Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 9
Cap. 8


Notas iniciais do capítulo

Finalmente os preparativos do jantar na casa de Pilar, Félix tentava de tudo para fazer Niko desistir...qual era o problema afinal?



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Quando Niko viu Félix entrando pelo restaurante, não conteve o sorriso, lembrava-se dele pelo telefone que iam jantar na casa dele por um convite da Pilar... no fundo Niko sabia que havia ganhado alguém a favor dos dois: a mami poderosa...só não sabia se Félix entendia isso da mesma forma:

– Oi Carneirinho, tudo bom?

– Agora sim está - Niko realmente não estava mais em si de tão contente, seu querido vindo buscá-lo. Era tão boa a sensação que os dois poderiam ficar juntos, Niko nem gostava de pensar em outras possibilidades. Mas antes que se perdesse em seus devaneios, Félix arqueava as sombrancelhas, com um discreto sorriso:

– Niko, já que estou aqui, quero aproveitar pra pegar a papelada da contabilidade, tudo bem?

Niko suspira um tanto desapontado, no fundo esperava que Félix tivesse outra proposta, outro pedido, não podia questionar também, sempre presou a discrição na frente de seus funcionários e clientes, não gostava de misturar a vida pessoal com a profissional... por outro lado, respirou fundo, pensando que também precisava colocar o restaurante em dia...era tanta coisa para organizar:

– Ok, vamos lá buscar, vou te explicando no caminho o que já consegui, daí não nos atrasamos.

Escritório..

Quando Niko se virou para pegar a caixa com a papelada na pequena estante...clic...clic...era o trinco da porta que se fechava...

– O que houve? Féli...

Um beijo roubado, mais outro e mais outro...não havia fim para o abraço apertado que Félix dava em Niko, era tanta saudade, era tanto desejo...Niko correspondia a cada beijo dado, não queria falar, não queria perder aquele momento, as mãos de Félix invadiam Niko para enlouquecê-lo...

– Carneirinho...vamos sair daqui? Quero você...logo...

Ofegante Niko nem tinha forças pra responder, mas num esforço pra retomar a razão:

– Mas Félix, e a sua mami? Não podemos nos atrasar...ai para...não quero, não....ai...Não quero causar má impressão...vamos deixar pra depois, sem pressa; você não vai me levar em casa depois do jantar?

– Deixa o jantar pra lá... - Félix estava decidido.

– Me larga! Félix!!! Não fala assim, coitada da sua mãe... – Niko fez um esforço tremendo pra se soltar de seu amado, enquanto falava, organizava a camiseta, cabelos, calça...

– Ah Carneirinho, é só um jantar...depois remarcamos...

– Félix, até parece que você não quer que eu vá! Peraí?! É isso, eu te conheço um pouco já...

Um ruborizado Félix se senta na cadeira...

– Félix, é isso, não é? Mas por quê? Ah meu Deus, você tem vergonha de me levar na sua casa? – O tom de voz de Niko muda de algo próximo de um questionamento para decepção...

– Carneirinho, JAMAIS fale isso! Não é porque estava tentando te convencer de irmos pra outro lugar que você já tenha o direito de sair me acusando...Devo ter roubado o santo sudário pra ouvir uma coisa dessas! – Félix cruzava os braços em sinal de desapontamento também.

– Então me explica Félix, por quê você está tentando me abduzir desse jantar? E da maneira mais sorrateira possível? Olha meu estado agora! – Niko falava como uma noiva que havia borrado a maquiagem...

– Carneirinho, você está ótimo! Nada que uma academia não resolva em alguns meses – Félix tentava amenizar a situação

– Chega Félix! Eu já disse e repito, você não tem o direito de querer cuidar do meu peso assim! – Niko vai para um canto da sala e cruza os braços também. Quem olhasse aquilo de fora, imaginaria duas crianças ficando de mal...

– Carneirinhoooo...não faz assim...não é nada disso...Deixa eu explicar... – Félix havia se levantado e tentava abraçar Niko que esboçava um “sai pra lá” delicado...

– Carneirinho? Ei, olha pra mim? Eu não vou conseguir me explicar se você ficar com essa cara apontada pro chão...por favor...

– Tá bom Félix, fala logo... – Niko continuava com aquela voz de decepção...

