The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 21
Slumber Party At Lucy's


Notas iniciais do capítulo

QUE SAUDADE DESSE POVO INFINITOOO
Enfim, saudades já passou.
Como que vocês tão, pessoal? Eu sei que fazem uns meses... Décadas... Séculos e alguns dias que eu não posto, mas aqui vai! Esse capítulo foi o maior que eu já escrevi de todos, por enquanto. Esses próximos capítulos vão ser intensos e vamos ter uma pequena reviravolta de opinião, então... Fiquem ligados! ~apresentadordetvdesabádo modo off
Enfim, é só isso. Boa Leitura (:



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Corri para o corpo caído na sala. O pescoço de minha mãe estava marcado com dois furos enormes, que escorriam sangue. Ela estava fraca e tinha dificuldade para manter os olhos abertos.

–Não, mãe! Não! - eu gritava, com sua cabeça em meus braços.

Seus lábios se partiram e ela tentou falar. Sua voz estava baixa e falhou no início.

–V... Vá... Emb... ora. - ela falou. - Vá embora.

Com um último suspiro, seus olhos se fecharam e entrei em desespero. Olhei para Sophie, esperando que ela aparecesse com uma solução mágica e salvasse minha mãe. Mas ela só ficou olhando para mim, com pena. As lágrimas caíram e os soluços vieram. Abracei minha mãe com força, tentando sentir uma última pontada de carinho. Mas não estava lá. Assim como sua vida. Respirei fundo e limpei as lágrimas do meu rosto. Soltei minha mãe no chão e saí da casa.

–Foram eles, não foi? - falei para Sophie, atrás de mim, enquanto íamos em direção a varanda.

–Foram. - ela falou. - Desculpa, Peter.

–Como assim? - perguntei, sentando no banco da varanda.

–Eu já sabia que eles pretendiam vir para cá. - ela respondeu, sentando ao meu lado. - Quando o quinto selo foi quebrado, um grupo de demônios veio ao meu palácio, clamando por apoio. Eles queriam ajudar Os Escolhidos a libertarem Lúcifer. Eles queriam montar um exército pra ele. Mas eu recusei, dizendo que a volta de Lúcifer seria um caos e que isso não deveria ser estimulado. Eles insistiram e tive que bani-los para a Floresta de Lilith. Não achei que eles viessem para cá.

–Eles estão procurando por mim? - perguntei

–Sim, por você, Pete. - ela respondeu. - Eles vieram até sua casa procurando por você, mas, obviamente, não encontraram nada. E... Sua mãe pagou o preço.

Olhei pensativo para o assoalho. Como eu pude ser tão estúpido? Como eu pude achar que ela não estaria em perigo? Foi isso que a matou. Se eu não tivesse sido tão egoísta e ter deixado toda a minha vida para trás, se eu tivesse chegado um pouco antes, eu poderia ter a salvado. A culpa também foi de Sophie, que subestimou os demônios que disseram que fariam tudo para me encontrar e a proteger Lúcifer.

“Já chega. Culpar as pessoas não vai trazer minha mãe de volta”, pensei.

–Vamos. - falei, sem olhar para Sophie.

–Peter...

–Não! - exclamei, me virando para falar com ela.- Não quero falar sobre isso. Vamos voltar ao nosso dever. Vamos quebrar a droga desses selos e acabar logo com isso antes que alguém mais se machuque.

Sophie entrelaçou seu braço no meu e, juntos, voltamos ao Monte Everest. Estava ventando muito, haviam nuvens em todo lugar. A neve engolia nossas botas e a barra de nossas calças. O moletom de Sophie não a protegeria do frio. Seu cabelo balançava ao vento forte, como se fosse sair de sua cabeça e ir com ele. Por incrível que pareça, a tocha estava acesa e os círculos de sal estavam posicionados em seus lugares. Havia uma enorme pedra no centro também.

–Como? - perguntei, gritando em meio aos rugidos do vento

–Isso é magia, Peter! - ela respondeu, gritando.

Sophie cambaleou um pouco com o vento, mas logo se recompôs. Entrei no círculo e ela fez aquele show de faíscas e fogo. Eu não via a hora de Lucy consertar o carro, para que não tivéssemos que passar por aquele frio e aquela ventania toda vez que tentássemos ir para casa. “Como vocês ficaram lá se é quase impossível de respirar no topo do Monte Everest?”. Simples: nós eramos feitos com o lado ruim de Deus. Vaso ruim não se quebra, sabia? Na verdade, tínhamos Poder o bastante para nos manter vivos em momentos que meros mortais morreriam. O pouco oxigênio era o bastante.

