The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 18
Hold On


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Olha, esse capítulo foi um dos mais dramáticos que eu já escrevi. Se preparem pois os próximos capítulos vão dar início a história mesmo: a quebra dos selos. Esse capítulo foi escrito e reescrito umas duas vezes pra ficar impactante e vocês sentirem tudo o que o Peter sentiu. Enfim. Só isso. Boa Leitura (:



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Fiquei paralisado. Olhava fixamente o corpo imóvel a alguns metros de mim. Esperei que ela levantasse, mas ela não o fez. Corri em sua direção e me agachei ao seu lado. Coloquei sua cabeça em meu colo e acariciei sua pele fina.

–Peter... —Joe começou. —Ela está... Bem?

–Claro que está. - respondi. Não, não estava claro, mas eu não suportava a ideia de que ela estivesse... - Ela só está cansada. Um pouco de descanso e ela acordará.

Os outros dois permaneceram em silêncio. A dúvida ainda assolava minha mente, eu precisava saber. Discretamente, deslizei o dedo para seu pescoço, numa região próxima a uma veia. Nada. Nem um leve pulso. Ela também estava fria como gelo. “Não!”. Minha mente se recusou a acreditar. Fingindo que nada tinha acontecido, acreditei que ela estava bem e neguei todos os motivos que confirmavam minha dúvida. Coloquei-a nos braços e comecei a descer o Monte Mefesto devagar, com cuidado. Então, tentei puxar assunto para tentar esquecer isso.

–Então... Redmont por causa da cor. Por quê Mefesto?

–Havia uma profecia que dizia que um homem uniria os dois mundos, Kraktus e Anakyse. Por muito tempo, acreditou-se que esse homem fosse um guerreiro chamado Mefesto que viveu na época. Anakyse o homenageou assim depois de sua morte. - Hanna respondeu. Ela parecia um pouco assustada com o jeito que eu lidava com o que acontecera com Sophie.

–Legal. - comentei

O Bosque de Castiel começava logo na metade do Monte. A outra metade, que ia até o topo, era cheia de pedras e gramado. As copas das árvores eram altas e ralas e os troncos eram finos e cinzentos. Passamos por um ou dois troncos caídos no chão. Não era uma montanha tão grande como Redmont, logo não demoramos mais do que dez ou vinte minutos para chegar no Bosque. A Lua Cheia e as Estrelas decoravam o céu escuro. Eu tentava parecer bem, mas por dentro, eu estava enlouquecendo com o fato de que Sophie estava morta, apesar de eu ainda não acreditar.

–Para onde vamos? - Joe perguntou, depois de um bom tempo de caminhada no Bosque. - Lucy?

–Sim. - respondi. - Sophie vai descansar lá. Só não tenho certeza se ela vai gostar de me ver... Pois nosso último encontro foi, como posso dizer... Intenso.

–Põe ela no chão, Peter. - Hanna mandou, um pouco impaciente.

–O quê? Por quê? - contestei, olhando para trás.

–Só... Coloca. - ela falou.

Eu sabia o que ela iria fazer. Ela ia me fazer aceitar. Eu não queria aceitar. Eu não queria ver.

Fiz o que Hanna mandou e ela sentou ao seu lado. Ela pôs os dois dedos no pescoço de Sophie e suspirou. Ela abriu um dos olhos e pulou de susto. Os olhos azuis de Sophie estavam brilhando, como uma luz azulada. Aos poucos, ele perdeu o brilho e voltou ao normal. Então, aos poucos, ele foi escurecendo e se tornou vermelho.

–O que aconteceu? - Joe perguntou, confuso.

–Os olhos? Não faço ideia. - ela respondeu. Então, ela suspirou novamente e se levantou, olhando cautelosamente para mim. - Mas... Sinto muito, Peter. Sophie está morta. Não há pulso, a temperatura está baixa...

Meu estômago revirou. Caí de joelhos ao seu lado.

