Leah e Bella escrita por Cássia Andrade


Capítulo 18
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Oi! Então.. Preparados para mais uma dose de Leah e Bella? Sim? Mas antes quero agradecer do fundo do meu coração aos comentários! Foram incríveis e muito inspiradores! Obrigada!
Boa leitura!



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CAPÍTULO XVII

― É bom ter você aqui, Bella ― Sue exibiu um sorriso doce enquanto entrava dentro da sala. Bella, que estava sentada no colo de Leah, sorriu da mesma forma. Jamais havia conversado muito com Sue, mas sabia que a presença da mulher era relaxante, passava uma extrema calma.

― Também acho que é bom tê-la aqui. ― comentou Leah antes de beijar o ombro de Bella, que assim como Sue, soltou uma risada. Sue continuava a rir quando foi para a cozinha.

Secretamente, Sue tentava entender a relação de Leah e Bella. Tentava entender como era possível as duas serem daquele jeito: quando estavam juntas, tinham uma conexão que casais humanos levariam tempos para conseguirem. Era discreta, mas Sue enxergava. Sue enxergava o amor incondicional de Leah, enxergava a confiança de Bella em Leah. Achava encantadora a forma como Leah e Bella se movimentavam quando estavam juntas. Porém, agora Sue também tentava entender a relação de Seth com Sia. De soslaio, Sue olhou para a sala onde estavam todos os lobos da matilha de Leah.

Leah estava abraçada em Bella e Quil estava devorando juntamente de Jared um saco de bolachinhas doces, o que eles haviam achado desesperadamente no armário da tia Sue. Seria de costume Seth estar ali também, pulando encima de um e empurrando outro na briga de comer uma bolacha a mais, mas não. Seth estava sentado no sofá, silencioso enquanto seus dedos brincavam com os cabelos dourados de Sia, que estava sentado ao lado de Seth com a cabeça escorada no peito do jovem lobo. Eles eram tão jovens e se conheciam a horas... Como era possível tanto amor em tão pouco tempo? Sue negou e riu com o pensamento.

― Então... Quando vou começar a ter um guarda-costas? ― questionou Bella, sussurrando.

Leah passou os braços em volta da cintura de Bella:

― Animada para ter um guarda-costas?

― Muito ― Leah sorriu com o tom de deboche de Bella.

― Eu posso ser a sua guarda-costas ― sussurrou Leah no ouvido de Bella. ― Isso não é animante?

― É ― o tom debochado de Bella esvaiu-se e Leah sentiu-se tensa no mesmo instante. ― Mas eu não queria que você tivesse que fazer isso. ― completou Bella, olhando de esguelha para Leah.

― Não se preocupe, Bella ― Quil ergueu uma das bolachinhas doces, interrompendo a possível resposta de Leah. ― Vamos arrancar o pescoço daquela vadia e tudo estará bem.

― Quil está certo ― Jared pegou mais uma bolachinha e a colocou inteira na boca, engolindo numa capacidade assustadoramente rápida. ― Só temos que emboscá-la num canto e então, estará terminado. Felizes para sempre.

― E Sam? ― Leah franziu o cenho.

― Quem é Sam? ― perguntou Sia, saindo pela primeira vez da cúpula que havia construído ao seu redor e ao redor de Seth.

― Nosso ex alfa. ― Quil estalou a língua nos dentes e deu de ombros. ― Ele tinha alguns pré-conceitos...

― E preconceitos ― acrescentou Jared. ― Quanto a relação de Leah e Bella, que caso você não tenha entendido elas...

― Eu não sou burra ― ela rosnou para Jared. ― Eu já entendi que elas estão juntas.

Jared mexeu o maxilar tensamente, soltando uma ameaça quase silenciosa. Seth reagiu de imediato e rangeu os dentes, numa ameaça não tão silenciosa.

― Nada de brigas na minha sala. ― advertiu Sue em um tom de reprovação. Jared se escorou no sofá e voltou a pegar as bolachinhas no pacote, Seth demorou cerca de cinco segundos para voltar a relaxar e abraçar os ombros de Sianoah.

