Khaos - Terra escrita por Gato Cinza


Capítulo 4
Psicopata


Notas iniciais do capítulo

logo vou escrever melhor, ai acho eu que a historia vai parecer mais com o que eu vejo em minha imaginação... ou vai piorar tudo ;{



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Por um instante perdeu o controle do volante, freando e derrapando na rua, sorte ninguém se aventurava por aqueles lados da cidade àquela hora da noite. Olhou pelo retrovisor, os olhos calmos de Bela o perfuravam, em sua mão dançava uma seringa com um liquido claro tom de âmbar.

_dirija David – ela falou tranquilamente passando para o banco da frente – isto é um ato desesperado, não um sequestro.

_voc... Você fugiu?

_depende do ponto de vista, eu diria apenas que sai do sanatório. Não ouse tentar me levar de volta, nesta seringa tem 40 ml daquele treco que davam para ala A, acho que dois disso sem sua veia e você morreria quase que instantaneamente. Estou certa?

Ele olhava para a seringa, a cor do medicamento era certo, mas será que tinha mesmo calmante ali? Como respondendo a suas perguntas ela pegou no banco traseiro do carro, sem desviar os olhos dele dois pequenos frascos de calmante e uma seringa, mostrou a ele os frascos.

_como conseguiu isso?

_peguei na enfermaria hoje de manha após você me deixar chorando em meu antigo quarto.

_roubou isso? Impossível as portas ficam sempre trancadas e...

_não importa como as consegui, só quero uma carona para a rodoviária.

_que aconteceu para estar fugindo? – precisava leva-la novamente.

_melhor você não saber, agora pare de me enrolar e dirija logo. Não esqueça que tenho remédio para te matar, então não tente me enganar e me de seu celular – ele começou a dirigir e entregou o celular a ela, Bela o jogou pela janela – agora dirija mais rápido, não tenho a noite toda.

Quase no centro da cidade ela se lembrou de que ia precisar de dinheiro ao ver uma loja. Suspirou irritada consigo mesma.

_David, me desculpe por isso, mas vou precisar de dinheiro.

Ele a olhou – quanto?

Ela deu de ombros – tudo o que você tiver.

_esta me roubando? – sorriu nervoso – não tenho dinheiro aqui, uso cartão e ele esta em casa.

_tá, vamos até sua casa, você pega seu cartão, saca o dinheiro em um caixa e eu desapareço. Vamos, vou ficar atenta a você, se tentar qualquer coisa em sua casa eu serei obrigada a te ferir.

Ele passou em casa, depois foram a um caixa eletrônico, David não tinha muito dinheiro, o seu limite era baixo para saques, depois a levou á rodoviária. Olhou para ela enquanto falava com um homem no balcão de atendimentos. Precisava de um modo ou de outro a levar de volta, ela era sem duvida perigosa, mas como fazer isso sem se colocar em maior perigo? Pior, ela havia roubado e saído do sanatório com muita facilidade, entrou em seu carro e parecia nem se importar em poder feri-lo. Por que ela queria ir para uma rodoviária? Se estivesse fugindo teria apenas saído, ela planejou sua fuga, isso não era normal para um maluco qualquer. Psicopata, isso era o termo correto para ela. Se pensassem que ele á ajudou a fugir estaria perdido.

_que ainda faz aqui? – ela perguntou irritada.

David estava tão absorto em seus pensamentos que nem a viu se aproximando.

_estava te esperando, para onde vai agora?

_eu vou para a próxima cidade ferroviária e de lá vou para o terminal que você viu em meu caderno. Mas não vou agora, ônibus para onde quero ir só amanhã, ai terei que pegar mais dois ônibus e finamente o trem. Por que quer saber?

_apenas para saber, eu posso te levar para a próxima cidade e de lá você pega o trem seja lá para onde queira ir.

_e por que faria isso?

_sou seu amigo, pelo menos me considero, além do fato de você ser um perigo ambulante, não me suportaria em imaginar quantas pessoas você possa ferir pelo seu caminho.

_além do fato de querer me convencer á voltar para o hospício - ela sorriu e entrou no carro.

_só não se esqueça de que ainda posso te matar. Vamos ficar alguns dias foras, é melhor saímos logo para que volte antes que notem nossa ausência no sanatório.

_irão notar amanhã, preciso passar em casa para pegar algumas coisas.

Na casa de David, ela manteve-se olhando de longe cada passo dele, depois saíram. Por um longo tempo ficaram em silencio. Até ela perguntar:

_por que mora sozinho em uma casa tão grande? Digo não seria melhor um apartamento?

_por que a casa era uma herança de família, como o único herdeiro que aceitou morar neste fim de mundo a casa se tornou minha.

_e por que veio morar neste fim de mundo? Não seria melhor vender e ir viver em outro lugar?

_por quê? Se eu vim morar aqui é por que este lugar me agrada.

_é me esqueci disso.

_e você por que esta fugindo?

_por nenhum dos motivos que você pensa, eu gostava do sanatório, lá é calmo e posso conversar com quem eu quiser sem me preocupar com o fato delas me questionarem, embora ouvi-las seja sempre muito bom, tinham a maioria opiniões fascinantes sobre coisas aparentemente insignificantes.

_os enfermeiros dizem que você nunca fala, e a Dra Morelo disse uma vez que eu era o único dos enfermeiros de quem você se aproximava sem parecer que ia atacar.

_você foi o único em dois anos que demonstrou realmente se importar com os pacientes e trata-los como pessoas e não como seres inferiores. E por isso nunca me interessaram mais que me interessaria um inseto em uma folha do outro lado dos muros.

