Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus escrita por Marina Leal


Capítulo 11
Capítulo 11 - Indo para o Acampamento


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486624/chapter/11

Corremos por alguns quarteirões, eu não queria chorar, mas as lágrimas teimavam em rolar por minhas bochechas continuamente, o vento frio batia em meu rosto secando-as antes que eu pudesse fazê-lo.

– Eu sei que é demais para você, mas nesse momento precisamos ir para o metrô, espero que Liz tenha levado Peter para lá. Por favor, Nat, aguente mais um pouco. – Linda falou, sua voz soou melancólica, como se minha amiga estivesse triste por mim.

Não respondi. Meu silêncio era a única coisa que me impedia de gritar a plenos pulmões e libertar a enorme quantidade de emoções que giravam enlouquecidas dentro de mim, o que com certeza não seria uma boa ideia.

Continuamos a correr e só paramos quando nos deparamos com uma Liz completamente preocupada e irritada, com os braços cruzados sobre o peito na frente do metrô. Senti uma onda de tristeza e baixei a cabeça, mas o som de sirenes se aproximando me tirou do meu momento melancólico. Aparentemente Liz e Linda também pareceram mais alertas ao notar o som.

– Mas em nome de Ísis! – Liz falou completamente brava e nos arrastando estação à dentro. – O que vocês fizeram? Porque demoraram tanto?

– Monstros gregos, dois, nos atacaram, conseguimos matá-los só que metade da escola viu e agora estão atrás de mim e da Nat! – Linda resumiu a história entre os arquejos para conseguir respirar, devo dizer que eu não estava muito melhor que ela. – Acho que torci meu pulso e meu estoque de Néctar ficou em casa.

Liz olhou dela para mim e praguejou em alguma língua desconhecida.

– O que houve com o seu pescoço?!

Tateei minha garganta e senti uma dor onde encostei.

– Dracaena. – Linda falou por mim enquanto enrolava o lenço no pulso. – Quase a matou sufocada, mas Nat escapou usando um daqueles feitiços que vocês magos costumam usar.

Liz bateu com a mão na testa como se de repente tivesse entendido alguma coisa.

– Claro! Ela é uma União Rara, a Palavra Divina só teve efeito porque ela tem o sangue de um deus grego! Quando magos, somente magos, atingem um dos seus monstros, nada acontece. Carter havia me dito isso!

– É, isso é fascinante, mas agora precisamos ir até a sua casa! – Linda falou de repente e olhou para mim.

– Por quê? – Falei enquanto ambas me empurravam para dentro do metrô e me forçavam a sentar no assento vazio. Senti um volume em minhas costas e só nesse momento é que lembrei da mochila onde eu havia guardado o amuleto que Zia havia deixado comigo. – Aliás, você tem um monte de coisa para me explicar.

– Eu sei que tenho. – Ela olhou para Liz e se corrigiu. – Que temos, mas aqui não é um bom lugar, há mortais demais.

Liz apenas assentiu com a cabeça enquanto segurava o amuleto que trazia no pescoço.

– Espere! – Olhei em volta, mas não encontrei Peter em lugar nenhum. – Cadê o Peter?

Liz suspirou antes de responder.

– Eu o convenci a ir para casa. – Disse em voz baixa e parecendo triste. – Sei que ele odeia aquele lugar, mas não podia deixar que ficasse conosco e corresse perigo.

Linda e eu concordamos, Liz fez bem em manter Peter afastado da gente por enquanto. Baixei a cabeça e fiquei em silencio, minhas amigas não falaram mais. Talvez sentissem que eu não estava com ânimo para falar mais nada. Então passamos o resto da viagem em silêncio.

*****

Linda estava me explicando sobre os presentes que havia ganhado da mãe dela quando chegamos à rua onde eu morava.

Apenas uma olhada e meu coração acelerou, pois tudo no caminho havia sido destruído. Olhei ao redor, algumas casas estavam em cinzas. Eu não consegui me conter e corri até onde eu morava, senti minhas amigas correndo atrás de mim, mas não me importei. Quando parei em frente a casa onde eu e minha mãe morávamos fiquei paralisada, pois era a única que continuava de pé, parecendo intacta. Foi quando notei que minha mãe estava parada na porta da frente, um círculo de luz brilhava a seus pés e em suas mãos estavam os mesmos objetos que Liz carregava com ela na noite anterior.

Quando pensei nisso eu arfei. Foi apenas ontem que eu descobri tudo sobre mim?

– Mãe?! – Eu disse depois de alguns segundos. – O que houve aqui?

– Nat! Que bom que você está bem! Houve um ataque, mas não sei de quê. – Ela falou preocupadamente, depois que notou Liz e Linda atrás de mim sua testa se vincou. – O que aconteceu?

– Desculpe Dona Marcela, mas não podemos... – Liz começou a falar apressadamente.

– Entrem! – Mamãe interrompeu seriamente, seu rosto parecia cansado e suas roupas fumegavam levemente, mas ela parecia bem. – Ainda temos alguns minutos para conversar, não se preocupem, o que quer que tenha atacado a nossa rua, já foi embora.

Obedecemos minha mãe e entramos em casa.

– O que aconteceu com vocês? – Ela perguntou quando nos reunimos na cozinha. – Nat, o que houve com seu pescoço?

Olhei para Linda, a única que sabia o que realmente havia acontecido.

– Uma dracaena e uma empousa nos atacaram dona Marcela. Por um triz conseguimos escapar, graças à Nat. – Ela falou enquanto mastigava um pedaço de bolo que mamãe havia dado para ela. – Mas a dracaena quase sufocou a Nat.