– Carneirinho, Niko, querido, eu não sei se é uma boa idéia esse jantar, eu sei que a mami está querendo ajudar a gente, mas...

– Mas o quê, Félix? Se você não queria me levar tivesse dito a sua mãe, não vindo aqui tentar me enrolar assim!

Respirando fundo, Félix continua tentando abraçar o loiro esquivo...pensava que como poderia ser tão genioso... sempre fazia mil teorias e todas erradas!

– Carneirinho, eu não falei nada pra mami porque eu sou um fraco! Qualquer coisa que ela me pede eu não consigo dizer não e você parece que tem o mesmo poder comigo, não consigo mentir pra você...- cara de pato – é que eu estou apavorado com a idéia que o papi soberano apareça no jantar e te trate mal...eu não sei o que faria...eu posso suportar a tudo, tudo que ele já me disse está ok...- Félix segura o queixo de Niko, finalmente ele cede as investidads de Félix...- Mas ver ele te tratando mal...por mais que eu goste dele e queira estabelecer algum vínculo com ele...não, eu não vou aceitar que ele te trate mal... não quis dizer isso pra mami, pois ela não entenderia, ela só iria sorrir e dizer que daria um jeito – Félix não se conteve e abraçou Niko forte, como buscando um conforto pra tudo aquilo que acabara de dizer...

– Félix, olha pra mim, preciso te dizer uma coisa.

Os olhos negros de Félix marejado eram todos ouvidos para Niko:

– Olha aqui, olha mesmo – quantas vezes você acha que eu já fui mal-tratado por ser homossexual? Antes que você tente algum número, quero que escute isso. Eu não sei quantas vezes, eu nem quero saber, mas a verdade é que o Brasil ainda tem várias pessoas que não aceitam isso, fazem piada, balançam a cabeça em sinal de reprovação. Graças a deus eu consegui vencer na vida, tenho meu restaurante, minha família, tenho você agora... Você acha que eu não pesquisei a escola do Jaiminho pra saber qual a postura em relação aos homossexuais? Todo dia eu me pergunto: o que eu vou dizer pra ele quando, e eu acho que esse dia vai acontecer, alguém vier questioná-lo quanto ao pai? E todo dia eu o preparo para ser um rapaz responsável, que entenda as diferenças... – Niko tenta sorrir – eu tive sorte que a minha família me apoiou, mas quantos outros por aí não tiveram a mesma sorte que eu... você mesmo Félix, devia aproveitar que a sua mãe quer nos apoiar ao invés de ficar preocupado com seu pai...se ele aparecer, até por que um dia, se a gente continuar junto, ele vai perceber, eu vou estar pronto; você vai estar? Não se preocupe comigo, se preocupe com você.

– Carneirinho, cada vez eu te admiro mais! – e eles se abraçam, e cada aperto virava um beijo mais forte, mais desejado...era tudo que Félix precisava ouvir pra entender que evitar aquele jantar seria evitar qualquer outra coisa com Niko, ele estava certo, como continuarem? Seu pai não desapareceria do mapa nem naquela noite nem nas próximas vezes que Niko fosse convidado para sua casa...

– Carneirinho, você me desculpa?

– Era mais fácil você fazer uma placa bem grande: Desculpa, Niko. Que te parece?

– Parece que se não sairmos daqui logo, vamos chegar atrasados... – Félix sorri orgulhoso, sempre tinha de Niko o que precisava ouvir para encorajá-lo a seguir em frente.

– Bom, aproveita e leva essa caixa... Afinal eu preciso organizar as contas desse restaurante! – Niko ri, satisfeito, de alguma maneira ele começava a entender o jeito dúbio de Félix, em alguns momentos ele ficava chateado e questionava-se se era correspondido, por outras vezes a presença dele era o que bastava.

...

Do outro lado da cidade:

– Vovó?

– Oi Jonathan, querido, diga?

– Minha mãe ligou perguntando se poderia vir aqui hoje jantar com a gente, não vi problemas e disse que tudo bem. Mas me desculpe, na verdade deveria ter perguntado pra senhora antes...tudo bem?

– Ah, meu Deus....


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Por favor comentem!
E mais uma vez, obrigada pela paciência, ainda não consegui retomar a velocidade para escrever mais posts em menos dias.
Até breve!



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