The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 29
The Devil You Know


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal.
Olha, eu achei esse capítulo o capítulo mais explicativo de todos. Eu acho que tem cerca de 60% de informação, então gravem tudo na mente de vocês. Eu expliquei sobre a magia um pouco mais detalhadamente, então qualquer dúvida, comentem que eu respondo no mesmo dia. Além disso, vocês vão ficar sabendo a história da Árvore da Vida na íntegra, então tenham paciência com essas 3000 palavras. Bom, acho que era só isso. Boa Leitura (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486378/chapter/29

Demorei pra processar a resposta de Hanna. Ela com certeza estava com algum problema na cabeça.

–Claro que não! - gritei, em alta e boa voz. - Não! Não, não, não, não. Já disse NÃO?!

–Calma, Peter. - ela falou.

–Olha, eu não volto mais naquela droga de cidade. - retruquei. - Ela mentiu pra nós, Hanna. Eu não quero nem olhar pra cara dela, TAMPOUCO pedir informações ou meter ela nessa história de algum jeito. Não e não!

–Mas, Peter--

–Hanna, é melhor que você encontre outra maneira. - reclamei. Ela suspirou. - Porque se eu der de cara com aquela coisa, eu juro que não respondo por mim!

–PARA!

Ela gritou, irritada.

–Nossa, parece minha mãe. - resmungou ela. - Acalma aí! Se você prefere andar por aí atrás de lunáticos e crentes que possa nos dizer onde é, a porta é bem ali. Mas Sophie é a única pessoa que conhecemos que sabe o bastante e que vai querer nos ajudar.

–Anakyse e Kraktus são lugares cheio de gente. - retruquei. - Tenho certeza que pelo menos uma das pessoas vai saber.

–Exatamente. Sophie.

–Não! Bibliotecas. Tem uma biblioteca em Anakyse, não tem? - perguntei. Hanna parecia estar em tempo de explodir

–Sério isso, Peter? - ela perguntou, irritada – Sério mesmo? Sério que você vai querer ir pelo caminho mais difícil por causa de uma briguinha de relacionamento? Supera isso, pelo amor de Deus. Quanto mais tempo demorarmos, mais tempo vamos dar aquele grupinho do Lúcifer se expandir e virar um exército de verdade, aí meu caro, teremos um problema. Então engole esse drama, vira homem e para de choramingar. Fui clara?

Fiquei sem palavras. O pior é que Hanna estava certa. Não tínhamos tempo a perder. Sophie era uma das pessoas mais 'especializadas' no assunto. Se Sophie não encontrasse, provavelmente era impossível de ser encontrado. Não havia escolha.

Suspirei, derrotado.

–Certo. - assenti, sem argumentos para continuar. - Vamos atrás do carro de Lucy e de lá vamos para Kraktus.

Hanna assentiu.

Bom, não foi difícil achar o carro. Só tivemos de ir na delegacia e roubar o carro. Simples assim. Na verdade, fomos quase agredidos pelos policias de plantão e mordidos pelos cães de guarda. Em poucos minutos, já estávamos disparando pelas ruas de Wayland. Nada que um pouco de magia não resolva.