Minha mãe abaixou a cabeça depois de terminar de cuidar do meu ferimento no pescoço, demorou um tempo para eu perceber que ela estava chorando.

– Mãe?

– Linda, Liz, eu preciso pedir uma coisa a vocês. – Ela falou de repente e eu olhei para as duas.

Liz fitava minha mãe intensamente, percebi que ela estava chateada por não ter percebido que minha mãe era uma maga assim como ela.

Isso também me chateava, mas eu não queria forçar minha mãe, eu estava vivendo no meu limite nas últimas horas, sabia que não era algo legal.

– Sim? – Disseram juntas e interrompendo meu momento de solidariedade.

– Levem a Nat para Nova York. Metade do tempo no Acampamento, a outra metade no Vigésimo Primeiro Nomo. Um ano em uma escola particular. – Estremeci quando ela disse essa parte. – É assim que vai ser. Prometam para mim que vão cuidar dela.

– Mãe? Mãe, o que a senhora quer dizer com isso? – Perguntei, mas ela não me respondeu.

– Nós prometemos. – As duas disseram juntas e minha mãe se levantou.

– Ótimo, agora tenho que abrir um portal e mandar vocês para o acampamento. Nat, você sabe o que eu quero dizer. – Ela me olhou fixamente e eu assenti.

Sim, eu realmente sabia.

Fui até a sala e liguei para a companhia de táxi.

*****

Não falamos nada durante o percurso até chegarmos ao museu de Bristol. Mamãe pagou nossas entradas e nos guiou até a área egípcia da galeria rapidamente.

Paramos diante de uma pirâmide de um metro e meio de altura, colocada sobre um pedestal, acho que para ficar mais alta talvez.

– Esse artefato está perfeito. – Mamãe falou e ergueu a peça curva de marfim que Liz me disse que se chamava varinha egípcia.

– Dona Marcela, a senhora não acha melhor eu fazer isso? – Liz interrompeu e empunhou uma varinha parecida com a que minha mãe estava. – Suas reservas mágicas não podem estar muito boas depois de ter protegido sua casa.

– Não se preocupe Liz, Ísis vai me ajudar, eu só preciso tomar cuidado, mesmo que não seja algo tão difícil assim abrir um portal, já que o momento auspicioso é agora.

Assim que disse isso mamãe ergueu a mão com a varinha egípcia e desenhou um símbolo no artefato que fitávamos e rapidamente desapareceu, segundos depois um túnel de areia apareceu e começou exercer sua força como a de um imã, arrastando-nos para dentro dele.

– Rápido! Vocês três! – Ela disse para mim, Liz e Linda. – Linda, leve a Nat para o acampamento primeiro, o portal vai levá-las até a colina, do lado de fora da barreira que é onde Ísis me contou haver uma relíquia egípcia para esse tipo de situação, o pai dela já deve ter falado com o diretor.

– Mas mamãe! – Falei com as lágrimas ameaçando cair novamente. – A senhora não vem?

– Preciso ir para o Primeiro Nomo, tenho explicações a dar para o Sacerdote-leitor Chefe, mas assim que puder vou atrás de você! Confie em mim, tenho tanta coisa para contar para você meu amor. – Mamãe falou e olhou triste para mim. – Mas seu pai me pediu que fosse assim, me perdoe por nunca ter falado para você.

Seus olhos estavam tristes, percebi que ela realmente sentia muito, mas antes que eu pudesse responder algo Liz e Linda seguraram minhas mãos e me levaram para dentro do portal que minha mãe abriu.

Tudo ficou escuro. Meu estômago deu voltas e mais voltas como se eu estivesse dentro de uma montanha-russa e eu despenquei no vazio, em algum momento na queda soltei as mãos de minhas amigas.

Então caí em cima do que parecia ser grama, ao meu lado ouvi o baque de mais duas pessoas, Linda e Liz gemeram poucos segundos depois. Ficamos de pé, eu ainda estava um tanto enjoada, mas dava para aguentar. Olhei para meus braços e percebi que uma fina camada de areia cobria meu corpo, como açúcar polvilhado, já que nada parecia ter quebrado voltei meu olhar para onde estávamos. Como minha mãe havia dito, estávamos paradas em uma colina, próximas a uma pirâmide de dois metros de altura.

A alguns metros de nós, no topo da colina havia uma garota baixinha, com cabelos castanhos um pouco abaixo do ombro, uma mecha loira se destacando entre os fios castanhos, era magra, porém não muito. E ela parecia estar alimentando alguma coisa que parecia um dragão enrolado em uma árvore.

Quando viu Linda e Liz soltou um grito de alegria e correu até nós. Ao se aproximar notei mais detalhes curiosos sobre a menina, seus olhos eram de um tom cinzento de nuvens de chuva, seus cílios eram bem compridos, porém ela não parecia usar nada para moldá-los.

– Oi Linda! Oi Liz! – Ela falou com um sorriso enorme para minhas amigas antes de olhar para mim oferecendo um sorriso tímido. – E quem é ela?

Para meu alívio sua voz não parecia ofensiva, só curiosa.

– Oi Annie. – Liz falou parecendo desconfortável.

– Oi Annie. Esta é Natália, ou Nat, minha melhor amiga, juntamente com Liz, e filha de Apolo. – Linda falou e retribuiu o sorriso da garota antes de falar comigo. – Nat, essa é a Annie, minha amiga aqui no acampamento e filha de Atena.

– Ah, oi, bem vinda ao acampamento! – Ela falou e estendeu a mão para mim. – Annie Di Angelo, muito prazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

então galera? o que acharam? espero que tenham gostado, digam isso nos reviews



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.