À Sombra da Justiça escrita por BadWolf


Capítulo 27
Algo Para Se Lembrar


Notas iniciais do capítulo

Então, ansiosos para o cap de hoje??
(Essa fanfic tá parecendo uma novela, prometo que não será assim na próxima)

Pessoal, será necessário voltarmos a certos acontecimentos da primeira fanfic "Shalom" (mais exatamente no capítulo 24-25, algo assim...) Deixei uma pequena ponta solta, que será cortada agora (Será que alguém já adivinhou o que é? rsrs...)

Bem, vamos lá. Boa leitura!



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Londres, Inglaterra. 28 de Fevereiro de 1894.

01:20 a.m.




Mr. Sparks tinha sido enfático com Esther quanto à periculosidade de Whitechapel, mas Esther era teimosa demais para obedecer cegamente seu supervisor. Não quando ela tinha um suspeito em potencial, o russo Mikhail, cada vez mais perto de mostrar á ela um esquema envolvendo a prostituição de mulheres russas no reduto da prostituição de Londres. Eram muitas delas enganadas, vindas da Rússia em busca de uma vida melhor e que acabavam nas ruas imundas da cidade, servindo à homens asquerosos em troca de míseros xelins.

Ela estava em um cabaré mambembe, no coração do East End. Decidiu vigiar Mikhail, que agora tomava uma bebida e jogava cartas em uma roda de strip-poker – última sensação no cabaré, esgueirando-se no balcão. Vez ou outra, ela era confundida com alguma prostituta e recebia alguma proposta indecorosa, mas Esther já tinha seus truques para afugentar qualquer um que lhe cobiçasse. Agora ela vigiava atentamente o gigolô, que parecia se divertir com algumas prostitutas.

“E você, Sigerson? Quer?”, foi o que ela escutou, de repente.

Sigerson...

Esther deixou de prestar atenção aos movimentos de Mikhail e viu, no meio de um grupo bastante animado, o homem que ela tinha convivido dois anos atrás. O homem que lhe estendeu a mão em um dos momentos mais difíceis de sua vida, que tinha se tornado, talvez, o único amigo que ela tivera, e cujas esperanças de estar ao seu lado tinham sido enterradas, definitivamente, naquela estação de trem em Paris.

O tempo não parecia ter afetado-o em nada. Ele ainda cultivava a mesma barba, tinha o mesmo sotaque, meio britânico, meio norueguês e os olhos cinzentos penetrantes, sempre atentos, tanto quanto os dela. Ela mal poderia acreditar que ele estava ali, em Londres. Por quê ele não procurou por ela?

“O quê?” – ele perguntou aparentemente distraído com outra coisa.

“Ora, não me diga que você não sabe o que é isso...”

Os demais colegas deles riram. Holmes ficou sério.

“É obvio que sei distinguir cocaína quando estou diante dela.”

Esther arregalou os olhos.

Ele estava consumindo aquela porcaria outra vez...

“Então, meu camarada, se você é adepto, pode juntar-se a nós. Aproveite que estou de bom humor, pois dificilmente alguém iria oferecer-te de graça.”

Para total desapontamento de Esther, Holmes atendeu aos conselhos dos homens daquele grupo e aspirou da droga por algumas vezes, acompanhado de bebida. Àquela altura, Mikhail já tinha saído do cabaré, mas a preocupação de Esther com Holmes lhe fizera abandonar sua investigação.

Já era madrugada alta quando finalmente Holmes saíra do cabaré. Esther decidiu seguir-lhe, não só para verificar se ele chegaria em segurança em casa, mas também para saber por onde ele estava andando. Holmes estava completamente drogado, grogue, mas conseguiu chegar àquela estalagem asquerosa sem maiores problemas, quase por milagre sem cair. Aquele lugar era uma verdadeira pocilga barata de Whitechapel. Ao ver que Holmes tinha uma escada enorme para subir, naquele estado, Esther não pensou duas vezes e subiu-a bem próximo a ele, para impedi-lo de cair e o segurar caso ele se desiquilibrasse. Mas ele conseguiu subir sem ajuda.

Ao vê-lo entrar em seu quarto, Esther sentiu alívio e esperava que ele terminasse aquela noite por ali, caísse em sua cama e dormisse finalmente. Ela já estava dando meia-volta quando, de repente, lembrou-se de um acidente que seu irmão, David, sofrera na Itália, depois de uma noite de bebedeira. Ele foi tomar banho sozinho, escorregou no banheiro e quebrou o braço, além de ter desmaiado na hora. Holmes estava em um estado tão deplorável que, até que estivesse deitado em sua cama, representava perigo a si mesmo.