Uma coisa que eu acho bom esclarecer: a magia. Eu sei que você leu os outros capítulos e sabe como funciona, mas eu acho melhor explicar... Melhor. A magia está dentro de todo anjo, nephirim, demônio ou bruxo. Em Kraktus, Anjos não têm magia. Em Anakyse, demônios não têm magia. Na Terra, a Graça e o Poder têm sua força reduzida a metade do normal. Os anjos e demônios tem mais magia, são mais poderosos que um bruxo ou um nephirim, mas vamos dizer que os anjos e os demônios desenvolvem sua magia em seus núcleos (Graça e Poder). “Como assim?”. Quando um bruxo ou um nephirim desenvolve sua magia, isto é, faz rituais e coisas do gênero para aumentar seu poder, ele se torna mais poderoso, seus encantamentos são mais fortes e mais difíceis de serem barrados. Quando um anjo ou um demônio desenvolve sua magia, isto é, mata outro anjo ou outro demônio e absorve sua Graça ou seu Poder (nunca mencionei isso aqui), ele se torna mais poderoso em seus atributos físicos, como velocidade. O demônio fica mais veloz, por exemplo. Entende? Magia é um recurso raramente usado por demônios e anjos, apesar de serem os seres com uma magia mais poderosa que os outros seres. O Anjo tem poder de cura, velocidade, força, magia e só são mortos pela Lâmina de Cain. O Demônio tem poder de cura, velocidade, força, magia, tem sede de sangue quando está alterado emocionalmente, tem poder de influenciar a mente humana (nunca mencionei isso aqui) e são mortos se pegarem fogo, perderem a cabeça (literalmente)ou se tiverem seu coração arrancado. Nephirims e Bruxos tem os mesmos poderes, só que mais fracos, exceto os atributos de velocidade, força e a parte da sede de sangue. Deu pra entender? Espero que sim. Ah, e ainda tem os Arcanjos e os Cavaleiros do Inferno, que serão introduzidos e explicados ao longo da história. Entende? Sim? Ótimo. Se não, comente sua dúvida.

Enfim, voltando à história, eu fui no volante e Hanna no passageiro.

–Nossa. - pensei alto, enquanto fazia força para não chocar o carro contra uma casa durante uma curva veloz - Tudo o que eu precisava. Ser, além de desaparecido, um fugitivo.

–Pense pelo lado bom. - comentou Hanna. - Não precisará tirar uma segunda foto para o cartaz de procurado. Pode reciclar a de desaparecido.

Ri alto. Antes que pergunte, não, eu não estava usando o cinto de segurança. Não sei porque, mas tudo é mais divertido quando é perigoso. NÃO ESTOU DIZENDO PRA VOCÊ FAZER COISAS PERIGOSAS PORQUE É LEGAL. Estou dizendo que quando você não pensa na segurança, parece mais legal. Mas é uma droga quando você acaba morrendo no processo. Enfim, você já entendeu o que eu quis dizer.

–E agora?! - perguntei, em meio ao som da sirene da polícia, do atrito rude entre o pneu e a pista e das buzinas de carros – Como... Sei lá, ativa essa coisa?!

–Não faço ideia! - Hanna gritou de volta. Diferente de mim, ela parecia aterrorizada. - Tinha um encantamento ou coisa do tipo, mas eu não lembro!

–A Sra. Whitlight jogou o carro contra o nada naquele dia! - gritei – E funcionou!

–Isso foi antes de Lucy expandir a magia pra Kraktus! - respondeu ela

–Não tem jeito! - gritei, pisando no acelerador com mais força

–Peter, para! - Hanna me sacudiu, implorando – Por favor, desacelera!

Não dei ouvidos. Um prédio cinzento se erguia do outro lado da avenida. Pressionei meus dedos sobre o volante, me sentindo no controle. Hanna se segurava no banco com todas suas forças. Eu não a julgava, não é todo dia que se joga o carro contra a parede pra atravessar um portal mágico pra uma cidade cheia de demônios.

–Se segura! - alertei Hanna, como se fosse preciso

O som do motor aumentou, aquele ronco poderoso. Não sei como uma lataria daquelas tinha aquele som, mas enfim. Fechei os olhos, esperando o impacto. O pneu arrastou na pista e o carro bateu contra o prédio, o que provavelmente deixou muita gente se perguntando como o motorista não vira o edifício quando o carro se chocou.

Mas não houve som. Ou pedaços voando pelos ares. Ou dor. Ou nada que implicasse que o carro batera. Ele continuou seguindo, como se continuasse na estrada. Através das pálpebras, pude ver um lampejo de luz branca englobando tudo. Então, tudo escureceu e voltei a abrir os olhos. Estávamos na Estrada de Zayn, com toda aquela loucura, aqueles carros indo e vindo, aqueles prédios e baladas barulhentos. Ainda era dia, mas a cidade já estava caótica como sempre.

–Não acredito que funcionou. - suspirou Hanna. Ela respirava fundo e posso jurar que ela estava quase chorando.

