Corpo de Humana... Coração de Yokai escrita por Caramelkitty


Capítulo 9
Chuveiro maligno


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora... quanto tempo, não?
Eu gostava de ter comentários... se tiveram tempo para ler até aqui, então também podem deixar um comentário de incentivo, né? Nem que seja um continua...
embora prefira comentários maiores.
Como sempre, o capítulo começa xoxo, mas depois fica melhor, vocês já sabem a lógica :P



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/487688/chapter/9

Takara viu Kagome vir na sua direção. Parecia um dragão prestes a soltar fogo pelas ventas. Mas Takara não tinha medo de dragões. Após o choque que fora aparecer no mundo atual, Takara não se encolheria perante uma humana que, por mais furiosa que estivesse, nunca a iria superar em força. Não que Kagome fosse atacá-la. Elas eram amigas, afinal!

Pior que era difícil lembrar desse pormenor por ambas as partes. Takara sentia que a sua vida estava em risco.

– Takara! O que estás a fazer aqui?

– Olá Kagome.

– Higurashi, a tua amiga é muito simpática! Ela quis trazer-te o almoço, mas por minha causa perdeu-o. Então, eu tomei a liberdade de preparar um para ti. – Houjo estendeu um bentô floreado. Dentro, em vários compartimentos separados, estavam porções de comida: sushi, arroz, legumes e um pouco de carne de soja.

Kagome aceitou a oferta de Houjo mas lançava constantemente olhares cortantes para Takara.

Finalmente o dia de aulas chegou ao fim e todos os alunos (e mesmo aqueles que não eram alunos como Inuyasha e Takara) se dirigiram à saída.

– Adeus, Takara! Vamos voltar a ver-nos por aí? Quero dizer, virás visitar a Kagome mais vezes? – Perguntou Houjo.

– Quem sabe... – Respondeu Takara dando um toque de mistério ao clima. – Obrigada mesmo pelas roupas, elas são lindas.

Takara contou os passos até casa. 50, 49, .... 3, 2, 1,...

– TAKARA, SUA BAKA! EU DISSE-TE PARA NÃO VIRES ATÉ AQUI! É PERIGOSO! PODIAS TER ARRANJADO PROBLEMAS, TER SIDO FERIDA, TER SIDO ATROPELADA, TER SIDO DESCOBERTA, QUAL ACHAS QUE SERIA A REAÇÃO DAS PESSOAS SE DESCOBRISSEM QUE ÉS UMA YOKAI DA ERA FEUDAL?

Com o volume do sermão de Kagome, os vizinhos provavelmente já teriam descoberto. Ainda bem que Kagome vive num templo, pelo que não tem vizinhos. Takara não estava habituada a ser repreendida mas o fato de Kagome estar a tratá-la como se ela fosse uma Yokai, amenizou a fúria que ameaçava tomar o corpo da rapariga. As emoções de uma hanyou de sangue trocado são muito intensas, Takara conseguia sentir o sangue de Yokai pulsando nas veias sempre que estava zangada ou pronta a lutar. Dando-lhe forças, mas muitas vezes, tirando-lhe a razão.

Quando finalmente Kagome se acalmou, tomou uma garrafa inteira de água para lhe voltar a voz. Inuyasha estava sentado em posição de Lótus no sofá e passava os dedos pelo interior felpudo das orelhas tentando verificar se continuava com audição.

Takara ficou um tempo trancada na casa de banho tentando recompor-se. Sabia que o que fizera era errado mas o orgulho impedia-a de pedir desculpas. Porque ela raramente o fazia.

Bateram à porta da casa de banho. Era a mãe de Kagome.

– Takara posso entrar? Não desces-te para jantar. Trouxe-te alguma comida!

Takara sentiu o estômago revolver-se de fome.

Saltou do tampo da sanita, abriu a porta e voltou a sentar-se na mesma posição de outrora. A amável mulher pousou o bentô no colo de Takara e voltou a sair da casa de banho.

– Arigato! – Ainda ouviu antes de descer as escadas.

