The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 17
The Spell. The Ritual. Whatever.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Bom, esse capítulo também tem muita coisa das próxima fases da história, principalmente o fim. Não, o que aconteceu não foi aleatório, vai ser explicado lá pro fim da história, paciência, gente. Olha que legal, postei um capítulo ontem, postei outro hoje. Vou ver se posto o próximo amanhã, ou talvez ainda hoje. Não sei. Só isso. Boa Leitura (:



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Quando me dei por mim, estávamos em no pé de uma montanha. Parecia um amontoado esbranquiçado de pedras. Sophie deu o primeiro passo.

–O que ele quis dizer com "Não olhe para trás"? - perguntou Hanna, fazendo o mesmo.

–Que não devemos olhar para trás. - Sophie respondeu

–É, isso eu percebi. - Hanna respondeu, ríspida. - Eu quero saber porquê não podemos olhar para trás.

–Não sei, nunca me disseram. - Sophie respondeu, sem olhar para trás. - Mesmo assim, não vou dispensar um conselho de alguém como Wendell.

–Falando nisso, de onde vem aquela coisa? - perguntei - O que ele é, exatamente?

–Ele é um espiríto que recebeu algum tipo de benção de uma bruxa. - Sophie respondeu -

Provavelmente, ele nasceu antes dos selos. Mais detalhes, só perguntando pra ele mesmo.

–Então é isso? Vamos simplesmente escalar essa montanha? - Joe perguntou

–Sim, precisamos. - respondi. - Só que desse jeito, vamos chegar lá em horas.

–Olha, eu sei de um jeito pra irmos mais rápido. - Hanna sugeriu. - Mas acho que Peter não vai concordar.

–O quê? - perguntei

–Usar O Poder e carregar a gente. - Hanna falou, atrás de mim

–Não! - recusei, quase olhando para trás, mas consegui evitar - De novo não!

–Pois é. - Hanna concluiu.

Passamos alguns bons minutos escalando. Não era uma escalada muito díficil, tinha uma trilha, uma subida, como uma rampa que subia até o topo. Não haviam muitas árvores, nem muitas paredes pra subir, era mais uma rampinha até o topo. Haviam algumas pedras que caíam e que tivemos que desviar, além de que algumas partes do chão eram instáveis e tínhamos de ter cuidado para não cair de alguma delas. Haviam alguns arbustos, mas nada muito grande.

Hanna e Joe vinham atrás de mim. Por muitas vezes, tive que superar a vontade de olhar para trás e ver o que eles faziam. Eu sei, parece ciúmes, mas era mera curiosidade mesmo. Eu ainda não sabia o quê que eles tinham um com o outro, namoro ou o quê. O máximo que eu tinha visto era ele se sentando na mesma mesa que ela. Nada demais. Mas pelo jeito que ela reagiu quando falei de Sophie, provavelmente, eles tinham algo a mais. Passei algum tempo lembrando da época de antes de tudo isso, quando eu ainda andava por aí, me sentindo culpado pela gordinha que voara para San Diego.

–Sabe de uma coisa? - Sophie quebrou o silêncio - Peter e eu vamos correndo e vocês nos alcançam. Peter pode ir na frente pegando as coisas, vocês vão depois. Não vai fazer muita diferença.

–Ok. - Joe e Hanna responderam, quase em coro

Ao lado um do outro, pude ver Sophie sorrir. Ela tava pouco se lixando para a velocidade, para o tempo. Ela só queria correr. Parecia uma criança de cinco anos. Então, dei o velho impulso nos calcanhares e, praticamente, voei pela montanha. Sophie ao meu lado, com seu cabelo castanho voando com a força do vento. Tudo estava borrado, menos ela. Então, ela desapareceu, do nada, como se algo a puxasse. Parei de correr bruscamente e voltei para ver o que aconteceu.

–Sophie!

Quando olhei, ela estava caída no chão, rindo. Ela tropeçara em um arbusto. Ajudei-a a levantar e ela continuou a rir.

–Peter, não! - ela gritou

Pisquei.

–O que foi? - perguntei, confuso.

–Você olhou para trás. - ela respondeu.

Pensei um pouco. Wendell nos dissera para não olhar. Olhei e nada aconteceu.

–Talvez fosse mentira. - pensei alto.

–É, talvez. - Sophie concordou.

