Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 32
Capítulo XXXI


Notas iniciais do capítulo


Olá! Primeiramente: muito obrigada, leitoras e leitores, por serem tão acolhedores e doces! Os comentários, sempre incríveis, são fontes de inspiração. Obrigada! Aqui está mais um capítulo de Leah e Bella; espero que gostem! Boa leitura!




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CAPÍTULO XXXI

Frágil.

Era assim que Edward Cullen sentia-se enquanto percorria os cantos mais escuros e sujos da floresta. Havia optado por um caminho mais difícil e longo; queria livrar-se um pouco da má sensação antes de chegar à moradia dos Cullen.

Em toda a sua longa existência, Edward jamais havia sentido tanto espanto e descrença; sentimentos tão profundos que o deixaram fragilizado como um adolescente sem boas experiências amorosas. Como Bella pôde dizer aquilo? Como… Como ela havia se desfeito do amor deles com tanta rapidez? Não, não… Certamente, era blefe. Bella não queria admitir que ainda o amasse profundamente e que Leah não tinha muito a oferecer a ela.

Nada convenceria Edward, não tão cedo, que Leah era a pessoa certa para Bella. Leah, sem dúvidas, não passava de uma Quileute desajustada. Com aquelas pernas e braços compridos, além da magreza, Leah não passava de uma índia desproporcional. Ah, sem contar com o comportamento agressivo! Que tipo de dama agia conforme aquilo? E também havia o fato de Leah não ter uma boa condição financeira (Edward tinha conhecimento da vida Quileute: dinheiro escasso e muitos filhos). O que ela oferecia a Bella? Ataques raivosos de um lobo? Uma vida medíocre? Vergonha? Não. Leah nunca seria a pessoa certa para Bella.

Apesar da ligação Quileute, Edward se manteve convicto quanto a isso. Leah não era boa para Bella e ponto final. Leah ― além dos milhares de defeitos ― havia feito uma, literalmente, lavagem cerebral em Bella. Por Deus, o que foram aquelas palavras venenosas?

Naquele instante, Edward tomou conhecimento de que jamais deveria ter abandonado Bella. Ah! Se tivesse sido um pouco menos negativo e mais persistente, ainda estaria com Bella em seus braços e Leah, bem… Aquela loba metida jamais teria estragado a relação deles! Edward estava totalmente disposto a mostrar a Bella que era o melhor; que ele a merecia e não Leah.

― Cara, você está fodido. ― entre risadas e soluços, Paul Lahote gesticulou obscenamente com as mãos para Jacob, que se encontrava sentado no sofá da casa de Emily. ― Muito fodido. ― riu e soluçou e atirou a cabeça para trás, para continuar rindo. Jake não se moveu e muito menos se pronunciou: todos seus pensamentos eram direcionados a bela loira e a sua ex-companheira de matilha, Leah Clearwater.

Céus! Como Tanya era linda! Quando a vira, nos instantes em que Sam resolvia os problemas com os Cullen, não sabia no quê prestar toda a sua atenção. O rosto da vampira era extraordinariamente lindo! Os olhos, a boca, as maças do rosto, o queixo… Divinos, se não fosse aquela rebelde cascata loira de cabelos roubando a cena. Era tão linda que Jake não sabia para onde olhar!

Ah, Leah! Como desejava pedir perdão pelas grosserias e pelos ataques de rudeza! Agora que experimentara do imprinting, algo muito alto e determinado gritara dentro de Jacob, apontando o quão injusto havia sido com Leah que como qualquer Quileute queria, apenas, compartilhar de seu grande amor com o alvo do imprinting.

― Cale-se, Paul. ― ordenou Sam num tom mal humorado. Paul, que soluçava de tanto rir, continuou rindo. Emily, na cozinha, se abaixou um pouco e tirou uma fornada de bolachas. Teria que sair de manhã cedinho e não teria tempo para preparar o que saciasse o apetite indígena dos lobos; era mais fácil deixar algo pronto.

― Sério! Sam? ― Paul secou as lágrimas que escorreram por seu rosto. Em toda a sua vida, jamais rira tanto. ― Que azar! O cara teve o imprinting por uma sanguessuga! ― e instantemente Jacob despertou de seu devaneio.

