Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 20
Capítulo XIX


Notas iniciais do capítulo

Olá! Antes de tudo preciso despejar sobre vocês um oceano de gratidão: muito obrigada pelos comentários; vocês são incríveis! Muito obrigada Susa Santos, pelo carinho e por ser tão atenciosa; amei as imagens!
Espero que gostem do capítulo! Boa leitura!



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CAPÍTULO XIX

― Água clara ― Bella tamborilou com as pontas dos dedos em seus joelhos e olhou para Leah. ― Você tem um sobrenome bonito. ― Leah riu e se aproximou de Bella, aconchegando seu rosto no pescoço da garota.

A maior parte da noite havia passado como um vulto por seus olhos: ela se afundou em um devaneio, afundou-se no pensamento de que não conseguiria proteger Bella da ruiva psicopata. Apesar da doçura de Bella e das palavras encorajadoras de Jared, Leah não conseguiu relaxar muito. Talvez porque ela fosse muito teimosa e porque Bella era o bem mais precioso de sua existência. Durante todo o tempo, Jared dormiu. Leah tentou entender, também, por que ele estava ali. Apenas dormiu, sonhando e ressonando a noite toda (um asqueroso sonho que envolvia garotas peitudas e comida extremamente gordurosa). Agora, Leah conseguia se sentir mais calma e relaxada.

― Swan é mais bonito ― Bella passou os braços em volta dos ombros de Leah.

― Não é não. ― Leah respirou profundamente, sentindo e apreciando todo aquele cheiro delicioso de morangos que Isabella Swan exalava.

― É sim ― respondeu Leah, observando as suaves ondas que a água formava. Depois de ir para casa, às sete horas da manhã, Leah dormiu até duas da tarde. Havia se embrulhado em seu edredom e literalmente desmaiado no meio daquela maciez e aconchego. Porém, não havia aconchego melhor do que o de Bella. ― Além do mais, Clearwater fica parecendo palavrão na boca dos britânicos. ― Bella arqueou uma sobrancelha e Leah ergueu o rosto, encarando a namorada.

Leah de todas as formas tinha um rosto invejável. Bella já havia perdido as contas de quantas vezes se pegara observando o rosto de Leah, apaixonada pelos pequenos detalhes e pelos traços fortes. Com carinho, Bella acariciou a maçã do rosto de Leah e aproximou-se dela: durante todo o caminho para La Push (logo após Leah encontrar Bella na saída da escola) elas apenas haviam conversado. Assuntos amenos, nada que envolvesse machucados causados por um lobo em fúria ou os passos de uma ruiva psicótica. Os olhares amorosos haviam sido naturais e diversos, porém nada havia passado de um afagar na mão e um abraço quente. Bella estava tão ansiosa quanto sedenta para provar da boca de Leah outra vez.

Os lábios delas se encostaram levemente e Leah, num impulso, correu as mãos para os cabelos da garota Swan que sorriu, apertando um pouco mais Leah. Ambas saborearam do gosto agridoce do beijo e se deleitaram com a eufonia de ruídos que o beijo proporcionava. Um dos sons favoritos de Leah, logo após a voz de Bella e as batidas do coração da mesma.

Como todo beijo compartilhado por elas, aquele liberou um prazer e uma satisfação desproporcional de tão grande. Leah puxou do fundinho da memória quando que havia sentido um gosto agridoce daqueles; os lábios delas sempre que se fundiam liberavam um gosto saborosamente doce, mas hoje estava meio amargo. E era isso que tornava o beijo mais especial e único, assim como todos os outros. Finalizando o beijo com uma sequência amorosa de beijinhos, Leah gargalhou quando sentiu os lábios de Bella descendo para seu queixo.

― Swan continua sendo melhor. ― Bella deu um último beijinho e voltou para os lábios de Leah, selando-o com delicadeza em um tempo tão curto que chegou a ser tortuoso para Leah.

― Teimosa. ― Leah sorriu pequeno, dando de ombros.

― Considere um bônus da edição limitada.

― Não tão limitada agora ― Leah voltou aconchegar o rosto no pescoço de Bella que voltava a abraçar os ombros da loba Clearwater. Leah suspirou.

― Ainda preciso falar com Sia sobre algumas coisas que a transformação implica. ― Leah fechou os olhos quando sentiu Bella enrolando os dedos em seus cabelos. ― Que se transformar implica algo a mais do que cortar o cabelo curto.

Bella manteve-se em silêncio: nunca gostou muito de crianças, vendo-as apenas como seres pequeninos e babões, mas sabia que aquela era uma das feridas de Leah. Sabia perfeitamente que doía na loba o fato de não poder ter filhos e sabia os termos que Leah usava para descrever sua situação.

