The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 28
After Party Special


Notas iniciais do capítulo

Oi povo! Tudo bom?
Olha que lindo, eu postando um capítulo por dia ~todos chora~
Enfim, não vim falar de como eu sou super legal. Vocês querem ler, né? Então deixa eu dar uma faladinha sobre o capítulo. Eu mexi com uns assuntos que por muito tempo eu preferi não mexer, mas agora tá sendo inevitável e eu vou ter que meter a bíblia na história. Então evangélicos, católicos, protestantes e etc.: Foi mal qualquer coisa, não tenho nenhuma intenção em difamar a imagem da religião de vocês, beleza? Bom, no mais, era só isso mesmo. Boa Leitura (:



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–Peter, o que você está dizendo? - perguntou Hanna, ainda chocada

–Estou dizendo que vamos atrás de quebrar a droga desses selos. - respondi. - Se libertamos Miguel e Lúcifer, Deus voltará e ele poderá me devolver tudo o que perdi nisso tudo. Inclusive eles.

Hanna mordeu o lábio.

–Vamos embora daqui antes que a polícia ou os bombeiros cheguem. - ela falou

Sem dar mais uma palavra, saímos da casa, desviando dos corpos pelo chão. Do lado de fora, a Lua estava minguante e vários carros faziam filas na estrada. Carros que não tinham donos. Não mais. Hanna entrou em um Sonata estacionado alguns metros da entrada. Entramos no carro, mas ela não deu partida.

–Para onde vamos? - perguntei.

–Bom, eu tenho estado na casa da Hayley. - falou Hanna.

–Hayley? - falei, forçando a memória. - Aquela menina que foi expulsa de casa?

–Ela mesma. - afirmou Hanna. - Ela me abrigou no apartamento dela ontem e prometeu não avisar a ninguém que eu voltara. Mas você...

Ela se interrompeu.

–Eu a convidei. -completei, triste.

–Não foi sua culpa. - ela retrucou rápido, virando-se para mim.

–Foi sim. - respondi. - Você me avisou, Hanna. Você estava certa. Eu devia ter entendido que não pertenço mais a este lugar. Nunca mais vou encaixar aqui. Se eu não tivesse sido tão cabeça dura pra querer ficar, aqueles nojentos não teriam tido tempo para me encontrar e nada disso teria acontecido.

Ela não tentou me fazer mudar de ideia. Só ficou encarando o vidro frontal por alguns instantes.

–É. - ela assentiu. - Foi sua culpa. Mas não deixa de ser um acidente. Você quis fazer o certo, o que achou que era certo. É normal errar.

–Não foi a primeira vez.

Hanna segurou a respiração.

–Ontem. - lembrei, sem coragem de encará-la nos olhos. - Eu matei cerca de quarenta pessoas dentro de um parque ontem a noite.

Hanna arregalou os olhos.

–Aquilo foi...? Foi você?!

A surpresa, a angústia e a decepção estavam claras em sua voz.

–Peter, meu Deus! Se eles descobrirem...

–Eles não vão. - interrompi. - Ninguém conseguiu fugir. Ninguém sobreviveu. Fiz um estardalhaço grande o bastante para passar por um ataque animal. Agora podemos ir, por favor?

–Não temos para onde ir, Peter. - ela falou, apreensiva.

Respirei fundo, impaciente.

–Obrigada. - ela falou, após um breve silêncio. - Por ter me salvado.

Não respondi.

–Eu não teria morrido, sabe? - ela falou. - Nós Anjos, só podemos ser mortos pela Lâmina de Cain, tá lembrado dela? Mas eu poderia ter me machucado pra caramba, então... Obrigada.

–Aqueles caras. - lembrei. - Os olhos deles se tornaram vermelhos quando atacaram. Os três principais, pra ser exato. Os outros eram normais, mas eles pareciam... diferentes. Mais fortes. Você viu a pancada na cabeça que aquele levou. Fui forte o bastante para esmagar seu crânio. Mas ele conseguiu se erguer, conseguiu se curar tão rápido...

–Olhos vermelhos? - ela perguntou, abismada

–Sim, você não viu?