― De qualquer forma, Bella ― Quil puxou outra bolachinha. ― Sam é carta fora do baralho.

Bella concordou. Sam realmente não era o seu maior problema.

― Você já sabe ao menos o sobrenome dela, Seth? ― falou Leah, rindo do afeto deles. Seth esticou os lábios em um sorriso orgulhoso.

― Noël ― Leah mordeu levemente o lábio inferior.

― E ela já sabe o que é impriting? ― Seth revirou os olhos.

― Sim ― Leah mexeu os ombros.

― E o que mais você sabe? ― Leah não evitou a curiosidade de saber se o irmão sabia o minimo sobre a garota que ele estava abraçado; Seth pareceu orgulhoso outra vez.

― Ela nasceu no dia dois de março, tem dezessete anos, tem um talento especial para a aula de artes, gosta de peônias brancas, fala perfeitamente francês...

― Okay ― Leah o interrompeu, notando que Seth não pararia mais de citar as qualidades de Sia. Bella riu. ― Eu já entendi.

***

Silenciosamente, ele observou todo o recinto:

O bar estava barulhento e com o ar denso, grosso demais para ser respirado. Na sua frente, uma garota com uma mini-saia preta e um decote vulgar estava secando alguns copos enquanto balançava os quadris ao som de uma música que ele não conseguia identificar. Estava tão embriagado que não diferenciava se era Lucinda Williams ou Etta James, apesar das vozes delas não terem nenhuma semelhança. No canto esquerdo do bar avistou o que seria uma mancha de sangue na parede e no canto direito conseguiu enxergar alguns homens bêbados, tomando uma atrás da outra e pausando apenas para tragar o cigarro. Mesmo estando tão decepcionando e tão bêbado, ele não deixava de sentir-se meio deslocado ali dentro: tinha noção de que ali era, literalmente, a boca de fumo.

O que sua noiva pensaria daquele lugar? O que pensaria dele ali? Lembrava-se de que eles sempre tiveram uma relação muito caseira: gostavam de ficar juntos, abraçados no sofá, olhando algum filme... Ou aqueles irritantes programas de talentos. Ele sempre tentou entender por que ela gostava de ver aquelas pessoas cantando e por que ficava irritada com as críticas cruéis dos jurados, de qualquer forma, até aqueles programas irritantes eram divertidos quando ela estava com ele. Ele também se recordava de que uma vez eles haviam ido a um bar, mas era bem diferente do que ele estava agora. Quando ele fora a um bar com ela, encontrou casais rindo e brindando com os amigos e não velhos gordos, fracassados num casamento que nunca teve e nunca terá sentido. Aquele bar era tão nojento quanto melancólico. Meio enraivado dos últimos acontecimentos, ele abaixou os olhos e deslizou o copo vazio pela bancada. A garota do decote vulgar arqueou as sobrancelhas.

― Vai querer outra dose, bonitão? ― a garota se debruçou sobre a bancada. Ela tamborilou as unhas compridas na mesa, soltando o seu sorriso mais sedutor. ― Sabe... Nós poderíamos nos divertir juntos. ― Ele semicerrou os olhos e analisou criticamente ela: podia ser perfeitamente algum tipo de atriz pornô com aqueles cabelos loiros e seios grandes demais. Ele grunhiu baixinho e puxou a carteira, atirando cinquenta dólares na bancada. Aquela garota não era o boa o suficiente para ele, nunca seria. Só havia nesse mundo uma garota que era boa o suficiente para ele; Emily. Meio cambaleante pelas doses de uísque que havia ingerido, Sam se levantou tropeçando nos próprios pés e tentou sair dali, agarrando-se nas paredes. Mentalmente, ele ainda se debatia com o abandono de Emily.

Faziam apenas dois dias... Ou três? Ele não conseguia lembrar direito... Sentia uma dor grande demais para contar o tempo que passava. Ela não havia atendido as ligações, não havia aberto a porta para ele. Praguejando alguns palavrões, Sam chutou uma pedrinha e choramingou como uma criança birrenta.