Beco sem saída. ― Bella afagou os ombros de Leah.

― Não fale assim, Leah ― pediu Bella em um sussurro baixo.

― Ainda é verdade. ― Bella bufou e Leah sentou-se reta na areia, afastando o rosto do pescoço de Bella. Bella desviou o olhar e começou a fazer desenhos na areia com o dedo indicador, começando o desenho com um circulo.

― Eu não sei você, mas somos namoradas ― Bella apagou com a mão o desenho e iniciou novamente. ― E como você teve o imprinting por mim, que é tipo amor verdadeiro e eterno, nós podemos, sei lá, nos formarmos e virarmos duas velhas cheias de gatos. ― Leah gargalhou alto e imaginou a cena:

Ela e Bella. Leah com a transformação controlada e com os cabelos compridos, trançados e grisalhos. Bella tão grisalha quanto Leah, porém, com os cabelos mais curtos e com os olhos mais castanhos do que nunca. Um gato estaria num cesto no canto da casa, lambendo a pata branca enquanto outro tentava achar espaço dentro do mesmo cesto. A cama delas seria bem arrumada com uma colcha, mas teria alguns pelinhos desagradáveis que os gatos acabavam perdendo quando se deitavam na cama, rolando de um lado para o outro. Bella resmungaria para o gato e o colocaria no colo de Leah, indo irritada e meio manca limpar a cama. Leah acabou rindo outra vez.

― Podemos ter cachorros também ― Bella olhou para Leah. ― O que você quiser.

― É sério que estamos planejando nosso futuro? ― Leah estava surpresa. Bella franziu a testa.

― Qual é o problema? ― questionou Bella e Leah negou no mesmo instante.

― Nenhum é que… ― Leah puxou o ar. ― Isso é incrível!

― Os gatos? ― perguntou Bella, fingindo confusão. Leah riu e Bella sorriu, voltando a atenção para o desenho na areia. ― De qualquer forma, podemos ter até uma arara.

― E o que mais? ― basicamente, desafiou Leah. Bella apagou o desenho outra vez e encarou Leah, semicerrando os olhos enquanto pensava no que mais elas poderiam ter. ― Vamos ter uma casa ou apartamento?

― Casa e vai ter um jardim gigantesco para os nossos gatos, cachorros ou qualquer outro animal que você queira ― Leah riu outra vez. ― Nós seremos duas velhas extremamente caprichosas, ah, e também faremos doações para criancinhas.

― Alguma de nós vai ficar gorda e mal humorada? ― Bella discordou com um movimento da cabeça.

― Possivelmente eu vou ficar gorda, mas não seremos mal humoradas porque… ― Bella se inclinou. ― Teremos uma à outra, e mais uma dúzia de animais. ― Bella deu um beijinho no canto dos lábios de Leah.

Leah entreabriu os lábios para responder a Bella o quanto havia gostado dos planos e de o quão engraçados eles foram, porém, fechou a boca quando foram encobridas por quatro sombras assustadoramente grandes. Leah ergueu o rosto.

― Já temos um acordo de paz ― Leah levantou-se do chão, afastando a areia das calças jeans. ― Por que você e seus seguidores estão aqui, Uley? ― chamo pelo sobrenome idiotas, lembrou-se Bella.

― Precisa de ajuda, Bella? ― Leah rosnou. Sam ergueu as mãos e Bella levantou-se, ficando em pé ao lado de Leah. ― Só queria ajudar.

― Não respire perto dela, idiota. ― atrás de Sam estava Paul e Embry, e atrás deles, com uma carranca, Jacob Black. ― Vamos resolver rápido seja lá o que você quer.

― Quero formalizar nosso acordo de paz ― Sam olhou de soslaio para os garotos atrás dele. ― Os meninos vieram cultivar a paz.

― Como assim? ― Paul já estava bufando e revirando os olhos quando estendeu a mão para Leah. Leah abriu os lábios num perfeito O e gargalhou com escárnio. ― Isso é sério? Um aperto de mãos?

― Quer um acordo com sangue? ― ofereceu Sam.

Mesmo sem olhar Bella, Leah sentiu que a garota aprovava e incentiva tal ato, então simplesmente, apertou a mão de Paul. Em uma espécie de fila, Embry veio logo atrás: estava silencioso e não demonstrava raiva como Paul. Sam não ofereceu nada, o que restava Jacob.

― O mundo dá voltas, Black ― Leah exibiu uma covinha no canto do rosto quando começou a apertar a mão de Jacob que estava prestes a pular nela. ― Quem ficou com a garota? ― murmurou baixo o suficiente para apenas Jacob escutar. Ele reprimiu o rosnado.

― Não ache que eu apoio esse show todo. ― Leah balançou a mão de Jacob.