–Vi, só não dei atenção. - ela pôs as mãos na cabeça, enlouquecida. - Por Deus, Peter, estivemos tão próximos de morrer hoje!

–Do que você está falando? - falei, assustado com sua reação

–Os Demônios de Olhos Vermelhos. - ela explicou, me encarando com aqueles olhos azuis. - Os Cavaleiros Do Inferno. São conhecidos por serem mil vezes mais fortes do que um demônio comum. Você deu sorte em lutar com um deles e sobreviver.

–Lembro do que Sophie disse. - falei. - Que os Cavaleiros do Inferno estão para Lúcifer como os Arcanjos estão para Deus.

–Exato. - ela concordou, respirando fundo.

Ela ligou o som, onde começou a tocar uma música lenta e acalmante.

“Was a beauty queen, and if you're gonna cry don't cry for me”

–Anakyse? - perguntei

Ela balançou a cabeça.

–Roubaram o carro da Lucy. - ela falou, rindo. - Sabia disso?

–Não. - respondi, rindo. Apesar de a graça ter acabado, o sorriso em meu rosto demorou para se esvair. - A pergunta não é pra onde vamos. É o que vamos fazer. Você lembra qual o próximo selo?

Ela assentiu.

–Anotei no meu celular quando voltamos para a casa de Lucy naquela noite. - ela contou, pegando o aparelho. - Está aqui em algum lugar... Achei.

Ela me mostrou a nota.

“Três: O tesouro do homem deve ser encontrado.”

–Que diabos é o tesouro do homem? - perguntei

Ela deu de ombros. Observei minha casa, reduzida a destroços.

–Será que eles morreram? - perguntei. Ela franziu o cenho, preocupada. - Eram mais ou menos trinta demônios. Vai que dez deles sobreviveram e estão atrás de nós? Não podemos ficar parados por muito tempo.

–Sabe de uma coisa? - ela falou, depois de pensar um pouco. - Vamos para o apartamento da Hayley. Podemos passar a noite lá. Pela manhã, saímos e resolvemos o que fazer.

Assenti e ela deu partida no carro, dando meia-volta e dirigindo em direção ao esconderijo.

Hayley morava em um lugarzinho mal-cuidado. O condomínio ficava alguns quarteirões da prefeitura, em um lado mais periférico da cidade. Era pequeno, só tinha um bloco e era cercado por grades pretas com a ponta em formato de seta. Hanna buzinou em frente ao portão de entrada e o porteiro abriu o portão. Entramos na garagem e Hanna estacionou o carro em uma vaga no fundo do estacionamento. Descemos do carro e subimos as escadas, em direção ao apartamento de Hayley, número 47.

–Droga. - Hanna murmurou

–O que foi agora? - perguntei

Ela puxou a maçaneta, sacudiu-a e suspirou, impaciente.

–Hayley ficou com a chave. - respondeu ela. - Chave que com certeza queimou junto com sua casa.

Revirei os olhos.

–Sai da frente.

Hanna franziu o cenho, confusa, mas obedeceu. Dei um chute e a porta se chocou contra a parede do outro lado do quarto.

–Problema resolvido. - falei, entrando no apartamento.

Hanna resmungou algo sobre sutileza, mas não dei atenção. O apartamento era um tanto pequeno. Em um canto, havia uma escrivaninha lotada de papéis e com uma tela de computador atolada entre eles. Em outro canto, havia uma cama de frente a uma porta, que por acaso parecia não ser arrumada a dias, além de uma cômoda de cinco gavetas. No centro, um sofá, poltronas e uma mesa de centro faziam uma sala de estar improvisada. No fundo, havia uma janela de vidro coberta por cortinas, além de vários livros empilhados e enfileirados. Em outro canto, havia um balcão com um fogão, uma pia e uma geladeira, que formava uma espécie de cozinha. O apartamento cheirava a cigarro.

–Que cheiro é esse? - perguntei, contorcendo o nariz

–Era do avô da Hayley. - contou Hanna. - É um apartamento hereditário. Foi usado por gerações da família dela como um refúgio para adolescentes rebeldes.

–Como a Hayley. - falei, deixando-me cair sobre uma das poltronas.

–Como eu. - lembrou Hanna, deitando na cama.

