The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 25
As I Lay Dying


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Eu sei, esse capítulo vai ser bem "muda-história". Espero que vocês gostem. Comentem, por favor, o que vocês acharam da última cena. Tio Henry aqui agradece (:
Bom, era só isso. Boa Leitura (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486378/chapter/25

Passamos os dias que se seguiram em Kraktus. Olsen nos levou de carro pela Estrada Zayn até Hyndarium, onde nos estabelecemos. Sophie estava bem, mas Hanna e eu tínhamos deixado nossas malas e pertences em Anakyse. Resolvemos ir pegar nossas coisas no outro dia. Hanna dormiu no quarto dos pais de Sophie e dormi com Sophie em seu quarto.

As coisas estavam deprimentes. Hanna não falava nada, estava sempre calada e com o olhar fora de foco, como se estivesse mentalmente perturbada. Eu entendia que Joe estava morto e estava sendo um choque para ela viver sem ele, mas achei exagero. Minha mãe morrera e nem por isso eu tinha me tornado uma estátua. Ela estava bem mais normal em Malahatch, mas agora ela parecia doente. Sophie estava bem, apesar de tudo. Ela ainda era vaidosa, mas era menos atirada do que antes. A morte de Joe e o desaparecimento de Lucy pareciam não afetá-la. Eu, pelo outro lado, não pensava em outra coisa. A dor pela morte de Joe ainda estava lá, mas não era isso que me perturbava. O que me preocupava era o que a morte de Joe representava, o que sairia disso. Hanna ficaria para sempre como uma retardada? Eu ficaria para sempre me sentindo mal por um desconhecido? Sophie estava fora desta equação, ela agia como se nada tivesse acontecido.

Hanna estava muito estranha, então Sophie e eu decidimos dar uma parada nessa história de selos até ela melhorar. Logo, Sophie tomou de volta o posto de Rainha e passou a demorar para aparecer na Torre. Sempre estava fora, resolvendo algum problema ou fazendo relatórios e coisas do tipo. Em compensação, Olsen era bem prestativo. Ele sempre aparecia pela torre com alguma coisa nova. Fosse um livro, um filme ou comida, qualquer coisa que ajudasse Hanna a sair de sua apatia.

Era como se ela estivesse na sala e ao mesmo tempo não estivesse. Sempre encarando o nada, parada. Eu lhe oferecia todo tipo de coisa, mas ela balançava a cabeça, indicando que não. Uns três dias depois de termos chegado, eu decidi mudar aquilo. Peguei todo tipo de comida possível na cozinha e levei para Hanna.

–Hanna, coma alguma coisa.

Ela virou o rosto para o prato de macarrão que eu lhe ofereci. Peguei um prato de carne, ela recusou. O mesmo com lasanha, sanduíches, camarão, sopa e lagosta. Nada parecia mudar sua expressão. Faltava alguma coisa nela. Então, eu reconheci o que era.

–Você não sabe viver sem ele. - falei. - Literalmente. Sabe?

Ela ficou em silêncio. Por fim, ela se virou para mim, me observou por uns instantes e voltou a olhar para o nada. Continuei a observá-la, mas ela não esboçou nenhuma reação. Derrotado, levantei e voltei para o meu quarto.

–Eu tinha cinco anos.

Parei no meio do caminho. Hanna estava falando pela primeira vez em três dias.

–Meus pais estavam brigando. - ela contou, encarando o chão. - Meu pai jogou um vaso na minha mãe. Ela corria pela casa, tentando se esconder de meu pai e seu cinto. Ela me mandou sair da casa e só voltar pela manhã. Eu andei sozinha e assustada pelas ruas de Wayland. Deus, eu estava com tanto medo. Diziam que tinha um serial killer na cidade que matava qualquer um que ousasse cruzar seu caminho pela noite. Assim que me lembrei disso, corri para a primeira casa que consegui entrar. Havia um menino. Ele me acolheu em um pequeno casebre. Ele disse que ia me proteger e que ninguém viria me machucar. Estava tudo bem. Ele morava sozinho. No outro dia, voltei para casa e, depois da escola, fui direto achar o menino. Não o encontrei. Mas prometi a mim mesmo que um dia, o encontraria e retribuiria o favor. Eu o achei, mas quebrei minha promessa. Ele morreu diante de meus olhos e não pude fazer nada. Nada. Apenas assistir a lâmina descer sobre sua garganta.

