Greycity- Elementis Magi escrita por Selaya


Capítulo 9
Hainu


Notas iniciais do capítulo

Bom, o capítulo nem teve muita ação e tal, mas tá... Espero que gostem.



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Convenhamos, todos sabíamos o que estava acontecendo ali. Thalia descobrira o segredo que seu pai escondera a anos: a existência dos luminosos e que sua filha também era uma. Talvez fosse duro dizer que alguém tão próximo pertenceria a raça imunda, mais duro do que ter uma filha tola como Elizabeth.

Miriã estava desacordada e Toby, bem frio... se é que vocês entendem. Já a morena desesperada, tentava de alguma forma aumentar a temperatura corporal do outro, com a lareira acesa. Céus isso demoraria horas! E ela queria respostas ali e agora. Ela estava a ponto de jogar uma esfera na face do outro, afinal, fogo não queima fogo não é? Pois bem, preparou-se para isso, mas então bateram na porta.

— Thalia, está perdendo a melhor festa da sua vida! Liz está dançando, imagina isso, a santa descendo até o chão! – disse Chris animado.

A morena assentiu e verificou de trancar as janelas e a porta antes de sair. Bom, Toby não acordaria tão cedo e ela não poderia perder Bel dançando! Sim, a loira estava ótima, a descarga elétrica não foi o suficiente para matá-la... Bem, isso não importava agora. Todos estavam numa rodinha gritando, cantando ou dançando. Alguns, bebendo mais do que o limite. Sentiu-se ser puxada e já sabia quem era:

— Você pode me chamar, sem problemas, não precisa ficar me arrastando. –bufou para o acastanhado.

Para a surpresa da outra, Isaac não disse uma resposta engraçadinha para deixá-la vermelha. Ele apenas sorriu e umedeceu os lábios. Tentador, viciante, sexy; ela pensou.

— Eu acho que tenho que ir... Não que eu tenha alguém pra regular a hora que eu chego e tal, mas... Bom, eu tenho. Meu pai me ligará de manhãzinha. – disse olhando atentamente para os detalhes do rosto da outra: como ela não conseguia olhar em seus olhos por muito tempo, como suas sobrancelhas se arqueavam quando ela o via e seu sorriso contorcido que deixava levemente suas covinhas aparecendo.

— Não... Fica! Dorme aqui, bro. Você tem celular para quê? Quer dizer... –disse fazendo carinha fofa.

— Céus, que proposta tentadora... Dona Thalia, isso foi muito malicioso. Dormir aqui? Isso porque ontem nem queria que eu entrasse... Acho que aceitarei sua ótima recepção, mas só se... Eu puder ficar no seu quarto. E claro, que tu durma de camisola, afinal belas pernas não devem ser escondidas, esse vestido que diga... – deu uma gargalhada talvez um tanto escandalosa.

— ISAAC! Céus, você leva tudo para a malícia! Minha camisola? NEM PENSAR. É melhor que tu vá embora mesmo... Não, espera. Ai droga! – resmungou a outra, corando.

Ele só riu e segurou a mão dela, depositando um beijo nela e puxando-a vagarosamente para não machucá-la, subiu as escadas de degrau em degrau enquanto a outra não falava nada até chegar na porta de seu quarto. Só quando ele tocou na maçaneta que Thalia lembrou-se do casal perigo. Ótimo, agora o acastanhado acharia que a morena era algum tipo de sequestradora. Mas surpreendeu-se ao abrir a porta e não encontrar nada ali, só a janela aberta. Thalia não sabia se suspirava aliviada ou com raiva. Acordou para o mundo quando Isaac jogou-se na cama, tirando apenas os sapatos. Ela bufou e murmurou “fique a vontade, se é que é possível” e foi para o banheiro. A festa continuou e ela não iria parar, todos estavam se divertindo tanto... Céus, esperava que ninguém quebrasse os vasos chineses de seu pai. Mas Liz estava lá, ela cuidaria de tudo. No banho, tentou refletir como cada vez que sabia alguma coisa sobre os magos, tudo ficava mais distante e isso deixava-a tão cansada. Depois de garantir que estava cheirando a flores, ela se trocou colocando um conjunto de pijamas, com uma camisa e um shortinhos de bolinhas. Saiu do banheiro enxugando os fios negros ainda molhados.