Fechei os olhos e tentei relaxar um pouco, mas Hanna (como sempre), tinha de atrapalhar.

–Deus, como deixamos isso acontecer? - ela perguntou para si mesma

–Defina isso. - bufei

–Tudo. - ela sentou. - Como deixamos essa loucura entrar nas nossas vidas? Lembra como tudo era tão melhor, quando éramos simples adolescentes com aquele simples drama?

–Parece outra vida. - falei.

–É outra vida. - ela corrigiu.

–Você se arrepende? - perguntei, após alguns momentos de silêncio

Ela não respondeu. Por um instante, o único som era o do motor de alguns carros que eventualmente passavam por ali.

–Não. - ela respondeu, enfim. - Querendo ou não, crescemos. Nossos problemas mesquinhos de adolescentes se tornaram situações perigosas de adultos. Nos amadureceu. Então não. Não me arrependo.

–Hum. - resmunguei.

Não falamos mais nada. Com o tempo, adormeci e não notei o tempo passar. Sim, eu dormi na poltrona sem nenhum daqueles rituais comuns de antes de dormir, escovar os dentes, trocar de roupa e etc. Estava cansado demais pra isso. Psicologo e fisicamente.

Acordei com um cheiro de café pairando no ar. Passei cerca de dez minutos de olhos fechados, aproveitando o dia que ainda não começara. Ouvi passos apressados na cozinha. Deduzi que Hanna acordara cedo e estava fazendo café da manhã.

–Peter?

Ouvi suaa voz me chamar. Abri os olhos lentamente e a vi, olhando para mim com uma xícara de café em mãos.

–O quê? - perguntei. Minha voz saiu rouca e um pouco falha

–Está acordado. - disse ela, sentando na poltrona oposta.

–Não, não estou. - falei, virando o rosto para a cabeceira da poltrona.

Ela me jogou uma almofada.

–Levanta, preguiçoso!

Hanna riu e se levantou da poltrona, indo em direção a escrivaninha. Acordei de vez e fiz o mesmo. Fui até a "cozinha", onde Hanna deixara a xícara sobre o balcão. Um cheiro de café forte pairava sobre o apartamento, ofuscando o cheiro de cigarro. Levei a xícara a boca e bebi o café, sentindo aquele líquido quente me aquecer por dentro.

–O que está fazendo? - perguntei

Hanna estava sentada à escrivaninha, usando o computador velho de Hayley. Ela parecia concentrada na tela. Os papéis foram 'delicadamente' jogados no chão.

–Pesquisando. - respondeu ela, digitando. - Temos que descobrir alguma coisa sobre essa história de tesouro do homem.

–Alguma sorte? - perguntei, pondo a xícara seca sobre a escrivaninha e tornando minha atenção para a tela.

Ela negou. Eu achava impressionante como em um milhão de resultados, não houvesse ao menos um que nos desse a resposta do que procurávamos. Hanna entrava e saía de sites, resmungando palavrões a cada desistência.

–Sinceramente? - falei, cansado de ficar em pé olhando para a tela sem nenhum sucesso. - Se estamos procurando algo velho, antigo e mágico, duvido que vamos encontrar no Google.

Hanna suspirou.

–Você está certo.

Ela levantou da cadeira e afastou os cabelos do rosto, um tanto impaciente.

–Temos que procurar em outro lugar.

–Um museu? - perguntei, dando de ombros

–Não, por favor. - ela falou, contorcendo o rosto. - Se formos em um museu, tudo que vamos encontrar é um bando de mitos misturados com fantasias. Não. Precisamos de uma fonte mais confiável.

–Biblioteca? - perguntei

–Não sei. - ela respondeu, sentando na poltrona.

–Não, pensa bem. - falei, sentindo a resposta cada vez mais próxima. - Qual a fonte mais confiável de coisas sobre Deus e etc que conhecemos?

Hanna pensou um pouco.

–A Bíblia. - ela respondeu, levantando.

–É meio improvável, mas pode funcionar. - falei. - Certo?

Ela assentiu, indo até a pilha de livros sob a janela.

–Acho que vi um exemplar por aqui. - ela murmurou, enquanto desempilhava alguns livros. Após pegar um livro grosso, ela exclamou. - Achei!

