Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 21
Capítulo XX


Notas iniciais do capítulo

Olá! Primeiramente gostaria de agradecer a vocês leitores por serem tão incríveis! Obrigada pelos comentários e pelos mimos (mil beijinhos para vocês)! Então, espero que gostem do capítulo! Boa leitura!



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CAPÍTULO XX

Oi.” ― a voz de Sia soou baixa e constrangida. Leah olhou de esguelha para a loba branca que se sentava ao lado dela e pela primeira vez notou que Sia não era uma bola de pelos como Leah antes de cortar o cabelo. Ela tinha a quantidade normal de pelos apesar de ter os cabelos compridos; talvez fosse pelo fato de que um dos lados era raspado. “Quil me mandou para cá” ― explicou Sia. “Ele disse que eu e Seth estávamos atrapalhando.

Leah soltou uma risada latida e assentiu. Estava meio solitário ficar ali sozinha.

Consigo imaginar.” ― era óbvio que Seth e Sia estavam namorando e trocando empurrões brincalhões, quando deviam estar focados no inimigo que poderia aparecer na floresta a qualquer segundo. “Então, como está lindando com tudo?

Sia esticou-se sobre a lama, deitando-se e escorando a cabeça entre as patas brancas que estavam tão imundas que estavam quase pretas. Ela suspirou.

Faz só alguns dias, então…” ― Sia fechou os olhos e rolou na lama, ficando deitada de barriga para cima. “Acho que estou lidando bem, quer dizer, Seth tem me ajudado o tempo todo.

Leah respirou profundamente, tomando coragem para dar vazão ao pensamento:

Você já sabe dos lados negativos?” ― Sia virou o rosto: o focinho pontudo estava umedecido da recente chuva e os caninos brancos, tão semelhantes a uma adaga, eram levemente tortos, como os dentes de Sia quando humana. Tortos o suficiente para serem charmosos para Seth; como tudo em Sia. “Além de cortar o cabelo, que é algo que eu creio que você não precisará fazer.

Eu ainda posso pintar meu cabelo?” ― Leah mexeu a cabeça, surpresa por Sia não estar pensando nos lados negativos e sim na sua própria vaidade. Notando a descrença de Leah, Sia continuou: “Meus cabelos são ruivos e… Argh! Levei três anos para aprender a aplicar corretamente a base e esconder minhas sardas, não preciso de nenhum sinal de ruivice”.

Ruivice?” ― repetiu Leah, lembrando nunca ter escutado tal palavra antes. Sia deu de ombros e continuou deitada de barriga para cima. “De onde você é garota?

Sacramento.”

Típica garota da Califórnia” ― bufou Leah. “Vocês não tem outra preocupação lá além da aparência?

Hey, não pense que sou uma patricinha fútil” ― retrucou Sia, irritada. “Eu gosto de me arrumar, gosto de ficar bonita e sobre os meus dentes” ― Sia lembrou-se do recente pensamento de Leah sobre os dentes tortos. “Eu usei aparelho por três anos e agora uso um aparelho noturno: são tortos porque não tinha mais o que fazer por eles.

Leah revirou os olhos e permaneceu em silêncio por alguns. O som irritante que os grilos emitiam fez Sia se deitar de braços, colocando as patas sobre as orelhas. Leah suspirou.

Ainda pode pintar os cabelos” ― Sia tirou as patas das orelhas e olhou Leah. “Pode pintar as unhas, pode usar salto, pode usar quilos e quilos de base caso deseje, a única diferença é que possivelmente, a tinta vai durar pouco tempo. Temos mais hormônios do que o necessário, seus cabelos crescerão mais rápido.

Isso não é tão ruim assim!” ― exclamou Sia, nitidamente animada. “Afinal, qual é o lado ruim?

Leah fechou os olhos e se deixou levar por alguns segundos: ela podia escutar os passos cuidadosos de Bella, ligando o chuveiro e desligando a torneira da pia. Bella estava ao máximo cuidando para não fazer barulho, pois Charlie estava dormindo, o que não deixava de ser desnecessário: Charlie roncava tão alto que Leah tinha a impressão de que o homem estava em coma. Leah voltou a abrir os olhos.

Meio que…” ― Leah concordou consigo mesma. “Que nosso ciclo menstrual para quando nos transformamos o que sugere que entramos na menopausa antes dos cinquenta e que nos leva a conclusão de que somos estéreis.

Eu…” ― Sia abaixou o olhar. “Eu ouvi dizer que os garotos também são estéreis.

E são.” ― assentiu Leah. “Até que controlem a transformação. Quando estiver controlada, poderão seguir a vida como qualquer mortal: ter filhos, se encher de contas e morrer bem velho.” ― quando terminou, Leah lembrou-se de Bella e do plano dos gatos, cachorros, araras e todos os outros animais que a loba desejasse.