A senhora Higurashi sorriu. Takara era uma rapariga difícil com um passado também difícil, mas tinha um bom coração. Era demasiado nova quando perdeu os pais, não aprendeu a dominar o orgulho, o mau feitio e a teimosia. Isso fazia-a parecer, ao ver de uma mãe como ela, uma criancinha de 4 anos birrenta. E foi com essa imagem no coração que depois do jantar voltou a subir. Encostou-se à porta e falou:

– Takara... vi as tuas roupas quando voltaste. São muito lindas, modernas e ficam-te tão bem como se fossem feitas à medida para o teu corpo. Mas continuas muito suja. Não querer lavar-te? Estás a ver esse enorme recipiente branco? É uma banheira e se rodares a coisinha metálica irá encher-se de água. Fica a dica, se precisares de ajuda, é só chamares!

Takara ouviu de novo os passos na escada. A senhora Higurashi tinha voltado para a sala de jantar. Takara examinou-se. Realmente ela estava a sujar as roupas. Tinha o cabelo seboso e o corpo cheio de pó e lama seca. E as suas maravilhosas garras? Precisavam de cuidados. Takara nunca as cortava mas às vezes limava-as com um pau e pedra, para ficarem bem afiadas e resistentes.

Sempre cautelosa aproximou-se da banheira e rodou a torneira. A água saiu... mas não pelo lugar que ela esperava!

***************************************************************************

Kagome estava sentada na sua secretária. Tentava resolver uma equação mas os seus pensamentos estavam longe. Além de ainda estar com raiva da Takara por ela ter desobedecido, sentia os olhos âmbar do Hanyou fixos nela.

– Takara... disparate...irresponsável...perigoso... se alguém via...

Palavras como estas continuavam a sair num murmúrio zangado da boca de Kagome.

– Bem, mas convenhamos, ela foi corajosa! – Comentou Inuyasha que estava sentado na cama de Kagome.

De imediato se arrependeu das palavras.

– Estás do lado dela?! Perfeito! Agora vão para a outra era os dois e deixem-me estudar!

Inuyasha encolheu-se. Porque Kagome estava tão azeda com ele? Não podia ser só por causa da Takara.

– Kagome, não falas comigo desde que encontramos a Takara na cantina. Estás brava, porquê? Eu juro que não fui eu que a trouxe, ela veio sozinha. Eu não podia trazê-la às escondidas, podia? Nós não combinamos nada, então, compreendo que estejas chateada com a Takara, já que é a primeira vez dela e tals, mas eu pensei que ao fim deste tempo todo já me tivesses perdoado. Poxa, eu já vim aqui tantas vezes e tu nunca deixas-te de me falar como agora.

Kagome carregou com tanta força o lápis que partiu o bico de carvão.

– Não parecias precisar de companhia quando estavas lá, rodeado por aquelas piranhas!

Inuyasha arregalou os olhos dourados. Agora sim, tinha sido apanhado de surpresa.

«Porque Kagome tem de ser tão complicada. Pior que ainda não percebi porque ela está zangada comigo, fala coisas sem sentido. Piranhas? Não tinha estado a pescar piranhas em nenhum rio e mesmo que tivesse estado, porque Kagome ficaria chateada?»

Kagome desistiu da equação e lançou-se de costas na sua cama macia e acolchoada. Os olhos pararam por alguma razão numa moldura que ela tinha, rodeada de estrelas. A moldura suportava uma fotografia da sua família, junto à árvore sagrada. A mãe, o avô, ela e o irmãozinho Souta. Todos juntos, com roupas festivas e grandes sorrisos.

– Gostas muito deles, não é? – Perguntou Inuyasha, tristemente.

– São a minha família! – Respondeu Kagome simplesmente.

Depois virou-se para Inuyasha e reparou que tinha as orelhas levemente pendentes.

– Que foi?

– Vou sentir a tua falta! Quando a joia for destruída, o poço ficará selado para sempre e vais ficar aqui, na era aonde verdadeiramente pertences. Onde a tua família está!

Verdade. Kagome nunca tinha pensado nisso.