— Wow, que perfeita! Não precisava se arrumar assim para mim, Dona Thalia. Eu te beijaria até de cabelo em pé. Embora eu prefiro que deixe-o arrumado... – murmurou rindo.

A morena arqueou a sobrancelha. Não era para ser perfeita, nem sexy, apenas... infantil? Ela trancou a porta para garantir que ninguém entrasse, tirassem uma foto e espalhassem para a escola inteira como em seriados e filmes. Ouviu a risada do acastanhado e apenas balançou a cabeça negativamente, desfazendo-se das pantufas e da toalha super-mega-molhada. Fez questão de deitar-se para o lado oposto do que o acastanhado, encará-lo seria muito vergonhoso. Mas ele fez questão de virá-la. Ela resmungou “vadio” e tentou dormir, mas ele não iria parar. Então ela virou. Ele aproximou-se dela e depositou um beijo em sua testa, mas ela puxou-o para perto selando um beijo novamente, naturalmente, carinhosamente, onde suas línguas mantinham um ritmo perfeito e uma respiração descompassada. Ao parar ele enrolou um fio negro da outra em seu indicador, depois soltando-o e finalmente fechando lentamente a pálpebra. Ela olhou-o e virou para o outro lado, mas se acomodou no corpo do rapaz, juntando sua cabeça na clavícula deste. Então dormiu, tendo alguns pesadelos com a seita e os magos negros.

Acordou soando frio. Isaac não estava mais lá e pelo visto, a festa havia parado. Abriu a janela e viu uma piscina de plástico no jardim, mesmo que não tenha nenhuma. Na água, bitucas de cigarro, uma boneca inflável e em volta variadas garrafas de uísque, vodka e cervejas. Colocou um roupão e desceu as escadas deparando-se com vários adolescentes dormindo, alguns em situações comprometedoras. Perucas, batons e brincos em homens... Chris sem camisa. Lizabel no fim de um montinho de jogadores de futebol. Wow! Que festança ela perdera. Dirigiu-se a cozinha onde preparava um café, seria necessário muito para a ressaca daqueles jovens malucos. Mas encontrou seu pai na cozinha.

— Preciso conversar com o senhor... Não precisa esconder mais nada. Eu sei que vou morrer. – resmungou.

Primeiramente ele fez uma cara de choque, depois contorceu o rosto em fúria. Pegou as panelas mais próximas e começou a bater nelas com uma colher de pau. Aos poucos eles iam levantando-se como uns zumbis. Edmund indicava a porta e fazia questão de agradecer. Quem tomaria todo aquele café? Ok, era hora de ter uma conversa séria. Tudo ficou tão vazio sem aqueles jovens que chegou a causar arrepios em Thalia porque essa era a hora da verdade. Ed começou a falar:

— Você sabe, gosto da cultura oriental. Não me interrompa, eu vou falar. Quando eu viajei para o Japão fiquei sabendo da lenda chamada Hainu. Hainu era um cão alado, ele era forte e grande, ninguém conseguia intimidar. Mesmo em guerras, mesmo o exército não conseguiu pará-lo. Centenas de homens armados e nenhum conseguia acertar Hainu porque ele era ágil, valente, resistente, ele rosnava e dava saltos altos, literalmente voava com a menor preocupação. Hainu não teve medo de morrer, seu único medo era ver aquela cidade, a sua cidade Chikugo, destruída. Alguns dizem que Hainu só foi detido com uma bomba. Outros dizem, que um soldado adotou-o até ele partir novamente para os céus. Quem irá saber? Nem mesmo Hainu sabia se ele viveria, eles tinham armas, centenas de soldados e ele era só um cão voador. Mas ele lutou. Você é Hainu, Thalia. Você tem um exército contra você. A seita, o clã dos magos negros, e até pessoas que não tem nada com nada, como Miriã. Você precisa decidir: você luta ou você desiste. Se você desistir, se tornará um mago negro, aliada daquele que matou sua mãe! Se você lutar, vai arcar com os riscos muito prováveis de você morrer, de eu perder mais alguém por culpa dessa maldição! É quase impossível, mas ainda tem uma chance. Eles farão igual o que fizeram com as bruxas de salém, enforcarão os luminosos e depois jogarão eles na fogueira. Igual ao que os tolos fizeram! Não há como fugir. Mas há como vencê-los: você tem três elementos a mais que eles. – disse suspirando fundo, e embora não quisesse demonstrar, seus olhos mantinham-se marejados.