Minha mãe é uma vadia.” ― comentou Sia e Leah a encarou com descrença e pavor. Sia lambeu os lábios e continuou: “Se casou com um idiota que jogava pôquer em Vegas e decidiu que eu era o carma dela, que a igreja católica era do Diabo e que ela deveria curtir a vida, então, quando eu fiz dez anos meu primeiro padrasto virou meu guardião-legal e ela saiu para curtir”.

E seu pai?

Morreu quando eu tinha um ano” ― Sia coçou com a pata esquerda a orelha. “De qualquer forma, Patch sempre foi como um pai para mim. Ele me abrigou e me deu roupas, me colocava na cama todo dia e sempre contava uma história para eu dormir. Não era obrigação dele, era obrigação da minha avó, que por sinal, é outra vadia. Então, não ter filhos não será tão ruim: ser uma mãe ruim é genético.

Se seu padrasto era tão bom, por que veio para Forks?” ― questionou Leah, tomada pela curiosidade e imaginando se Seth sabia de tudo aquilo.

Patch se casou e teve seus filhos, e eu comecei a me sentir perdida no meio dos gêmeos e de Elsa, sua esposa. Não que ela fosse ruim, na verdade, ela gostava muito de mim e fazia de tudo para preencher o cargo de mãe, porém eu estava atrapalhando. Patch ficou sem falar comigo uma semana até que veio conversar comigo e disse que ele queria me ver feliz e se sair de casa me deixava feliz, ele deixaria.” ― Sia observou as patas. “Então, eu me lembrei da minha avó paterna que apenas não me criou na época porque estava endividada até o pescoço e então, decidi vir morar com a vovó Noël.

Eu estou tentando imaginar… De quem você é parente para ter a genética dos lobos?” ― falou Leah.

Meu pai é primo de segundo grau do pai dos Ateara.” ― Leah pode escutar o som do chuveiro sendo desligado. “Então, sou uma prima muito distante de Quil.

Você sempre soube disso?” ― Sia negou.

Eu estava conversando com Quil ontem e começamos a falar de primos e ele soltou um: Tinha uma cara na minha com o sobrenome Noël! Incrível, não?” ― Leah começou a rir, mas sentiu um nó na garganta quando a ponta de seu focinho ardeu, como se fosse espirar a qualquer segundo. Ela conhecia aquele cheiro asqueroso: vampiro.

Leah tentou imaginar como os garotos haviam deixado um sanguessuga entrar no território, mas estava ocupada demais caçando silenciosamente o inimigo. Não podia fazer muito barulho pelo fato de estar na frente da casa de Charlie, que não tinha nenhum conhecimento sobre Leah ser uma loba. Sia, que estava ao lado de Leah, parecia tão animada quanto energizada para uma boa briga: tão parecida com Seth!

São mais de dois!” ― berrou Leah mentalmente e correu na direção do primeiro dele, um garoto de no máximo treze anos e magrelo.

Leah com certeza teria piedade dele se não fossem os olhos vermelhos e as mãos tentando quebrar o pescoço dela. O que seria aquilo? Victoria mandando crianças? Mandando capatazes? Leah mostrou os dentes, uma ameaça silenciosa. O garoto magrela rosnou e tentou envolver o pescoço de Leah com os braços: além de jovem, não sabia brigar? Leah ponderou poupar a vida dele, mas enxergou a maldade em seu olhar. Podia ser jovem, mas eram ruim. Seus dentes se voltaram para o pescoço dele e foi tão rápido que ele não teve a chance de gritar: sua cabeça já estava voando em direção ao outro lado do quintal da casa de Bella. De soslaio, Leah viu Sia brigando com um vampiro alto que tinha uma pele negra invejavelmente perfeita, porém, ele era monstruosamente grande e brigão. Ele acertou a garganta de Sianoah com um soco, fazendo-a gritar de dor e cambalear para trás, caindo deitada e tentando recuperar o fôlego. Ele se inclinou sobre ela, dando um segundo soco, só que agora, na barriga.

Leah correu na direção dele, abocanhando seu pescoço e o atirando contra uma árvore. Sia grunhiu de dor e Leah teve certeza absoluta de que Seth havia sentido aquilo: o uivo dos lobos ecoou todo a floresta, o uivo de Seth. No mesmo instante em que Leah empurrou Sia com o focinho, à loba tomou forças e ergueu-se do chão no mesmo instante em que o vampiro se erguia. Leah já ia avançar quando sentiu uma carga de medo e adrenalina: o terceiro vampiro estava abrindo a porta da casa de Bella com cuidado. Leah rosnou, esquecendo-se de Charlie e de qualquer outro e correu na direção dele que soltou um sorriso presunçoso antes de fechar a porta. Infelizmente, Leah jamais conseguiria passar pela porta em sua forma lupina.

