Mais ou menos meio livro depois, Sebastian ouviu a porta do quarto se abrindo. Mariana entrou com o maior pouco caso e jogou pra ele um pacote. Logo percebeu que era um pacote de lanchonete, abriu e viu que dentro havia um pote de yakisoba e um par de Hashi.

– Tome – Mariana lhe estendeu um garfo enquanto se sentava na cadeira ao lado da cama. – Não sabia se você consegue comer com hashi então trouxe.

Ele pegou o garfo e abriu o pote, odiava yakisoba e nunca nem tentara usar um hashi.

– Você não parece muito feliz – Observou ela – Porque está tão quieto?

– Odeio yakisoba

–Eu também

–E porque trouxe pra mim? – Ela deu de ombros

– Só porque eu não gosto não significa que ninguém mais goste, e também eu só fui lembrar de que você ainda estava sem comer agora a pouco e o delivery desse restaurante é o mais rápido.

–Você saiu cedo bem cedo hoje – Observou ele mudando de assunto – O que foi fazer

–Isso absolutamente não é da sua conta, mas pelo menos isso quer dizer que você conseguiu andar um pouco, é um bom sinal. Ah, e falando nisso eu esqueci de que você precisa de mais algumas marcas pra ficar melhor, já volto

E com isso se levantou e saiu a passos largos. Sebastian deu de ombros e continuou se forçando a empurrar o maldito yakisoba goela abaixo.

***

– Voltei – Mariana anunciou enquanto entrava e batia a porta. Sebstian se perguntou como era possível uma caçadora de sombras fazer tanto barulho de graça, mas achou melhor ficar quieto. – Não consegui me lembrar de onde havia deixado a estela. Olha, você terminou de comer. Estava muito ruim?

– Melhor do que nada. Que macas exatamente você vai fazer em mim?

– Só algumas iratzes, em alguns pontos onde os ferimentos foram mais profundos e ainda não se curaram completamente. – De repente ela arqueou um sobrancelha – Porque pegou meus livros?

Ele deu de ombros

–Estava sem nada pra fazer.

–Então invadiu meu quarto? Pelo menos deixou o cachorro preso?

–Não, ele saiu antes de eu perceber que era seu quarto, e a propósito, ele não gosta de mim.

–Eu já imaginava, ele não gosta muito de gente nova, por isso eu o prendi. Mas isso não explica o porque de você ter invadido meu quarto e pegado meus livros.

–Eu já disse, estava sem nada pra fazer, fui te procurar, quando vi que você não estava voltei pra cá e ouvi seu cachorro então fui ver o que era e acabei me interessando pelos livros.

Ela relaxou a postura e se sentou na cama

–Certo, desculpe. Eu sou um pouco ciumenta com minhas coisas.

Ele balançou a cabeça

–Tudo bem, eu também odeio que mecham nas minhas – Disse ele se lembrando da raiva que sentia quando via que Clary havia passeado pelo seu apartamento e mexido em algo.

– Agora ande, levante as mangas. Deixe-me fazer essas iratzes logo.

Ele não discutiu, fez o que Mariana havia pedido e, quando ela terminou perguntou:

–Está gostando?

–Do que? – Perguntou franzindo o cenho

–Dos livros – Apontou pro exemplar de A Guerra dos Tronos que estava ao lado dele

–Ah, sim. São ótimos.

–Que bom. Porque, você sabe, não vai ter muita coisa pra fazer enquanto estiver aqui.

–Nunca imaginei que poderia gostar de algo relacionado aos mundanos – Ele comentou sem nenhum motivo em particular.

–Eles não são tão ruins, tirando a ignorância e as ingenuidades podem ser até interessantes.

–Talvez. – Ele ainda achava que os mundanos não ajudavam ninguém. Mas não ia deixar que ninguém soubesse disso, era um detalhe crucial pro entendimento de seus planos.

–Bem – Mariana se levantou – Você pode ficar o resto da tarde lendo. Ou dormindo. Mas desça ás sete e meia pro jantar.

–Tudo bem.

E então ela se virou e saiu.