Quando tudo cessou, estávamos de volta ao Monte Mefesto. Eu estava com muita preguiça de ir andando de volta para a casa de Lucy. Já era tarde e, provavelmente, chegaríamos ao pôr do Sol. Descemos o Monte e, como normalmente, fomos dar na beira de uma estrada. Sim, pedimos carona. O cabelo de Sophie estava coberto de neve, da qual fiz questão de tirar. Apesar de esperamos e acenarmos, ninguém parou. Cansados de esperar, seguimos a pé para a casa de Lucy. Já eram mais ou menos uma da tarde quando chegamos.

Passamos pela varanda e estranhei ao ver um Impala antigo parado na porta de Lucy. Sophie abriu a porta e se assustou um pouco. Hanna, Joe e Lucy conversavam em altas vozes com um menino, ou um adolescente, um homem com cara de adolescente. Ele aparentava uns 20 anos e estava sentado na ponta do sofá. Ele usava uma jaqueta de couro e uma blusa azul-marinho por baixo, com uma calça jeans azul-escura. Joe estava com o braço atrás do pescoço de Hanna e Lucy tomava um chá, sentada em uma cadeira.

–Desculpe a interrupção. - Sophie falou, tímida. - Olá.

–Olá. - o homem respondeu. Ele tinha um sotaque britânico. Ele se levantou e beijou a mão de Sophie, parecendo um nobre da idade média. - Prazer, meu nome é Nathan. Nathan Brooks.

–Sophie. Sophie Hough. - ela respondeu.

Eu estava parado, observando tudo, com uma cara aterrorizada. Eu não tinha costume de ver alguém cumprimentar uma garota assim. Principalmente, minha namorada.

–E você? - ele perguntou para mim, sorridente.

–O namorado. - respondi, um pouco ríspido. Sophie me cutucou. - Peter Roman.

Apertamos as mãos e eu notei a expressão de Nathan mudar: ele passou de sorridente para impressionado. Ele parecia observar cada ponto de meu rosto, como se procurasse algo.

–Prazer em conhecer. - ele finalizou. - Bom, o papo está ótimo! O chá também, mas já está na minha hora.

–Já? - Lucy perguntou, com um tom entristecido. - Que pena! Leve um pouco de sopa para Margaret!

–Sim, Margaret! - ele falou. - Claro!

Lucy desapareceu na cozinha, fazendo barulho com pratos e panelas. Sorri de leve para o homem e subi as escadas. Fui para o quarto e me joguei na cama, olhando para a lampada que pendia no teto.

“Minha mãe. Morta.”. Eu não parava de pensar. Toda vez que eu fechava os olhos, a imagem de seu pescoço dilacerado me assombrava. Eu estava tão abalado que eu esquecera de meu pai. Como ele reagiria ao ver minha mãe lá, caída. Outra coisa, como eu tivera coragem de deixá-la lá, ao léu, no chão? Meu pai poderia estar em outro Congresso, talvez fosse passar meses sem aparecer... Meu Deus, isso tinha virado uma bagunça.

Comecei a me perguntar se as pessoas falavam de meu desaparecimento. Minha mãe sabia onde eu estava. E meu pai? E meus professores? E Rick, um dos meus melhores amigos? Com certeza, estava um alvoroço. Bella provavelmente também estava sendo procurada, sem falar de Hanna, que tinha desaparecido logo depois de uma briga feia entre o namorado e o pai. Devia estar uma bagunça na Terra.

Mas eu não podia me dar o luxo de pensar nisso. Eu tinha que quebrar a droga desses selos ou então eles voltariam e eu morreria. Sem falar na droga do “fim de contrato”, que diz que em 200 anos, a prisão é destruída por completo e tudo relacionado a Deus e sua magia é destruído. Por quê 200? Por quê não podia ser 1000? Tinha que ser 200?

Os dias se passaram. Lucy passava horas dentro da garagem, arrumando o carro. Hanna e Joe assavam o dia juntos, saindo para a praça central e, ás vezes, conversando em casa. Sophie e eu não tínhamos o luxo de fazer o mesmo. Apesar de tudo, Patrick ainda estava me procurando, eu ainda era dado como foragido em Anakyse. Sophie nem tanto, mas ela gostava de me acompanhar com minha solidão.

Perguntei para Lucy se havia algum grupo que estivesse reunindo um exército para Miguel, como em Kraktus. Ela me disse que Patrick em si estava reunindo um exército para Miguel. Quando perguntei o que ela achava disso, ela mudou de assunto.

