Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 40
Capítulo XXXIX


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Agradeço muito pela animação com a história; os comentários lindos e fofos (já tá no final? Não, Cássia!) Adoro vocês... Boa leitura!



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CAPÍTULO XXXIX

― Então… ― Victoria franzia os lábios ao falar. Isabella Swan, que naquele dia vestia uma camiseta de botões e bege, escorou-se na parede, com os braços apoiados nos joelhos e as mãos molengas. Fechou os olhos e deixou a cabeça atirar-se pra trás: os braços estavam com hematomas escuros e, em alguns pontos, Bella conseguia ver o sangue acumulado. Seu rosto estava dolorido e, toda vez que abria a boca, o queixo estalava e doía. A bochecha parecia rasgar quando gritava, implorando que a ruiva parasse. ― Você tem uma namoradinha?

Bella abriu os olhos: memorava-se de ter sussurrado o nome de Leah entre um aperto no pescoço, desejando que tudo escurecesse e, quando houvesse luz outra vez, Leah estivesse ao seu lado. Ela se negou a responder e manteve-se em silêncio.

― Fico imaginando o que vai pensar quando eu empacotar sua cabeça e enviar para ela. ― gargalhou Victoria. Bella engoliu a seco. ― Isso está soando melhor do que eu imaginava… Além de Edward, a sua amante vai ficar totalmente destruída. ― O coração de Bella tamborilou nervosamente e, antes de percebesse, tinha voltado a chorar. Lágrimas grossas e ferventes escorriam por seu rosto ferido e um soluço esguia-se do peito enquanto ela encolhia-se. Mais que qualquer agressão física, doía imaginar Leah sofrendo. Leah machucada; sua Leah sem reluzir alegria. Se fosse morrer, queria que Leah ficasse sabendo de forma delicada; que alguém a preparasse muito antes de revelar a verdade trágica. Ela teve o rosto erguido por Victoria, que a segurou com demasiada brutalidade, forçando a encará-la. ― Não se preocupe querida. ― os dentes de Victoria rangeram. ― Prometo mata-la lenta e dolorosamente… ― ela assentiu com as próprias palavras, um sorriso doentio bordando seus lábios. ― E, daqui alguns anos, talvez eu volte para acabar com a sua amada Leah.

No mesmo instante em que a mão de Victoria voou no pescoço de Bella ― reforçando os tons em vermelho que estavam na pele da menina ― Leah engasgou na floresta, quase deslizando e rolando pelo chão. Sianoah ganiu, compartilhando da dor da alfa e curvou-se até Leah, auxiliando-a. Edward Cullen olhou-a de esguelha e continuou correndo ao lado de Alice que, estando acompanhada de uma Quileute, não conseguia ver nada. Era desesperadora a sensação.

― Vamos nos divertir, queridinha… ― Victoria agarrou os cabelos de Isabella, quase a arrastando de quatro pelo chão sujo e xadrez. Ela gritou com a dor, mas seus sons não foram ouvidos por ninguém além de Victoria.

O caminho até o ginásio de Seattle era silencioso e, de fato, amedrontador. A chuva havia cedido há dez minutos e tudo que lhes restavam era o peso extra das roupas encharcadas ― e no caso de Leah, os pelos. Ela estava se movimentando com certa dificuldade conforme a água ia evaporando de seu corpo. Devia ter cortado o cabelo; há meses vinha adiando aquele instante. Seu corpo alongado aparentava magreza, mas ultimamente mostrava uma bola de pelos: Leah parecia mais fofinha do que feroz quando não estava rosnando. No meio do caminho, Alice Cullen parou e tirou algo prateado do bolso. Ninguém prestou atenção; nem mesmo Edward.

Os caminhos obscuros da floresta que cercavam a estrada nunca pareceram tão extensos e demorados para Leah: corria há vinte minutos, mas parecia que faziam vintes anos. A velocidade nunca parecia o suficiente e, a todo segundo, sentia uma nova dor espalhando-se pelo organismo: fosse física ou psicológica. Ela choramingava durante todo o caminho, temendo os golpes bruscos e as humilhações de Victoria.