«Eu quero ficar com a minha família... mas também quero ficar com o Inuyasha»

– Ainda vai... demorar muito tempo para encontrarmos e completarmos a joia. E as coisas mudam. Talvez não tenha de haver uma despedida.

No fundo, Kagome sabia que iria ter de se separar de alguém que amava. E o cérebro começava já a protestar:

«Escolhe, escolhe,...»

Enquanto que o coração sofria só de pensar nas possibilidades.

– Disse que iria proteger-te até Naraku ser destruído. Não vou deixar que aquele maldito te machuque, nem a nenhum dos meus amigos. Mas depois, não posso prometer mais que isto. Não te posso proteger para sempre e vou sentir falta disso.

Kagome reparou que eles estavam muito próximos. Mas nem pensou em se afastar. Mergulhou nos olhos dourados como se fosse a última vez que o pudesse fazer. Inuyasha também aproveitava o momento. Os doces olhos castanhos como chocolate, o cheiro inebriante da humana que queria proteger para sempre, o rosto corado que a fazia parecer tão inocente (muito diferente da Kagome demónio que às vezes surge, aquela que o manda sentar e que grita até ficar muda), tudo nela pedia para Inuyasha quebrar a pouca distância que os separava e clamar os seus lábios para si.

– Por ora isso me faz feliz. Arigato, Inuyasha, por me protegeres...

Ela fechou os olhos como se desse permissão, esperando o beijo de Inuyasha que nunca veio, porque nesse momento Takara entrou a gritar no quarto.

– AAAAAAUGH! Socorro! Socorro! – Guinou na madeira polida e depois reparou na proximidade entre o casal. – Desculpem... interrompi alguma coisa?

Os dois ficaram encarnados.

– Não estava a acontecer nada! – Garantiu Inuyasha.

– Nada, nada! Nós estávamos a conversar! – Acrescentou Kagome, tentando não gaguejar. O resultado foi uma voz aguda e que soava claramente a falso.

Takara estava com parte do cabelo molhado e as costas pareciam uma cascata, formando uma poça no chão. Deitava também um leve vapor.

«Parece um fogão!» Pensou aquela parte do nosso cérebro, aquela parte que normalmente só pensa disparate nas piores alturas.

Kagome expulsou o pensamento e tratou de perguntar.

– O que aconteceu? Porque estavas a gritar?

Takara ainda estava ofegante e os olhos retratavam uns de gatinha assustada.

– Há um Yokai terrível na casa de banho. Ele cospe fogo!

Kagome foi com Takara à casa de banho, ver o Yokai. Não estava assustada porque já calculava o que tinha acontecido.

– Isto... chama-se chuveiro! Não é um Yokai, é um aparelho que serve para tirar mais facilmente a sujidade do nosso corpo. Não cospe fogo, mas água. Puseste o esquentador no máximo e é por isso que estás toda escaldada.

Takara manteve, mesmo assim, uma distância segura e foi difícil convencê-la a voltar para a banheira e tomar um banho de verdade. Por fim, com muita paciência da parte de Kagome e da sua mãe, Takara saiu da casa de banho limpa e brilhante.

A senhora Higurashi levou-a para o quarto de Kagome (a mesma expulsou Inuyasha com desenvoltura) e sentou-a na cama. Espalhou uma pomada para queimaduras nas costas da rapariga. Takara vestiu-se novamente, uma camisola rosa clarinho e uma saia de um tom de rosa mais forte. A camisola tinha um coração a lantejolas.

Suspirou pesadamente, tentando ignorar o ardor nas costas que a impelia a tirar de novo a camisola.

Nesse momento Souta entrou a correr em casa, cheio de lama pois tinha caído várias vezes no chão, gritando coisas incompreensíveis.

Takara desceu as escadas no momento em que Souta conseguia dizer:

– Yokais! Há Yokais a saírem do poço!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou tentar não demorar muito a postar o próximo. Mas não posso prometer. Eu escrevo quando me apetece... ou melhor, quando tenho criatividade e tempo.
O tempo não depende de vocês, mas a criatividade é estimulada pelos comentários.
Até à próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Corpo de Humana... Coração de Yokai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.