Corpo de Humana... Coração de Yokai escrita por Caramelkitty


Capítulo 10
O acordar de um poder absoluto


Notas iniciais do capítulo

Hum... Olá?
Não taquem tijolo em mim, please! Eu sei que demorei, mas o importante é que eu não abandonei a fic, certo? Eu prometo que vou tentar ser mais rápida a postar o próximo. E desculpem se o início está um pouquinho chato, eu perdi a prática de escrever esta fic. Mas vou recuperando ao longo do capítulo.
P.S: Não pensem besteira quando virem a imagem de cap, tá bem?



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Sob um castanheiro centenário o grupo repousava num silêncio que de fora podia parecer tranquilo e pacífico, mas quem lidava de perto com os 7 podia perceber que era na verdade um silêncio de tensão e descontentamento.

Kagome enrolava uma ligadura no braço direito de Takara, onde ela apresentava o seu mais recente ferimento, apertando com alguma brutalidade, fazendo a menina soltar leves queixumes.

Shippo seguiu com os olhos o trajeto de uma folha que foi arrancada do seu local de origem pelo vento. Soltou um longo e entediado suspiro.

– Mas alguém pode me dizer o que aconteceu? Porque estão todos a olharem para o Inuyasha e para a Takara com esse ar de fúria? – Perguntou o pequeno Youkai raposa que era o único a quem ainda não tinham contado a história.

Sango decidiu tomar a palavra e explicou tudo o que tinha acontecido na era atual. Takara conseguia seguir em pensamento cada frase que saía da boca de Sango, como se estivesse a reviver a cena uma vez mais.

– Há Yokais a saírem do poço! – Gritava Souta, o irmãozinho da Sango.

– O quê? Yokais?! – Exclamou Kagome, apavorada, precipitando-se para o exterior da casa.

Takara e Inuyasha foram mais rápidos e viram primeiramente o grupo enorme de Yokais que saíam do poço como enormes lagartixas despertas. Elevavam-se em direção a um novo céu, respirando novo ar, aspirando a novos horizontes. Takara e Inuyasha estavam abismados. Kagome chegou a correr e soltou um grito ao ver o seu mundo ser invadido por aquelas detestáveis criaturas. E a pergunta rondava na cabeça de todos: Como? Como é que Yokais que não possuíam fragmentos da joia tinham conseguido passar para a era atual? A resposta também surgiu ao mesmo tempo na cabeça de todos. Algo tinha quebrado o lacre do poço. Algo como...

– O fragmento da Takara! – Concluiu Kagome apontando para a luz branca que só ela conseguia ver, oriunda do bolso escondido da menina. – A energia do fragmento deve ser tão forte que quebrou o lacre do poço e agora, todos podem passar de uma era para a outra. – Levou as mãos à cabeça e deixou-se cair de joelhos no chão, em modo desespero total. – QUE DESASTRE!

Inuyasha sacou da Tesaiga e colocou o corpo em posição de ataque.

– Kagome, Takara, voltem para dentro, eu vou acabar com estes imbecis!

Takara avançou alguns metros.

– Eu também quero ajudar! – Afirmou com convicção, as garras já a sobressaírem da sua pele macia de humana.

– Não, é demasiado perigoso. Não quero ter de perder tempo a proteger ninguém.

Takara lançou um olhar cortante para Inuyasha.

– Eu não preciso que ninguém me proteja! – Protestou indignada. – Consigo matar estes Yokais com facilidade.

Inuyasha revirou os olhos.

– Feh, eu cá bem vi no outro dia como consegues derrotar facilmente Yokais. – Constatou, lembrando a Takara o episódio do Yokai aracnídeo que a ferira. – Aposto que nunca mataste nenhum, por isso para de te armares em forte e deixa-me fazer isto bem. Não é uma brincadeira!

Takara rangeu os dentes.