Ela bufou, um tanto impaciente, e decidida, rompeu todas as barreiras da educação e entrou no quarto de Sigerson, sem bater ou qualquer coisa. Encontrou-o desajeitado, tentando desabotoar sua camisa. Ele parecia surpreso, quase assustado, com sua presença ali.

–Esther?

–Desculpe, Sigerson... - ela disse, ao se dar conta de que tinha cometido uma indelicadeza, e também por perceber que ele estava com a camisa quase aberta.

–O que... Você... – dizia Holmes, alterado.

–Eu também estou surpresa em te encontrar aqui, Sigerson, mas agora você precisa se deitar e...

Para surpresa de Esther, Holmes a beijou avidamente. Nem mesmo em seu namoro com Watson, Esther tinha sido beijada daquela forma, tão apaixonada. Ela estava assustada no princípio, mas acabou cedendo e retornando, desejando que aquele momento não acabasse.

–Sigerson, você está louco? – ela perguntava, sem fôlego.

–Claro que estou, isso não é óbvio? – ele disse, antes de tomar Esther pelos braços outra vez e roubando-lhe mais um beijo.

–Sigerson... Não... – ela disse, ao sentir as mãos de Holmes escorregar em suas costas e ele conduzi-la levemente até sua cama.

–Esther... Por favor, não fuja de mim... - ele disse, enquanto beijava seu pescoço.

–Sigerson... - dizia Esther, quase em um sussurro.

–Fique.

Completamente balançada pelo pedido inesperado de Holmes, Esther passou a retornar seus beijos e a ceder a seus carinhos. Ela jamais imaginara que Sigerson poderia ser tão carinhoso, tão sedento por ela. Ele estava atrapalhado por seu estado entorpecido, tentando desabotoar os botões de seu vestido em vão, mas Esther o ajudava. Mas a paixão entre os dois era tão intensa que mal houvera tempo para retirar por completo as peças de roupa, tendo ambos desabado sobre a cama.

Foi rápido. Ele não parecia seguro – ela desconfiava que aquela fora sua primeira vez – e não parecia muito consciente do que estava fazendo, Misturado ao nervosismo da inexperiência e também à certa ansiedade, sua atuação como amante acabou de maneira um tanto precoce, frustrando o desejo de Esther. Ao fim do ato, Sigerson virou-se para um lado, caindo em sono profundo, deixando Esther sozinha, com seu arrependimento e culpa. Céus, ele estava drogado, ela pensou. Amanhã, ele estará mais arrependido do que você. Aliás, o que ele pensará disso? O que ele pensará de mim? Bastou vê-lo outra vez para que se entregasse assim, tão facilmente, depois do patético adeus que ele lhe deu? Watson não merecia isso. Ele é sempre tão gentil, afetuoso... E agora, ela tinha sido desleal com ele, deitando-se com um homem que nunca lhe mostrou nenhum sentimento mais profundo que a amizade.

Confusa e arrependida, ela levantou-se, pegando seus sapatos e vestindo as poucas peças de roupa que ele fora capaz de tirar de seu corpo, enquanto ela, completamente consciente e decidida a explorá-lo, o tinha despido por completo. Jogou um lençol sobre ele, antes de sair.

Quando estava terminando de cruzar o corredor daquele cortiço imundo, Esther ainda deparou-se com uma mulher de má reputação, que tinha um decote ousado e o olhar malicioso.

–Fez um estrago, hein colega? – pronto. Provavelmente aquela mulherzinha baixa estava pensando que ela era uma prostituta também.

Esther sequer olhou-a nos olhos, e desceu as escadas daquele lugar, desejando que aquela noite fosse apagada definitivamente de sua memória.




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Holmes estava sentado, quando Esther contou-lhe o que se passou naquela madrugada. Ele parecia estar em estado de choque com cada palavra daquela narrativa, estarrecedora e familiar, que ele sabia que seria impossível de ela saber se não tivesse estado lá. O tempo todo, tinha acreditado que passara a noite com Rose Willians, a prostituta vizinha de quarto, que até então gabava-se disso. Certamente, ela estava era caçoando-lhe.

–Não posso acreditar que você não se lembrava disso...

–Eu estava drogado! – exclamou Holmes. – Álcool e drogas... Não tinha total consciência dos meus atos...

–Oh, mas você estava bem o bastante para se deitar comigo... Ainda que não tivesse sido uma maravilha, mas foi o bastante para me engravidar.

Holmes estava vermelho, de nervosismo e também constrangido.

–Na verdade, eu não tinha certeza do que tinha realmente acontecido. Pensei que ia levar essa dúvida para o túmulo... Eu... – Holmes confessou. – Eu pensei que tinha me deitado com uma prostituta.

Esther ficou chocada.