–Não acredito que estou aqui. - comentei, respirando fundo. - Não de novo. Eu esperava nunca mais ter que colocar os pés neste lugar.

Hanna olhou para mim, com pena. Ela sabia da minha culpa, eu tinha ciência disso, mas eu não me sentia nem um pouco bem em ver a pena em seus olhos.

–Eu sinto muito, Peter. - ela falou. - Devia ter dito isso antes.

–Esquece. - falei, olhando o castelo no fim da estrada.

Passamos o resto da viagem em silêncio. Hanna olhava para os lados, observando os altos prédios e as casas vitorianas que se enfileiravam, como uma cidade de brinquedos infantis. O sol lá em cima era forte. Uma coisa bem estranha. Sol. Não é como se aquilo fosse parte da Terra ou algo do tipo, mas parecia uma cidade comum. Eu me perguntava quais eram os limites de Kraktus. Era apenas um planeta? De acordo com Sophie, Kraktus era o próprio planeta. Um planeta mínimo. Mas e o espaço? Havia outros planetas? Afastei esse pensamento da minha mente. Eram perguntas idiotas, tinha mais com o que me preocupar. Como essa bendita Árvore da Vida. Não tínhamos ideia onde ela estava e o que faríamos quando a encontrássemos, se encontrássemos.

Chegamos ao castelo em cerca de meia-hora. Estava uma loucura. O mercado estava fervilhando de vendedores e pessoas, comprando frutas e coisas do gênero. Sinceramente, aquilo era esquisito. Uma cidade/avenida enorme, provavelmente repleta de supermercados, e o povo comprava suprimentos no mercado do castelo? Não fazia sentido. De qualquer jeito, fiz meu caminho pela multidão e adentrei o castelo, com Hanna em meu encalço.

Sim, eu me lembrava perfeitamente bem do castelo. Suas altas torres, a fonte que um dia Sophie me explicou que os vampiros foram originados dos demônios, os corredores, as vidraças, os mosaicos, os servos que corriam apressados pelos corredores... Tudo parecia o mesmo. Tudo era o mesmo. Só eu mudara. Hanna me seguia pelo castelo, tentando não se perder nos corredores e escadas que levavam a torre de Sophie. Sim, eu me lembrava onde era. Conseguimos chegar sem nenhum problema. Fácil foi chegar. O problema foi entrar.

Na porta que dava na escada que levava à torre, que geralmente ficava aberta, havia dois homens, um de cada lado da porta, com ternos risca de giz e óculos escuros. Pois é. Óculos escuros do lado de dentro. Vai entender. Olhei para eles, mas tentei parecer normal. Segui em frente, mas eles me barraram.

–Daqui não passa. - disse um.

–Não pode passar. - disse o outro

Encarei-os, impaciente.

–Preciso falar com a rainha.

–Ela não quer ver ninguém. - disse o que falara primeiro

–Mas eu preciso falar com ela. - retruquei

–Mas ela não quer ver ninguém. -disse o outro

–Peter?

Virei e me deparei com Olsen. Ele estava com uma blusa xadrez verde e calças jeans, com uma prancheta na mão. Ele atravessava o corredor, mas parou e deu meia-volta para falar comigo. Sorri e abracei-o, dando tapinhas em seu peito. Ele riu de volta. Hanna parecia deslocada.

–Olsen! Tudo bem, cara?

Seu sorriso sumiu. Ele parecia lembrar de algo doloroso.

–Não, Peter. - falou ele. - Não está nada bem.

Franzi o cenho. Hanna cruzou os braços e se aproximou, atenta.

–Sophie está arrasada.

Revirei os olhos. Hanna respirou fundo.

–Sério, pessoal. - disse ele. - Ela não come, ela não sai da torre, ela não está vivendo: está sobrevivendo. Todos reclamam que ela está desaparecida. Não aparece para o povo, não fala com ninguém, e quando aparece, está em uma aparência horrível. Peter, ela não se perdoa.

–Nossa, que exagero. - bufei

–Exagero não, Peter. - disse Olsen. - Amor. Ela te ama demais para suportar o fato de que você foi embora, a deixou aqui e ela não tem ninguém pra culpar a não ser a si mesma.