Minha relação com Hanna continuava restrita a “Bom Dia”, “Boa Tarde” e “Boa Noite”. No entanto, Joe era educado comigo, conversávamos sobre coisas diversas de vez em quando. Não havia ressentimento. Sophie e Hanna tinham uma relação peculiar. Eu quase podia ver faíscas saírem dos olhos de Hanna quando ela via Sophie. Sophie, apesar disso, parecia aceitar de boa a presença da ex-namorada que ainda me amava. Eu me perguntava se Sophie era mesmo esse poço de paciência e até quando ela aguentaria. Pois uma corda pode ser esticada até um ponto antes de torar.

Eu estava feliz em me sentir humano de novo. Antes, eu parecia um selvagem, não comia direito, não dormia direito, não trocava de roupa, mal me limpava... Agora eu me sentia de volta a civilização. Eu sentia que, tudo de fato, ia começar a mudar.

A vida na casa de Lucy se tornou bem coloquial e rotineiro com o passar dos dias. Acordávamos por volta das seis da manhã, tomávamos café às sete, fazíamos alguma coisa para passar o tempo, almoçávamos as uma da tarde, jantávamos as oito e as onze dormíamos. Confesso que começou a ficar entediante. Um dia bem normal. Exceto que, durante as tardes, tínhamos aulas de luta com Sophie. É, quem diria? Sophie era especializada em tudo que se podia pensar de técnicas de luta: Magia, esgrima, combate corpo-a-corpo, espadas, adagas, flechas, estratégias, reflexos, socos e chutes... Prometi a mim mesmo nunca chamar Sophie de gorda.

Sophie era uma ninja. Ela pulava, socava, soltava bolas de fogo pela boca, brisas de glo, brotava plantas... Ela era muito bem treinada. De acordo com ela, embaixo da biblioteca de sua torre, há uma sala secreta onde ela treinava. Lá, tinham espadas, lanças, forquilhas e coisas do gênero. Eu precisava conhecer esse lugar. Sim, houve milhares de acidentes. Como quando eu sem querer dei uma paulada na cabeça de Sophie com um cabo de vassoura (espada improvisada) e quando Hanna tacou fogo em uma roseira de Lucy. Ela quase descobriu, mas Sophie tratou de ensinar Hanna a arrumar tudo antes de ela perceber. Antes que me pergunte, nem eu nem Sophie praticamos magia, pois a magia de Anakyse também é contrária a de Kratus. Isto é, Demônios não tem poderes em Anakyse e vice-versa. Joe era o único que não estava tendo muitos problemas com o treinamento, já sabia de algumas.

–Cuidado! Calma... - Sophie dizia

Desta vez, Hanna e Joe treinavam na sala, levitando abajures e estatuetas decorativas. Como sempre, Lucy estava na garagem, cuidando do carro. Eu estava deitado no sofá, com as mãos apoiando a cabeça, enquanto Sophie vociferava, reclamando que os dois estavam fazendo errado e quebrariam tudo. Lucy não queria que Patrick soubesse que eu voltara a cidade, com outro demônio de bônus, então não podíamos sair de casa.

–Por quê você não pode sair de casa, Hanna? - perguntei, sentando no sofá. - Eu quem sou o procurado.

–É, mas você não sabe da missa a metade. - ela contestou, pousando levemente um vaso de barro na mesinha de centro. - Quando você foi embora, Patrick tentou me fazer uma aliada, me deu a posse de Anakyse e tudo. Mas aí fugi atrás de você e virei uma fugitiva também, talvez ainda mais procurada que você.

Alguém bateu na porta.

–Eu atendo. - falei, levantando e indo até a porta, arrumando a barra da blusa, que estava um pouco levantada.

Abri a porta e pulei para trás. Era Patrick.

–Não vim lhe atacar. - ele falou, assim que viu minha reação. Ele já sabia que estávamos em Anakyse. Deduzi isso pelo fato de ele não ter tentado me arrancar o pescoço.

Ele estava com as mãos nos bolsos dos jeans e uma blusa gola V amarela, bem desleixado. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele entrou na sala. Porém, parou subitamente. Anna e Joe não pensaram duas vezes antes de soltar os vasos de porcelana que pendiam no ar, que caíram fazendo muito barulho. Os dois pareciam soldados olhando para seu general.

–Hanna. Joe... - ele falou. Os dois o cumprimentaram. - Sophie.