Quil e Seth surgiram atrás do vampiro, matando-o com tanto facilidade e raiva que se Leah não estivesse apurada demais virando humana teria a impressão de que Seth estava tendo uma crise de raiva, explodindo de ódio pelo fato do sanguessuga ter encostado em Sia.

Sem perder tempo, Leah correu na sua forma humana (e já vestida) até a janela do quarto de Bella. Sabia que seria apenas dar impulso e já estaria no quarto de Bella, onde ela desesperadamente esperava que a garota estivesse e quando Leah colocou os pés no quarto não evitou o alivio em ver Bella com o cenho franzido, olhando-a assustada.

― O que está acontecendo? ― Leah respirava erraticamente e Bella sussurrava. ― Eu vi você e… ― então Leah notou que Bella também estava preocupada. Tão preocupada com Leah que não havia conseguido finalizar a frase. Leah deu dois passos, o suficiente para sentir o calor de Bella.

― Eu… ― Leah encostou com suavidade a mão no braço de Isabella, e então, apertou-a levemente. ― Você está bem? Ele não machucou v…

Ele? ― Bella negou, contraindo todo o rosto em uma careta. ― De quem você está falando, Leah?

― O sanguessuga que… ― Leah travou e o coração de Bella palpitou rapidamente. Dos lábios da garota Swan saiu apenas uma palavra, mais detalhadamente, um nome:

Charlie.

Os pés descalços de Leah Clearwater deslizaram pelo piso e ela correu até o quarto de Charlie, abrindo a porta com tanta brutalidade e pressa que pouco se importou o que ele pensaria se encontrasse a filha de um falecido amigo na sua casa, justamente quase onze horas da noite. A cama estava vazia e mal arrumada. Leah correu para o andar de baixo, incapaz de fazer outra coisa além de rezar mentalmente para que Charlie estivesse bem e estava. Continuava deitado no sofá, dormindo e ressonando. Leah sentiu suas pernas tremerem e caiu sentada no último degrau da escada.

― Deus. ― Bella cobriu a boca com a mão, respirando com dificuldade e alivio.

Mas… Qual seria o interesse do vampiro entrar na casa e não ferir ninguém? Não fazer nada?

Leah suspirou: teria muito que pensar.

***

― Sinto muito, Tanya. ― Edward soltou o melhor de seus sorrisos para a loira a sua frente. Tanya concordou e voltou a caminhar de cabeça baixa, apertando os braços contra o corpo. A camada de neve no chão quase encobriu os sapatos de Edward e ele voltou a caminhar. ― Você é uma mulher adorável, porém sabe que meu coração pertence à outra mulher.

― A humana. ― disse Tanya, mexendo nos botões dourados de seu casaco de grife. ― Por que não volta para ficar com ela, Edward? Por que se priva da felicidade?

― Eu seria muito egoísta se fizesse isso, Tanya. ― disse Edward, a voz não muito mais alta do que um murmúrio. ― Desde o momento em que apareci, pus a vida dela em perigo.

― Transforme-a Edward e não terá perigo. ― disse Tanya, como se falasse o óbvio.

― Esse é o problema Tanya ― disse ele, os olhos âmbar sérios. Abaixo deles Tanya observou as olheiras que haviam diminuído desde a caçada de minutos atrás. Edward estava voltando a se comunicar, estava voltando a caçar, estava melhorando. ― Eu quero que ela seja humana, tenha uma vida longa e feliz, sem perigos ou interferências.

Idiotice! ― acusou Tanya mentalmente. ― Por que não matou Victoria, então? Acha que ela não vai voltar para pegá-la? Você é tão inocente assim, Edward?

― Quando estive fora, cacei Victoria por um tempo ― explicou Edward. ― Ela estava perto da Suíça à última vez, não voltará para perto tão cedo.

Tanya semicerrou os olhos e negou. Edward suspirou e deixou-a entrar primeiro na casa dos Denali. Edward cruzou a porta e sentiu uma pressão em sua mente quando foi atingido por uma onda brusca de pensamentos da família Cullen. Alice, que estava sentada no sofá, olhou-o.

Um arrepio passou por sua nuca quando reviveu a visão de Alice: ela viu Bella entrando em casa, perto do pôr do sol e depois um clarão, seguido da cena de um vampiro de olhos vermelhos entrando na casa da garota e depois tudo escurecendo, chegando ao final da visão. Edward engoliu em seco e sentiu seu coração se apertar contra o peito.

― Não tire conclusões precipitadas, Edward ― sugeriu Carlisle. Edward permaneceu em silêncio, a postura tensa e os lábios reprimindo qualquer palavra. Ele sabia o que devia fazer.

Talvez Tanya estivesse certa.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do capítulo? Bom? Ruim? Não se esqueçam de que comentários influenciam a autora!
Obrigada. Beijinhos!