Alguns segundos depois, Paul gemia de dor ao tentar endireitar o nariz quebrado.

― Ai! Que nojento Paul! ― o lado bom do rosto de Emily enrugou-se quando, atrapalhado, Paul segurou o nariz com uma mão e limpou a outra mão (ensanguentada) na bermuda jeans.

― Nunca mais fale dela! ― sibilou Jacob ao ergueu o punho; a ameaça de um segundo soco.

― Chega! ― gritou Sam. Jacob olhou feio para Paul antes de abaixar a mão. ― Vocês são o quê? Lobos ou duas crianças birrentas?

― Uma marica! ― acusou Paul, segurado o nariz e rosnando para Jacob. ― É isso que ele é! Um frouxo que teve o imprinting por uma sanguessuga imunda.

― Seu… ― Jacob quase foi para cima de Paul por uma segunda vez, mas foi impedido por Embry que o puxou fortemente para trás. Sam berrou com eles novamente e manteve Paul o mais distante, possível, de Jacob.

― Olhe só, Sam. ― Jake mexeu a cabeça. ― Eu só quero ficar com ela.

― E quem disse que vai te querer? ― indagou Paul, venenoso.

― Quieto, Paul. ― advertiu Sam.

Jake bufou e deu continuidade:

― Eu me lembro do que aconteceu com a Leah. Você a obrigou a ficar longe da Bella. Porque elas eram duas mulheres e isso nunca havia acontecido. Mas Sam… Não espere que eu engula algo do tipo. ― anunciou. ― Sei que ela é uma vampira e existe toda aquele preconceito, porém, não…

― Tudo bem. ― disse Sam. ― Mas… Quero esclarecer que não quero aqueles vampiro ziguezagueando pelas nossas terras.

― Está me autorizando a me aproximar de Tanya? ― Jake parecia deliciado com a resposta do alfa. Nunca esperava uma resposta daquelas vinda de Sam.

― Sim. ― respondeu Sam.

Ele não queria pronunciar em voz alta, mas sabia o motivo da autorização. Não queria criar em Jacob a mesma mágoa que aumentara em Leah.

***

― Isso é totalmente ridículo! ― Isabella Swan apertou os braços na volta de Leah, segurando a loba em seu colo. Sabia que pelo tom de voz ofendida e respiração errática Leah poderia, a qualquer segundo, saltar dali e bater na porta de Edward, a fim de desmembrá-lo.

― E por ser tão ridículo ― Bella roçou o nariz no pescoço de Leah, na expectativa de acalmá-la. ― Que você não precisa se preocupar. Sabe que eu te amo e que…

― Mas ele não sabe disso! Na verdade, ele sabe e não quer acreditar. ― contestou Leah, saindo do colo com brutalidade e começando a andar pelo quarto. Como Edward era tão estúpido? ― Como você espera que eu reaja, Bella? ― sibilou Leah, totalmente cegada pela fúria. ― Concordar não vai aliviar o fato de que quando eu viro as costas, esse merdinha do seu ex entra aqui e quer segundas chances! ― Leah tomou fôlego e Bella levantou-se da cama.

― O que você quer que eu faça? ― questionou Bella, num tom tão baixo que Leah não notou que era um retruque. Por que Leah estava falando daquele jeito?

― Que você se distancie dele! ― falou. ― Fique bem longe, na verdade, não respire no mesmo local que ele!

― Do que você está falando?

― Dessas amizades! ― acusou a Quileute.

― Amizades? Você fala como se eu fosse tomar chá com os Cullen. ― Bella cruzou os braços, ofendida.

― E não vai? ― Leah ergueu um dedo, como se lembrasse de um detalhe importantíssimo. ― Ah, espere! Você está voltando a ser amiguinha daquela sanguessuga.

― Alice…

― Não me importa o nome dela. ― interrompeu Leah, indiferente.

“O que está acontecendo lá?” ― sonolento e espreguiçando-se, Seth soltou um gemidinho e sacudiu o corpo inteiro. A sensação de relaxamento após o cochilo era maravilhosa, mas não tão maravilhosa quanto à presença de Sia.

“Shhh! Deixa-me escutar direitinho, Seth!” ― repreendeu Sia com doçura, interessada em escutar um pouco mais da discussão.