–Não, não, não... - eu repetia, afundando meu rosto e minhas lágrimas nas minhas mãos. - Ela não morreu, não morreu! Eu preciso dela, precisamos dela! Ela não me deixaria, não me deixou... Acorda, Sophie! Acorda! Acorda, por favor....

A última frase foi distorcida pelo bolo em minha garganta que se formou. Tentei não chorar. Na minha mente, não valia a pena chorar a morte de alguém que não morreu.

–Vamos, Peter. - Hanna veio até mim e me ajudou a levantar. - Está tudo bem...

–Não! Não está! - contestei

Corri de volta para Sophie. Abracei seu corpo frio e chorei em seu ombro. Meus soluços quebravam o silêncio da floresta. Seus cabelos escorriam entre meus dedos. Eu estava muito abalado. Olhei para o seu rosto e afastei os cabelos de seus olhos. Seus lábios esculpidos, sem vida. Por um bom tempo, fiquei ai, esperando que, como nos filmes, ela fosse acordar no momento em que uma lágrima tocasse seu rosto, ou quando eu a beijasse. Mas isso não aconteceu. A lágrima escorreu pela sua bochecha e caiu no solo. Beijei lábios frios e sem amor. Por várias vezes, Hanna e Joe tentaram me fazer seguir em frente. Já era noite e o tempo estava se esgotando. Em algum momento, eles foram embora. Só percebi depois de algum tempo.

–Vamos, Sophie. Acorda, por favor! - eu implorava, chorando cada vez mais.

–Peter. - ouvi a voz de Hanna atrás de mim.

–Era só o que me faltava. - outra voz comentou

Virei o rosto para ver quem era: Lucy. A megera usava uma longa túnica roxa. Ela olhava para mim, incrédula. Para ela, parecia um absurdo chorar por alguém que se fora.

–O que você quer? - perguntei, levantando e encarando-a.

–Precisamos de você para pegar a Tábua, - ela respondeu, severa como sempre. - para quebrar os selos. Não temos tempo para suas lástimas.

–Ah é? - contestei, a raiva subindo pelo meu peito. - E você está pouco se lixando para o que aconteceu com Sophie, não é?

–Ela fez um feitiço muito avançado sozinha. - ela respondeu, olhando para Sophie atrás de mim. - Precisei de anos de preparo e ainda fico esgotada ao realizá-lo. Era de se esperar que uma iniciante como ela não sobrevivesse. Que pena. Minhas condolências. Agora vamos. - ela pronunciou a última frase devagar, para dar ênfase. Ela se virou e seguiu para fora da floresta.

–Não. - respondi, confiante e rispido.

–O quê? - ela se virou para mim, espantada com minha audácia.

–Não vou a lugar algum sem Sophie. - continuei.

–Ela está morta, Peter. - Hanna lembrou. - O que você quer que a gente faça?

–Magia a deixou assim. Magia a trará de volta. - respondi, olhando severamente para Lucy. - Precisam de mim, certo? Pois eu não saio daqui sem que você a salve. Não preciso lembrar do Trato que fizemos em Kraktus, preciso? “Devemos nos proteger”. Ou você salva Sophie ou nem Hanna, nem Joe e nem eu vamos a lugar nenhum, a não ser em uma maca.

Lucy estava espantada com o jeito que falei com ela. Ela ia responder, mas sua expressão de raiva suavizou e se tornou uma expressão de pena. Não, compreensão. Ela parecia entender o que eu estava passando. Então, ela sentou ao lado de Sophie. Não sei como não fiquei um pouco chocado quando a vi fazer isso, mas Lucy enfiou sua mão no peito de Sophie, concentrada. Depois ela retirou, limpou o sangue na túnica e massageou a cabeça dela. Ela demorou um pouco, até que se levantou e me olhou, com calma e quase sem emoção.