— Só que eu não posso fazer isso tudo sozinha! Eu preciso de ajuda, eu não sei nem como começar! Tenho menos de 10 dias para uma luta com ninguém menos que o mago mais poderoso que eu já vi. Eu não sei o que fazer... Me salva, pai! Não me deixa morrer igual a mamãe... – exclamou enquanto as lágrimas rolavam por suas têmporas.

— E você vai ter. Quatro elementos, quatro treinadores. Eu me encarrego do fogo, a morena da terra, o namorado dela do gelo e do ar. Eu não vou perder mais ninguém, principalmente você. É aqui que a jornada começa Thalia, temos praticamente um mês para a convenção. Na seita são aproximadamente dez membros, sendo o mais forte, o filho do líder, Logan. Ele é completamente sadista e há quem diga que suas olheiras são pela sua falta de sono e interesse em criar planos mirabolantes de como torturar alguém sem que este morra. Joseph é o líder, mas ele é velho demais. Nós, magos brancos, vivemos por muito tempo, um tempo superior que os humanos, mas não somos imortais.

— Pai, acho que o senhor esqueceu que o casal perigo me odeia. E que um mês é praticamente nada. É difícil ter esperanças assim. – murmurou.

— Eles não devem te odiar. Eles devem ter medo de você. A morena da voz nasalada será extremamente fácil, agora o do topete não. Embora ele pareça muito idiota, acho que não é. Talvez queria alguma ajuda...

— Entendo. Sim, preciso, mas do momento não do senhor... Se me permite, irei começar de agora. – disse dando um sorriso de canto.

Ao mais velho assentir, Thalia correu para cima e se trocou muito rapidamente: um shorts jeans negro, uma camisa larga e cinza com um all star meio cano. Mal tomou café e já saiu correndo pela porta, bateu na porta duas ou cinco vezes, na verdade foram três mas parecia uma eternidade. Então atenderam:

— Droga, adolescentes idiotas! Não, espera, Thalia... Jovem idiota! Está cedo demais. Eu estava dormindo, já que essa sua festa de crianças idiotas não me deixou dormir! Lizabel mal chegou em casa ainda. Se eu souber que ela aprontou... – resmungou a loira enquanto fazia um gesto de mostrar o dedo do meio para a morena.

— É um prazer te ver também, Elizabeth. Eu preciso da sua ajuda e você não pode negar, afinal eu salvei sua vida!

— Vai jogar na cara que salvou a vida da sua melhor amiga? Nossa, grande pessoa você. – rosnou a outra.

— Não, Beth. Eu salvaria Lizabel de qualquer forma, eu a tiraria dali mesmo que custasse a minha vida. Mas você não. Eu até pensei em te deixar lá. Mas te levei pro hospital e olha, você tem marcas... Mas está viva. – bufou cruzando os braços.

A loira assentiu vencida e Thalia não perdeu a chance de contar o seu plano mirabolante em pouco tempo. Ao ter certeza que Elizabeth entendeu tudo, puxou-a pelo braço e chamou um táxi. Destino: Casa do perigo. E a viagem de meia hora pareceu uma eternidade. E então chegaram.

Uma música alta que Thalia identificou como algum rock bem antigo mostrou que eles estavam em sua própria festa. A casa era grande demais para duas pessoas só, provavelmente seria uma irmandade como todas as faculdades tem. Isso seria um problema... Mas não custa tentar a sorte. Subiu, obviamente não olhando para trás, uma árvore com dificuldade, que a levaria para a janela do quarto principal. Já tinha visto na internet não só o endereço como a planta do local, já que eles tinham colocado á venda pelo atraso de aluguel, mas logo retiraram sem dar explicações. Com um binóculo em mãos, percebeu que ambas partes estavam presentes no quarto... Num momento bem íntimo, aliás. Não importava.

