Naive escrita por semideusabrazil


Capítulo 2
O Sorriso Mais Lindo de Todos


Notas iniciais do capítulo

Eu sou legal e tava com vontade de escrever, então tá ai...



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Eu acordei com o meu celular tocando B.Y.O.B. - System Of A Down, não é exatamente uma música calma, mas eu já estava acostumado. Olhei na tela do celular, era John. Ele havia me prometido que ligaria todos os dias na hora do almoço, ou seja, eu tinha dormido demais, deslizei o dedo pela tela do celular atendendo a ligação.

– Alô – eu disse com voz de quem acaba de acordar.

– Alô, Nico?

– Oi, John, tudo bem?

– Tudo sim. Você ainda estava dormindo? Tem ideia de que horas são?

– É sexta-feira John, e eu não tenho aula, ou seja, essa é minha melhor opção.

– Mas a Susan me disse que hoje ela ia cancelar os compromissos para te levar conhecer a escola e a cidade.

– Hm... – Eu disse, me sentando na cama e esfregando os olhos.

– Nico, você está sendo bom e educado com a minha irmã, não está?

– Bom, tirando o fato de que eu a deixei terminar o jantar sozinha ontem, sim, eu estou.

– Nico... – ele disse com aquele tom tão conhecido de desapontamento.

– Eu não posso fazer nada se ela quer se meter na minha vida, ela não é minha mãe.

– Ninguém aqui está tentando tirar o lugar da sua mãe, filho. Ela sempre vai ser única, pode acreditar em mim. Susan só está querendo ajudar, ela quer o seu bem tanto quanto eu, então não seja mal educado, ou se não...

– Ou se não ou que? Vai me mandar de volta para Nova York? Porque se esse for o caso...

– Você não vai voltar – ele me cortou.

– Ótimo.

– Bom, Nico, eu preciso voltar ao trabalho... Desça e veja se Susan está ai.

– Tudo bem – respondi de má vontade.

– Até amanhã, filho. E não esqueça, eu te amo...

Desliguei sem nem mesmo dar a resposta, se ele me amasse mesmo eu não estaria ali, minha mãe nunca faria isso. Me joguei de volta na cama, não estava com a mínima vontade de levantar, mas me forcei a faze-lo. Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, escovando os dentes debaixo do chuveiro mesmo. Voltei para o quarto, ainda de toalha, coloquei Naive do The Kooks para tocar, me vesti dançando ao ritmo da musica e quando estava pronto coloquei meus headfones e desci as escadas.

Susan estava na sala, deitada no sofá com a televisão ligada, mexendo no tablet, passei por ela e murmurei um “bom dia”, mas não parei para escutar a resposta. Fui até a cozinha e abri a geladeira, não tinha nada ali que eu pudesse comer, ou melhor, que eu quisesse comer, eu estava tão distraído que não ouvi Susan se aproximando e por isso me assustei quando ela tocou meu ombro. Tirei os fones do lugar.

– Está com fome? – ela perguntou, eu respondi balançando a cabeça afirmativamente e fechei a porta. – Imaginava, você nem terminou sou pizza ontem a noite.

– É... – Coloquei o fone novamente indo em direção a sala.

Sentei no sofá e comecei a jogar um jogo qualquer no celular, Susan se sentou do meu lado ficou lá, só olhando a televisão por um tempo. Desisti de jogar, tirei o fone e perguntei a ela se eles tinham Wi-Fi, ela respondeu que sim e me passou a senha. Antes que eu pudesse colocar o fone de novo ela me chamou para comer alguma coisa na cidade e conhecer a escola.

– Vamos, vai ser legal, nós podemos nos conhecer melhor também... – ela parecia uma das meninas com quem já tinha saído. E isso não foi um elogio.

Apenas balancei os ombros e ela entendeu isso como um sim. Nós saímos a uma hora da casa dela porque precisávamos ir rápido ou se não todos os restaurantes estariam fechados. Isso que dá morar em cidade pequena. O caminho até o centro foi rápido e silencioso, assim como o almoço, eu não tirei meus fones para nada, não queria dar espaço para ela fazer mais perguntas e falar sobre coisas irritantes.

Chegamos à escola as duas e meia, a última aula estava em andamento por isso os corredores estavam desertos. Susan me guiou até a diretoria, o lugar era apenas uma pequena sala com algumas cadeiras e um balcão, onde uma mulher gordinha lia uma revista. Por um breve momento tive a impressão de que ela não era apenas uma mulher, tirei os fones, fechei os olhos e balancei a cabeça algumas vezes e então ela era apenas uma mulher de novo. Eu, com certeza, estava lendo mitologia grega demais.

– Cof, cof – Susan tentava chamar atenção da mulher, que lentamente tirou a revista da frente do rosto e sorriu ironicamente para ela.

– Sim?

– Eu conversei com o diretor na semana passada e ele disse que eu podia passar aqui hoje para falar com ele e apresentar o aluno novo.

