Imortais escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 14
Capítulo 13 : Lana




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A cadeira a sua frente é arrastada e Lana ergue os olhos. O homem que a tinha feito se sentar na frente de tantas pessoas e responder perguntas estava ali, sentada na sua frente.

—Uma sorveteria? Escolha interessante de lugar. Eu esperaria que você estivesse deitada, talvez andando pela propriedade da Sede. Mas dentro de uma sorveteria? Isso é diferente.

O homem pegou uma colher e provou do caldo vermelho que estava em uma das vasilhas sobre a mesa.

—Hum... Delicioso. O que é isso?

—Eu não sei, senhor. - Lana respondeu, recuperando a voz. - Nunca me deram essa receita.

—Me chame de Justus, por favor.

O homem a sua frente provou de mais alguns caldos, e Lana ficou se perguntando o que ele fazia ali.

—Pensei em conversar com você depois da sessão da reunião, mas você não estava lá.

—Não estava me sentindo bem. - Lana respondeu, descendo o olhar.

—Imaginei isso. Aposto que está confusa. Mas estou aqui pra isso. Pra te ajudar.

Lana olhou pra ele. Usava um terno impecável preto e tinha uma bengala em uma das mãos.

—Não sei se você pode me ajudar. - Lana disse.

—Mas é claro que posso. Eu sei que está preocupada com sua amiga, e quer saber onde ela está. E eu tenho quase certeza de onde podemos encontrá-la.

Lana suspirou.

—Eu estava me perguntando como todos vocês parecem saber meu nome.

—Sua amiga nos falou muito sobre você, Lana.

Lana pensou no que esse homem disse. O que Cecília teria dito sobre ela?

—A questão é que sabemos onde Cecília está, e hoje a noite iremos até ela. Você gostaria de vir conosco?

—Quando você diz conosco, você se refere a quem?

O homem a examinou atentamente por longos minutos, e Lana corou.

—Lana, o que eu vou te dizer agora é algo que eu não diria a nenhum humano normal, mas devido as circunstâncias... Pode ser um choque pra você, mas o seu mundo, o mundo que está acostumado a ver, é diferente do que de fato é. Existem seres que você pensaria que só existissem em filmes e livros, mas eles são muito reais. Seres como...

—Vampiros, lobisomens e fadas? - Lana o interrompeu e se arrependeu no mesmo instante. O homem a examinou novamente, desconfiado.

—Sim, isso mesmo. Todos eles são reais. São divididos em Sedes. Cada Sede é representada por uma cor, com suas regras e modos de viver diferentes uma das outras. Eu sou um imortal, Lana. Eu nunca morro.

Lana continuou o fitando impassível, e ele a observava curioso.

—Você não parece muito surpresa em ouvir isso.

—Eu estou, mas... Talvez eu tenha lido e visto tantos livros e filmes que isso me parece normal. - Ela confessou.

—Você é realmente muito diferente... - O homem continuou a observando. -De acordo com essa seleção de cores, você seria uma verde, uma humana. Entende isso? - Lana fez que sim com a cabeça, e ele prosseguiu. - Eu sou o reitor da Sede Branca, a Sede dos Imortais. Sua amiga, Cecília, era uma de nós.

Um garçom se aproximou com uma bandeja.

—Aqui está o seu pedido, senhorita. - Ele depositou uma bandeja com um milk shake de morango e um sorvete de chocolate. - Deseja alguma coisa, senhor? - Perguntou, se dirigindo a Justus.

—Não, tudo bem. Estou bem aqui.

O garçom se afastou, e Lana encarou o homem.

—E o que aconteceu com ela? - Lana perguntou, mas estava começando a se sentir desconfortável. Sentia uma sensação estranha, como se algo dentro dela gritasse perigo.

—Nós temos inimigos, Lana. Um grupo de rebeldes se rebelaram contra nós e formaram uma sede, a Sede Preta. Eles querem a todo custo ter o poder, ter a liderança, e acreditamos que eles sequestraram sua amiga. Acreditamos que eles estão com ela.

