Já era noite quando Sebastian acordou, deveriam ser mais ou menos 19h00min, pela posição da lua. Ele se levantou e se encaminhou até a porta, pelo visto um dia inteiro de repouso havia dado o efeito desejado e ele estava melhor, conseguia andar, pelo menos.

Quando abriu a porta, pôde ouvir vozes, uma era de Mariana, a outra, mais grave, era de Spencer, ele deduziu. Podia ouvir a conversa dos dois, mas não distinguir as palavras. Pela intensidade do som supôs que eles estivessem perto.

Conforme foi procurando o cômodo onde se encontrava o casal de irmãos, percebeu que eles não estavam tão perto, na verdade estavam berrando um com o outro.

Começou a andar mais rápido, repentinamente com pressa de encontrá-los logo. Só quando estava a duas portas da sala onde eles estavam – Que era a mesma aonde ele e Mariana haviam assistido aos filmes – Ele conseguiu discernir o assunto que estava sendo discutido a plenos pulmões, ele mesmo.

– VOCÊ É IDIOTA? NÃO VÊ QUE ELE SIMPLESMENTE A ESTÁ USANDO?

– ELE NÃO ESTÁ!

– COMO VOCÊ TEM CERTEZA? ELE É O FILHO DE VALENTIM, QUE PRATICAMENTE DESTRUIU ALICANTE!

– E VOCÊ ACHA QUE EU NÃO SEI? SEI DE TUDO OQUE ELE FEZ, MAS TAMBÉM SEI QUE ELE NÃO VAI FAZER MAIS NADA DISSO.

– COMO PODE SABER? ISSO É IMPOSSIVEL É... LOUCURA.

– É LOUCURA PRA VOCÊ, QUE NÃO TEM SENTIMENTOS, QUE NÃO SE IMPORTA COM NINGUÉM ALÉM DE SI MESMO. NÃO PRA MIM

A voz de Spencer abaixou de súbito, ficando cautelosa, suplicante...

– Mari... Por causa dele nossos pais morreram... Na invasão demoníaca... Por favor...

Sebastian teve um solavanco, e teve de se segurar para não cair. Então fora por aquilo que Mariana o olhara torto quando o explicou porque comandava o instituto sozinha. A morte dos pais dela tinha sido culpa dele. Mas por que se importava tanto com isso? Por que se sentia tão mal?

– Chega! Eu não sou idiota, Spencer. E você vai ficar bem aqui.

Sebastian se inclinou sutilmente para frente, afim de também poder ver o que estava se passando ali.

Quando Mariana se virou para desviar de Spence e se encaminhar em direção a saída, ele se pôs na frente dela e a segurou pelo braços.

– Não, você que vai ficar aqui, e eu vou denunciar aquele maníaco á clave

– Você não pode fazer isso!

– Claro que posso.

– Spencer, mas solte. Agora.

– Não.

Ela fungou com desprezo, em seguida o deu um chute. Um não, vários chutes... Em todos os lugares possíveis. Sebastian se impressionou com o que aquela garota com quase nenhuma massa corporal podia fazer com um garoto que mais parecia uma parede.

Ela tentou ir para o portal e entrada, que não tinha porta, mas Spencer chegou primeiro e a agarrou pelos pulsos, foi mais ou menos aí que ela notou que Sebastian estava observando tudo.

Spencer a segurou pelos pulsos com uma das mãos, e com a outra, ele deu um tapa tão forte no rosto de Mariana que ela caiu com um ruído em um dos puffs da sala em seguida ele endireitou um pequeno objeto dourado na mão. Sebastian notou que era um anel, que Mariana também tinha, o anel da família Silversmith. Era dourado, tinha uma coroa com um rubi em cima, e um grande S também dourado por cima de tudo. O covarde havia virado o anel pra machucá-la. Sebastian estava prestes a se levantar para ir dar uma lição naquele idiota quando encontrou o olhar de Mariana, ela arregalou os olhos na direção dele e acenou com a cabeça, indicando para que ele fosse embora. Com a respiração pesada e entrecortada pela raiva, ele se levantou e foi se afastando lentamente, de volta ao quarto.

Demorou mais alguns minutos até Mariana aparecer lá, com o rosto todo inchado e vermelho. Le queria ir em direção a ela e a abraçar, mas antes que pudesse se repreender mentalmente pelo pensamento estúpido, ela falou:

– Vamos. Vamos logo. Spencer já vai chegar, e vai trazer representantes da Clave.

Ele obedeceu, e, sem dizer mais nada, ambos descerampela janela e ele seguiu Mariana até um carro parado em frente ao instituto, eles entraram, Mariana ao volante e partiram a toda a velocidade em direção a Costa Dún Laoghaire