Eu estava estupefato. Ela acabara de me contar como conhecera Joe. Provavelmente, ele estava dando uma voltinha pela Terra e no outro dia, voltou a Anakyse. Depois de se reencontrarem, deviam ter se reconectado e vivido uma rotina de amizade e amor. Tudo isso foi destruído por Wendell, que lhe cortou a garganta.

O lábio de Hanna começou a tremer. Ela afundou a cabeça entre as pernas e... Chorou. Sentei ao seu lado e ela me abraçou, chorando ainda mais.

–Tá tudo bem. - senti que agora, compartilhávamos a mesma dor, a mesma tristeza... O mesmo sentimento. - Vai ficar tudo bem.

Ela encostou sua cabeça em meu ombro e continuou a chorar. Eu passava minha mão em suas costas, consolando-a. Por fim, ela ficou choramingando e descansando em meu ombro. Ela tirou a cabeça dele e me olhou. Nossos rostos estavam a centímetros um do outro, nossos narizes se tocavam brevemente. Ela observou meus olhos e minha boca. Eu encarava seus olhos, enquanto o cheiro de seu perfume me distraía. Minha mão, automaticamente, tocou sua pele macia e fina, roçando em seus cabelos loiros. Meus lábios se partiram e se aproximaram dos dela.

–Não.

Levantei, rápido.

–Não é certo. - falei.

–Quem disse? - falou Hanna

–Não é real! - falei, virando para encará-la

–O que faz algo real? - ela perguntou – Eu sinto. Eu sei que você também sente.

Ela se levantou e segurou minhas bochechas com as mãos.

–Por isso é real.

Ficamos nos encarando, mas tratei de interromper. Afastei suas mãos de mim e olhei para ela.

–Não. - voltei a falar.

Apressei o passo e saí, em direção a escada externa da torre. Eu não sabia para onde ir, só sabia que não era ali. Eu não suportaria a tentação de Hanna. Se eu me entregasse, tudo mudaria. Como eu disse, explodiria na minha cara.

Andei pelos corredores do castelo, pensativo. Passei por salas e mais salas, por várias pessoas, janelas, armaduras, pinturas e coisas no geral. Cheguei a me perguntar se ainda estava em Hyndarium, pois aquele lugar era enorme. Por fim, encontrei Sophie saindo de uma sala no fim do corredor.

–Ah, finalmente te achei! - ela exclamou ao me ver. Deu um beijo em minha bochecha. - Então, você teve alguma sorte com a Hanna?

–Aham. - respondi. Claro que eu não tive coragem de contar o quão perto estive de lhe dar um belo par de chifres. - Eu acho que eu sei o problema dela.

–Legal. - respondeu ela. - O que é?

–Joe se foi e ela se sente incompleta. - respondi, começando a voltar pelo caminho de onde vim. - Ela precisa de um encerramento, de uma conclusão. Ou então, ela vai se sentir vazia.

–Isto é...? - ela falou, parando no meio do caminho

–Um enterro.

Sophie arregalou os olhos, um pouco chocada. Mas com o tempo, ela pareceu se acostumar com a ideia.

–Bom, não temos esse costume aqui em Kraktus, nem temos cemitérios. - falou Sophie. - Mas podemos organizar uma espécie de despedida na Baía. Mas não vai ser a mesma coisa.

–Tudo bem. Acho que é o bastante.

Sorrimos um para o outro. Voltamos para a torre, onde Hanna estava sentada no sofá. Ao chegarmos, ela levantou e voltou para o quarto dos pais de Sophie. Fingi que nada tinha acontecido. Fui para o quarto enquanto Sophie ia atrás das coisas que faríamos para o 'velório' de Joe.

Aconteceu no pôr do sol daquele dia. Hanna ficou um pouco atordoada com o evento. Ela vestiu um longo vestido preto e eu fui de jeans e casaco mesmo. Sophie estava com um vestido preto 'tubinho'. Olsen também veio, de terno e gravata. Às cinco e meia, estávamos todos na baía.

A Baía de Judas era simplesmente linda. A água era azul e cristalina e a areia branca se estendia por toda a costa. O Sol, com metade de seu corpo abaixo do horizonte, raiava uma luz laranja, que refletia na água com um espelho. Olsen pegou o barquinho, pôs a vela nele e acendeu-a. Hanna pegou-o e o colocou na água. Ela chorou baixinho enquanto observava o barquinho ser levado pela água, junto com sua dor e saudade. Abracei-a e ela chorou em meu peito. Sophie e Olsen decidiram ir, eles tinham muito trabalho a fazer. Hanna e eu ficamos na costa, observando os últimos raios de luz. Ela parecia bem.