– Eu não sou fraca! Cala a boca, estúpido hanyou! Arranja-me uma espada como essa e verás que faço melhor que tu. – Exaltou-se a garota, esquecendo o tamanho exagerado da tesaiga que provavelmente a levaria ao chão.

– É mesmo, é? – Volveu Inuyasha, trocista.

– VOCÊS PODEM PARAR DE DISCUTIR? – Berrou Kagome em modo demónio, com uma aura de fogo maligno a emanar da superfície da sua pele. – É que, caso não tenham reparado... HÁ UM YOKAI A DESTRUIR O TELHADO DA MINHA CASA!

Nesse momento, um Yokai com cabeça de dragão e com um corpo revestido de espinhos afiados, passou com toda a velocidade por entre os dois briguentos, fazendo-os cair de costas no chão.

– Teme. – Murmurou Inuyasha, verificando o ferimento que um grande espigão lhe deixara na barriga.

Takara, do outro lado do Yokai, tinha tido uma reação mais imediata e protegeu o seu corpo levantando um braço que ficou completamente ensanguentado. Praguejou com a facilidade com que os espigões, dentes e garras dos Yokais conseguiam ferir a pele de um humano.

Inuyasha levantou-se do chão e voltou a pegar a tesaiga, trenspassando o Yokai dragão antes que este concluísse a sua fuga. Avançou, no instante seguinte, para um novo Yokai que o tentava atacar da direita. Takara conseguiu ajudar Inuyasha a derrotar os Yokais, mas não do jeito que ela esperava. Na verdade, a garota serviu de isca a maior parte do tempo.

Devido ao tempo que tinham passado a discutir e à lentidão que os ferimentos de ambos provocaram, os Yokais, apesar de fracos e simples, conseguiram um bom avanço e destruíram metade do telhado da casa de Kagome.

No final, uma confusão de telhas, pó branco e destroços de madeira, estavam espalhados pela cozinha e pela sala de estar, fazendo a casa parecer um retrato do mais puro caus. Como se não bastasse, novos Yokais tentaram sair do poço, tendo suas gargantas imediatamente cortadas pela lâmina afiada da tesaiga.

– Eles não param de aparecer! Maldição! – Reclamava Inuyasha, desferindo novos golpes. – Kagome, dá um jeito de voltar a lacrar o poço!

– M-m-as, eu não sei como! – Retorquiu gaguejando atrapalhada ante a própria impotência.

– És ou não uma sacerdotisa? Está-te no sangue! – Kagome tentou reclamar novamente, mas Inuyasha não deu hipótese. Olhou-a diretamente nos olhos com uma determinação que era impossível de ignorar. – Eu confio em ti!

Kagome não conseguiu fazer nada ante esta afirmação, por isso arrastou Takara até ao poço come-ossos e obrigou-a a saltar primeiro. Quando estavam já as duas na outra era, Kagome pediu o fragmento branco, que foi dado com muita relutância da parte de Takara. Se não fosse a menina a causadora de toda aquela desgraça, podem crer que Takara não sujeitaria a separação.

Kagome observou o fragmento quente brilhante nas suas mãos e ficou espantada com o poder de um fragmento tão fino e pequeno como ele era. Não obstante, não era tempo para divagações. Kagome fechou a mão e pressionou com toda a força o fragmento no terreno que separava as duas realidades. A energia que se espalhara por cada filamento de madeira do poço regressou lentamente ao fragmento, deixando-o no seu estado original. O gradiente de poder voltou a estabilizar-se e o fragmento voltou a aparentar uma energia potencial normal. Aparentar, porque agora, tanto Kagome como Takara e Inuyasha sabiam que a energia parecia brotar do objeto como se este fosse uma fonte de poder inesgotável.