Um uivado agudo e longo desdobrou-se pelos bosques, transmitindo uma nova mensagem para Leah Clearwater: reforço, e a estava a caminho. Pode sentir as patas de Seth estalando sobre o solo e o Quil esticando-se antes de tomar impulso; Jake rosnando e Jared ladrando incessantemente. Não era exagero e sim prevenção.

Alice saltou na frente de Sianoah, que mostrou os dentes. A vampirinha assentiu, como se sentisse muito e voltou a ficar do lado de Edward, acompanhando o irmão na corrida.

― Jasper acabou de me ligar. ― falou enquanto corria: não estava ofegante e muito menos com a voz alterada por estar tão veloz. Era como um personagem de desenho animado: estranho e passava medo. ― Não chegarão antes de nós.

“Como assim?”, furiosamente, Leah urrou. “Quem não chegará antes de nós?”

― Jasper tinha avisado aos outros para irem o mais rápido ao ginásio… ― um lampejo aborrecido passou pelos olhos dourados de Edward. ― Mas os outros estavam dispersos pelos cantos… Só conseguiu reunir Esme.

Seattle, que parecia tão distante, ergueu-se diante deles.

O céu cinzento e o ar pesado: prédios e nada além de asfalto. Tantos os Cullen quanto às lobas pararam, esgueirando-se em árvores e observando o pouco movimento da cidade. Não podiam correr e, muito menos, caminharem na sua forma normal: Edward esquecendo-se das limitações humanas e Leah uma grande loba cinza.

― Virem humanas… ― mandou o vampiro. Sianoah, que não compreendeu, negou com a cabeça. ― Precisamos atravessar a cidade.

“Mas… Será demorado.”, Leah respirava com dificuldade. Não teria a chance de correr e saltar; rosnar para afastar os mais demorados. E, sem querer parecer fútil, o que as pessoas pensariam de quatro criaturas encharcadas andando pela cidade? Dois seres pálidos e incrivelmente bonitos e duas moças descalças e com shorts, invés de calças para compensar o clima frio. Boas impressões não deixariam e seria um tanto quanto questionável aquele grupo andando apressadamente pela rua.

― É a nossa única alternativa. ― sussurrou Edward e virou-se, soltando as mãos da árvore: os olhos sérios e a postura retesada. ― Mas, caso vocês não tenham roupas… ― disse, apesar de ter noção das peças de roupas atadas aos calcanhares das Quileutes. ― Podem ficar aqui. ― Leah latiu baixinho; mentalmente liberando incontáveis palavrões.

“Dê-nos um minuto.”, pediu e, juntamente de Sia, foram para trás de uma árvore. Os corpos foram voltando ao normal de forma prática e veloz: os membros encurtando, os pelos sumindo e o focinho diminuindo; a coluna endireitando e as orelhas abandonando as pontas agudas. Os dentes sendo humanos e o queixo normal: lá estavam elas. Leah com seus 1,80m de altura e Sianoah com seus 1,50m. Leah morena e Sianoah loira. Elas colocaram as roupas num corre-corre: Leah vestiu seu short de jeans e uma camiseta lilás. Sia deslizou para dentro de um vestido amarelo que, depois de tanto umidade e barro, estava mais para marrom. Ela gemeu frustrada.

Leah olhou para Edward momentaneamente ― suéter molhado, cabelos meio encaracolados e sapato de marca enlameado ― e notou que ele não estava muito melhor que ela. Alice era a única que costumava estilosa.

***

Ao passarem pelas ruas e faixas de pedestres, atalhando aqui a acolá, Edward tagarelava sobre as novas coordenadas. A estrutura da cidade mudara com o tempo (o que era uma padaria tinha virado uma locadora de filmes, um ateliê virava um estúdio de fotografias e a drogaria um restante mexicano), mas o fato não impediu Edward se localizar-se. Duas quadras andando reto e então, dobrava-se numa esquerda e iam-se três quadras. Depois direita e novamente esquerda. Um caminho extenso e confuso.