― Então, o que importa?

― Você e sua segurança. Nossa relação.

― Nossa relação? ― Bella negou. ― Você me acusou daquilo e tudo e agora isso? Nossa relação?

Então, os ombros de Leah caíram. Mal notara que haviam dado inicio a uma discussão. Consideravelmente a primeira discussão delas.

― Eu sinto muito. ― disse Leah com sinceridade. De um segundo para o outro todo o peso do universo caiu sobre seus ombros. Ela havia… Havia magoado Bella. ― Não quis te magoar. Nunca foi minha intenção. Apenas… ― Leah abaixou os olhos, com vergonha de si mesma. ― Apenas o dia está interminável e eu estou estressada. Você não tem culpa, e eu não deveria ter dito tudo aquilo. ― Leah, certa vez, debochara da submissão envolvendo o imprinting. Sempre achara irreal e exagerado, mas agora que pedia perdão a Bella… Era como se necessitasse da afirmação como precisava de oxigênio. Era essencial para deixá-la viva. Se Bella exigisse que Leah se ajoelhasse, tudo bem. Ela cairia ao chão e imploraria pelo perdão.

“Tudo vai ficar bem.” ― resumiu Seth ao mordiscar a perna de Sia, tentando chamar a atenção. “É o imprinting, S. Ela vai perdoar.”

“Bella não teve o imprinting pela Leah.” ― discordou Sianoah.

“Mas eu tive por você.” ― resmungou Seth. “Quer me dar um pouco de atenção?”

“Seu garoto carente!” ― Sia riu, assentiu e deitou-se ao lado do Clearwater, aconchegando-se nele.

Bella respirou profundamente e voltou a sentar-se.

― Você está cansada. ― Bella deu dois tapinhas no edredom, fazendo Leah olhá-la. ― Quem sabe dorme aqui hoje? ― e sorriu pequeno.

***

Engomadinho.

Purpurina.

Brilhoso.

Metido a sabichão.

À distância, Edward Cullen identificou os pensamentos de Leah, que como sempre, eram tão ofensivos quanto únicos. Não podia criticá-la muito: seus pensamentos em relação a ela não eram melhores.

― Por favor, Edward. ― pediu Alice, franzindo o rostinho. ― Não faça isso. Já se meteu em confusão ontem, na verdade… ― ela pigarreou. ― Todos nós tivemos problemas com os Quileutes ontem. Não precisamos de mais.

― Não tenho nada a ver com as encrencas de Tanya. ― respondeu Edward ao dar de ombros com sutileza. Não iria deixar que uma picuinha entre Tanya e um Quileute o atrapalhassem: tinha, necessitava mostrar a Bella a verdade. Leah não era a melhor escolha.

― Está agindo como um garoto mimado. ― criticou Alice. ― Desde quando age assim?

― Desde que aquela cadela enganou a Bella. ― Alice revirou os olhos.

“Queria que você não se magoasse, Ed.” – os pensamentos de Alice ecoaram na mente de Edward, que fez questão de ignorá-los.

― Sinceramente… ― Alice bufou e empinou o nariz. Ajeitou as pontas dos cabelos e caminhou na direção de Bella.

Podia vê-la escorada na picape e na frente dela uma garota alta, malhada e de cabelos negros. Infelizmente, Alice não conseguia enxergar o rosto da garota naquela posição. Só via os cabelos que, tinha que admitir, eram muito bem cortados e belos.

― Qual o plano? ― Leah, fingindo-se de indiferente, arqueou uma sobrancelha. Desejava imensamente que depois de uma ótima noite de sono, tudo melhorasse. Que Edward, num estalar de dedos, voltasse para o canto dele e que Victoria, numa ágil arrancada de cabeça, parasse de incomodar. Leah ainda podia saborear de certo relaxamento em seus músculos: dormir abraçada em Bella fora, sem duvidas, uma das melhores experiências de sua vida. ― Leah, não.

― Apenas cuidando do que é meu. ― Leah aproximou-se de Bella o suficiente para que elas se moldassem perfeitamente. O quadril de Leah encontrava-se com a barriga de Bella, juntando-as como duas peças de um quebra-cabeça. Os dedos de Leah deslizavam pela face de Bella, como se desenhasse outra vez as expressões da garota. Bella fechou os olhos e riu baixinho quando os dedos de Leah passearam por cima das sobrancelhas, reconhecendo os cantinhos da face. Era incrível como tudo melhorava com um simples toque.

