Sebastian acordou com mais sono do que quando foi dormir. Teria ficado na cama, tentado dormir novamente, mas se lembrou de que aquele seria o dia em que Spencer voltaria, e ele e Mariana tinham que começar a preparar tudo para a sua partida ainda naquele dia.

Levantou-se rapidamente, só pra sentir uma tontura horrível e as mãos de alguém o empurrando de volta aos travesseiros. Levou alguns segundos até ele se recuperar da sensação nauseante.

Quando sua visão clareou, ele viu Mariana o observando com olhos preocupados.

– Que diabos...?

– Você não pode levantar

– O que?

– Sabe, você ainda não se curou completamente, o esforço físico de ontem fez com que piorasse.

– Você fez isso de propósito não foi? Me levou pra sair e passar o dia todo me movimentando pra que piorasse. Não me queria em perfeita forma pra hoje.

– Claro que fiz! Você acha que pode dar conta de tudo, mas não pode. Não nesse estado. Eu vou preparar tudo e você vai ficar aqui, descansando pra que possa sair hoje á noite.

– Nós ainda vamos pro iate?

– Sim, mas só de noite. Durante o dia eu vou arrumar os suprimentos e o combustível enquanto você dorme. Agora tome. – Disse ela lhe estendendo uma caneca que estava em sua mão. Ele a pegou e viu que estava cheia de chocolate quente. – Eu vou te trazer comida mais tarde, você ainda precisa se alimentar.

– Você não cansa de ser teimosa? – Disse-lhe Sebastian, já perdendo a paciência.

– Como assim?

– Você diz que sou eu que acho que dou conta de tudo, quando na verdade faz o mesmo. Parece-

– Uma caçadora de sombras? Pois é. Pense sobre isso.

E, dizendo isso, se levantou e saiu.

Ele suspirou. Ficar irritado não adiantaria, não com Mariana. O melhor que ele tinha a fazer era tentar ficar melhor pra poder chegar ao porto e pegar o barco para escapar do que quer que a clave fosse fazer com ele.

Mas e depois? Iria pra um de seus esconderijos? O que faria se seus seguidores tivessem sobrevivido? Tentaria continuar com o plano?

Nada disso parecia fazer sentido agora. Ele não via como poderia continuar sua vida saindo dali. Parecia inútil tentar continuar a usar o sangue de Lilith em caçadores de sombras pra exterminar mundanos. Também parecia inútil tentar continuar com os planos do pai, exterminar seres do submundo. Teria de pensar em algo, mas não naquele momento. Precisava dormir, e foi exatamente o que fez, após terminar seu chocolate quente, deitou-se novamente e dormiu.

***

– É perfeito! – Exclamou Isabelle após Clary terminar de explicar seu plano. Ela era a única que parecia empolgada. Alec estava boquiaberto e Magnus estava com a expressão confusa, como se a ficha ainda não tivesse caído. Em seguida, Izzy se virou pro irmão e pro cunhado – Nós vamos fazer isso, não vamos?

Alec balançou de leve a cabeça. Em seguida disse:

– Não. Não vamos.

– Ah, vamos Alec, pare de ser chato! – Com a expressão de uma criança de 10 anos pedindo sorvete. Clary não pôde deixar de notar que a amiga tendia a agir infantilmente quando estava perto do irmão mais velho. – Além disso é um ótimo plano. Nós vamos conseguir fácil.

Dessa vez quem se pronunciou foi Magnus

– Clary, imagine oque Jace diria se soubesse disso. Imagine quando ele souber... Isso vai acabar te matando.

Clary se virou pro feiticeiro e respondeu calmamente:

– Ele vai ser obrigado a aceitar, e eu não vou morrer, não se vocês me ajudarem.

– Se ele não vai reagir tão mal por que não está aqui ouvindo? - Alec começou a jogar, ela detestava quando ele fazia isso, porque era bem mais esperto e sempre vencia todos – Você sabe que é errado, por isso não quer que mais ninguém saiba.

– NÓS VAMOS – Berrou Isabelle – Isso está fora de negociação! Você não entende? Ele matou Max, usou Jace, está escondido como um covarde agora, planejando algo que vai destruir nós todos se não o pararmos. Talvez seja arriscado, mas nada vai nos denunciar, se não tivermos chance é só sair e pensar em outra coisa, mas nós precisamos fazer alguma coisa!

– Ela está completamente certa. – Concordou Clary. – Não podemos esperar mais, a clave é burocrática e neste caso, impotente. Nós precisamos agir ou ninguém vai.

– Clary, o que está me pedindo... – Magnus continuava impassível - Tem ideia de como é arriscado? Se algo der errado...

– Não vai! Você consegue, não pode ser tão difícil.

– Não é difícil, é complexo.

– Tanto faz, nós vamos começar quando? – Perguntou Isabelle, que já dera a questão por encerrada.

Alec e Magnus se entreolharam, em seguida assentiram derrotados. E Clary, que estava inclinada pra frente com os olhos quase saltando da cara, finalmente relaxou a postura.