer pegar pedras. ― decifrou. ― As coloridas?

― Sim, sim!

― Quais?

Todinhaaaaaas! ― respondeu, esquecendo-se de qualquer tombo passado.

Falando nada, Emily consentiu que Quil desse a mão para Claire que, de bom grado, soltou Emily e saiu com Quil, caçando as suas pedrinhas. E, Leah? Não teve a oportunidade de interferir.

***

Bella despertou com gotículas de água caindo sobre o rosto. Abriu os olhos com dificuldade e sentou-se, grunhindo de dor: a cabeça latejava e a boca estava amarga. Olhou para os lados e enxergou paredes escuras: frases revoltadas ganhavam vida sobre desenhos modernos e descoloridos. Arquibancadas velhas e descascadas estavam cheias de poeira; aquilo era um ginásio abandonado?

Como havia parado ali? O que havia acontecido?

Atirando as pernas pra fora do banco onde repousara, Bella deu alguns passos hesitantes. O que havia acontecido? Aquele não era a sua rota! Não; de forma alguma! Com perfeição, conseguia memorar-se dos fatos anteriores. Da noite de amor com Leah e de ter acordado ao lado da parceira; de terem se olhado com amor e de tomarem café da manhã juntas quando Charlie saíra para o serviço.

― Tem certeza? ― Leah estivera com o coração na mão ao falar: a voz desanimada e temerosa. Bella rira e assentira consecutivamente, dando mais força a sua opinião. ― Amor, mas…

― Não faça isso, Leah. ― a ordem fora clara, apesar de cochichada. Leah pusera as mãos sobre o rosto, tentando manter a calma. ― Não precisa me levar para a escola. ― ela puxara as mãos de Leah, entrelaçando nas suas. Sentiu a pele da índia arrepiar contra a sua e os olhos dela perderem a ferocidade. ― Tudo está bem, ok? Vá para casa, tome um café da manhã com Sue…

― Outro? ― indagara, crispando os lábios.

― Sim! ― gargalhara. ― Mas não se preocupe com esse tipo de coisa banal: nada irá acontecer comigo no meio do caminho. Dirijo bem e sei lidar com Edward.

― Tem perigo por aí, Bella. ― persistira. ― Aquela vagabunda ruiva…

― Ela não vai me atacar na escola. ― respondera, convicta e pobremente esperançosa. ― Além do mais, são só quinze minutos até a escola. Se quiser, eu acelero e chego em dez.

― É perigoso. ― gemera.

― Leah ― Bella sorrira. ― Pare. ― e então puxara a namorado para seus braços, sorvendo do amor dela num beijo longo e macio. A boca de Leah estivera ainda com o gosto forte do café, o que fizera Bella segurar o riso. ― Eu te amo tanto… ― declarara.

Depois disso, embarcara na sua velha picape e dirigira na direção da escola. Tomara cuidado com cada curva mais delicada e pisara no freio a cada suspeita; tudo para respeitar alguns desejos de Leah. Tocando na nuca com desconfiança, Bella franziu a testa: o que havia acontecido? Como estava naquele ginásio?

Voltou a olhar ao redor: era loucura. Demais.

Será que era algum tipo de amnésia rápida? Talvez… Tivesse dirigido até lá, feito alguma coisa ilegal e esquecido. Não, não… Nem sobre o efeito de drogas Bella conseguiria fazer algo do tipo. Forçando toda a mente, Bella concentrou-se na estrada: se alguma coisa acontecera, fora lá. Lembrou-se de ter freado; um animal na estrada. Um alce… Sim, havia freado. A outra memória atingiu-a como uma onda do mar, levando-a para longe: após parado o carro, o barulho da lataria amassando erguera-se. Os arranhões aterrorizantes na picape e o som de um vidro estourando; o desespero de olhar para o lado e não ver nada.

― Acordou! ― uma voz atrás de Bella derramava satisfação. Ela virou-se para ver a dona da voz e tropeçou os próprios pés, amedrontada demais para controlar os movimentos do corpo. Era uma mulher esguia e com uma cabeleira vermelha.

― Victoria… ― a última memória chegou.

Bella lembrou-se da porta da picape sendo aberta, quase arrancada. Seu corpo sendo puxado pra fora do carro, dedos frios agarrando-a pelos cabelos e o grito de dor tornando-se música para a ruiva masoquista. A sua mãe voou até os cabelos e pode sentir a diferença; o puxão de Victoria tinha lhe arrancado um tufo de cabelo. Bella levantou-se do parquet e cambaleou para longe de Victoria, que cruzou os braços sobre o peito e permitiu que ela corresse.

― Tão, tão burra… ― deleitou-se. Antes que Bella alcançasse as portas duplas e enferrujadas do ginásio, Victoria puxou-a pelo pescoço, prensando-a contra a parede. Bella quis gritar, mas a garganta estava muito contraída. A respiração não circulava em seus pulmões e o sangue começou a doer nas veias; talvez estivesse passando mal ou o medo a dominado.

Victoria libertou Bella do aperto e, antes que ela tentasse fugir outra vez, atirou a mão para trás e deixou que a mão colidir-se com brutalidade no rosto de Bella; fazendo o corpo frágil e humano da menina impactar outra vez. O vermelho destacou-se na palidez de Isabella e os olhos marejaram; a dor era inenarrável.

― Ainda não, querida… ― Victoria arqueou as sobrancelhas: ela tinha algumas sardas na testa e um pouquinho pelo nariz. Ela inclinou-se, aproximando o rosto do de Bella. Escorou as mãos na parede e falou com lentidão. ― Poderíamos nos divertir se eu não te odiasse… ― garantiu, olhando para o corpo de Bella num breve momento. Ela engoliu a seco, intimidando-se cada vez mais. ― E se você não fosse uma vadiazinha egoísta. ― finalizou, voltando a apertar o pescoço de Bella. Ela sufocou e tentou livrar-se das mãos de aço de Victoria, porém, foi um movimento em vão: não recebeu nada além de um segundo tapa e o abraço tão-só da escuridão.


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Notas finais do capítulo

Então… Quem está ansioso para o próximo capítulo? O que esperam da nossa queridíssima Victoria?
Eu estou, simplesmente, mega animada com este capítulo: finalmente Quil teve o seu imprinting! Eu estive indecisa se ele encontraria alguém, mas… Finalmente aconteceu; encontrou Claire!
*Promovendo minha conta no Twitter ≫ @andradecassiana*
Bilhões de beijinhos e até o próximo!



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