–Obrigado, Peter. - ela falou. - Eu realmente precisava disso.

–Você estava tão... Esquisita.

–Eu ainda estava processando a morte de Joe. - ela contou sentando na areia. - Minha mente negava a morte dele. Então, quando chegamos aqui, eu me lembrei que eu não tinha ninguém para passar o dia. Ninguém para passar a tarde conversando e rindo sobre idiotices. Eu não tinha ninguém. Aí eu lembrei e não consegui lidar com isso.

–Mas você está bem agora? - perguntei, sentando ao seu lado.

–Estou. - ela respondeu, sorrindo. - Peter, eu não te entendo. Eu sei que você chorou quando Joe morreu.

Virei a cabeça, envergonhado.

–Por quê? - ela perguntou. - Quando sua mãe morreu, eu lembro de você irritado. Quando Joe morreu, você ficou arrasado.

–Eu não sei. - falei. - Eu só senti como se tivesse perdido um irmão. Eu não me reconheço mais, eu tenho esses sentimentos esquisitos...

–Eu acho que sei o que é. - falou Hanna. - Hoje, você me consolou pela morte de Joe. Você dividiu comigo a dor. Então, nós quase...

Revirei os olhos.

–O que importa é que, eu acho que é a droga desses selos. - ela falou, por fim. - De uma certa forma, a morte de Joe te aproximou de mim. Não acho que você teria reagido do mesmo jeito se você não se importasse com a morte dele. Mas de uma coisa eu tenho certeza, Peter: ele não cria sentimentos. Ele só exagera os que já existem.

–O que isso quer dizer? - perguntei

–Que sim, você sente algo por mim. - respondeu ela. - Que sim, você sente falta de Joe. A diferença é que isso tudo é aumentado. Amizade vira amor, saudade vira dor. Uma leve brisa vira um tornado. Esse selo vai fazer qualquer coisa em seu alcance para nos aproximar.

–Devemos deixá-lo? - perguntei

–Não. - respondeu ela, levantando. - Mas não podemos deixar de viver nossas vidas e aceitar o que sentimos por causa disso. Lembre-se, ninguém tem culpa do que o coração sente.

Levantei e sorri para ela. Juntos, voltamos andando para o castelo. Contamos algumas piadas e rimos de algumas histórias engraçadas que aconteciam no colégio. Foi tão bom. Eu me sentia de volta, eu me sentia como Peter Roman, o jovem, não Peter Roman, o demônio. Eu me sentia em uma excursão de volta a minha vida. Foi tão fácil e simples. Eu reclamava muito que Hanna me trouxera para essa loucura de anjos e demônios, mas ela é a mesma que me trazia de volta ao que eu deixava para trás. Eu me sentia bem.

Ao chegarmos no castelo, fui para a sala de Olsen, conversar um pouco com ele sobre o livro que ele me emprestou. Passamos umas boas duas horas discutindo teorias sobre o porquê do personagem ter cometido suicídio. Por fim, eu mudei de assunto.

–Que loucura que tá essa vida. - comentei, me remexendo na poltrona cinzenta.

–O que é a vida sem alguns dragões? - ele explicou, olhando seu relógio.

–Faz sentido. - suspirei. - Quando tempo acha que ainda temos?

–Como assim? - perguntou Olsen

–Até o selo voltar ou se destruir? - perguntei

–De onde você tirou isso? - ele franziu o cenho

–Sophie falou que temos um tempo até o selo voltar e eu ficar com veneno de volta no meu sangue. - respondi.

–De onde você tirou essa história, cara? - ele repetiu

–Foi a Sophie quem disse. - respondi

–Não foi não. - ele retrucou. - Fui eu quem contou para Sophie tudo que ela sabe sobre esses selos e eu tenho certeza que não falei nada do tipo.

–O Joe também disse que tem um tempo até o selo se autodestruir e destruir tudo que esteja conectado a Miguel e a Lúcifer.

–Joe? - perguntou Olsen. - Sophie?

–Sim. - respondi. - Sophie e... Joe.