― Ainda sim ― Leah deu de ombros. ― Eu consegui.

***

― Você não vai me ajudar? ― perguntou a ruiva, a voz chorosa e os olhos sem foco.

Desviando o olhar dela, o garoto abaixou a cabeça e continuou sentado no chão, incapaz de movimentar-se. Por que ele não conseguia satisfazer ela? Por que ela simplesmente não o amava sem omitir os fatos dele? Por que eles simplesmente não aproveitavam a eternidade? Lentamente, o garoto ergueu o olhar e encarou o vermelho rubi da ruiva.

― O que está acontecendo? ― ela negou, arfando e deu um passo para trás.

― Você vai deixar eles me machucarem? ― em um átimo, o garoto levantou-se do chão e deu um passo na direção da ruiva, que deu um passo para trás. ― Achei que me amasse! ― acusou ela, bordando a histeria.

― Não… ― ele puxou o corpo dela ao encontro do corpo dele. A ruiva sorriu dolorosamente e escorou a cabeça no ombro dele, fechando os olhos e apertando-os num abraço. ― Quem são eles?

― Eles são fortes… ― murmurou ela, quase inaudível. O garoto reprimiu um rosnado que rasgaria de sua garganta e apertou o corpo da ruiva contra o seu, na esperança de afastar qualquer sinal de medo dela. Ela o encarou profundamente. ― E muitos. Um bando inteiro.

― Não vou permitir que encostem um único dedo em você, Victoria ― respondeu o garoto em um tom protetor, amoroso e assustadoramente enraivado. ― Jamais.

― Então, você vai me ajudar? ― Victoria acariciou a face do garoto que assentiu no mesmo instante. De soslaio, Victoria visualizou sua vítima chorando baixo no canto do quarto: uma mulher baixinha e gordinha, encolhida enquanto a mente se debatia com a ameaça de Victoria.

― O que você precisa? ― questionou o garoto, ligeiramente disposta a uma briga.

― Eu preciso que você vá a Forks por mim ― ele franziu o cenho.

― Me diga quem são eles, posso matá-los agora… ― Victoria estalou a língua no céu da boca, em um sinal de desaprovação e com a ponta do dedo, silenciou os lábios do garoto.

― Não, Riley ― ela tirou o dedo de cima dos lábios dele. ― Hoje não.

― Mas…

― Não ― repetiu ela, mais impaciente. Riley soltou o corpo de Victoria e distanciou-se, irritado e pretendo socar a parede do motel. Victoria suspirou profundamente.

― Por que não? ― retrucou ele.

― Porque eles são um bando de cachorros idiotas ― Victoria crispou os lábios, pensando nas suas próximas palavras. ― Precisamos domesticá-los.

― Como assim? ― Riley parecia confuso.

― Eles protegem os humanos. ― Victoria pôs uma mecha do cabelo para trás da orelha. ― Porém, Riley, uma humana deles me machucou muito ― Victoria deu uma pausa dramática, tentando lembrar a si mesma de que para Riley, ela devia demonstrar fraqueza e não força, não podia demonstrar o quanto queria com as próprias mãos acabar com a vida de Isabella Swan. Riley riu com deboche.

― O que essa humana tem de tão… Forte? ― ele ainda estava rindo quando Victoria o fulminou com o olhar: tão ofendida quanto incrédula.

― Ela me machucou muito… ― Victoria forçou o tom choroso e Riley sentiu seu coração se transformar num pesado saco de cimento; estava arrependido. ― E ela tem a proteção dos lobos como qualquer outro humano. ― ele permaneceu em silêncio. Victoria começou a andar de um lado para o outro, ora olhando para suas cutículas, ora olhando para a mulher amedrontada do outro lado do quarto. ― Você sabe como tornamos um falcão obediente? ― Riley negou. ― O cegamos.

Riley olhou para a mulher que chorava e olhou Victoria.

― Eu quero cães obedientes ― um rosnado quase rasgou-se da garganta de Victoria. ― Mas precisamos de mais para isso.

― E a humana? ― Riley semicerrou os olhos, sentindo uma tensão desconhecida se esparramar por seu corpo.

― Eles estarão distraídos ― Riley voltou a ficar em silêncio, tentando achar conexão entre a história do falcão e os lobos.

De um segundo para outro, Riley entendeu que o ‘cegar’ de Victoria se referia…

― De quantos você precisa? ― Victoria sorriu longamente.


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Notas finais do capítulo

Infelizmente, não consegui pôr nenhuma imagem no capítulo de hoje... Problemas no meu navegador estão complicando tudo. =(
Sobre o capítulo... Ficou bom? Ruim?
O que acharam da aparição dela...? Comentem hein?
Beijinhos.