Khaos - Terra escrita por Gato Cinza


Capítulo 5
Na ultima hora


Notas iniciais do capítulo

Leitores quase inexistentes, acho que trocarei o nome da historia, digo Entre a luz e a sombra - vai ficar sem sentido se minha mente continuar vagueando do modo como esta.
Boa leitura e não desistam de acompanhar os Mïr novamente para seu mundo "natal", haverá capítulos totalmente entediantes e alguns mais interessantes.
Me apoiem com suas opiniões por mais duras que elas sejam....
Aff! até digitando eu falo demais



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Grace acordou, o céu estava mostrando os primeiros vestígios da manhã, àquela hora em que a madrugada é mais fria e os sonhos parecem entrar em fuga para o mundo real. Olhou para onde estava Gabriel ele dormia profundamente, pegou suas coisas e o acordou, ele resmungou até se levantar.

Andaram o dia todo sem se falarem, estavam próximos a saída da cidadezinha, cujo nome nenhum sequer tentara saber. Gabriel parou em uma sombra e tirou o tênis, massageando os pés. Grace se sentou e suspirou prendendo o cabelo que estava se soltando aos poucos.

_me desculpe – disse Gabriel após um tempo – por ontem, acho que falei demais, meio que sem pensar.

_de fato falou, mas era o que queria dizer, está desculpado.

_eu reli o diário e me lembrei de algo. Segundo o diário o as historias da ma... Da sua mãe éramos sete crianças, mas viemos apenas seis e você não é um de nós, onde esta as outras duas crianças?

Grace aprumou-se

_não sei, eu nunca perguntei isso à mamãe, nunca havia notado esse detalhe.

_será que morreram? Por isso ela nunca falou sobre eles.

_pode ser, ou talvez estejam sob o poder do imperador.

_também, sabe, acho que eu devia ter prestado mais atenção à mamãe quando ela tentava me ensinar escritas e defesa, acho que agora eu saberia ao menos o que fazer.

_sim, falando em o que fazer disse que se decidiria quando lesse o diário, então para onde vamos?

_leste, vamos pegar um trem para fora do país, segundo o diário e você ao se separarem aqui, cada guardião resolveu levar um Mïr para um lugar para serem treinados e protegidos. Acho eu que um deles deve ter ido para o litoral.

_por que pensa isso?

_é o que eu faria, no litoral há rota de fuga para terra e para mar, se era para dificultar o acesso a nós então não devem estar neste país então vamos para o próximo.

_faz sentido, vamos para leste então – disse ela se levantando – vai levar um tempo até chegarmos à próxima cidade com ferrovia a pé.

_podemos pegar um carro.

_e outro quando o primeiro ficar sem gasolina e mais outro? Acho melhor não.

_então vamos a pé, que tal pedirmos carona?

_caminhoneiros? – Grace fez uma careta

_qualquer um que aparecer, não vai ter um ataque agora de Grace.

_hummm, tem mais uma coisinha – disse Grace quando recomeçaram a andar – quando viemos para cá mamãe achou que precisaríamos de nomes mais humanos, ela substituiu seu nome por Gabriel e o meu por Grace.

_e qual meu nome verdadeiro?

_Aiad Grel, por algum motivo mamãe achou que isso era parecido com Gabriel.

_e o seu?

_meu nome é complicado para se traduzir para língua humana, mas agradeço se não me chamar mais de Grace.

_por quê? E como devo chama-la?

_por que eu não gosto desse nome, é um nome bonito e tal, mas Graça não combina muito comigo.

_não combina mesmo, mas então Sem Graça, vou te chamar de que?

_me chame de G. é simples e não tem como errar.

_vai chamar a atenção, e se perguntarem o que significa G?

_ora essa, significa Gardênia, Girassol, Gertrude, Girondina, Gloria... entre outros.

Chegaram em Dakota dois dias depois, pegando carona com varias pessoas, entraram no trem, em quatro dias estavam fora do país, logo chegaram em Fining uma cidade bem ao sul dos estados unidos, onde começariam sua busca pelos outros Mïr. Saíram do terminal, precisavam decidir como iam procurar pelos Mïr, andaram por Fining a tarde toda, ao anoitecer acamparam em uma região florestal, no dia seguinte continuaram sua caminhada pela cidade, não queriam se afastar muito da ferrovia até se decidir para onde iriam.