Então, foi quando aconteceu. Senti algo subir pelo meu corpo, como se eu mergulhasse em água fria. Algo escuro envolveu minha visão e tombei, imóvel. Não consegui mexer um músculo. Tudo o que consegui ver foi Sophie, desesperada. Então, minha visão foi completamente envolvida e eu não conseguia ver nada. Meus sentidos começaram a se esvair, eu parei de ouvir, parei de sentir, parei de respirar. Então, parei de pensar e desmaiei.

Não sei quanto tempo se passou. Parecia que eu tinha dormido. Aos poucos, pude ouvir ao longe a voz de Sophie.

–Calma, eu vou conseguir. - ela insistia.

–Nós vamos logo pegar as coisas. - Joe anunciou. - Se ele não melhorar até voltarmos, Lucy saberá o que fazer.

–Eu vou conseguir. - Sophie repetiu.

Senti suas mãos frias tocando meu rosto. Ela respirou fundo e eu senti algo quente tomar meu corpo, o oposto do que senti antes de perder os sentidos. Ela sorriu ao me ver abrir os olhos.

–Eu sabia! - ela exclamou, me ajudando a levantar

Levantei, um pouco tonto. Olhei um pouco envolta: estavamos em uma planície. Era um terreno plano, com algumas pedras em volta. Na verdade, era circular, como uma mesa, sem nada impedindo de alguém cair da borda. Eu estava encostado em uma pedra pontuda. Hanna e Joe não estavam mais lá

–O que aconteceu? -perguntei, massageando a cabeça

–O que você acha? - ela respondeu, com um tom mandão - Você olhou para trás. Anda, vem.

–Aonde a gente tá? - perguntei, com minha visão se acostumando a tontura

–Redmont. No topo. - ela respondeu

No chão, haviam círculos desenhados na areia. Quatro, para ser preciso.

–O que é isso? - perguntei

–Hanna os fez. - ela respondeu, se aproximando de uma pedra estranhamente alta e lisa, como se alguém tivesse arrancado-a de uma parede. - Vamos precisar para o feitiço.

–Ah. - suspirei - O que você tá fazendo?

Ela estava com ambas mãos erguidas, de frente para a pedra. Ela estava concentrada. Então, como água, sua superfície tremulou e ela se virou para mim.

–Reativando a saída. - ela respondeu. - Hanna e Joe já foram. Sua vez.

–Ok. - falei, indo em direção a pedra - O que eu tenho que pegar mesmo?

–Bom, nossas malas e só... Ah! Fala com Olsen e pede pra ele te dar as coisas. Ele sabe o que é. - ela lembrou arrumando os círculos que estavam quase ovais.

Murmurei um ok e passei pela parede. Senti a água tocar meu corpo, mas não me molhei. De repente, eu estava em um corredor escuro, de onde eu só conseguia ver a parede rochosa. Como eu conseguia ver, eu não sei, porque não havia luz saindo por nenhum lugar ali. Respirei fundo e segui em frente.

Não fiz nada além de seguir em frente pelo que pareceram horas. Aos poucos, o corredor ficava cada vez mais estreito, apesar de mais claro. Eu não via a hora de chegar logo no castelo. Então, eu percebi que, entre Redmont e o castelo, havia uma floresta inteira e uma estrada que corresponde a uma cidade, então era melhor eu parar de reclamar e continuar. Sim, eu não era idiota e tentei usar O Poder, mas ele parecia não funcionar ali. Então, ia do modo tradicional mesmo.

Então eu vi uma luz no fim do túnel, literalmente. Corri para a saída, mas parei antes, quase caindo no fogo crepitante no fim do corredor. Não conseguia ver nada além dele. Então, tomando referência da água que não molha, passei pelo fogo que não deveria queimar. Quando pisquei, eu estava de volta na sala da torre de Sophie. Olsen estava sentado no sofá, com uma mochila tiracolo bege ao seu lado.

–Peter! - ele exclamou ao me ver. - Você tá bem, cara.

Ele apertou a minha mão e me deu um tapinha nas costas. Ele me entregou a mochila.

–Essas são as coisas que Sophie pediu? - perguntei

–Sim. - ele respondeu. - Tudo que ela precisa pra fazer o feitiço.

–Ótimo. - falei, observando as estacas de madeira que transbordavam da mochila. - Ela pediu também para eu arrumar as malas. Você me dá uma mão?

–Foi mal, mas eu não vou poder. - ele respondeu, se dirigindoa às escadas. - Tem uma reunião com o conselho pra oficializar meu governo temporário. Por enquanto Sophie está fora, sabe?

