Imortais escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 7
Capítulo 6 : Jane




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Os dois mal haviam se apoiado na parede quando White Hall apareceu.

— O reitor quer ter conversar com vocês. - ele informou, sério como de costume.

White era extremamente alto com seus dois metros e tanto. Era negro, tinha olhos cuja íris era laranja, como uma chama, e só o centro do seu olho era preto.

Havia boatos de que quando ficava com raiva, o preto era substituído por vermelho e seus olhos viravam fogo puro. Caius morria de curiosidade de perguntar se isso era verdade e caso fosse, se poderia ver. Contudo, se o guardião se irritava por falarem do seu cabelo ou altura, com certeza se irritaria por comentários sobre sua visão.

— Não faz nem uma hora que ele falou com a gente. - Jane reclarou, claramente irritada. - O que ele quer agora?

— Boa coisa não é. - Caius disse, com desgosto. - Ele rebaixou nossos cargos, estamos em punição e proibidos de deixar a Sede. O que mais ele quer?

— Só se apressem. - ele pediu, desaparecendo.

Caius começou a andar para encontrar o reitor, mas Jane o parou, puxando a barra da camisa dele.

— E a Lana? Não explicamos nada pra ela. Precisamos ficar. - ela pediu, soltando a camisa. - Além do mais, não quero voltar lá. Ele deve ter pensado num castigo melhor.

Caius voltou a se apoiar na parede. Sabia que devia se dirigir o mais rápido possível até seu mestre, porém, nunca gostou muito de seguir líderes ou regras. Gostava da independência e se pudesse, acabaria com toda a hierarquia que estava acima dele.

— Podemos fugir e depois dar uma daquelas desculpas que a gente sempre dá. - Jane o encarou, e Caius riu. - Qual é. Se você não quer ouvir mais um discirso sobre irresponsabilidade, códigos, moral, conduta...

— Tudo bem, me convenceu. não. Mas não vamos sair da Sede, ok? Espera a poeira abaixar.

— Você é quem sabe.

Os dois se concentraram pra se transformar. Para Caius era mais fácil, pois seu corpo era praticamente revestido de água. Se transformar numa pocinha de água e depois ir pro estado gasoso era fácil, era só se evaporar. Mas para Jane virar uma corrente de ar era necessário mais que esforço, ela tinha que se concentrar ao máximo.

Dez minutos depois os dois estavam prontos, e aparentemente Lana também. A garota abriu a porta e não viu ninguém. Caius se perguntou se devia falar com ela, porém, não queria voltar ao seu estado físico ou assustá-la.

Passos foram ouvidos, e logo uma garota loira de maria-chiquinhas veio andando. Caius tinha certeza de que já havia visto a loirinha pelo lugar, mas não se lembrava do nome dela.

— Você é Lana, certo?- A garota começou, se curvando. - Meu nome é Lílian, e serei a responsável por te levar até o conselho.

Se pudesse, Caius teria feito cara de nojo. Mesmo um imortal das mais baixas classes não deveria se curvar a um mero mortal. E depois era ele que não seguia o Livro da Vida.

Lílian, vendo que a outra parecia com receio e desconfiada, sorriu e pegou em uma das mãos de Lana.

— Não tenha medo! Eles vão te explicar tudo.

Lílian saiu puxando uma Lana atordoada atrás de si, e Caius e Jane foram flutuando por outro lado.

Passaram por algumas pessoas que com certeza os teria barrado, e assim que conseguiram sair de dentro da mansão, voltaram a forma normal.

— Acha que ela vai ficar bem? - Jane perguntou enquanto andava, era quase como se nem estivesse enconstando nas folhas espalhadas pelo chão.

— Vai sim, viu que designaram uma ajudante pra ela? - disse Caius, chutando uma pedrinha. - E se ela demorar, nos damos um jeito.

Andaram mais um pouco, até uma árvore enorme. Subiram os galhos até conseguirem ficar o mais alto possível e se sentaram.

— Acha que ela está fingindo? - Perguntou Jane, encostando as costas no tronco. - Quero dizer, é como se ela nem soubesse quem é. Não me lembro de ter lido em nenhuma profecia que nossa "salvadora" não passaria de um bebê chorão.

— Ela me parece a típica garota normal, que vive sua vida pacata em harmonia com sua família perfeita. Se ela for quem pensamos que é, não ligo de onde ela vem ou se segue todas as descrições. Contanto que ela cumpra seu dever, não me importo. E ela está realmente preocupada com a Cecília, não tem como fingir assim.

— Você acha que foram... eles?

—Duvido. Você sabe, Jonathan.

Os dois reviraram os olhos e começaram a rir.