Bella ficaria muito surpresa em receber um beijo naquele instante, se não estivesse tão concentrada em saborear da boca de Leah. A forma como Leah movimentava os lábios fazia Bella ter arrepios. Era esplendido experimentar daquele gostinho quente e doce; os lábios mais macios de todo o mundo. Além do sabor da boca, Bella adorava a forma como o resto se desenvolvia.

Era diferente pois nem sempre acontecia o mesmo. Certas vezes era Leah quem construía um toque mais forte e intimo; puxava-a pelos quadris ou agarrava-lhe pelos cabelos. Porém, Bella adorava quando era o contrário. Amava correr as mãos pela cintura de Leah, puxá-la em sua direção. Existia, escondida naquela pele indígena, uma essência extremamente viciosa.

― Humm… ― Alice Cullen pigarrou logo atrás de Leah. ― Com licença. Bella? ― a vampirinha parecia doce e animada. Gemendo em frustação (e em parte ódio, por Alice ter estragado um transe tão prazeroso) Leah soltou o rosto de Bella, que lhe libertou a cintura. Desgostosa, Leah virou-se. ― Ah! ― criticamente, Alice checou o rosto de Leah. Pele levemente morena, cabelos e olhos escuros e lábios carnudos. Magra, rosto forte e um par de mãos que quando fechadas eram um perigo. Ameaçadora? Talvez. ― Você é a Leah?

― Sim. ― disparou a garota Clearwater. ― Por quê?

― É um prazer conhecê-la. ― afirmou no instante em que Bella deu um passo a frente e passou o braço pela cintura de Leah. Era como mensagem silenciosa que Leah compreendia (mas, certamente não obedeceria): relaxe. ― Eu sou Alice Cullen. ― e estendeu a mãozinha pálida para a loba.

Leah observou a mão de Alice. Por que diabos iria apertar a mão de uma vampira? Constrangida, Alice encolheu a mão e enfiou-a no bolso do casaco.

― Educação indígena. ― balbuciou Edward enquanto se aproxima das garotas. ― Talvez você precise ser catequizada; como os padres fizeram com os índios brasileiros.

De imediato o sangue de Leah borbulhou e os dentes rangeram.

Não era mal educada e muito menos religiosa. Sue era evangélica e Harry católico. Seth havia escolhido pelo catolicismo e até tinha feito catequese quando tinha dez anos. Leah, fugindo dos rituais religiosos, não foi evangélica nem católica. Não via necessidade em frequentar missas ou cultos, e muito menos ser batizada. Acreditava em Deus, mas se mantinha longe das ordens religiosas.

― Ateia? ― opinou Edward. Leah rosnou.

― Quando lhe pedi opinião? ― retrucou, dando um passo a frente. Bella, sabendo no que resultaria, puxou Leah. Ou pelo menos, tentou. Alice imitou o gesto e controlou Edward, pousado a mão no braço do irmão.

― Está vendo? ― enojado, Edward apontou o dedo para Leah. ― Ela é como um animal selvagem; raivosa e sem educação. O que você vai conseguir ao lado dela Bella? Uma cicatriz?

― Isso não é da sua conta, Edward. ― interviu Bella.

― É sim! ― exclamou ele. ― Porque eu te amo e me preocupo com a sua segurança. É tão difícil de entender? ― Edward deu um passo e se aproximou de Bella. Leah se colocou no meio dos dois e empurrou Edward. Uma cena ágil; alguns segundos.

― Não. Ouse. Tocar. Um. Dedo. Imundo. Nela. ― rosnou Leah, pronunciando em alto e bom som cada palavra. O corpo todo vibrava de raiva; aquele “eu te amo” vindo de Edward tinha destruído qualquer mínimo sinal de paciência na loba. Se ele se aproximasse mais um pouco, se arrependeria eternamente.


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Notas finais do capítulo

Edward pode se arrepender para sempre. Uau! O que acharam?
Bom? Ruim?
Obrigada (novamente) e beijinhos!