The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 22
Back To The City Of Demons


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bom? Esse capítulo não teve muitos acontecimentos, mas "prediz" o que vai acontecer no próximo, então fiquem de olho! Bom, só isso. Boa Leitura (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486378/chapter/22

–Do quê você está falando?

Àquele momento, eu estava assutado. Quando uma pessoa te diz que está prestes a morrer, você escuta.

–Lembra do quarto selo? “Os servos da Lua devem ser libertados.”. Os servos da Lua são os lobisomens. Os restantes em Kraktus são bem hostis. - contou ela. - Principalmente com gente como eu.

–Como assim gente como você?

Ela se levantou e foi até o guarda-roupa, de onde tirou um moletom azul. Tirou a blusa e vestiu o moletom amarronzado. Vestiu-o sem dar uma palavra. Só foi responder depois que voltou a se virar para mim.

–Eu sou descendente de uma bruxa. - ela continuou. - Melinda. Ela morava na Irlanda e tinha uma filha, muito precoce, diga-se de passagem. A menina foi brincar na pracinha durante a lua cheia e um grupo, uma matilha de lobisomens atacaram ela. Melinda ficou enraivecida pela morte da filha e lançou uma maldição nos lobisomens: Eles se tornariam lobos toda noite, com lua cheia ou não, e nunca seriam capazes de sair da floresta da qual ela os aprisionou. Quando Kraktus foi criada...

–Eles foram aprisionados na Floresta de Lilith. - completei antes que ela o fizesse. - Por isso você ficou apavorada com aquela ilusão de Wendell.

–Bom, mais do que deveria, né? - ela falou, sentando na cadeira da penteadeira, apoiando o queixo na cabeceira. - Pra quebrar a maldição, eles precisam do meu sangue. Dele todo. Eles estarão mais do que felizes em ajudá-los.

Pisquei, ainda mais assustado.

–Quem tocar em um fio de cabelo seu...

–O quê? - interrompeu Sophie. - Você vai matar? Está disposto a matar Joe, Hanna e Lucy?

–Eles não...

–Hanna já não gosta de mim, Lucy nunca confiou em mim.... -ela me interrompeu novamente. - Joe é o único que...

Ela se calou, como se notasse que estava falando demais.

–Único que o quê, Sophie? - perguntei, levantando da cama.

–Nada, nada... - desconversou ela

–Sophie...

–Não foi nada, ok?! - ela gritou. - Ele só me consolou quando eu achei que tinha sido culpa minha que sua mãe morreu.

–Ele o quê?! - gritei. - Não, não responde! É a mim que você tem que procurar por consolo, não a ele! Poxa, EU sou seu namorado! Não ele!

–Para, para... - ela pedia

–EU estou aqui do seu lado! Eu! Não ele! - eu continuei

–PARA!

Obedeci e ela me olhou, desconfortável.

–Que ataque, hein? Olha, eu te amo, ok? - ela veio até mim e a abracei pela cintura. Ela tocou meu rosto e me olhou com seus olhos castanhos. - Ninguém vai mudar isso. Não importa o que aconteça, lembre-se: Eu te amo.

Concordei com a cabeça, sem olhar em seu olho. Ela me beijou.

–Eu também te amo.

Sorrimos por um instante e ela fez o favor de destruir o momento.

–Vamos logo ou Lucy nos mata.

Ela se levantou e calçou uma sapatilha, nada de salto. Sacudiu o cabelo e saiu do quarto, me deixando intrigado. Sim, eu achei que ela estivesse sendo dramática. “Ah, eu também achei muito drama”. Sabe de nada, inocente. Passei um bom tempo encarando o chão, imaginando várias situações em que Sophie entraria em perigo perto dos lobisomens e como eu faria para salvá-la de cada uma. Claro, ainda havia trilhões de possibilidades a pensar, mas eu não tinha tanto tempo. Troquei as roupas por uma blusa azul-marinho e um jeans preto, estava pegando abuso do jeans azul. Desci as escadas e encontrei todos sentados no sofá, bem sérios.

Hanna estava no seu lugar de sempre, no meio, perto da janela. Ela apoiava o queixo nos polegares e fitava a margarida de plástico na mesa de centro. Joe estava ao seu lado, com o braço na cabeceira do sofá e com um pé apoiado no joelho da outra perna. Lucy estava com as mãos entrelaçadas no colo e Sophie estava ao seu lado, apoiando os cotovelos no colo. Parei no pé da escada.

–Vamos? - perguntei

–Sente. - 'ordenou' Lucy, apontando ao puff (que era da cozinha) ao lado do sofá.