Ela respirou fundo e se virou lentamente, balançando a cabeça para afastar os cabelos castanhos do rosto. Ela se mexeu inquieta. Então, eu me lembrei do primeiro dia em que vi Patrick.

–Espera... Vocês..? - tentei perguntar, mas as palavras não saíram.

Sophie baixou a cabeça.

–Nem um pouco estranho. - Hanna falou, com um tom cômico.

Sophie revirou os olhos. Patrick suspirou. Joe e eu nos entreolhamos, espantados.

–Não deu muito certo. - Sophie quebrou o silêncio.

–Nota-se. - Hanna comentou.

–Podemos te ajudar? - perguntou Sophie a Patrick, ríspida.

–Eu vim falar com Lucy. - ele respondeu.

–Ela tá... - Jeo começou

–No mercado. - Sophie cortou. - Foi comprar frutas.

Ele adentrou mais a casa e se sentou no sofá.

–Ela acabou de sair. Vai demorar. - Sophie falou, fazendo que ele levantasse antes mesmo de seu corpo tocar o sofá.

Ele mordeu os lábios e acenou com a cabeça, saindo e me olhando com um canto do olho.

–Nossa. - comentei. - Nem um pouco estranho.

Todos olhamos para Sophie, esperando uma explicação.

–Eu tinha 19, ok? - ela explodiu. - Eu não pensava direito. Sem ofensas, Hanna.

–Não ofendeu. - Hanna murmurou.

–Vocês...? - perguntei, deixando o resto implícito.

Ela não respondeu. Hanna contorceu o rosto, com nojo.

–Mas ele disse que você se casou. - lembrei

–Sim. - ela concordou. - Um idiota aleatório. Só mais uma tentativa de me livrar do governo.

–O Patrick também foi uma tentativa? - Hanna perguntou

–Não. Liberdade era só um bônus. - discordou Sophie. - Eu... Eu gostava mesmo dele. Mas não deu certo. E eu fui atrás do bônus em outro lugar.

Silêncio tomou conta da sala. Ninguém ousou quebrá-lo.

–Antes que pergunte, nós não quebramos o selo. - Sophie falou

–Vocês não... se amavam? - Joe perguntou

–Não... Quer dizer, sim. - ela respondeu, um pouco confusa. - Não sei. Só sei que não quebramos o selo. Pronto. Acabou. Podemos mudar de assunto? Temos que falar para Lucy que Patrick sabe que estamos aqui.

–Eu vou lá. -falei – Fiquem aí treinando... Ou o que for.

Saí da casa e fui até a garagem, pulando a cerca que limitava o jardim. Entrei na pequena casinha amarela, onde Lucy “trabalhava”.

–Lucy? - chamei, à porta da garagem

–Aqui! - ouvi-a gritar, longe

Adentrei a garagem e encontrei Lucy em uma mesinha, no fundo. No centro da mesinha, estava o volante do Impala. Ela alternava olhares para o volante e para um livro antigo, cheio de símbolos e palavras estranhas. Lucy aparentava 10 dias sem dormir, o que foi basicamente, o tempo que já tínhamos passado ali. Ela lia o livro como se entendesse tudo, o que de fato, ela entendia.

–Tá tudo bem? - ela perguntou, tirando a atenção do volante

–Patrick nos encontrou. - respondi. - Ele disse que queria falar com você. Parece que ele e Sophie tem uma história.

Ri de leve. Lucy pôs as mãos na cabeça.

–O que é que eu vou fazer agora? Não posso simplesmente ignorar o prefeito da cidade!

–O que é isso? - mudei de assunto, pegando o volante.

Ela me deu um tapa antes que eu o tocasse.

–Você tá doido? - ela perguntou, com os olhos arregalados – Passei a noite toda nisso aqui. Se você pegar, estraga tudo. Além disso, essa é a última parte.

Ouvi um vaso se quebrar. Deviam ter quebrado outro bibelô de Lucy. Ela pareceu não se importar.

–Vou deixar vocês dois sozinhos. - falei, saindo. Lucy não riu.

Voltei para a casa. Aproveitei para tomar um ar fresco no jardim frontal. Eram várias mudas e mudinhas, bem agrupadas, formando um pequeno tapete verde com pingos amarelos, alguns vermelhos e outros brancos. Havia uma abelha colendo polém de uma flor de pétalas amarelas. “Como uma dimensão mágica cheia de Anjos tem abelhas?”. Ri com minha própria observação. Senti que algo me observava.

