The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 6
Sra. Whitlight


Notas iniciais do capítulo

Esse aqui foi um pouco problemático, mas deu certo. Espero que gostem. Boa Leitura (:



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Hanna passou a noite na minha casa, no quarto de hospedes. Ela não disse uma palavra todo o dia e eu nem queria que dissesse. Eu sabia que seriam “Obrigada” ou alguma crítica ao que eu fiz. Na verdade, eu tinha vontade de contar para ela sobre as minhas asas e saber se ela via a mesma coisa que eu, se não estava ficando louco. Não é uma coisa normal você ver asas em sua sombra e nas costas da sua namorada quando ela fica com raiva e papoca todos os eletrodomésticos próximos.

Passei a tarde pesquisando sobre o assunto. Minhas asas eram tão negras e esculpidas quanto as de Lucífer. Algo não estava certo. “Você tem asas na sua sombra e acha que algo não está certo? Sério?” Eu sei que parece meio óbvio, mas o que chamava minha atenção não era isso. Era o fato de que tantos acontecimentos se seguiram tão rápida e consecutivamente. Fomos sequestrados, beijei Hanna, descobri que tinha asas, descobri que minha mãe adorava o Satã, descobri que minha namorada tinha asas também... O universo queria me dizer alguma coisa. Eu tinha certeza que eu ainda ia entender. Problema mental ou não, eu não conseguia ignorar.

Em minha pesquisa, descobri que Lucífer fora um anjo corrupto, por isso tinha suas asas negras. Também descobri que os anjos costumavam se apossar de corpos humanos. Quando se apossavam, seu poder era exibido pela presença de asas. Os anjos normais tinham asas de pássaro, tradicionais, mas machucava muito o “vaso”, o humano que eles possuíam. As Então eles evitavam possuir humanos. Mas haviam os Arcanjos, anjos mais poderosos, em que suas asas era descargas elétricas. Sim, como as de Hanna. Se anjos existiam, Hanna estava sendo possuída por um Arcanjo. Existiam quatro Arcanjos principais, considerados “filhos” de Deus: Miguel, Gabriel, Rafael e Lucífer. Miguel se tornou líder dos anjos numa luta contra Lucífer e seus protótipos de anjos, denominados... Demônios. Os demônios eram almas humanas corrompidas, cansadas de serem torturadas e que se rendiam a “perdição” antes que sua penitencia fosse completa. A penitencia era tipo um tempo que uma alma de uma pessoa ruim passava até que estivesse livre, purificada para subir ao céu. Aqueles que não conseguiam, se rendiam e se tornavam demônios.

Não me aprofundei muito neles, segui nos anjos mesmo. Os demônios nunca foram de ter asas, por que teriam agora? Por mais que eu pesquisasse, eu não encontrei nada sobre anjos de asas negras. Apenas Lucífer. A única explicação evidente era que eu estivesse sendo possuído pelo “Anjo Corrupto”, e eu tinha certeza que não tinha desejos de matar anjos recentemente.

Cansado de tanta esquisitice e lendas urbanas, descansei um pouco a cabeça na minha cama. “Como cheguei a esse ponto? Estou pesquisando sobre Deus e suas obras. Isso não pode estar acontecendo... Desde quando eu, Peter Roman, me importo com religião?” Eu não parava de pensar. Havia uma coisa que Bella tinha me dito que realmente fazia sentido: eu mudara. Eu me sentia mudado. Sentia que cada musculo do meu corpo se tornara uma coisa nova, que minha mente tinha sido... Aperfeiçoada. Essa era a palavra. Eu me sentia bom. Eu me sentia feliz, bondoso. Eu nunca, nunca tinha terminado um namoro daquele jeito. Eu senti remorso por ter terminado com Bella. Remorso? Eu nunca sentia remorso naqueles momentos. Eu estava... Bom.

–Peter? – minha mãe bateu na porta. – A Sra. Whitlight está aqui. Veio ver como está Hanna.

Desci as escadas e encontrei a mulher sentada na poltrona. Ela sacudia as pernas e continuava feliz. Por Deus, se essa mulher continuasse feliz, eu acabaria com a felicidade dela em um instante. Estava me dando nos nervos.

–Sra. Whitlight. – disse, sentando no sofá, na frente dela. – Como vai?

–Melhor do que nunca. – ela falou, abrindo um sorriso enorme.

A Sra. Whitlight não era pobre, mas era visível que não era muito luxuosa. Seu cabelo preto e longo, quase sempre era desgrenhado e seus olhos cansados. Sua pele era enrugada e sempre usava saias jeans. Seus brincos eram bolinhas de ouro e seu colar era um que o marido dera no dia de seu casamento. Se ela cuidasse mais do cabelo, seria uma mulher muito bonita. Sem falar no roxo por baixo dos seus olhos, resultado da... Conversa com seu marido.

–Mãe?

Virei e vi Hanna, à escada. Ela estava de braços cruzados. Isso era bom. No dia anterior, ela mal gesticulava. Ela estava preocupada. Seus cabelos loiros estavam bem arrumados por cima do ombro, indicando que ela estava bem o bastante para pentear o cabelo. Ainda usava a mesma blusa amarela por cima da mesma jaqueta do outro dia.

–Hanna!

A mulher se levantou e abraçou a filha, que contorceu um pouco o rosto, pois suas costas ainda estavam doloridas.

–Muito, muito, muito obrigada por cuidar dela. – ela disse, segurando as mãos da filha, mas olhando para mim, dando ênfase nos “muitos”.