–Ok. - falei.

Ele desceu as escadas e eu respirei fundo. Soltei a mochila em cima do sofá e entrei no quarto de Sophie. Eu não tinha malas, não é como se eu tivesse planejado viajar para Kraktus, tampouco para Anakyse. Então, arrumei a de Sophie. Em pouco tempo, eu já tinha tudo comigo. Dei uma última olhada no lugar e voltei para o lugar de onde saí, que descobri ser a lareira. Receioso, toquei o fogo com um dedo. Ele não queimou, mas senti um pouco de calor. Pulei dentro do fogo e caí de cara no chão do corredor, com as malas nas minhas costas. Gemi com uma pedra quase afundando dentro do meu crânio. Levantei e sacudi a cabeça, tirando qualquer pedra que tivesse em meu cabelo. Atrás de mim, não havia fogo, só uma parede de pedra.

Segui em frente, em direção a entrada, que agora era minha saída. Dessa vez, experimentei correr em alguns momentos, para acelerar o processo. Cheguei em menos tempo, apesar de mais cansado. Meus pés estavam latejando e eu estava com fome. Também pudera, deveriam fazer horas desde que saímos todos juntos da torre de Sophie. Dando graças, vi a pedra cinzenta no fundo. Ela ainda tremulava com sua água que não molha. Passei por ela e levei um susto.

O Sol já estava se pondo. Eu sabia que tinham se passado horas, mas tinhamos feito tão pouca coisa, que imaginei que ainda fosse cedo. Enfim. Sophie estava sentada, observando o Sol se pôr além do castelo.

–É por isso que ele se chama Redmont. - ela comentou, percebendo minha presença.

Fui até onde ela estava e tive uma bela visão. Toda as pedras cinzentas e esbranquiçadas que tínhamos passado, agora eram um vermelho forte, um vermelho bonito, como o vermelho do sol que descia no horizonte (Red=Vermelho e Mont=Montanha... Montanha Vermelha, só pra quem não entendeu).

–É lindo. - comentei

–Pois é. - ela respondeu. Então ela se levantou e pegou a bolsa a minha mão. - Pegou tudo?

–Aham. - respondi, deixando as malas encostadas em uma pedra. - Olsen vai tomar comando de tudo hoje.

–Pois é. - ela repetiu. - Fui eu que pedi, se é isso que você está perguntando.

–Não, não. - falei, rindo. - Eu não duvidei dele. Só achei meio estranho... Governo Temporário. Soa estranho.

Ela riu. Sem falar mais nada, ela tirou tudo da bolsa. Haviam quatro torchas, um rolo de tecido branco (que parecia aqueles de se enrolar múmias), uma garrafa de oléo, um pote, uma garrafa d'agua e um papel, que Sophie leu e guardou dentro da bolsa.

–Uau. - comentei.

Ela ignorou meu comentário. Ela pegou o pote, abriu e despejou seu conteúdo no contorno dos círculos. Era sal.

–Sal? - perguntei, rindo de leve. - Sal?

–Serve de corrente pra magia. - ela respondeu, despejando o pó no último círculo. - Ajuda para iniciantes. Derrame a água dentro dos círculos, dentro, não no contorno.

–Ok. - peguei a garrafa e fui esopando a terra dos círculos de água

Sophie pegou as estacas e as posicionou em volta dos círculos. Estavam a mesma distância umas das outras, como um quadrado, só que sem as linhas. Ela enrolou o tecido branco em volta de cada uma delas e derramou o oléo no topo. Então, ela pôs sua mão por cima de cada uma e elas se tornaram torchas, pegando fogo.

–Cadê Hanna e Joe? -perguntei - Eles já deveriam estar aqui.

–Hanna parece uma barbie. - Sophie comentou. - A mala dela deve demorar pra ser arrumada.

Ri de leve com o apelido.

–Terminou? - ela perguntou, apontando para a garrafa

–Sim. - respondi. - E agora?

Ela observou o lugar. Ela apontou o dedo para uma pedra e, como se tivesse presa por um fio ao dedo de Sophie, ela foi até o centro, no espaço entre os quatro círculos.

–Agora, esperamos os dois. Está tudo pronto, só faltam eles.