Isso é uma coisa engraçada. Já aconteceu isso com você? Você simplesmente sentir que tem alguém te observando ou se aproximando de você? É meio sem sentido, mas acho que você já passou por isso também. Eu sentia mais quando era pequeno, tipo, antes disso tudo... 8 anos. Principalmente quando estava sozinho em casa ou algo assim e o silêncio me entornava. De cinco em cinco segundos eu olhava para trás, achando que algum ser pálido com dentes afiados viria me pegar. Engraçado é que eu virei o ser de dentes afiados.

De qualquer jeito, eu olhei para trás, para o outro lado da rua para ver quem (ou o quê) me observava: Nathan, sério e focado, me observando. Um carro passou, bloqueando a visão da calçada e, quando o carro foi passou, Nathan não estava mais lá. Assustado com aquilo, entrei de volta na casa.

Havia um vaso, cheio de rachaduras, no balcão entre a sala e a cozinha. Hanna estava deitada no colo e Joe, no sofá.

–Cadê a Sophie? - perguntei, indo na cozinha para pegar algo para beber

–Lá em cima, tomando banho. - Hanna respondeu

–Uma hora dessas? - perguntei de volta, abrindo uma lata de refrigerante – Nem está quente.

Hanna deu de ombros e sentei na poltrona. Enquanto tomava um gole, eu pensava em Nathan. O que ele fazia ali parado, me observando? Será que ele era um pervertido versão gay? Será que ele estava me observando por algum motivo especial? Ou eu só estava sendo paranoico? Paranoia ou não, aquilo foi muito estranho.

Sacudi a cabeça como se fosse balançar o pensamento para fora da mente. Coloquei a lata vazia na mesinha de centro e subi as escadas (pulando um degrau, como faço desde o quinto ano) para o quarto. Sophie estava sentada na cama, de costas para a porta, penteando seu cabelo. Bati na porta aberta e ela se virou.

–Oi!

Ela soltou a escova em cima da mesa de cabeceira e correu para me dar um beijo. Sorri de leve e ela foi para o banheiro, arrumando o cabelo no espelho.

–O que Lucy disse?

–Bem, ela está bem focada naquele carro. E acho que, sobre Patrick, ela ainda está indecisa.

Deitei na cama, fazendo de minhas mãos um travesseiro. Olhei para as lampadas no telhado e, como tempo, adormeci.

Sonhei que estava em Kraktus. Sophie estava lá, com seu longo vestido rosa. Dançávamos no salão. Estávamos só nós dois, nos abraçando e dançando devagar, ao som de Blues (eu sei, careta, mas parecia adequado para o momento). Então, seu sorriso se desfez e ela se tornou fria e séria. Seus olhos ficaram vermelhos e as veias sobre seus olhos se ressaltaram. Ela pulou em cima de mim. Senti seu peso cair sobre mim.

–Acorda!

Quando abri os olhos, foi um pouco esquisito. Sim, Sophie estava de fato em cima de mim. Rindo. Acariciei seu rosto. Porém, antes que eu o fizesse, algo me parou. Eu não conseguia mover minhas mãos. Olhei para meus pulsos: presos por algemas. Todos dois. Eu estava usando nada a não ser uma calça de malha cinzenta. Quando voltei a olhar para Sophie, ela estava usando uma roupa de policial, azul, cheia de emblemas e segurava um cassetete preto. Seus olhos tentavam sensualizar.

–Preparado, querido?

Revirei os olhos. “Nossa, você é gay?”. Não, eu só tinha coisas mais importantes para me preocupar do que a minha namorada querer fazer experiências sexuais esquisitas. Sua expressão se desfez e ela suspirou.

–O que foi? - perguntou ela, um pouco decepcionada – Broxante?

–Não é a fantasia nem nada... - falei, tentando tirar as mãos das algemas pelo buraco. - É a situação. Não dá pra pensar nessas coisas. Me tira daqui, faz favor?

Ela piscou. Relutante, tirou uma chave do bolso e destrancou as algemas. Foi para o banheiro, se trocar. Procurei uma camisa no guarda-roupa e peguei uma blusa branca. Deitei na cama e fiquei pensando na minha velha vida. Sophie se trocou. Agora, ela usava uma blusa azul e uma calça jeans, deitando ao meu lado.

–Lucy terminou com o carro. - ela falou.

Arregalei os olhos e ela se sentou na cama.

–Não podemos nos separar por conta do Trato. - ela continuou. - Por isso tem uma coisa que você precisa saber.

–O que foi? - perguntei, sentando na cama e franzindo o cenho, confuso

–Essas podem ser minhas últimas horas viva.


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