Ela praticamente jogou o livro sobre a mesa de vidro o que, na minha opinião, deveria ter sido o bastante para quebrar o vidro completamente, mas mal ouvi ruído. Hanna folheou as primeiras páginas, atrás de algo.

–Bom, o que é um tesouro? - ela perguntou para si mesma. - É algo de grande valor, algo que representa riqueza e geralmente é associado a algo muito importante que foi perdido. Certo?

Assenti.

–O que a humanidade tinha de maior valor, só que com o tempo perdeu? - ela perguntou. Desta vez, não pude notar se perguntava para si mesma ou para mim.

Dei de ombros. Ela continuou a folhear, até que parou em uma página.

–Achei. - ela falou.

–O quê? - perguntei, me agachando para olhar a folha com mais atenção.

–O homem tinha tudo. - contou Hanna.- Tudo mesmo. Até que acreditou na palavra da serpente e se alimentou do fruto proibido.

–Adão, certo? - perguntei

–Adão e Eva. - ela lembrou. - Então, ele perdeu várias coisas. Vários privilégios. Foi jogado para fora do Éden e nunca mais comeu do fruto de nenhuma das árvores de lá. Mas uma em especial... É isso que procuramos.

Ela apontou para a folha amarelada e começou a recitar:

–Aqui. Fala que o homem foi expulso do Éden, foi impedido de comer o fruto de toda e qualquer árvore presente no jardim. Toda e qualquer árvore.

Pisquei.

–Do que está falando? - perguntei

Ela revirou os olhos.

–Estou falando de quando Deus expulsou o homem do Éden. Não está vendo? No Éden, havia todos os tipos de árvore. Inclusive a Árvore da Vida, que manteve Adão e Eva vivos por todos esses anos. É isso, Peter. A Vida. É isso que perdemos. Adão viveu 930 anos antes de morrer. Imagina se ele tivesse comido dessa árvore?

–Seria imortal. - pensei.

Hanna assentiu, empolgada.

–É isso, Peter. - ela repetiu, sorrindo. - Quando o Homem foi expulso do Éden, ele perdeu muito. Aqui diz que o homem do pó nasceu, e do pó há de voltar. Deus disse que, a partir daquele momento, não importa o que o homem faça, ele sempre há de morrer, sempre há de voltar a ser o que começou: nada. É isso, o tesouro do homem é a imortalidade, a capacidade de viver para sempre, nunca voltar a ser pó. É o que temos de encontrar.

–Como é? - perguntei, sarcástico. - A Árvore Da Vida? Sério?

Hanna estreitou os olhos.

–O que nós somos? - bufei – Crianças de doze anos brincando de safari?

–Estou falando sério, Peter. - ela respondeu, voltando à escrivaninha. - Agora sei exatamente o que procurar.

–Certo, mas que diferença isso faz? - perguntei, abrindo os braços em dúvida. - Você realmente espera encontrar alguém que tenha, simplesmente, jogado a localização da árvore da imortalidade na Wikipédia?

–Não, mas pelo menos temos por onde começar. - ela retrucou, voltando a pesquisar.

Revirei os olhos.

–Pensa, Hanna. Por quê Deus expulsou o Homem do Éden?

Ela parou de digitar. Apesar de olhar para a tela, eu sabia que ela me ouvia.

–Para puni-lo. - ela respondeu. - E para que não voltasse, colocou querubins armados com espadas de fogo na entrada do jardim.

–Exato! - exclamei. - Deus não queria os humanos no Éden. Não mais. Você acha que ele conseguiria manter o Éden na terra por todos esses séculos? Milênios?

Ela virou a cabeça para mim.

–Onde está querendo chegar? - perguntou ela

–Estou querendo dizer que o Éden foi movido. - respondi. - Levado para outro lugar. Um novo mundo. Uma nova... Dimensão! Assim como Anakyse e Kraktus.

Ela se virou completamente, atordoada.

–Então vai ser mais difícil do que eu pensava. - ela concluiu, encarando o chão. - Mas eu sei quem pode nos ajudar.

–Quem? - perguntei

Ela demorou para responder, sabendo as consequências que aquela resposta traria.

–Sophie.


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