Balancei a cabeça em um “de nada” mudo. Ela sorriu e alisou o rosto da filha. Como se tivesse sido desligada, ela fechou a cara e pediu para Hanna sentar-se no sofá, ao meu lado. Automaticamente, ela segurou a minha mão.

–Sra. Roman, poderia nos dar licença?

Minha mãe ergueu as sobrancelhas ao ser chamada de senhora. Era quase um insulto. De qualquer jeito, ela foi embora e nos deixou sozinhos.

–Eu não vim aqui só pela Hanna. – ela falou. – Eu vim aqui por você também, Peter. Estou tão feliz...

Pisquei o olho e olhei para a menina ao meu lado por um instante. Aquela conversa estava ficando estranha. Ela respirou fundo e continuou.

–Ontem, quando eu vi, não acreditei. Não era possível. Mas é. E se aconteceu... Só tem um motivo. É porque vocês dois fizeram isso acontecer.

Senti meu rosto corar. Não de vergonha, de medo mesmo.

–Você pode não ter visto, Hanna, mas eu e Peter vimos do que é capaz de fazer. – ela falou, apertando os olhos, orgulhosa.

Não acredito. Ela sabe.”, pensei. Com certeza ela sabia da razão pela qual Hanna tinha aquelas “asas”. Não me surpreendeu o pensamento de que ela também saberia a razão pela qual minha sombra tinha asas. O ar parecia ficar mais curto a cada momento que eu imaginava o que ela ia dizer. O que seria?

–O que eu sou capaz de fazer? O que vocês viram? – Hanna perguntou, virando a cabeça para mim.

Sra. Whitlight me fitou, querendo que eu respondesse. Em sua boca, um sorriso maligno que me deu vontade de arrancar cada dente daquela boca. “OH AMIGA, SUA FILHA FOI ESPANCADA! PARA DE SORRIR!”, eu não parava de pensar.

–Ontem, quando você... Você gritou. – contei. Fiquei acariciando sua mão, tentando acalmá-la. – Aconteceu uma coisa. Várias linhas, fiapos de luz saíram das... Das suas costas.

Ela arregalou os olhos e abriu a boca, espantada. Molhou os lábios e encarou a mãe.

–Eu sei. – ela falou, apoiando os cotovelos no colo. – Eu sei que você quer entender. E você vai. Vocês dois vão.

–Eu não tenho asas. – falei. Sim, eu tinha asas. Mas eu não ia contar isso pra ela, não me senti confortável em contar. – Não preciso ir junto.

–Pode até ser. – Sra. Whitlight falou, se levantando. – Mas é a razão delas terem aparecido. Vamos. Venham comigo.

Levantei e falei, na verdade eu gritei para minha mãe que íamos sair. Ela gritou um “tá bom” de volta. Hanna ia colada com a mãe, pensativa. Ela nos levou até seu carro. Abriu a porta e Hanna entrou. Eu fui no banco da frente.

Aquilo estava me dando calafrios. Eu estava entrando no carro de uma pessoa que eu mal conhecia, indo pra um lugar que eu não tinha ideia de onde era.

Minha casa era um pouco isolada da cidade. Antigamente, fora uma casa-grande de uma fazenda. Então, a fazenda acabou e ficou só a casa e seus arredores, que foi usada de pensão. Só que os hotéis tomaram os “holofotes” e meu pai comprou a pensão. Morávamos lá desde então. Era rodeada de árvores, apesar de ter um campo imenso na frente. A única via era uma estrada de cimento, que servia de inda e vinda que dava em uma rua secundária, que ia até a praça central da cidade. Sra. Whitlight deu partida no carro.

Porém, ela não pegou a estrada. Pelo contrário, ela parecia seguir em direção à floresta. Ela literalmente chutou o acelerador e passou a marcha do carro para a quinta. Eu quase tive um troço. Ela dirigiu com uma velocidade voraz em direção à floresta

–Para! Mãe, você vai bater! – Hanna gritava.

–Sra. Whitlight! – gritei diversas vezes, mas eu mal conseguia me mover.

Para falar a verdade, eu não conseguia me mover mesmo. Minha mão não se mexia, eu não pude impedi-la. Estávamos cada vez mais perto da floresta, a poucos metros da entrada. Se ela continuasse, seríamos espetados, atacados pelas plantas no caminho. No mínimo, iriam esmagar o carro e, com a batida, cairiam em cima dele. A única coisa que pude fazer foi virar o rosto. A sombra das árvores caiu sobre o carro e eu tinha certeza que não sobreviveria ao impacto.

Mas ele não veio. Tampouco as árvores caíram sobre o carro. Tentei ver o que acontecia e houve um clarão branco. Quando minha visão voltou, não estávamos na floresta. Estávamos em uma estrada. Eu poderia dizer que estávamos indo para a praia em um dia ensolarado de domingo, de tão tranquilo que aquele momento pareceu. Com meus movimentos de volta, olhei pelo retrovisor de onde tínhamos vindo. Tudo que vi, foi um túnel. “Se eu não ver um túnel por pelo menos meio século, vai ser pouco.”, pensei. Eles estavam me dando nos nervos.

Seguimos em frente por alguns minutos. Ninguém ousou quebrar o silêncio. Tive medo da Sra. Whitlight enlouquecer e dar um giro de 360 graus com o carro. Hanna estava muito chocada para falar. Então, descobri onde estávamos.

Em uma placa cinzenta, fincada na grama verde, havia escrito “Bem-vindo a Anakyse!”


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Notas finais do capítulo

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