Então eu liguei os pontos. Ambos haviam falado uma história sobre tempo. Ambos nos apressaram, nos fizeram fazer tudo mais rápido. Ambos eram “cúmplices”. Ambos tinham se consolado. Eu não acreditava naquilo. Sophie estava tendo com Joe alguma coisa muito mais séria do que um consolo. Sem falar nada, levantei irritado e fui até o quarto de Sophie. Ela estava sentada em sua penteadeira, escovando seu cabelo. Bati na porta aberta e ela se assustou. Ela correu para me abraçar, mas minha expressão de raiva a impediu.

–O que foi, Peter?

–Você mentiu para mim. - falei. - Eu sei que não tem nenhuma contagem regressiva. Eu sei que você e Joe mentiram para mim.

Sophie engoliu seco e sentou-se na cama.

–Eu disse que...

–Não venha com “Não foi nada”! - vociferei. - Eu não aguento mais isso, Sophie! Você age como se eu não precisasse saber das coisas, como se eu fosse só seu namorado e tenho que manter minha boca fechada! Eu não vou sair desse quarto até você me dizer que merda que você tem com o Joe e porque você teve a cara de pau de MENTIR PARA MIM!

Ela me olhou um tanto preocupada. Sophie engoliu seco e sentou-se na cama, encarando o chão.

–Foi logo depois que meu pai morreu. - ela respondeu – Eu me sentia fora de contexto, como se tudo tivesse perdido a cor. Eu me sentia sozinha. Eu precisava dos meus pais de volta, eu era muito jovem para viver assim. Então, eu pesquisei.

“Pesquisei sobre todo e qualquer tipo de magia que pudesse, de alguma forma, trazer de volta os mortos para a terra dos vivos. Mas nenhuma era assim tão poderosa, e as que eram, acabavam sendo falsas. Tentei então pesquisar a origem da morte, se a morte realmente tinha uma forma e personalidade, ou se era só um caminho... O que importa é que eu resolvi ir atrás de onde meus pais estariam. Deduzi ser o inferno e o único jeito de tirá-los de lá, seria falando com o único ser capaz de dar e tirar a vida: Deus. Deus está morto, todos sabem disso. Mas eu precisava que Ele trouxesse meus pais de volta, era minha única chance de conseguir continuar a viver minha vida e a crescer na hora certa. Para isso, eu precisava trazer de volta aquilo que se foi e causou a morte de Deus. Eu tinha de libertar as orbes, libertar Lúcifer e Miguel, para que o bem e o mal de Deus ressurgissem e, portanto, Deus voltasse a vida. Então eu fui atrás de anjos por toda Anakyse, devo ter beijado milhões de anjos. Mas o selo não quebrou. Até que eu conheci Patrick.”

“Patrick era uma peça rara. Ele era sério e insensível, mas eu conseguia passar pelo seu muro e conhecer o Patrick interior. Ele era um cara muito legal. Eu não me sentia bem em usá-lo para trazer Deus de volta. Era um plano muito desonesto, mas era o único que eu tinha. Enquanto eu saía da prefeitura, Joe me parou. Ele me contou que ele tinha uma família. Pai, mãe, irmã, esposa, filha... Mas eles morreram em uma infestação de vespas na casa. Ele estava viajando na Terra a trabalho, então não estava lá. Ele esperava que Deus lhe desse sua vida de volta. Então juntos, decidimos que faríamos tudo em nosso poder para trazer nossas famílias de volta. Isso incluía mentir e enganar quem fosse preciso.”

“Patrick não deu certo. Eu simplesmente não quebrava o selo. Joe não se sentia bem em beijar outras mulheres, principalmente demônios. Ele acreditava que estava desrespeitando sua falecida esposa, então ou eu quebrava o selo ou nada. Eu não consegui e o plano foi pelos ares. Então você caiu em um rio de lava em Redmont e veio boiando até as caldeiras do castelo, como dinheiro que cai do céu. Eu tinha ganhado na loteria. Fiz tudo que pude para que você se tornasse uma espécie de irmão para mim, para que você me levasse na sua jornada com os selos. Você acabou se apaixonando por mim. O plano estava de volta.”