– Ah sim, só um minuto, querida.

A mulher se levantou da cadeira e praticamente sumiu atrás da bancada alta, ela se dirigiu até a porta alguns metros a sua direita, bateu e colocou a cabeça para dentro. Alguns segundos depois ela estava de volta, ainda com o sorriso irônico.

– Ele já vai falar com vocês, é só aguardar um minuto.

A Sr. Grace acenou com a cabeça e foi se sentar em uma das cadeiras, eu me sentei ao seu lado, afundando na cadeira e já estava pronto para colocar os fones de volta quando ela falou.

– Eu já briguei com ela por causa da Thalia desde então essa mulher não aguenta me ver – disse baixo e depois revirou os olhos.

Ela abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas então a porta do diretor se abriu e um menino moreno dos olhos verdes saiu lá de dentro, seguido de um homem baixinho, um pouco acima do peso, com camiseta havaianas e uma lata de Diet Coke na mão.

– Sr. Grace... Que prazer em vê-la. – Ele abriu um sorriso.

– Pode me chamar de Susan, Sr. D.

– E você pode me chamar de Dionísio, Susan – ele disse, abrindo um sorriso maior ainda, se é que isso era possível.

O menino que tinha saído na sua frente andava disfarçadamente até a porta, mas então chutou a lata de lixo que ficava do lado da saída.

– E você, nada de se mexer, senhor Jhonson.

– É Jackson – o menino tentou protestar, mas o diretor já tinha fechado a porta.

Eu olhei para o menino a tempo de vê-lo mostrar disfarçadamente o dedo para a porta e em seguida virar os olhos. Ele era realmente o que se pode se chamar de bonito, os cabelos eram pretos, os olhos verde-água, a pele bronzeada e os músculos bem definidos. “Jhonson” se sentou ao meu lado, afundando na cadeira.

– Aluno novo? – Ele perguntou olhando para os próprios pés.

– Aham – respondi seco.

– Você parece ser mais novo, tem quantos anos? – Ele perguntou me analisando e eu senti minhas bochechas arderem.

– Dezesseis.

– Que fofo, você é tímido. – “Jhonson” sorriu e puta que pariu, que sorriso lindo.

– E-eu... – eu me atrapalhei e ele riu, se sentando direito na cadeira.

Eu não podia ser tão idiota na frente dele, aquele menino não podia quebrar a barreira que eu tinha demorado tantos anos para construir em segundos. Me recompus ao mesmo tempo que ele começou a falar.

– Eu sou Percy Jackson – ele estendeu a mão. - E você é?

– Nico – disse sem encostar nele e logo sua mão estava de volta ao próprio colo.

– Prazer Nico. Então... Você é parente do Jason?

Levantei minhas sobrancelhas, claramente mostrando que estava confuso, como ele poderia saber que eu tinha alguma coisa a ver com Jason, o menino nem estava na escola e...

– A Sra. Grace – ele disse, se explicando. – Conheço ela, ela mãe do Jason, por isso perguntei...

– Ah sim e sim, quer dizer não. Meu padrasto é irmão dela.

– Entendo. Mas porque você está aqui e não com a sua família?

– Não é dá sua conta – respondi frio.

– Tudo bem – Jackson levantou os braços em sinal de rendição.

Coloquei meus fones e ele sorriu. Sim, ele sorriu. Aquele menino era idiota ou o que? Eu estava sendo frio e grosso com ele e mesmo assim ele sorria. Jackson puxou meus fones devolvendo-os ao meu pescoço.

– O que você quer?

– Eu quero conversar – ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Mas eu não quero – disse colocando meus fones de novo.

O ato foi em vão porque o menino dos olhos verdes os tirou de novo. Me sentei direito na cadeira e o olhei com o meu melhor olhar de “sai daqui filho da puta”, eu estava começando a ficar irritado, mas então ele sorriu e toda a irritação foi por água a baixo.

– Então, eu estava dizendo que você vai gostar do pessoal, tem a Hazel, o Frank, a Annabeth, o Leo...

– Hm, legal – eu o cortei. – O que você está fazendo?

– Eu não sei como eles chamam isso lá de onde você veio, mas aqui a gente chama de conversar – ele sorriu e eu respondi com um sorriso irônico.

– Eu estou falando sério, não sou do tipo que gosta de pessoas.

– Mas vai ser, eu gostei de você.

– Você tem algum problema? – Perguntei secamente. – Eu não te dei nenhum motivo para gostar de mim.

– Eu sei – ele sorriu ainda mais e meu coração deu um pulo.

Eu estava pronto para responder, mas a porta do diretor se abriu e Susan me chamou. Me levantei sem olhar para trás, mas aquele menino não cansava.

– Até segunda, Nico.


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Notas finais do capítulo

Não a gordinha atrás do balção não é um monstro, foi só uma brincadeira pra dizer que o Nico lia muita mitologia.