–É pior do que pensei. - ela falou. - Um destino pior que a morte. Ela usou tanta magia que O Poder consumiu metade da Humanidade que ela tinha. A Humanidade é feita de sentimentos. Tentei intensificar as boas lembranças para ver se essa metade restante se multiplica. Sua alma ainda não se adaptou às novas condições. Ela tem até uma hora para acordar. Se isso não acontecer, ela vai acordar algumas horas depois, mas ela será fria e sem compaixão: Um demônio completo, sem sentimentos, sem Humanidade. Sim, Peter, ela está morta. Por fora. Fiz o que pude. Agora só depende dela.

–Obrigado. - agradeci, dando um sorriso comprimido.

–São oito e meia. - ela falou. - Se a uma hora se passar... Será definitivo. Nada poderá salvá-la. Depois que a uma hora passar e ela não acordar, você tem duas escolhas: deixá-la aqui na floresta e nos encontrar em Anakyse, tendo em mente que ela vai voltar repleta de ódio e raiva, sem compaixão e com sede de sangue, principalmente o seu ou cortar seu pescoço. Vai doer mais em você do que nela, mas é melhor isso do que termos um demônio por aí querendo nos matar. De um jeito ou de outro, venha para minha casa em uma hora. Não temos muito tempo.

Fiz que sim com a cabeça. Ela me entregou um canivete, um relógio e seguiu co os outros Bosque a dentro, me deixando sozinho com Sophie. Sentei ao seu lado e olhei fixamente para seu rosto, esperando qualquer movimento. Àquela altura, eu já não mais chorava, só torcia para que ela acordasse em uma hora. Já faziam quarenta minutos quando decidi falar.

–Eu nem sei o que dizer. - comecei, nervoso. - Só sei que sinto sua falta. Você esteve do meu lado quando eu achei que o mundo conspirava contra mim, me mostrou os bons momentos entre os ruins, me fez sorrir quando eu não tinha motivos. Eu preciso de você comigo, Sophie. Sem você, eu sou uma agulha em um palheiro, perdido. Eu preciso de você.

Já se passavam 55 minutos. Abri o canivete de Lucy e encostei a lâmina na garganta de Sophie. Meu lábio tremia. Ergui a lâmina no ar e baixei bruscamente, atacando seu pescoço. Mas parei assim que o objeto tocou sua pele.

–Não. - contestei. - Eu não vou fazer isso. Se ela virar um monstro, eu não me importo. Eu vou consertá-la. Vou salvá-la mesmo assim. Acho que eu nunca te disse isso, Sophie, acho que foi porque eu nunca tive certeza. Mas agora eu tenho. Eu te amo.

Virei e segui pela trilha para fora da floresta. 58 minutos. Então, um barulho me fez parar. Virei rapidamente de volta a tempo de ver Sophie flutuando no ar, suspensa como se algo a segurasse pelo peito. Então, ela foi colocada delicadamente de pé, no chão. E ela ficou. Sua cabeça estava baixa e seu rosto estava escondido pelos seus cabelos. Ela o levantou aos poucos. Um sorriso maligno brotou em seu rosto. Seus olhos estava vermelhos, assim como Hanna os viu pela última vez. Então, ele clareou e se tornou os olhos azuis da Sophie que eu conhecia e que eu amava. O sorriso desapareceu e ela olhou estática para o chão. Ela me viu e ambos corremos um para o outro. Abraçamos um ao outro como nunca, pois, pela primeira vez, eu estive muito perto de perdê-la. Quando nos separamos, ela me beijou e eu senti aquele calor, a paixão em seus lábios. Ela pôs os braços em volta de meu pescoço e eu a segurei pela cintura.

–Eu também te amo. - ela respondeu.

Seu sorriso brilhante nasceu em seu rosto. Ah, como eu tinha sentido falta daquele sorriso. Ela voltou a me abraçar e me senti acordado de um pesadelo horrível. Eu estava feliz. Agora sim estava tudo bem. Beijei-a e, juntos, fomos para Anakyse, de braços entrelaçados. Eu nunca mais a soltaria.


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Notas finais do capítulo

Malz pelo susto, gente. Mas ficou legal, não é?



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