Sentei e Sophie molhou os lábios. Ela levantou e ficou de frente para todos.

–Bom, hoje nós vamos voltar a Kraktus para quebrar o quarto selo. - começou ela. - Não sabemos como vai funcionar, o que vai acontecer... Mas nós vamos tentar.

Ela contou sobre a maldição que Melinda soltou e todos ficaram em silêncio por um momento. Ela contou tudo, menos o modo de quebrar a maldição. Todos ficaram olhando para ela, esperando essa parte. Então, ela falou enfim.

–Para quebrar a maldição, eles precisam do sangue de uma descendente de Melinda. - ela olhou para mim, como se não conseguisse encarar todos. - E eu sou a última descendente viva. Eles precisam de... De... Todo o meu sangue.

–Ok. - falou Hanna.

Todos olharam para ela, estupefatos. Inclusive Lucy.

–Ok? - perguntou Joe – Você tá lembrada do Trato?

–Se tentarmos salvá-la ou ela morrer por vontade própria, o Trato não será quebrado. - Lucy lembrou

–Ok... - ela repetiu, como se tentasse encontrar uma saída daquele momento constrangedor – Tem algum outro jeito?

–Não que conheçamos. - ela respondeu. - Mas eu estou disposta a me sacrificar.

–Deixa de drama, Sophie. - cortei. - Ninguém vai te machucar. Nós vamos achar um jeito.

–Não há outro jeito, Peter. - contestou Sophie

–Tem sim! - insisti – Tem que ter. Eles devem saber de alguma maneira. Nós vamos até lá hoje e conversamos com eles para saber se há algum outro jeito.

–É, porque eles são conversativos... - ela zombou

Ergui uma sobrancelha.

–Eu quero fazer a coisa certa, ok? - ela exclamou, ao ver minha expressão

–Certa ou fácil?

–O melhor para todo mundo!

–Quem é você pra dizer o que é melhor para todo mundo?!

Quando dei por mim, eu estava de pé, vociferando contra Sophie. Nos entreolhávamos com intensidade, cada um tentando mudar a ideia do outro.

–Calma, gente... - falou Hanna, acalmando o clima – Eu tenho uma ideia, tá? Sophie fica escondida e nós três vamos falar com eles, tentar encontrar outro jeito, ok? Fingimos que ela morreu, que não tem como quebrar a maldição e eles vão ser obrigados a nos dizer um jeito melhor de quebrar essa maldição.

Não paramos de nos entreolhar. Sophie apertou os olhos, como se dissesse “o que foi isso?”. Seu olhar ficou fora de foco por um tempo, até ela se virar para Hanna e falar:

–Ótima ideia.

Ela me olhou com o canto do olho e saiu para a varanda.

–Vamos. - falei, tentando evitar comentários.

Passamos pela grama do jardim molhada. Era noite de Lua Nova. Não haviam estrelas no céu. Entramos no carro e eu fui na frente, ao lado de Lucy. O carro estava do mesmo jeito, a não ser pelo cheiro intenso de adubo.

–Ervas mágicas. - Lucy falou, ao ver minha reação ao cheiro.

Ela deu partida no carro e segurou o volante, fechando os olhos e murmurando palavras que não pude reconhecer. Ela abriu os olhos, deu partida e engatou a marcha. Pisou no acelerador e fomos com velocidade total adiante na rua. As árvores e as casas passavam em volta de nós como grandes borrões verdes e brancos. Eu sentia algo estranho se mover dentro de mim. Então, chegamos a uma bifurcação, mas Lucy não deu nenhuma curva.

Virei o rosto, como da outra vez, tentando não sentir o impacto. Continuei a esperar, então abri os olhos e me vi em uma rua lotada, pessoas passando de um lado para o outro e altos prédios com outdoors luminosos. Estávamos de volta a Kraktus e aquela era a velha e conhecida (e confusa) Estrada Zayn. Lucy seguiu em frente, um tanto atordoada, sem saber para onde ir.

–Siga em frente e não pare. - Sophie falou, enfiando a cabeça entre os dois bancos da frente.

Lucy obedeceu. Aos poucos, as calçadas e as filas de edifícios em volta de nós começaram a ficarem mais amenas, menos luminosas, mais calmas e menores. Foi assim até chegarmos ao fim da Estrada, onde carros apareciam do nada na faixa ao lado, indo no sentido contrário (Pois é, confuso de novo. Se quiserem, podem voltar para o capítulo 12 e checar de novo como que funciona isso aqui, porque sim, é confuso, eu admito.).