Desejava apenas poder se abraçar ao corpo magricelo de Emily; absorver todo o perfume dela, matar aquela dor que tanto o atormentava agora. Desejava poder beijá-la outra vez e sentir novamente o toque agridoce dela. Leah. Sam grunhiu outros palavrões e procurou outra pedra para chutar. Ele tinha analisado tudo, cada fragmento esquecido da história Leah e Bella.

E entendeu o quanto ele havia fechado os olhos para a verdade. Leah e Bella nasceram para ficarem juntas, assim como Sam tinha nascido para ficar com Emily. Ele não podia impedir aquele amor e agora que ele sentia a dor de não ter Emily, entendeu o que Leah sentiu quando teve que se afastar de Bella. Talvez não tanto, porque Leah nunca havia tido com Bella a mesma convivência que Sam teve com Emily. Sam negou e meio tonto, se atirou no chão, rolando na lama.

― Uma. Duas. Três. ― Sam apontou o dedo para o céu, contando as estrelas. Suspirou. ― Quatro. Cinco... ― e então explodiu em uma gargalhada, voltando a rolar na lama. Pouco se importava naquele momento se parecia algum tipo de maluco.

Na beira da estrada, o ar era gelado e leve. Sam respirou profundamente e rolou uma última vez antes de levantar-se, caminhando cambaleante até os fundos do bar. Seria melhor caminhar na forma lupina, teria mais equilíbrio em quatro pés.

A primeira gota de chuva escorreu entre os pelos da cabeça de Sam e ele se contraiu levemente, começando a correr na direção da floresta. Enxergava tudo borrado, sem um nexo. Sam mexeu a cabeça, tentando se livrar daquela sensação desconfortável. Outra gota de chuva seguida de outras milhares caíram sobre Sam e ele ganiu de frio, tentando acelerar o ritmo. Não conseguiu: o álcool em seu sangue borbulhava e ele estava mais tonto do que nunca. Soltando outros ganidos, Sam tropeçou até uma árvore, escorando-se nela. O seu choro ecoou toda a floresta e uma vampira ruiva se balançou no galho acima da cabeça de Sam, observando debochadamente o estado debilitado dele.

A ruiva gargalhou alto e Sam ergueu o rosto, procurando o dono da risada. Antes que os olhos de Sam pudesse focalizar Victoria, ela pulou daquele galho para outro, ficando na frente de Sam. Sam abaixou o rosto, fungando.

― Cachorrinho... ― Victoria estalou os dedos, assoviando para Sam. Antes de sair correndo, Sam nem ao menos cogitou brigar com a ruiva. Sam podia estar bêbado, mas estava são o suficiente para saber que não teria chances contra a ruiva vadia.

As patas de Sam afundaram na lama e nas patas de Sam se afundaram alguns espinhos. Ele gemeu de dor e tentou correr o mais rápido possível. Victoria olhou para as cutículas, tão despreocupada quanto entediada.

― Hoje não ― disse para si mesma antes de começar a correr atrás de Sam. Naquela noite, Victoria parecia correr na velocidade da luz. Surpreendia Sam, pulando na sua frente e fazendo um vai-e-vem interminável. ― Vai aonde, cachorrinho? ― questionou Victoria quando encurralou Sam. Ele olhou desesperadamente para os lados. Pular para a esquerda era improvável, pular para a direita seria o truque perfeito. Victoria crispou os lábios e deu um passo na direção de Sam. ― Garotinho levado. ― Sam mostrou os dentes rosnando, tomado por um jato de fúria e coragem.

Victoria deu um passo para trás, sorrindo triunfante enquanto mexia o dedo indicador, chamando Sam para a briga. O lobo negro rosnou outra vez, caminhando na direção de Victoria que estendeu um dos braços para a frente, agarrando o pescoço de Sam com uma mão. Ele recuou para trás, rosnando mais ainda e tentando abocanhar a mão da sanguessuga em seu pescoço. Ela gargalhou e o atirou contra a árvore. O som repercutiu toda a floresta e Sam fechou os olhos por um único segundo, sentindo o gosto de sangue espalhado por sua boca. Sua cabeça estava latejando e seu coração estava fora do ritmo normal, se debatendo com brutalidade contra o peito.

