Eu ganhei várias vezes, como prêmio eles tinham que contrabandear chocolate da cantina pra mim, porque minhas refeições eram uma porcaria.

Quando eu finalmente tive alta, uma semana depois, meus pais me levaram pra casa e foi lá que eu passei os dias, era minha rotina, de casa pro colégio e vice-versa. Fui terminantemente proibida de sair de casa pelos meus pais. Por sorte meus amigos vinham me visitar frequentemente, assim meus dias não eram tão entediantes.

Recebi visitas de todo mundo, o Rodolfo veio me ver e nós ficamos assistindo filmes de terror. A Ju e o Kaio vieram também ela trouxe filmes de romance água com açúcar que só ela gostava, por sorte o Kaio também detestava aqueles filmes e nós acabamos jogando Uno enquanto a Ju assistias aos filmes. A Nanda veio me visitar e nós assistimos toda a 1ª temporada de Supernatural. Por último foi a vez do Luc e da Van, ficamos na piscina até altas horas. Até o Art veio me ver, mas ele só assistiu a uns filmes normais, nada de terror demais ou água com açúcar demais, e ficamos conversando. Ele até me ajudou a entender o assunto que eu tinha perdido durante o tempo que eu fiquei no hospital. O Pe veio também e nós assistimos ficamos conversando e comendo besteira. O Vini também veio me visitar, só ficamos jogando conversa fora.

Quando meus pais finalmente me liberaram do castigo, o que foi só dois meses e uma semanas depois eu já estava na época de VG. As coisas tinham melhorado um pouco, eu não tinha voltado com o Art, mas já estávamos nos cumprimentando, o que já era um avanço.

O Vini tinha pedido a minha ajuda pra colocar o Fred na cadeia, então eu chamei ele em casa e gravei toda a nossa conversa, clichê mas realidade, o Vini entregou a gravação e dias depois recebemos a notícia que ele tinha sido preso.

Acabou nem tendo muita diferença entre estar de castigo ou não porque como era época de VG eu estava estudando que nem louca pra me dar bem na prova. No dia da última vg, assim que todo mundo saiu da prova, fomos em um restaurante comemorar o fim das aulas. Estava tudo bem e só melhorou no decorrer do dia.

Quando eu cheguei em casa, minha mãe deu o recado que um cara tinha ligado querendo falar comigo. Liguei para o número que ela me entregou.

xXx:– Bom dia.

Manu:– Bom dia, é porque ligaram pra falar comigo, só que eu não estava em casa na hora, então retornei pro número que vocês deixaram.

xXx:– Ah, ok. Seu nome por favor.

Manu:– Manuella Urbano Albuquerque.

xXx:– Certo, eu sou a Marie, Manuella, muito prazer. Nós ligamos pra informar o seu resultado. Você passou na nossa prova, nesse caso querida, você ganhou a bolsa de estudos para a London College of Communication.

Depois que ela terminou de falar eu comecei a gritar de felicidade e pular pela sala, demorei um pouco pra me acalmar, mas ela ainda estava na linha. Ela me deu todas as informações, tudo que eu ia precisar. Eu logicamente fiquei pirando, comecei a pular pela casa, gritar, liguei pra todo mundo pra contar a novidade, eles ficaram mega felizes por mim.

Da última vez que eu tinha recebido uma ligação deles minha vida era totalmente diferente, naquela época eu tinha um namorado, boas notas e várias outras coisas. Naquele momento, meu ex-namorado tinha engravidado uma garota, eu tinha dado entrada em um hospital por ter fumado heroína, minhas notas já não estavam lá essas coisas, eu tinha tido uma briga sério com meu melhor amigo, mesmo que já resolvida.

Resumindo, a minha vida estava uma bagunça total, nem se comparava a época que eu tinha recebido a ligação avisando que eu tinha passado na 1ª fase do teste.

Quando meus pais chegaram, eu dei a notícia e eles também ficaram super felizes por mim, até me levaram pra jantar fora. Fomos jantar em um restaurante chique que tinha no centro da cidade. No dia seguinte fui acordada pela Ju, a Nanda e a Van, que me obrigaram a ir ao salão de beleza e depois ao shopping.

Acabei me divertindo bastante com elas, coisa que eu tinha que aproveitar bastante porque ia ser bem raro quando eu fosse embora. Estava todo mundo planejando uma festa de despedida pra mim, eles marcaram a festa pra 8 horas antes do meu voo, assim da festa ia todo mundo direto pro aeroporto me deixar lá, eles combinavam isso enquanto nós comiámos no Mc.

O Art como sempre chegou atrasado, mas sentou do meu lado e logo se interou de tudo.

Art:– Então... Tu vai mesmo né?!

Manu:– É. Eu sempre quis isso.

Art:– É, eu... Vou sentir tua falta.

Manu:– Eu também. - Tentei dar um sorriso.

Art:– Eu... Ai, vamos parar com isso, é melhor deixar as despedidas pro dia da festa.

Manu:– Tu vai? - Abri um sorrisão.

Art:– Claro que vou. Tu achou mesmo que eu ia perder?

Manu:– Sei lá, pensei que tu fosse passar o dia com a Priscilla. - Ele revirou os olhos.

Art:– Não vamos brigar ok?!

Manu:– Tá bom.

Sorri e nós nos concentramos na conversa sobre a minha festa de despedida, apesar de vez ou outra eu sentir o olhar dele sobre mim. Exatamente do jeito que ele fazia quando a gente namorava e estávamos jogando vídeo game. O que só piorou a minha situação, porque ao contrário do que parecia, eu não estava tão feliz assim, eu ia ter que deixar muitos amigos em Fortaleza, e pior de tudo, o único garoto que eu amei na minha vida. Tentei não me concentrar naquilo.

Ficamos lá até altas horas, só quando eu fui dormir foi que eu realmente comecei a pensar nas consequências de ir pra Londres, não ajudou muito porque eu não consegui dormir. O dia já estava amanhecendo, o que me fez ir até a janela pra ver o sol. Mesmo sabendo que eu iria encontrar o Art na varanda dele, com um xícara na mão, olhando o pôr do sol e sorrindo como sempre. E foi exatamente isso que eu encontrei, olhei ele por alguns segundos, ele percebeu e me olhou também.

Mas eu não desviei o olhar como eu teria feito meses antes, pelo contrário, eu fiz o que eu teria feito um ano antes, eu sorri pra ele e voltei a olhar o sol nascendo. Depois disso eu entrei, tomei banho e me vesti pra ficar em casa mesmo.