— É meio ridículo essa ideia de que nossa Sede rival sequestrou a princesa. - Jane comentou depois que conseguiu falar. - Ah não ser que eles tenham surtado de vez.

— Não duvido da insanidade deles, mas acho improvável essa teoria.

Ficaram em silêncio por um tempo, até que Jane segurou a mão dele com a sua.

— Como foi? Que ela sumiu, quero dizer. - ela perguntou, baixinho.

Alguns segundos se passaram, e Caius olhou nos olhos dela.

—Foi estranho, sabe?. Ela foi puxada por uma luz e sumiu. - Jane viu um certo traço de dor nos olhos dele, mas logo ele se recompôs. - Tentei rastrear ela e nada. Mas tenho certeza que ela está bem, caso contrário eu sentiria.

—E o que você vai fazer agora? - Jane perguntou.

—Nós vamos achá-la, é claro. Com ou sem o consentimento do reitor.

—Precisamos da garota, Lana. Acha que ela sabe de alguma coisa?

—Não sei. Se ela realmente for Sia... Ela pode nos ajudar um bocado.

Jane fez com que o ar se agitasse e pulou da árvore. Ficou flutuando, sentindo o vento debaixo de seu corpo girar como um motorzinho, amava aquela sensação.

Ela ficou olhando pra Caius. Ele estava com os olhos fechados, sentindo a briza. Jane se aproximou dele pra tirar uma pequena parte do cabelo dele do rosto, mas foi surpreendida quando ele prendeu sua mão na dele.

Jane se soltou do aperto dele e flutuou pra mais longe. Ela empurrou uma corrente de ar na direção dele, fazendo com que ele se desequilibrasse e caísse no chão.

Jane ria alto e encarou o olhar de Caius, que fulminava de raiva.

— Se você não fosse minha amiga...

— Teria levado uma surra de mim? Você sabe que sempre apanha.

Assim que Jane pisou no chão, uma corrente de água a atingiu em cheio. Olhou pra ele, sorrindo. Hora de relaxar um pouco.

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Algumas horas antes, Jane e Caius tinham sido chamados pelo reitor. Justus nunca perguntava qual dos dois tinha feito algo errado ou de quem foi a ideia. Ele era do tipo que chegava brigando e se tivesse com paciência, perguntava depois.

Jane já estava acostunada a levar punições por causa de Caius. Ele aprontava e quando as coisas se complicavam, colocava ela no meio e os dois ficavam igualmente encrencados.

Não que ela achasse isso ruim. O melhor de todas as punições era ficar presa na solitária, uma sala fria e vazia. Ia tantas vezes pra lá que era praticamente seu quarto. Usava aquele tempo pra pensar em paz por um momento, já que fora daquele lugar, Jane não era Jane. Era sempre Jane e Caius.

Amava o melhor amigo, e tinha muitos sentimentos por ele. Era como se fosse uma peça de um quebra cabeça, e apenas ele a completava.

Havia momentos em que considerava isso uma maldição. Caius ter interferido em uma briga e colocado uma humana em seus domínios era um desses momentos. Não foi surpresa nenhuma o reitor brigar com eles.

— Uma vergonha, é isso que os dois são para a sede. E ainda envolvem WhiteHall no meio disso. Acharan que eu não saberia disso? Assim que o dia clarear, haverá um julgamento. Vocês dois e aquela humana vão ver só uma coisa.

Caius odiava receber ordens. Jane conseguia sentir a raiva dele, a vontade de socar coisas. Ela também estava furiosa, só que o motivo era outro.

Sabia que o reitor estava certo no que dizia. Porém, a irritava alguém tão corrupto quanto Justus dar lição de moral em alguém. Hipocrisia era o nome que dava a ele.

— E vocês sujam nossa imagem, como se não bastasse o que aquela traidora...

— Não fala assim dela ! - Caius gritou, interrompendo o longo discurso de Justus.

Jane fez com que Caius se acalmasse e ouviram tudo o que aquele homem tinha a dizer. Achou que seria como das outras vezes, mas se surpreendeu com as últimas palavras dele.

— Estão proibidos de sair da Sede, e quando essa confusão acabar, estarão expulsos.

Jane não se importava tanto assim. Sentiria falta do seu quartinho, claro, mas onde Caius estivesse seria seu lar. Ele, contudo, não recebeu bem a notícia. Tentou distraí-lo de várias formas, mas sentia aquele distúrbio nele. Aquela vontade assassina de matar alguém.

Jane odiava poder sentir tudo o que ele sentia. Mais de uma vez se pegou sentindo o que ele sentia. Ficava irritada, estressada do nada. E só quando examinava bem esses sentimentos que conseguia separar o que era seu e o que era dele.

Caius precisava se divertir um pouco, relaxar. Ou Jane surtaria a qualquer momento.


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