–Então você acha que eu devia perdoá-la? - perguntei, com as sobrancelhas erguidas

–Não. Não acho nada. Mas eu sei que você também a ama. Eu tenho certeza disso. Então eu acho melhor vocês pularem esse drama e voltarem logo, porque eu tenho certeza que já está enchendo a paciência de muita gente.

Minha boca se abriu em protesto, mas eu não tinha o que dizer. Ele soltou um riso fraco e voltou ao corredor. Cerrei os dentes, irritado.

Eu não estava irritado por Olsen me dar um sermão. Estava irritado por ele estar certo. Eu ainda amava Sophie. Eu lembrava de tudo o que tínhamos passado, Redmont, Malahatch... São nos momentos difíceis que uma relação se concretiza, quando é necessária confiança, lealdade e companheirismo. É no perigo que se reconhece aqueles que realmente se importa com você. E eu passara esses momentos com Sophie, o que tínhamos era fortalecido por todos os maus tempos. Mas não. Eu não queria voltar a ser como era antes pois, querendo ou não, essa relação nascera de ambição, de manipulação. Não era saudável. Continuar com Sophie seria dizer que não me importava em ser usado, não me importava em ser feito de peão em um tabuleiro de xadrez. Isso eu não admitiria. Então sim, Olsen estava certo. Eu amava Sophie. Mas nada mudaria o que eu sentia.

–Peter? - Hanna me tirou de meus pensamentos

–Bom, ela não quer nos ver. - falei. Por dentro, eu dava vivas.

–Não quer dizer que vamos embora. - retrucou Hanna

–Oh engomadinho! - chamei o segurança da esquerda. - Quando a Rainha aparecer, fala pra ela criar vergonha na cara e me procurar? Diga pra ela que sou Peter Roman.

O segurança não esboçou nenhuma reação. Suspirei e dei meia volta, seguindo de volta por onde eu viera. Hanna veio atrás de mim, sem contestar. Eu não esperaria por Sophie. Eu tomaria um copo de cerveja no Peep's e esperaria ela aparecer e o segurança dar o recado.

O Peep's não estava lotado.

Estava, como posso dizer, movimentado. Algumas mesas estavam ocupadas por uma ou duas pessoas, conversando normalmente. Não pareciam demônios. Pareciam casais de comercial de margarina. Fui até o bar e sentei no balcão, onde uma garçonete limpava garrafas de uísque de costas para mim. Hanna me deixou sozinho, alegando que iria na biblioteca, atrás de respostas. Acho que, assim como eu, ela não estava muito afim de esperar Sophie sair da torre e foi atrás de respostas por si só.

–Uma cerveja, por favor. - falei

A garçonete se virou, pasma.

–Peter?

Bella riu e me abraçou por cima do balcão, largando o uísque na cadeira do lado.

–Bella, a quanto tempo! - falei, sentando em uma cadeira alta de frente ao balcão

–Umas duas semanas! - disse ela – Uma cerveja, certo?

Assenti e ela adentrou a parte interna do bar. Depois voltou, com uma garrafa em mãos.

–E então, - disse ela, abrindo a garrafa e enchendo um copo. - o que te traz de volta a Kraktus?

–Sabe que estamos tentando quebrar os selos, certo?

Um pouco desconsertada, Bella assentiu.

–Sophie tem a informação que preciso. - falei, apoiando os cotovelos no balcão.

–Por quê você quer quebrá-los afinal? - perguntou ela. - Sabe o que pode acontecer se Lúcifer se libertar. Tipo, caos mundial.

–Sei sim. - falei, encarando o líquido em meu copo. - No começo, eu nem sabia porquê. Mas agora, eu...

Interrompi a mim mesmo. Bella conhecia todos que estavam em minha casa no dia do ataque. Ela ficaria arrasada se soubesse do que acontecera. Ela ergueu as sobrancelhas, esperando o fim da frase.

–Um Scotch, por favor.

Uma mulher sentou ao meu lado, mas não tirei os olhos do copo.