— Desamarra a corda e pendura o gancho na calha! Quando eles estiverem ocupados, entrarei pela porta, sou velha demais para essas aventuras, querida. – resmungou Beth.

A morena rosnou e desamarrou cuidadosamente a corda, com um tanto de medo e respiração acelerada pela ação. Tentou de todas as formas encaixar o pequeno gancho na calha mas não prendia e quando prendia escapava, não sendo seguro. Mas nada estava sendo seguro no momento e num momento de impulso, jogou-o para o alto, encaixando-o e pulou o mais rápido possível, quebrando um pouco do vidro da janela que mantinha-se entreaberta. Com alguns ferimentos causados pelo corte dos vidros, tentou esconder a dor, desafiando-os.

— Olha quem chegou novamente. Acho que vocês mexeram com a pessoa errada. –disse dando um largo sorriso.

Miriã que no momento estava apenas de roupas íntimas deu uma gargalhada alta e exclamou quase gritando:

— Tyler, pegue essa garota ago-ra! Nem vou perder meu tempo, minhas unhas estão secando!

Toby partiu para cima. Agora, ele não tinha mais segredos a esconder e podia usar todos os seus poderes. Seus olhos demonstravam a ira que ele sentia. Sem mais nem menos ele pegou-a pelo braço e jogou Thalia no chão, fazendo com que plantas surgissem e me apertassem como um cinto, apontou uma esfera celestial para ela. E então Elizabeth entrou, dando uma cotovelada no rapaz. Indicou para que Thalia partisse para a morena e foi o que ela fez. Não queria machucá-la... Não muito. Mas ela fez com que grandes plantas surgissem, que não me deixavam me mover. Fez também com que Thalia ficasse suja de terra. Mas ela só pensou no fogo para que a planta sumisse e nas geleiras, soltando uma esfera que por poucos centímetros encontraria a parede, mas por um milagre ela acertou, fazendo com que ela ficasse bem parada, só conseguindo mover-se da cintura para cima. Olhou para trás e viu Toby amarrado e piscou para Elizabeth. Ela estava no topo e essa sensação era ótima.

— Vocês sabem do que sou capaz agora. Mas ainda sou uma iniciante, provavelmente perderia para Tyler, quer dizer Toby, como tu preferir ser chamado, imagina para magos superiores. Portanto, eu quero que vocês me treinem. Eu quero vencê-los.

— O que te leva a crer que conseguiria vencer? Você mesmo disse, não ganha de Toby, não há ameaças. Não precisamos perder tempo com você, ou você se junta a eles ou você morre. Céus, espero que isso não molhe meu sapato ao derreter! Esse scarpin é última peça... – murmurou Miriã tentando sem resultados, se mover.

— Eu não venço dele, mas Beth vence. Não é uma ameaça, é uma troca de favores. Vocês me treinam e eu não deixo a loira eletrocultar vocês.

— Bom... Talvez vamos precisar de uma ajudinha também... O que acontece é que, nós temos uma dívida com uns tolos... E, eles tem armas bem grandes e tal... E não podemos usar magia na frente deles... Bom queremos ajuda. – murmurou Tyler contorcendo o rosto, talvez seu nariz estivesse coçando.

— Trato feito, amanhã, ás oito horas. – exclamou Thalia com um sorriso vitorioso no rosto.

— Ás dez. Tenho cabeleireiro ás nove e não vou remarcar. – disse a morena de nariz empinado, reforçando o trato.

Era o início, não de uma amizade, mas de uma parceria. As chances de derrotar a seita ou o clã dos magos negros era miníma... Mas as de Hainu também eram.


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Notas finais do capítulo

Enfim, eu acho essa lenda do Hainu muito lindinha... Só pra esclarecer não sei se tá confuso e tal: Tyler gosta de ser chamado de Toby, eles são a mesma pessoa okay? hue



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