Ao voltar a subir, Kagome deparou-se com uma nova total calma. Os Yokais tinham parado de irromper das árvores atraídos pelo poder tão inacessível como irresistível, o vento parara de soprar endemoinhado com um epicentro no poço. A desestabilidade de magia que quase lhe tirara os sentidos, finalmente, se desvanecera. Kagome ouviu os chamados de Miroku e Sango e dirigiu-se na direção dos amigos. Passou por Takara sem uma palavra, apenas devolveu o fragmento na mão ansiosa da rapariga que só se sentiu segura com o seu legado em contacto com o corpo, novamente.

– Ah, então foi isso? – Pronunciou lentamente Shippo. – O cabeça dura do Inuyasha e a Takara ficaram a discutir e deixaram que a casa da Kagome fosse destruída. Por isso que a Kagome está zangada com vocês, ela tem razão em estar zangada! Se eu fosse ela, mandava o Inuyasha sentar!

As orelhas do hanyou cachorro tremelicaram em nervosismo.

– Cala a boca, pirralho. Não piores a situação! Além disso, eu e a Takara já reconstruímos o telhado da casa da Kagome. – Defendeu-se Inuyasha.

Kagome deu mais um puxão violento sobre o braço de Takara e voltou-se para o Yokai.

– Pois, mas quem pagou as novas telhas fui eu! Foi com dinheiro retirado da minha mesada, que droga! QUE DROGA! – Kagome respirou fundo. – Inuyasha...

O hanyou temeu o pior. Afastou-se da humana e tapou as orelhas com força. Mesmo assim, conseguiu ouvir as palavras seguintes, abafadas, como se viessem de dentro de uma panela com tampa.

– Tira a camisa!

– Quê?

Inuyasha estranhou a afirmação.

– É que eu vi que o Yokai te feriu! É para eu poder cuidar do ferimento! Só por isso! – Explicou Kagome, meio sem graça.

– Ah, claro! – Respondeu Inuyasha corando quase imperceptivelmente. – Agradeço a preocupação, mas nós, Yokais, recuperamos mais rápido que os humanos, isto é só um ferimento de nada.

– Inuyasha, tira a camisa! – Ordenou Kagome firmemente, empunhando um esparadrapo branco e um desinfectante. – Senão eu vou ter que te obrigar!

Inuyasha acabou por ceder, porque Kagome não iria desistir. Ele podia escolher ser tratado pacificamente, ou de cara no chão após ter recebido uns vinte oswari. Despiu primeiro o kimono vermelho e depois a camisa branca que usava por baixo, ficando de tronco nu. Kagome deixou que a dominasse seu lado de enfermeira, dedicou-se totalmente à ferida, limpou o sangue, desinfectou com álcool (recebendo algumas queixas de Inuyasha, pois o produto ardia) e depois começou a tapar o ferimento com as bandagens de linho branco e esterilizado.

Inuyasha não compreendia porquê todo aquele trabalho. No dia seguinte já não estaria na sua barriga uma simples cicatriz para o relembrar do incidente. Foi quando reparou que Kagome parara de enrolar as faixas e ficara simplesmente a olhar para ele, perdida em pensamentos que o Hanyou daria tudo para conseguir ler.

– Kagome? – Chamou Inuyasha. Ela despertou do transe e olhou nos seus olhos âmbar, ruborizando em seguida. – No que estavas a pensar?

Ela abanou a cabeça como num «deixa para lá»

– Nada de importante! – Replicou voltando a enrolar o ferimento com os esparadrapos.

– Mas o que era? – Insistiu Inuyasha, querendo ter a confirmação.

– Já disse que não era nada de importante! – Voltou a responder Kagome, já com um tom perigoso.

– Mas o que... Ai, Ai, ai, não apertes tanto!

Kagome aliviou um pouco a pressão das ligaduras mas começou a falar incessantemente, deixando totalmente de lado, propositadamente, o tema da sua abstração anterior, porque não queria de maneira nenhuma ter de dizer ao Hanyou que ficara a admirar o seu corpo bem delineado e musculoso. Já era mau o bastante ter corado.