–Dia ruim? - ela perguntou, mexendo em sua bolsa. Sua voz era rouca e fraca.

–Ano ruim. - corrigi, olhando para seu rosto por cima do ombro.

Quase caí para trás.

Sophie estava terrível. Seus cabelos, que costumavam ser lisos, agora eram ondulados e adotavam uma cor quase de palha. As olheiras embaixo de seus olhos e a palidez de seu rosto confirmavam a insônia e a má nutrição. Seus lábios estavam quase brancos.

–Peter. - ela arregalou os olhos e seu rosto ganhou cor, enchendo-se de esperanças, deduzi.

–Sophie. - falei.

Ela colocou o cabelo para trás da orelha e se remexeu na cadeira, tentando parecer menos mendiga. Ela tentou sorrir também.

–Você está deplorável. - disse eu.

Ela riu. Bella saiu discretamente para atender umas mesas.

–O que aconteceu? - perguntei

Ela deu de ombros.

–Sou muito descontrolada. Muito dramática. Muito... - ela hesitou. - Humana.

Bebi toda a cerveja em um único gole.

–Então você está de deteriorando por que eu te deixei? - perguntei

Ela assentiu. Balancei a cabeça, em desaprovação.

–Eu te disse, Peter. Eu te amo. E as consequências das minhas atitudes me machucam muito.

–Sinceramente? - falei, com um sorriso cínico – Eu acho isso um drama, um exagero. Que tipo de pessoa fica assim por causa de um namorado?

Ela baixou os olhos, parecendo pior do que nunca.

–Não vim te perdoar ou algo do tipo. - falei, cortando suas esperanças. - Estou pouco me lixando se está sofrendo. Está colhendo o que plantou. Só vim porque preciso que me ajude.

–Por quê ajudaria? - perguntou ela, com a voz embargada. - Já deixou bem claro o que sente por mim.

–Porque você me deve. Está me devendo por todas as mentiras.

Ela suspirou.

–O que quer saber? - derrotada, ela perguntou

–Onde fica a Árvore da Vida? - perguntei

Ela franziu o cenho. Bella voltou ao bar e preparou o Scotch de Sophie.

–O que quer com ela?

–É o terceiro selo. - respondi. - “O Tesouro do Homem deve ser encontrado.”. A Imortalidade. A vida sem o pecado. A Árvore da Vida nos fornece isso.

–Isso é loucura. - disse ela, bebendo um gole do Scotch.

–Por quê? - perguntei, estreitando os olhos

–Porque é impossível. - respondeu ela.

–Detalhes. - exigi.

Ela suspirou e revirou os olhos, impaciente.

–Tudo começou quando Deus criou o mundo. - disse ela.

“A Árvore da Vida foi criada com o intuito de dar vida aos seres. Quando Deus criou o mundo, quando resolveu criar a vida, a Árvore nasceu. Suas raízes são milhares, tão milhares quanto as estrelas. Cada raiz é um fio espiritual que liga a Árvore aos seres que andam por todo o mundo, incluindo a Terra, Kraktus, Anakyse e o Éden em si. Quando alguém morre, a raiz se quebra e o ser perde a conexão com a Árvore da Vida, perdendo sua vida. Quando um ser come de seu fruto, tem seu corpo renovado, rejuvenescido e nunca envelhece. Era isso que acontecia com Adão e Eva. Ameriel e Gadreel foram postos nos portões do Éden, para impedir Lúcifer e seus demônios rancorosos, os únicos seres fora do Éden, que entrassem e corrompessem tudo. Porém, tentado pelo poder, Gadreel permitiu a entrada da serpente, de Lúcifer. Adão e Eva comeram do fruto proibido e se tornaram capazes de pecar, obrigando Deus a expulsá-los do Éden.”