E não fora fácil passar pelas pessoas, que pareciam meio duvidosas quanto à aparência do grupinho. Quase todo mundo se espantava com os pés descalços das Quileutes e com a lã molhada nas roupas de Edward.

― Meus queridos… ― uma freira gorda e com uma vestimenta preta e comprida, saltou no meio da calçada, impedindo que Leah, Edward, Alice e Sianoah passassem. ― Que Deus tenha piedade! O que aconteceu com vocês? ― ela tocou brevemente no braço de Edward e depois olhou indignada para os outros. Engasgou na angústia ao ver o vestidinho surrado e Leah sem sapatos. ― Ajudai-nos, Mãe… Vocês estão com fome?

― Não precisamos da sua ajuda, irmã Adele. ― Edward forçou simpatia e deslizou de longe dela. A boca da senhora escarou-se: tinha dito seu nome em algum momento? Olhou para baixo, tentando visualizar um crachá no peito… Mas não havia; como ele sabia seu nome? Aquele foi o momento de fuga deles: não demorou muito para que Leah e Sianoah também se escapassem da bondade de Adele, e por último, Alice.

― Reze por nós, irmã! ― o grito de uma loirinha foi a única coisa que Adele escutou. Leah reprimiu um rosnado: tudo que deveria ter era fé. Mas não conseguia: sua fé era em si mesma e não em algum deus. E, pelo tempo que demoravam a chegar ao ginásio, sua fé estava diminuindo…

Quatro quadras distantes e chegaram ao ginásio: bege e velho. Com os vidros das janelas quebradas e com a porta de ferro emperrada; fechada com correntes e cadeados. Alice franziu o nariz quando o ombro de Sianoah encostou-se ao seu: não gostava de ser antipática, mas o cheiro da loba era insuportável e muito forte! O de Leah conseguia ser mais forte ainda: será que Bella não sentia aquilo? Como não sentia? Era fortíssimo e repugnante!

Leah, com mãos de aço e com o desejo desesperador de encontrar Bella, arrebentou os cadeados e as correntes. Veias azuladas ganharam vida nos braços magros de Leah, que jamais fizera tanta força na forma humana: rosnou entre dentes e estalos altos e metálicos ecoaram. As correntes caíram aos seus pés e Edward atirou-se na sua força, derrubando a porta com um chute. Poeira voou e os dois entraram, passando por cima da porta.

***

― Eles estão aqui… ― Bella levantou o rosto: tinham se mudado da parte sul para o norte. Ela, agora, estava retraída contra um armário: o quadril dolorido do último golpe de Victoria e os olhos vermelhos de tanto chorar. Bella tirou os cabelos da frente do rosto e observou Victoria que escutava com os lábios reprimidos.

Os sons no andar superior variavam entre uma entrada truculenta, coisas quebrando, passos e dois corações acelerados. Um som atrasado chegou tanto aos ouvidos de Victoria quanto os de Bella: o berro enfurecido de Leah. Bella não compreendeu, mas sorriu: era a voz de Leah. Sua Leah. Em seguida, o sorriso despencou: Victoria… Ela… Ela poderia ferir Leah.

Você disse que ela estava aqui! ― Leah, perto das arquibancadas, saltou sobre o pescoço de Edward. Que castigo era aquele e por que Bella não estava ali? Edward, com os dentes cerrados, agarrou os pulsos de Leah, encarando-a no fundo dos olhos.

― No vestiário ― declarou. ― Fica no subterrâneo, índia. ― ele olhou para os olhos e soltou a garota Clearwater com tanta brutalidade que ela cambaleou. Não caiu, mas tropeçou. ― Estou escutando os batimentos cardíacos de Bella… ― seus olhos se estreitaram. ― Ela está aqui.

Victoria, que escutava cada movimento, curvou-se sobre Bella, sussurrando silenciosamente: Bella decifrou parte da mensagem.

― Eu voltarei. ― a promessa foi clara e Victoria virou-se, desaparecendo dentro da escuridão.


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Notas finais do capítulo

Humm... Sou a única que acha que Leah vai caçar Victoria até nos confins do Inferno, se preciso? Gostaram? Espero que deixem a opinião de vocês!
Beijinhos!



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