Lucy freiou e, de repente, estávamos depois da Estrada, logo em uma espécie de fronteira, de onde começavam as faixas e os carros passavam.

–Por quê você freiou? - perguntou Sophie

–Vamos descer aqui. - Lucy respondeu

–Não, temos que voltar ao castelo. -Sophie contestou. - Tenho que pagar a Wendell, lembram?

Todos suspiram um “ah” e Lucy ficou um pouco confusa, mas não fez nenhuma pergunta.

À nossa frente, estavam os altos portões de bronze. Porém, antes que Lucy desse meia volta e pegasse a faixa que seguia no outro sentido, eles se abriram. Recuamos, assustados. Tentei ir em frente, para ver quem estava entrando. No meio da escuridão, uma silhueta sombria, com passos pesados e ar ofegante, se aproximava de mais. Gesticulei para que recuassem mais e assim fizeram. Então, reconheci o ser que vinha.

–Sophie?

Sophie correu e se jogou nos braços de Olsen, sorrindo em vê-lo. Ela o abraçou com força e ele a levantou do chão. Perguntei a mim mesmo se deveria me preocupar, mas decidi não pensar nisso, eles se amavam como irmãos e não havia motivos para ciúmes. Na verdade, me senti um pouco feliz em saber que Sophie estava cada vez mais protegida.

Ela o soltou e deu um tapa em seu ombro.

–O que você estava fazendo ali? - ela brigou com Olsen

Ele gemeu com o tapa.

–Eu estava procurando pelo Wendell. - ele respondeu. - Você tava demorando e eu já estava ficando com medo de ele ter feito alguma coisa com vocês.

–Bom, nós estamos bem. - disse Hanna

–Quem são vocês mesmo? - Olsen perguntou, apontando para Lucy (que ainda estava no carro), Joe e Hanna

–Joe, anjo e amigo de Hanna; - apresentei, eles trocaram olhares – Lucy, nephirim e amiga da mãe de Hanna e Hanna, anjo que quebrou o quinto selo comigo.

–Prazer. - todos murmuram, em momentos diferentes.

Sentamos em frente aos portões e Sophie contou para Olsen o plano que tínhamos bolado e ele ouviu atentamente.

–Mas primeiro, temos que voltar ao castelo. - falou ela, entrando no carro.

–Não se preocupem, eu vou correndo mesmo. - falou Olsen, ao notar que não havia espaço para ele no carro.

Claro que ele chegou lá primeiro, com O Poder. Nós fomos com Lucy e seu anseio de andar, quer dizer, dirigir pela Estrada de Zayn. Ela parecia assustada. Não havia nada de mais, era só continuar acelerando sem parar e pisar no freio ao chegar ao destino. Fácil, mas para Lucy, um desafio e tanto. Ela segurava o volante, tensa.

O castelo estava como nós o deixamos. Com suas várias janelas e a alta torre de Sophie. Lucy pisou no freio assim que estávamos de frente para o castelo e, como antes, o carro foi transportado para alguns metros a frente da “fronteira” da Estrada de Zayn. Sophie desceu do carro e fui com ela.

–Nós não demoramos. - ela falou para Hanna, com a cabeça dentro da janela do carro.

Fomos andando. Passamos pelo mercado, que estava vazio, a não ser pelas tendas e pelos esqueletos das barracas e por alguns mendigos. Sophie soltou um muxoxo ao vê-los. Os portões de grade que davam no pátio se abriram com a aproximação de Sophie e, juntos, voltamos para Hyndarium. Como o resto do castelo, estava a mesma coisa.

–Onde fica?

–Guardei na minha sala de treino. Vamos.

Subimos as escadas para o interior do castelo e seguimos para a torre de Sophie. Passamos pelos corredores de mármore e pelas vidraças das largas janelas. A luz da lua refletia nos mosaicos de vidro e formava um caleidoscópio colorido no piso. As sapatilhas de Sophie faziam um barulho afofado a cada passo que ela dava. Por fim, subimos as escadas externas da Torre e chegamos a biblioteca. Sophie subiu mais algumas escadas e chegamos no salão, onde estavam o sofá, a lareira e seu retrato.

Ela puxou o tapete que ficava no centro do salão, revelando um alçapão com uma maçaneta de ferro. Ela se agachou e puxou a alça. Abaixo de nós, havia uma escada de madeira, que descia para dentro do alçapão. Ouvi um rugido.

–É ilusão. - Sophie falou. - Assusta os intrusos. Entra.