Ele já havia planejado o que faria: pularia em Victoria sem desperdiçar um único segundo. Sam planejava se concentrar nela, apenas nela e ignorar o álcool em seu organismo que o fazia ver tudo em um único borrão escurecido, porém, quando abriu os olhos, se deparou apenas com a floresta vazia.

***

― Violeta... ― refletiu Bella, balançando a cabeça em descrença. Leah sorriu longamente.

― Afinal ― Leah pigarreou e Bella virou-se, olhando-a com diversão. ― Qual é a diferença entre roxo e violeta? ― Bella rendeu-se a rir outra vez, virando-se e encarando o quarto de Leah. Nunca parou para imaginar como seria o quarto de Leah, mas não evitou a surpresa quando viu as paredes num tom escuro de violeta.

― Violeta é mais azulado ― Bella deu de ombros.

― Há alguma coisa que você não saiba? ― indagou Leah, erguendo as mãos.

― Eu sou péssima em geografia ― Leah arqueou a sobrancelha e Bella suspirou, assentindo brevemente.

― Parece meio impossível ― Leah cruzou os braços e Bella andou até Leah, tão próxima que sentia a ponta de sua sapatilha na ponta do tênis da loba. ― Você é uma genia quando o assunto é células mas não sabe nada sobre capitais de países e relevo?

― Relevo... ― repetiu Bella, pensativa. ― Eu posso lhe falar sobre o lençol freático já que você quer falar de terra. ― Leah rolou os olhos, analisando em uma fração de segundo todo o seu quarto. No canto direito estava a cômoda que guardava todas as suas peças de roupas e ao lado estava a mesinha de estudos que ela não utilizava há tempos. Já no lado esquerdo estava a sua velha cama de ferro que um dia havia sido grande demais para si, mas que agora a acomodava com certa dificuldade. Bella agarrou Leah pelos quadris e limitou-se a uma risada baixa, notando a reação que havia causado na loba: a respiração irregular e o olhar surpreso. Bella correu uma das mãos pelo rosto de Leah, acariciando suavemente o rosto dela. A jovem loba fechou os olhos, apreciando ao máximo o toque. Literalmente, Leah se derreteu e só conseguiu desfrutar da maciez da boca de Isabella Swan. Foi impossível conter um gemido de satisfação: ser beijada por Bella era uma sensação totalmente prazerosa.

Leah memorava de seus outros beijos. O primeiro havia sido bobeira com um garoto (bobeira da qual ela se arrepende até hoje), fora um beijo babado e horrível. O segundo, conseguiu ser pior e os beijos que ela um dia trocou com Sam não passavam de recordações tão insignificantes que ela nem ao menos conseguia lembrar se foram beijos bons ou ruins, apenas sabia que os beijos de Isabella eram insuperáveis. Eram tão alucinantes que Leah tinha a impressão de que ficaram marcados na sua própria alma.

A respiração de Leah se mesclou com a respiração errática de Isabella e mesmo que ambas estivessem de olhos fechados, Leah conseguiu enxergar a alegria de Bella. Delicadamente, Leah puxou o rosto de Bella, selando os lábios delas outra vez, porém não chegava a ser um beijo, era apenas um curto roçar.

― Eu... ― Leah desejou terminar sua frase mas o barulho da porta da frente sendo aberta com brutalidade demais fez Leah abrir os olhos e sair do prazeroso transe no qual entrava quando encostava o corpo no de Bella. Bella abriu os olhos e soltou os quadris de Leah, que correu até o começo da escada. Nem foi preciso se inclinar para identificar quem estava lá embaixo. ― Sam.


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Notas finais do capítulo

Eu realmente adoro essa imagem!
Então... Como ficou o capítulo? Legal? Ruim? Bom?
Beijinhos da Cássia.