“Tratei de falar com Joe. Ele disse que conheceu a outra, Hanna e que estava trabalhando em um jeito de fazê-la querer quebrar os selos. Eu fiz o mesmo, lhe contando uma história sobre o selo voltando e você morrendo. Ele disse que tinha um tempo até os selos se quebrarem e esse tempo estava quase acabando. Se os selos não se quebrassem a tempo, Lúcifer e Miguel seriam destruídos junto com suas prisões e tudo relacionado a eles, se destruiria junto. Inclusive Anakyse, Kraktus e todos os anjos e demônios. Incluindo sua mãe. Isso fez Hanna querer continuar. O fato de que você podia morrer, te fez querer continuar. Fiquei com receio, pois, mesmo sabendo do caos que causaria se quebrasse esses selos, você continuou firme e forte com o plano. Fiquei com medo de você ser um idiota egoísta e estragar todo o plano.”

“Mas não foi você quem começou a estragar tudo. Fui eu. Eu me apaixonei por você, Peter. Fiquei aterrorizada ao admitir isso, pois, se eu precisasse, eu não teria coragem de fazer o que fosse preciso para cumprir minha parte do plano. Também tive medo de que você e Hanna percebessem tudo e se revoltassem contra nós, que ela te levasse de mim e eu perdesse, não só minha chance de salvar minha família, mas a minha chance de amar.”

–Redmont. - lembrei. - Pôr do Sol. Você se apaixonou por mim naquele dia?

–Sim. - ela respondeu. - Pelo menos, admiti. Por mais que minhas intenções tenham sido ruins, eu sei o que eu sinto agora. Eu te amo, Peter, e eu não tenho intenção de te machucar.

–Então você tá me dizendo que mentiu pra mim por dias? - perguntei, apertando os olhos

Ela não respondeu. Revirei os olhos e esmurrei a porta. Sophie tremeu ao som do impacto.

–Como você pode fazer isso comigo? - perguntei. - Eu achei que finalmente, eu tinha encontrado meu porto seguro, que eu finalmente tinha conhecido alguém que não estava interessado em minha popularidade ou minha beleza, mas sim por quem eu era! E agora você me diz que mentiu pra mim? Eu esperava isso de qualquer pessoa, de Hanna, Lucy, Joe... Mas de você?

Ela permaneceu calada.

–Eu confiei em você. - falei.- Eu arrisquei minha vida por você. Aqueles Malahatch teriam feito picadinho de mim se eu não tivesse tanta sorte. Eu quase morri por você, enquanto no fim, era de você quem eu devia ter medo. Como você consegue ser tão baixa a usar a vida de alguém para beneficiar a sua?

–Peter, eu te amo! - ela se levantou, tentando me beijar

–Você me fez de idiota. - falei, afastando-a de mim. - Você me traiu, você me usou! Você me usou!

–Peter, não...

–CALA A BOCA!

Ela estremeceu.

–Eu não quero ouvir mais nada. - falei. Corri para o armário e joguei todas as minhas roupas sobre a cama.

–O que você está fazendo? - ela perguntou, se aproximando.

–Malas. - falei. - Eu não fico mais um minuto aqui.

–Não, Peter... - ela começou

–Eu não tenho porquê ficar aqui. - retruquei. - Não vou atrás de selos, não vou libertar satanás, não vou fazer parte dessa sujeira. Acabo pra mim, Sophie. Eu não tenho motivos pra quebrar esses selos.

–Peter, por favor...! - ela agarrou meu braço, enquanto eu tirava a mala de baixo da cama.

–O quê? - parei para encará-la. - Por quê você quer que eu fique? Pra você continuar me usando de passaporte pra Terra do Nunca? Não, muito obrigado. Eu vou embora.

Soquei tudo dentro da mala e fechei. Quase que o zíper quebra com meus solavancos raivosos. Sophie chorava.

–Peter, não faz isso! Por favor! - ela choramingava. - Eu te imploro! Eu te amo...

–Não ama não! - eu gritei de volta. - Se me ama, me deixe ir.

Ela pôs a mão na cabeça e chorou, enquanto eu puxava a mala pela sala.

–Peter? - Hanna, que estava sentada no sofá, perguntou. - Peter, onde você vai? Peter, espera.

Parei logo na porta. Hanna veio até mim, preocupada.

–O que aconteceu?

–Eles mentiram para nós, Hanna. - falei. - Joe e Sophie estavam nos usando para quebrar os selos. Não precisamos quebrá-los.

Ela abriu a boca, espantada. Virei e continuei, mas ela segurou meu braço.

–Pra onde você vai?

Olhei para ela. Realmente, eu não tinha pensado nisso. Mas agora eu sabia.

–Pra casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Last Taste - Season 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.