Sophie não desceu pelas escadas, ela pulou, deixando de pisar nos degraus. Eu, apesar disso, não fui tão descuidado como ela, desci degrau por degrau. Quando meu pé tocou o chão, a sala toda se iluminou e tudo o que eu consegui dizer foi:

–Uau.

Era uma sala redonda. Fazendo um círculo em minha volta, havia um círculo de manequins, todos de borracha e com alvos vermelhos estampados em seu peito. Próximo ao encontro em o piso e a parede, haviam pequenos dispositivos, que pareciam pregos que, quem assiste filmes de ação e espionagem, reconhece como um disparador de laser, daqueles que se alguém tocar, apita um alarme ou coisa do gênero. Sophie e eu estávamos de pé em uma espécie de ilha, onde havia um buraco que nos impedia de chegar muito perto dos manequins. As únicas saídas eram o alçapão, que agora estava fechado e sem nenhuma escada a vista, e uma pequena ponte que ia até um ponto onde faltava um manequim. Além dessa “falha”, havia uma porta de ferro. Sophie passou pela ponte, em direção a porta.

Segui-a e ficamos parados, de frente ao ferro cinzento. Ela tocou a porta levemente e ela se dissolveu e nada indicava que, algum dia, tivera uma porta ali. Agora, a nossa frente, havia um conjunto de gavetas, todas enfileiradas em colunas verticais e horizontais. Cada uma com duas inicias, separadas por um traço. Sophie puxou uma gaveta com as iniciais “R.S.G.”. De lá, ela tirou um colar, com um enorme diamante quadrado pendendo como pingente.

–Robert St. Germain. Ele usou isso aqui por muito tempo, é o amuleto dele. A alma sempre vai para onde ela ficou por mais tempo. No caso, esse colar guarda a alma de Robert. - ela explicou. - Vamos.

Ela colocou o colar no pescoço e voltamos a ilhota, enquanto a porta de ferro reaparecia. Sophie esticou a mão para cima e uma escada desceu ao nosso auxílio. Ela subiu e fui logo atrás dela. Em pouco tempo, já estávamos de volta no carro de Lucy.

–Cadê o Olsen? - Sophie perguntou, enquanto entrava no carro.

–Ele disse que tem que resolver algumas coisas em uma empresa ali perto. - Joe respondeu. - Não vai poder vir com a gente.

–Poxa, tudo bem. - Sophie suspirou. - Vamos, já peguei o que eu precisava.

Lucy deu a volta e voltou para a Estrada. Logo, estávamos de frente aos portões de bronze que davam para a Floresta de Lilith. Sophie fez sua mágica e o buraco se refez no portão. Entramos, dessa vez, bem mais apreensivos e menos apressados do que antes.

–Chegamos. - falei, respirando fundo.

A floresta estava a nossa frente, com sua escuridão. Sophie engoliu seco e adentrou a floresta. Fomos logo atrás dela. Passamos por várias árvores e tocos cinzentos, esperando algum sinal de Wendell ou dos lobos. De acordo com Sophie, eles ficavam em cavernas, principalmente durante a noite, pois tinham medo das criaturas mais sombrias que andavam por ali. Sophie andou até o mesmo ponto que estávamos quando encontramos Wendell pela primeira vez. Ficamos amontoados na clareira, esperando algum sinal.

–Finalmente, achei que nunca chegariam.

Era uma voz arrogante e abafada. Quando me virei, me assustei com o que vi. Era uma mulher, de cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, jaqueta e calças brancas e batom vermelho. Não esperava encontrar uma cover da Lady Gaga em Kraktus. A diferença é que faltavam duas unhas na mão direita, três dedos na esquerda, uma orelha e haviam pontos de costura em volta do olho.

–Paris? - Sophie perguntou

–Tenta de novo. - a vozinha voltou a falar

–Wendell. - falei

Wendell riu, com uma voz hostil e zombeteira de uma patricinha de colégio.

–O que você fez com ela? - Sophie voltou a perguntar, com o lábio inferior tremendo.

–Estou experimentando. Tá com inveja? - ele deu uma risada alta e desapareceu, reaparecendo do outro lado da clareira. - Desculpa, querida! Mas já tem dona.

Ela... Ele deu um beijo no ombro e sorriu. Desgostosa, Sophie arrancou o colar do pescoço e jogou-o no chão, cruzando os braços logo depois. O objeto flutuou no ar, em direção a Wendell/Paris. Ele olhou para o amuleto, sorridente.

Então, seu rosto se contorceu em raiva e o amuleto foi arremessado a uma árvore, onde se transformou em pó assim que tocou a madeira.

–Não tem nada aqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Last Taste - Season 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.