Imortais escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 8
Capítulo 7 : Lana




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Lana abriu os olhos e se assustou: não estava em seu quarto. Olhou ao redor e se viu em um quarto diferente, maior e mais aconchegante que o seu. Aos poucos sua memória foi voltando e ela se lembrou de como viera parar ali. A amiga desaparecida, uma confusão na boate, uma parede de água, uma garota estranha.

Se levantou da cama e começou a observar o quarto mais atentamente. Ele era todo branco, com uma mesinha e um espelho no canto contendo produtos de beleza, um sofá ao lado da cama de casal com lençóis e cobertores brancos e dois guarda-roupas.

Se espriguiçando, foi até a janela e a abriu. O vento gelado batia em seu rosto, mas era uma sensação maravilhosa. Sua cabeça não doía mais, e ela se sentia muito bem. Olhou pra baixo e viu que devia estar no 3º andar daquela enorme casa. Nas paredes do lado de fora haviam muitas trepadeiras, e a vista era maravilhosa. Abaixo, no chão, se via um gramado extenso, e mais distante tinha o que parecia ser uma floresta.

Lana tentou ver até onde ia a floresta, mas não conseguia ver o fim dela. A lua brilhava branca e intensamente no céu estrelado, um céu com mais estrelas do que ela jamais tinha visto. Tudo era tão lindo, parecido com o cenário de algum filme de hollywood. E como se um ímã a tivesse puxado, seu olhar desceu da lua para baixo.

Um homem estava andando distraidamente sobre o gramado, parecendo sem saber ao certo em que direção ir. Pelo que Lana podia ver, usava uma camiseta branza e calças sociais preta.

Lana ficou observando o homem ziguezaguear pelo local por minutos, que mais pareceram horas. Finalmente o homem se decidiu e foi em direção a entrada da floresta, e Lana podia jurar que a lua estava refletindo sua luz diretamente nos cabelos dele.

Quando perdeu o homem de vista, Lana piscou algumas vezes e fechou a janela. Entre sair do quarto procurando respostas e deitar na enorme e aconchegante cama, o sono venceu e ela se pôs a dormir.

***

—Vamos, acorde.

Lana sonhava com a cena que tinha visto ao anoitecer, com a diferença de que ela estava lá no gramado de mãos dadas com aquele homem, quando um barulho na porta e uma voz irritante atrapalhou seu sonho.

—Acorda logo! Não me faça entrar dentro desse quarto!!

Lana rolou na cama e colocou a almofada por cima da cabeça, querendo afastar aquela voz.

—Você não pode... -Ela ouviu outra voz, falando baixinho.

—Eu não ou pedir de novo. - A garota gritou, interrompendo a frase da outra pessoa.

Por que sempre tem alguém pra atrapalhar a melhor parte do meu sonho? Pensou Lana, quando a porta foi aberta com um chute.

Lana bocejou e olhou em direção a porta, onde Caius e Jane estavam parados.

—A porta estava aberta. -Foi só o que disse para os intrusos.

—E o café está na mesa. E a menos que queira enfrentar uma falação dos diabos o dia todo com o estômago vazio, sugiro que ande logo.

—Deixe a menina em paz e não seja tão rabugenta. -Pediu Caius, fingindo tom de censura.

—Fique quieto. Eu estou ajudando ela, você bem sabe o quanto o conselho pode ser insuportável.

—Conselho? - Perguntou Lana, se levantando da cama.

—Você vai ter que comparecer a uma reuniãozinha hoje... Vestido bonito. - Jane olhou rapidamente pra Lana e se virou, saindo do quarto.

Lana corou e Caius sorriu amigavelmente.

—Vou estar esperando do lado de fora. Acho que vai querer se trocar.

Caius saiu, encostando a porta, e Lana pode ouvir os dois cochichando sobre alguma coisa. Abriu o primeiro guarda-roupa a procura de uma roupa melhor pra se vestir e deu de cara com um guarda-roupa lotado de roupas de grif. Sapatos, calças, blusinhas e vestidos lindos e glamurosos. Lana passou a mão por uma das peças de roupa e sentiu os olhos lacrimejarem. Era impossível olhar pra todas aquelas roupas e não lembrar de Cecília.

Pegou a roupa mais simples que conseguiu achar, uma calça jeans preta e uma blusinha branca e trocou os saltos que usara no dia anterior pelo único tênis esportivo que tinha ali.

Ao fechar a porta do guarda-roupa, se lembrou de algo que tinha ouvido ontem. Cecília morava naquele lugar, ou já tinha morado. Rapidamente abriu a porta e olhou pra plaquinha de metal nela: "Este quarto pertence a Cecília".

Passou a mão pela plaquinha até que sentiu a respiração acelerada de Jane.

—Será que dá pra ir logo?