Lana largou a pose de indiferente e ficou reta. Não sabia se devia confiar nele, uma parte do seu cérebro apitava, mas ele dizia saber onde ela estava.

—Então... Você quer dizer que sabe onde ela está?

—Exatamente. E eu quero saber se você gostaria de ir junto.

Lana não pensou duas vezes antes de acenar com a cabeça, concordando. Precisava ver a amiga, precisava desesperadamente de algumas respostas que somente ela poderia dar.

—Excelente. Não vou tomar mais do seu tempo, mas espero que você venha pra Sede comigo. Tudo bem pra você?

—Eu queria poder pegar algumas coisas no meu apartamento antes, se não se importa.

—Claro que não, pode ir. Se importa se Liliane for com você?

Lana sorriu, contente. Gostava da menina.

—Ela te encontrará aqui daqui a pouco. Te vejo em breve, Lana.

O homem colocou sobre a cabeça um chapéu preto, piscou uma vez e desapareceu.


***

Lana tinha acabado de arrumar alguns de seus pertences em sua mochila. Algumas peças de roupa, sapato, um retrato de seus pais e um de sua amiga, Cecília.

Liliane esperava na porta do apartamento, calada. A viagem de ônibus até ali tinha sido silenciosa, cada uma das duas perdidas em seus próprios pensamentos. Lana pensou em ligar para a mãe, mas não sabia ao certo o que dizer. Estava com medo, preocupada e assustada. O que aconteceria ao anoitecer?

—Tudo pronto. - Informou a Liliane assim que trancou a porta do apartamento.

A garota assentiu com a cabeça e começou a descer as escadas.

—Liliane... - Começou Lana, sem saber ao certo o que dizer. - O que vai acontecer hoje a noite?

—Alguns membros do conselho vão até a Sede Branca e vão exigir que soltem sua amiga. - ela respondeu.

—E se eles não soltarem?

Liliane deu de ombros, envergonhada.

—Então acontecerá uma briga. Ou eles a soltam por bem ou a soltam por mal.

Lana concordou, impassível. As duas andaram em silêncio por um bom tempo

—Você é amiga deles? Do Caius e da Jane? - ela perguntou, tentando disfarçar a curiosidade.

Lana ficou pensativa por um tempo. Era amigo deles? Provavelmente não.

—Não.

Liliane suspirou, aliviada.

—Que bom. Eles não são boas companhias.

—Por que diz isso?

—Eles são assustadores. Quando eu fui morar na Sede, eles foram as primeiras pessoas que vi. Não gostam de falar com ninguém, ficam na deles e são muito reservados. E eles não respeitam regras.

Lana assentiu com a cabeça, sem querer dizer nada. Um lado da sua cabeça pedia pra dizer: "não, isso não é verdade. Eles são legais", mas se controlou.

—Você é uma imortal? - mudou de assunto.

Liliane ficou tensa, e a olhou desconfiada.

—Mais ou menos...

Continuaram andando, e Lana já imaginava que ela não diria mais nada quando ela respondeu:

—Eu sou filha de uma imortal com um vampiro.

Liliane tinha uma expressão de nojo e mágoa.

—Isso por acaso é ruim?

—Misturar o sangue das Sedes? Horrível. É muita sorte Justus ter me aceitado como uma Branca. Ele é um homem muito generoso.

Voltaram a andar em silêncio e se dirigiram até uma praça que ficava próximo do apartamento de Lana.

—A única maneira de entrar na Sede é usando um colar mágico. Está vendo? - Liliane tirou um colar do pescoço e mostrou a Lana.

O colar era em formato de uma chave, todo branco.

—Esse é o símbolo da nossa Sede. Eu vou colocar a chave no ar e vou girá-la, e quando eu fizer isso, você tem que encostar em mim imediatamente.

Liliane girou a chave duas vezes no ar e uma luz começou a sair dela. Lana imediatamente colocou a mão nela e as duas desapareceram.


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