******************************************************************************

Longe do local onde Inuyasha e os seus amigos recuperavam da dura batalha, um castelo escondido erguia-se numa terra infértil e distante de coisa alguma. Esta construção fora na antiguidade um local agradável com luz e risos, mas atualmente era apenas um local onde reinava a podridão. Corpos sem vida eram deixados ao acaso, encostados em paredes, no meio dos corredores, meio devorados por arbustos. As moscas e as larvas aproveitavam-se da carne pútrida em abundância, decompondo os mortos e libertando um cheiro fétido. As ratazanas passavam a correr sobre as pedras do castelo, demonstrando a falta de higiene que o lugar continha.

Kagura avançava por esses mesmos corredores, olhando em volta com desagrado, escondendo o rosto com o leque vermelho e branco, tentando inutilmente que o cheiro pestilento a morte não lhe entrasse pelas narinas. Odiava aquele castelo, onde o seu mestre se escondia. Odiava ter de passar por uma dúzia de corredores nojentos quando era convocada por ele. Odiava o próprio Naraku em si, aquele que a criara, aquele que tinha o poder de a matar com a facilidade com que se parte um palito.

Desceu mais um lance de escadas e chegou nas masmorras do castelo. Naraku tinha o seu ponto de conforto ali mesmo, no pior lugar do castelo. O mais húmido e o mais frio. Na divisão do antigo guarda, Naraku instalara duas poltronas e um tapete persa. Kagura bateu à porta e esperou que lhe permitissem a entrada.

– Entre! – Ouviu-se a odiosa voz de Naraku. – Ah, Kagura! – Saudou quando a viu entrar. Esperava claramente boas notícias. – Descobriste o fragmento?

– Não. Quando cheguei ao poço come-ossos, a sua energia tinha se dissipado, sem deixar qualquer rastro. O poço está selado, eu experimentei tentar passar por ele.

Naraku deu um sorriso com a informação. Não parecia minimamente consternado com a localização dispersa do seu alvo. Naraku gostava de desafios. Pegou num cálice de vinho tinto e sorveu deliciado.

– Para mim, já basta a informação de que ele existe! Pensei que o fragmento branco tinha desaparecido desta dimensão quando caiu naquele abismo sem fundo 7 anos atrás. Podes calcular a minha alegria quando senti hoje a energia inconfundível do mesmo. Sonhei tanto com o poder de uma joia de quatro almas completa que pensei que daria em louco sem o fragmento que a complementa. Posso voltar a dormir sossegado, agora que sei que estou a um passo de conseguir trazê-lo a mim, novamente. Descobre quem tem o fragmento da joia e avisa-me rapidamente. Se quem o tiver, descobrir o imenso poder que tem em mãos e o aprender a utilizar, pode tornar-se um perigo para mim.

– Mas Naraku, eu nem sei onde começar a procurar!

– No local onde foi libertada a energia, obviamente! – Respondeu Naraku com desprezo. – Não estou à espera que quem levou o fragmento regresse ao local, mas estarás por perto quando for liberta a energia novamente. Isso acontecerá! Agora que o poder do fragmento foi desperto, não é tão cedo que pode voltar à estabilidade. Nem eu quero que volte! Quero o fragmento para mim, com toda a energia que ele poderá oferecer-me.

Naraku terminou o seu discurso e dispensou Kagura que subitamente começara a incomodá-lo com a sua presença. Naraku queria ficar sozinho, a apreciar o momento. Acabou de beber todo o vinho que a taça continha e ficou a observar o cálice relembrando as palavras que o sábio usara para descrever o cristal:

«Branco como a neve pura, brilhante como o cristal e mais poderoso que tudo o que já alguma vez imaginou. Esse é o fragmento branco da joia de quatro almas! Aquele que pode salvar Midoriko na sua luta constante contra os Yokais malignos ou aquele que a pode condenar a um mundo de trevas e obscuridão.»


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Notas finais do capítulo

Comentem, onegai ^ ^



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