“Uma vez que os humanos estavam expulsos, foram criados os Querubins, bebês de asas armados com uma espada de fogo, com a função de guardar a entrada do Éden. Os Querubins ficaram sobre o comando de Ameriel, pois Gadreel foi mandado para uma espécie de prisão celestial, para pagar por deixar a serpente entrar no jardim. Anos, séculos se passaram e os humanos se tornaram desenvolvidos demais. Então, antes que o pior acontecesse, Deus tirou o Éden da Terra e o transformou em um lugar paralelo a Terra, como Anakyse e Kraktus, um novo mundo onde Ele moraria sozinho com seus filhos Arcanjos, os Anjos e os ancestrais dos animais que conhecemos hoje. Claro, Lúcifer, os demônios e os humanos ficaram na Terra. O Éden virou a casa de Deus, onde residia a Árvore da Vida. Quando Walters ergueu os selos, Deus previu. Deus previu tudo.”

“Então Ele fez tudo o que pôde para deixar a Terra em bons lençóis antes de tudo. Deu a Byron Whitlight e sua mulher, Johanna Whitlight, o poder para arrancar um pedaço do Éden e dar início a uma cidade dos Anjos: Anakyse. O mesmo para Joseph Roman e sua mulher, Helen Roman, darem vida a Kraktus, só que foi tirado um pedaço do que um dia, fora uma ilha na Terra. Além disso, trancou o Éden de uma vez por todas, o que causou uma espécie de paralisação do tempo no Jardim. A Árvore da Vida foi tirada de lá. Os Arcanjos se esvaíram, Miguel e Lúcifer foram presos, Deus desapareceu, os Anjos caíram sobre os humanos e foram levados para suas respectivas cidades. Porém, os Whitlight e os Roman não foram. Ficaram na Terra. O motivo? Ninguém sabe. De acordo com a lenda, Deus lhes disse para não ir.”

“Os Querubins eram seres mágicos, logo caíram também, se tornando animais. Muitos morreram, mas pelo menos cinco sobreviveram. Eles se tornaram belas águias de asas douradas, que levam as almas de todo ser humano falecido para uma nova terra. Essa terra que eles guardam é também onde a Árvore da Vida foi colocada por Deus antes dos selos serem erguidos. Animus é o seu nome, que vem do latim “Anima”, que significa vida, alma, espírito. Animus não fica no céu, não fica na terra. Fica no meio. É como uma estação de metrô, a última parada. É para lá onde vão todos aqueles que tiveram sua vida interrompida, aqueles que não mereciam morrer. Não naquele momento. Lá, eles comem um fruto da Árvore. Eles não ganham vida, mas ganham o poder de voltar à Terra e dizer adeus a seus amados, antes que finalmente se sinta em paz e livre para seguir em frente.”

“Porém, quando alguém morre de um jeito violento, quando sua morte lhe parece injusta, quando sente que tem alguém a culpar, essa pessoa adota uma obsessão a sua morte. A memória é muito forte, a ira cresce e o espírito se torna sombrio. Raivoso. Então, quando ele come do fruto, sua ira é alimentada e ele desce para Terra, não para dizer adeus, mas para se vingar. Infelizmente, raramente um espírito irado obtém sucesso nisso. Quando ele não consegue, quando se torna impossível continuar o plano de vingança, o espírito entra em colapso e não consegue seguir em frente, obrigando a si mesmo a voltar para aquele dia, reviver aquela memória contínuas vezes, até que perceba onde errou, até que veja o que aconteceu, o que poderia ter evitado, e assim seguir em frente. Mas isso só piora a situação. Assim nascem os fantasmas, espíritos que não conseguem esquecer seu passado, ficam presos em suas memórias e obrigam todos aqueles que passam pelo seu lugar de morte, a ajudá-los. Porém, a ira é mais forte do que seu controle e acabam jogando toda a sua raiva sobre o pobre humano, fazendo com que seu corpo entre em um estado de recusação do espírito, fazendo assim com que o humano morra.”

–Isso acontece graças à Árvore da Vida, que reside bem no centro de Animus. - concluiu ela. - Se conseguir ir para lá, roubar um fruto e plantá-lo em algum lugar da Terra, você quebrará o selo. Então, você só precisa achar um Querubim que te leve até lá.

–E como eu faço isso? - perguntei

Ela deu de ombros.

–Você morre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acabou a maratoninha. Agora vou voltar a postar normalmente: uma ou duas semanas entre dois capítulos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Last Taste - Season 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.