Sentamos na borda da planície e voltamos a observar a montanha. Sophie olhava para o horizonte, mas ela não estava ali. Seus pensamentos estavam em outro lugar. Então, como uma resposta rápida, eu soube o que era. Ela pensava em mim. Ela pensava em como aquilo iria acabar. Será que eu a deixaria por Hanna? Será que eu a escolheria? Ela estava com medo. Com medo de ser abandonada. De novo. Ela gostava mesmo de mim, ela me amava e naquele momento, Hanna dificultava as coisas.

–Não vou te abandonar. - falei.

Ela olhou para mim, espantada.

–Não importa se eu escolher Hanna. - continuei. - Eu sempre vou querer te ter ao meu lado.

Ela sorriu, tímida.

–É melhor eu te ensinar a bloquear seus pensamentos. - ela desviou o assunto, revelando como eu sabia o que ela estava pensando.. - Espero que você seja melhor do que eu.

Ri de leve.

–Não mostre o que sente para qualquer um. - ela explicou. - Não diga, não deixe transparecer. Finja que não tem sentimentos. É o único jeito de ninguém conseguir saber o que você pensa. Você é um livro aberto para qualquer um, Peter. Você precisa se fechar. Assim que você o fizer, nem a mais poderosa das bruxas conseguirá entrar na sua mente.

–Por quê somos livros abertos? - perguntei - Por quê temos que passar por isso?

–Não somos criaturas humanas. - Sophie respondeu. - Não fomos feitos para sentir nada. Logo, não deveria ser um problema a leitura de pensamentos. Mas graças a humanidade...

Respirei fundo e tentei reprimir a vontade de beijá-la naquele momento. Ela riu de leve e comentou.

–Desse jeito. - ela sorriu e voltou a olhar para o horizonte

Cedi ao desejo e beijei-a. Ela sorriu de leve, deitou sua cabeça em meu peito e, juntos, ficamos olhando para o horizonte. Por um momento, eu esqueci o porque de estarmos ali. Era assim com Sophie, nada mais importava, a não ser o fato de estarmos juntos.

–Nós... Voltamos.

Levantei assustado. Sophie também. Hanna e Joe estavam de volta, com malas e maletinhas. Hanna parecia constrangida e sem palavras.

–Podemos entrar? - ela perguntou para Sophie, sem falar do que vira

–Sim. - Sophie respondeu - O que quer que aconteça, não saiam de dentro.

Não precisei perguntar onde ela queria entrar, Hanna, Joe e Sophie entraram dentro dos círculos, na terra encharcada. Entrei no círculo sobrante e Sophie me olhou, um pouco com medo. Ela suspirou e ergueu as mãos, fechando os olhos.

Foi muito bonito de se ver. A terra ficou mais seca e bolhas de água acima de nós, uma em cada círculo, como se tivesse sido drenadas da terra. Elas foram até o centro e se chocaram, se tornando uma só. Sophie abaixou as mãos bruscamente e as torchas se apagaram. Ficou quase escuro, metade do Sol já havia desaparecido. Então, no centro, uma bola de fogo apareceu ao lado da bolha d'agua. Eles começaram a girar, como se dançassem uma música muda. Sophie abriu os braços, como socos e uma ventania passou por nós. Ouvi Sophie gemer um pouco, mas não ousei sair do círculo. Ela começou a tentar juntar os braços, juntar as mãos, mas algo parecia impedí-la. Ela fez força, seu rosto se contorcia em várias expressões de esforço e pude ver o suor pingar de seu rosto. Eu estava preocupado. Então, algo brilhou em seus olhos. Como uma lâmpada, seus olhos se abriram, revelando uma luz branca incrível. A ventania balançava seus cabelos para trás enquanto ela unia as mãos, fazendo uma enorme explosão. Sua expressão agora era diferente, séria e sem um pingo de emoção. A bola de fogo e a bolha d'agua se chocaram com a pedra abaixo delas. De lá, saiu uma faísca que, ao subir ao céu, explodiu , fazendo uma chuva de faíscas em volta de nós. Sophie ainda sofria aquela super-transformação, o que quer que aquilo fosse. Então, a chuva parou e eu pude ver por trás das faíscas, a cidade de Anakyse, a alguns bons quilometros de nós. Sorri.

–Você conseguiu, Soph! - comentei

–Peter. - Joe chamou

Olhei para Sophie e o poder desapareceu. Seus olhos voltaram ao normal, a ventania parou e ela tombou no chão, como uma marionete que teve suas linhas cortadas. Sangue escorria de seu nariz. De uma coisa eu tinha certeza: Aquilo não era boa coisa.


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