Gabriel estava sentado relendo o diário, não por que buscava resposta, mas apenas por não ter mais nada de útil para fazer, tentou treinar arco e flecha, mas desistiu, ainda preferia os livros e daria um braço para ter um celular ou um computador, qualquer coisa mais tecnológica que o levasse para um mundo que ele gostava, mesmo sendo o mundo virtual. Olhou de relance para Grace ela estava brincando com a adaga que era de sua mãe, por um breve segundo se lembrou de quando entrava na cozinha e surpreendia a mãe brincando com as facas como se fossem de plástico.

Era curioso, mas observando de longe Grace e a mãe eram bem parecidas, os cabelos acobreados, lisos e volumosos, o modo com que andava e o tom de voz quando estava zangada, os olhos castanhos amendoados e a cor da pele, os longos cílios claros e o nariz pequeno. Como nunca notou o quão diferentes dele elas eram? Elas pareciam personagens de filmes élficos, altivas, delicadas, fortes e belas, ele mais parecia um mero humano. Podiam ter errado devia ser G uma Mïr e não ele. Sorriu ao pensar nela como G, se adaptou com facilidade ao nome e á sua nova realidade, embora não compartilhassem o mesmo sangue, ainda assim eram irmãos.

Foi retirado de sua analise, pela imagem de G se levantando com o arco na mão, preparando uma flecha enquanto procurava algo com os olhos, ele correu para seu lado e pegou a adaga e se colocou em modo de defesa.

_que ouve? – sussurrou.

_vi uma sombra passando, acho que ele nos achou.

Ela mal completou a frase e atrás deles surgiu o Gert’n com sua espada longa e afiada. Antes de qualquer movimento dele ela atirou uma flecha e outra em seguida, ele desviava com facilidade, atirou a espada e a atingiu no ombro esquerdo, G cambaleou e derrubou o arco, caiu de costas. O Gert’n se aproximou de Gabriel, um cheiro forte de fumaça o fez ter um acesso de tosse. Os olhos dele brilhavam vermelhos como fogo por debaixo do capuz fino, segurou Gabriel pelo pescoço sem o enforcar e ergue-o do chão, Gabriel se debatia enquanto o monstro o cheirava. Estava quase inconsciente quando ouviu um grito furioso e sentiu-se caindo para o chão e para a escuridão.

...

David dirigia em silencio, olhava para Bela que estava sentada no banco de trás do carro, furiosa, mantinha na mão a seringa. Como podia estar zangada com ele se quem estava errada era ela? Quando fora pagar no posto de gasolina pela estadia rápida do hotel pagou a mais por um par de facas que ela havia comprado, na metade do caminho perguntou por que de facas e perguntou se as seringas não eram suficientes ela sorriu e mostrou a ele um par de kunai. Perguntou se roubou ela disse apenas que trocou. Após uma discussão sem sentido ou lógica ela foi para o banco de trás de onde o fuzilava cada segundo que ele a olhava pelo retrovisor.

De fato ela havia roubado, mas em sua mente isso era um exagero, as facas eram caras demais e ela não roubou as 5 peças de kunai que havia na loja de conveniências do posto de gasolina, comprou um par de facas e trocou de lugar com um par de kunai, não foi ao seu ver um roubo, apenas uma troca. Ao menos a explosão de David não o fez desistir de tenta-la levar de volta para o sanatório o que significava que ainda teria carona até o terminal.

Chegou á ferrovia, de onde ela e David se separariam. Ela comprou passagens, em um dia mais ou menos estaria onde ansiava por estar, se tudo desse certo é claro. Estava sentada contando em seu relógio inexistente os segundos para que o trem partisse, quando um homem sentou ao seu lado, ela o olhou, ele tinha cara de inseto e a olhava de forma nojenta, se levantou, ia procurar outro lugar, em outro vagão notou um sapato familiar, se aproximou era David. Primeiro quis sorrir, mas logo se lembrou do por que ele estava ali, sentou ao seu lado em silencio, na metade do caminho adormeceu encostada em seu ombro, um movimento dele e ela saberia como era jogar alguém de um trem em movimento.