Lana se virou e olhou os dois, que estavam encostados na parede a observando. Caius olhou pra Jane em tom de censura e depois voltou a olhar pra Lana.

—Lana, precisamos nos apressar e eu acho que você precisa de algumas respostas. Vamos, nós te levamos até a cozinha.

Caius e Jane foram na frente e Lana os seguiu logo atrás. Passaram por alguns corredores até chegarem a uma cozinha repleta de armários e com uma mesa comprida e se sentaram.

—E então, cadê meu café da manhã? - Lana perguntou, sentindo o estômago roncar.

—Ora essa, levante e pegue. Os armários estão aí.

Lana se levantou e abriu a porta do armário mais próxima. Dentro dele havia tudo o que se podia comer no café e no lanche, tudo organizado. Lana abriu a boca e ficou babando nos cereais, biscoitos, saquinhos dos mais variados pães e rosquinhas, barrinhas de cereais. Abriu outra porta do armário e encontrou chocolates em pó e em barra, adoçantes, leite, caixinhas de suco de outras coisas. Optou por biscoitos de chocolate e suco de abacaxi.

—Vocês querem? - Enquanto enchia seu copo com suco ofereceu aos dois.

—Não, obrigado. Já comemos mais cedo.

Lana se sentou novamente e começou a comer.

—Então... - falou entre uma rosquinha e outra. - Eu estou curiosa... Porque eu podia jurar que atravessamos um redemoinho de água.

—Sobre isso... Eu acho melhor conversarmos sobre isso depois. Temos coisas mais importantes agora. - Caius falou enquanto admirava suas unhas.

—O que você precisa saber é que não está pirando ou enlouquecendo. O que você viu Caius fazer não foi da sua imaginação.

—Não se preocupem com isso, eu não acho que estou enlouquecendo.

Jane levantou as sobrancelhas, duvidosa.

—Tudo bem, tem algo bem estranho acontecendo por aqui, e eu estou tentando não pirar. Eu preciso saber da minha amiga, e é isso que realmente importa. Eu acho que vocês podem me ajudar.

—Até que pra uma verde você é bem diferente. - Caius comentou. -Jane, olha a minha unha, está impecável!

Janelle revirou os olhos e e Lana o olhou irritada.

—Já não basta ter me chamado de animalzinho, agora vai me dar uma cor?

—Ah, ainda está chateada com aquilo? Águas passadas, querida.

—Nós estamos perdendo tempo. Dá pra prestarem atenção em mim? - Jane pediu, com raiva, e os dois ficaram quetos. -Ótimo. Lana, o que você precisa entender nesse exato momento é que o mundo que você pensa que existe não é real. Existe um mundo diferente, com coisas diferentes e regras diferentes.

Lana a observou atentamente.

—Como... aquela água que ele fez na parede?

—Sim, como isso. Como se sente?

Lana a olhou, os olhos brilhando.

—Como me sinto? Acho que todos os meus desejos viraram realidade!

Jane a olhou perplexa, e até mesmo Caius parou de admirar suas unhas pra olhá-la.

—Qual é o seu problema? - Caius perguntou, quebrando o silêncio.

—Que foi? Vocês queriam que eu saísse gritando ou algo do tipo? Porque eu não sou assim. A propósito, deve ter me achado uma idiota por ter... você sabe... chorado tanto ontem.

Lana olhou envergonhada para Caius, que apenas assentiu com a cabeça.

—Bem, Lana, nós vemos que você é de fato diferente. E esquisita também. E não me olhe torto, isso não foi uma ofensa. Eu acho que você tem perguntas a fazer, mas agora não temos tempo. Você vai ser chamada em breve pra uma reunião, e eles vão fazer algumas perguntas. Não importa o que eles perguntem, negue. Você não viu nada estranho, você saiu mais cedo da festa e como estava bêbada Caius resolveu te trazer aqui, o que não é bem uma mentira. Pode fazer isso?

Lana olhou curiosa e com dúvidas pra Jane, mas assentiu.

—Por que querem que eu faça isso?

—Nos te explicamos tudo hoje a noite meia noite, pode ser? Na biblioteca?

Lana suspirou e confirmou com a cabeça, e antes que pudessem dizer algo mais a porta foi aberta e uma garota entrou. Era baixinha, de cabelos pretos longos e enrolados.

—Eles estão chamando a garota. - Disse, baixinho.

Caius e Jane se levantaram, e Lana ficou aflita. Quem estava chamando por ela? E por que, pra que? Se levantou da mesa, ainda segurando o saquinho de biscoitos na mão.

—Siga-me -Pediu a garota baixinho e começou a andar, com Lana logo atrás.

Antes de virar uma curva do corredor, olhou pra trás mais uma vez e Jane Caius parados na porta da cozinha, a observando. Os dois deram um sorrisinho a Lana antes de sumirem de vista.


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