David franziu o cenho, formando rugas em sua testa, sem os psicólogos e enfermeiros com quem ela se recusava a conversar, a menos que quisesse se livrar deles só sobravam...

_os pacientes? Conversava com eles?

_com quem mais? Amigos imaginários? – ela sorriu sarcástica – os pacientes em suas poucas horas de lucidez, na maioria causada pelos efeitos das drogas eram bastante interessantes, falavam sobre suas vidas, seus medos, suas famílias, a maioria eram dignos de pena, outros eram assustadores, alguns divertidos, mas acho que apenas Lord Simon, madame Lucia, Dom Byron, Darth Vader, Roger e Mary eram capazes de preencher minhas curiosidades, eram lógicos, espertos, curiosos, criativos e infelizmente transtornados.

David a olhou pelo canto dos olhos, como podia falar com os pacientes? Mesmo sob efeitos de remédios eram incontroláveis, apenas Roger e Mary eram mais tranquilos, embora fossem esquizofrênicos, mas eram da ala B, onde estavam os pacientes que mesmo sento perigosos eram mais fáceis de acalmarem e não representavam riscos aos outros, porém todos os outros que ela listou eram da ala A, onde ficavam na maioria das vezes sob o efeito de fortes remédios para se acalmarem ou pior em camisas de força. Byron como gostava de ser chamado era o pior de todos com tendências a violência e trapaça, sendo que muitas vezes cuspia as pílulas e tentara fuga uma vez, muito antes de David ir trabalhar no sanatório. Talvez o tempo e a velhice o tornara mais calmo e sereno em seus atos e ações.

_como podia falar com a ala A, se o acesso entre as alas são bloqueadas por portões?

_eram apenas pedaços de metais retorcidos para mim, alem do mais quando fui levada ao quarto branco vi Darth Vader, achei o olhar dele vago e ao mesmo tempo curioso, quis saber mais sobre ele, outro dia voltei ao portão durante a hora de visitas e pedi para um paciente que passava que me chamasse ele, ai ele veio, conversamos durante o tempo de visitas, e no dia seguinte e outros dias, um dia ele não apareceu e madame Lucia foi me avisar que ele estava trancado, ai conversamos, mas ela não era muito mais interessante que Roger, então falamos sobre os outros pacientes. Depois de dois dias Darth voltou, ai conversamos o porquê ele estava trancado, um dia Dom Byron foi nos perturbar, eu disse a ele que o torturaria enquanto dormisse se fizesse algo contra Darth, ele riu no outro dia ele foi hospitalizado por que Byron e ele brigaram durante o jantar, ele quase morreu, naquela noite eu fui até a cela de colchão, abri a porta e obriguei Byron prometer que nunca mais faria mal á outro igual.

Ela se calou observando a agulha da seringa distraída, David se lembrou de como os enfermeiros da ala A falaram o como estranho Byron estava três dias depois quando o soltaram do quarto branco, ele segundo ouviu estava atormentado, perguntava sem parar sobre Darth Vader e jurava sem parar que não queria que ele morresse, e de como gentil se tornou depois daquilo, era praticamente um prenuncio de lucidez ou de completa insanidade.

_você era o anjo que visitava o Willians? – o nome verdadeiro do chamado Darth

_sim, ele me interessava, era maluco, mas consciente de seus atos, sabia quem era e como chegara ali, mas era só isso, sua mente era atormentada e confusa, foi na ala hospitalar que eu conheci Simon, ele me fazia rir se seu modo medonho e pesaroso em tentar viver. Às vezes como Mary e Roger não estavam em estado lúcido o bastante para manterem uma conversa, então eu ia buscar por um deles na ala A, normalmente eu me sentava com Simon, Darth e Lucia, mas às vezes eu conversava com Byron ele não era muito confiável, era quase impossível conter uma vontade psicótica de matá-lo.

_você não tinha medo dele? Soube que ele é terrível e cruel, a comida e bebida dele quase sempre estavam com calmantes para mantê-lo na linha.

_eu sei disso, e não nunca tive medo, teria na verdade se eu fosse só mais uma paciente, mas depois de conversar com ele após ele tentar matar o Darth, ele se tornou só uma pessoa transtornada, igual á Roger ou a Lucia, malucos, perigosos e controlados.

_você é realmente muito estranha Bela – ela bocejou – é melhor você dormir, esta bocejando há um tempo.

_para que você me tire à seringa, me fazer dormir e me levar de volta? – ela o olhou com a cabeça virada como se esperasse uma resposta - dirija apenas, encerramos nossa conversa por hora.

...

Após um longo trajeto - na qual ele esfregava os olhos minuto a minuto tentando ficar acordado e ela olhava para frente, para os lados e para o retrovisor, olhando cada detalhe do caminho, como se fizesse um mapa mental – David ligou o radio do carro, trocou as estações e optou por um cd de rock. Bela desligou a musica.

_ei, estava ouvindo.

_á 200 metros vire à esquerda, na metade da rua tem um hotel de estrada, vamos parar lá pra você descansar antes que arranque suas pálpebras.

Ele olhou para onde ela indicava – não vejo nada.

_veria se não estivesse com tanto sono.

No fim do caminho como ela disse havia um posto de gasolina e um hotel barato de estrada, ele nem reclamou do preço do pernoite de tanto sono que tinha, ela dormiu no carro.


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Notas finais do capítulo

Tenho uma pequena faniquite por vilões e psicopatas, só pra entenderem o por que do hospício e dos assassinos psicóticos.