Chegaram ao fim do dia ao terminal de Fining, ela estava sorrindo, finalmente. Desembarcou correndo e parou no meio da estação. Havia algo errado, olhou para todos os lados e correu. David a olhava curioso, ela não havia falado uma palavra desde que entraram no trem e agora parecia uma maluca perdida na estação, foi atrás dela quando ela começou a correr. Ela entrou em uma mata fechada que circundada a ferrovia, David estava ofegante quando a alcanço, era mais rápida que qualquer pessoa que ela já havia visto correr, ia falar algo, mas ela tampou a boca dele com um movimento rápido, ele olhou para onde ela mantinha os olhos. Um homem alto e robusto de uma capa longa e preta segurava um garoto pelo pescoço. Sem querer ele prendeu a respiração observando em silêncio a cena, nem notou que Bela o soltou.

Era um deles, mas qual a garota o chão com a espada no ombro ou o garoto pendurado pelas garras do monstro? Não ia parar para perguntar é claro, soltou a mão da boca de David e se aproximou, gritou PARE e jogou uma kunai contra ele, a pequena arma se prendeu na costa dele, o fazendo soltar o garoto e se virar furioso para ela, puxou a espada do ombro da mulher e foi em sua direção com passos invisíveis e rápidos, parou a centímetros dela, seu bafo fedido e ofegante a fez tossir, mas sem perder o controle, ele começou a fareja-la como se fosse um animal cheirando uma coisa antes de ter certeza se podia ou não comer. Quando ele ergueu a cabeça para ela, Bela colocou a mão em sua frente e a kunai em suas costas atravessou seu corpo, ela segurou a arma esperando que ele caísse, mas ao invés disso ele rosnou de dor e fugiu.

Bela o olhou sumir entre as arvores, em uma pessoa normal aquilo teria arrancado o coração, aquilo não era humano. Piscou e correu para junto da garota, ela sangrava sem parar. Gritou por David que ainda estava parado no mesmo lugar, ele abanou a cabeça, confuso, correu e se agachou ao lado da garota. Em silêncio Bela lhe passou a maleta de primeiro socorros, ele limpou a ferida com água oxigenada, pegou uma agulha e linha e os mergulhou em iodo, costurou o ferimento dela que era maior que imaginava e sangrava sem parar, passou iodo em um pano e cobriu a ferida para evitar uma infecção. Bela o acompanhava em silencio com os olhos, estava mais assustada que ele poderia imaginar.

_ela vai morrer? – perguntou quando terminou

Ele a olhou por um instante pensou em dizer “vai ficar tudo bem” ou “talvez morra”, mas preferiu guardar suas opiniões para ele mesmo – vamos ver o garoto – foi sua resposta quando ele se levantou, ele estava bem, havia apenas desmaiado. Sentaram se próximos a fogueira.

_que acha que aconteceu? – perguntou Bela olhando para a mulher.

_talvez eles estivessem acampando quando aquilo apareceu.

_acha que ele volta?

_impossível você fez um buraco no meio dele... Não sei e nem quero saber como fez aquilo, mas acho que nada sobreveria a tal estrago.

_nós dois também vimos aquela coisa sair correndo, seja lá o que fosse aquilo não tinha coração como um humano tem – Bela sentiu um arrepio no corpo e se levantou, pegou o arco e a aljava e voltou a se sentar – caso ele volte.

_sabe usar isso?

_não, mas deve ser igual a revolver, apontar e atirar.

_já usou um revolver?

_não e você?

_vamos torcer para que aquilo não volte, e se voltar que não traga mais dele.

Na manhã seguinte o ombro da garota estava inchado e roxo, David limpou com mais água oxigenada, precisava de medicamentos.

_esta gangrenando.

_isso é ruim?

_é, sem os medicamentos certos e neste tipo de ambiente isso pode ficar bem pior.

_pior quanto?

David suspirou, olhou para Bela, os olhos dela estavam vermelhos.

_vai dormir.

_não tenho sono.

–acordei duas vezes a noite e você estava andando de um lado para o outro como se fosse um soldado em guarda – ela ia começar a protestar – e mesmo que não sinta sono você precisa descansar.

Relutante ela se deitou com as duas kunai próximas de seu alcance – me acorda se eles acordarem?

_é claro, agora durma.

David olhou o acampamento da dupla, havia água o suficiente para dois ou três dias, pão e bolachas. Quando chegaram ela tinha o arco e a aljava próximos e ele uma adaga, ninguém que ia acampar levava arco e flecha, a menos que fossem caçar, mas naquela região tão próxima da cidade iam caçar apenas roedores e aves.


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Notas finais do capítulo

ATÉ SEMANA PRÓXIMA, boa leitura a todos