–Você está me comparando à uma prostituta? E você não consegue distinguir uma profissional neste tipo de coisa?

Holmes se irritou. – Distinguir? Esther, eu era virgem até os meus quarenta anos! – ele disse, quase em um sussurro, com vergonha. – Como eu poderia distinguir... Ah, esqueça! – ele decretou, escondendo o rosto entre as mãos.

–O fato, Mr. Holmes, é que sua suspeita era infundada. Foi você quem me engravidou antes do casamento. Não foi John Watson, muito menos uma terceira pessoa, o que foi a hipótese mais absurda que você levantou. Eu estava este tempo todo grávida de meu próprio marido. Satisfeito, The Great Detective?

Ainda atordoado, Holmes suspirou, sendo forçado a reconhecer.

–Eu peço perdão por minhas suspeitas, Esther. Realmente. Eu agi como um completo idiota.

Eu não posso acreditar que me chamei de idiota, analisou Holmes, após deixar a palavra escapulir.

–Realmente, você não foi só um completo idiota, mas também um estúpido, grosseiro, asno, imbecil...

–Chega Esther, acho que já tive o suficiente. – ele suspirou, soltando uma baforada de seu cachimbo. – Mas e quanto a nós dois?

Esther virou-se para ele.

–Que eu me lembre, a última vez que você se referiu a nós dois, foi para me dizer que seu irmão providenciaria a morte de Sigerson, para que eu ficasse livre e seguisse a minha vida... Afinal, nosso casamento tinha sido um erro...

–Esqueça isso. Foi no calor do momento, eu estava furioso em saber que não era o pai da criança, pensando que você tinha me enganado quando decidiu que iríamos começar a ficar juntos, enfim... Mas a senhorita também tem uma parcela de culpa nisto. Por que nunca me contou sobre esta noite?

–Noite? Você deveria chamar aquilo de minutinho, não?

Holmes estremeceu, envergonhado. – Mi-Minutinho?

Esther suspirou, segurando-se para não rir da insegurança de Holmes quanto ao seu próprio desempenho.

–Está vendo por que eu nunca lhe contei sobre isso?

Holmes concordou.

–Eu fui um fiasco, não é?

Esther não suportou a decepção de Holmes e soltou uma risada, deixando-o ainda mais encabulado.

–Por favor, não ria!

–Eu diria um tanto rápido demais. Olha, não vamos mais falar sobre isso, Holmes. Se você não se lembra desta noite, acredite, seu cérebro foi bastante amável em lhe dar esta oportunidade. Pena que eu não tive o mesmo privilégio.

–Ao menos admita que eu melhorei.

Esther o olhou com um semblante interrogativo – o que o deixava ligeiramente assustado. Depois, ela riu.

–Claro que sim, Holmes. As noites que passei com você depois desse... Episódio foram muito melhores. Mas vamos colocar uma pedra sobre isso.

Holmes passou a caminhar de um lado a outro, pela sala.

–Eu sinto sua falta, Esther. Sempre senti. Mesmo sentindo raiva, decepção, eu senti a sua falta, e continuo sentindo.

Ela suspirou. – Eu também.

Ele virou-se para Esther, com os olhos cinzentos iluminados e estreitou os poucos passos de distância que havia entre ambos, naquela sala.

–Eu quero que você volte para mim, Esther.

Os olhos verdes de Esther, também iluminados como os de Holmes, permaneciam concentrados.

–Eu sempre estive aqui, Holmes. Se há alguém que tem que voltar, esse alguém é você.

Ele levou sua mão, timidamente, até sua bochecha. Ignorando que estava em Baker Street, com sua porta prestes a abrir a qualquer momento, Holmes deu em Esther um beijo suave, apaixonado, que logo foi correspondido.

–Eu estou de volta, Esther. Definitivamente.


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Notas finais do capítulo

:O (Minha feição, na metade do cap)
:-) (Minha feição, no final)

Espero que tenha sido assim com vocês, também.

Gente... Então a Esther... Oh, não creio!!
Que malandrinha, Esther!!! Enganou Holmes e Watson direitinho, hein!! rsrs

kkkkkkkkkkkkkkkkk Recuperados? Pois é...

Ah, Holmes, eu nunca mais usava cocaína depois de umas rodadas de bebida se fosse você...
(E nem vou comentar sobre seu desempenho... Era melhor não saber de nada mesmo...)

Então? Gostaram de ver nosso casalzinho junto outra vez, depois de tanto tempo?
Espero que sim!!!

Mas nos próximos caps, algumas coisas irão ameaçar a felicidade de ambos (leia-se Reid, o intrometido, como sempre...) Vocês verão.

Obrigada por acompanharem e depositem sua indignação na caixinha de baixo.



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