Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 62
Cap. 62


Notas iniciais do capítulo

O que pode ser mais estressante do que a própria urgência que criamos para nós mesmos?
(espero que gostem)

Pra quem lê, mil desculpas pela demora em atualizar, nesse meio tempo fiz outra fic, tive alguns problemas no mundo real e tal, acho que agora consigo voltar a postar numa frequência decente - esse capítulo é para me livrar do hiato de alguns meses sem escrever aqui.
Obrigada pela paciência de vocês



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“E hoje ainda é terça-feira...Bom, zero hora e sete minutos...O Félix já deve estar dormindo nesse frio...Coitado, ele praticamente está indo pra dormir em casa porque atenção pra ele essa semana vai ser difícil de dar...”

Ele dirigia ouvindo uma dessas rádios de músicas românticas sem prestar muita atenção as música, só que qualquer refrão o lembrava dele, de seus olhos negros e cabelos mais negros ainda, da sua pele alva e até do seu humor ácido fazendo piadas por qualquer coisa que lhe parecesse digno de sua atenção, ou seja, quase tudo...Ao parar no farol Nicolas olhou-se no espelho retrovisor para ter certeza do sorriso nos lábios, toda aquela correria o deixava exausto, mas feliz.

Maio estava chegando ao fim e o inverno apenas dando a primeira acenada que junho seria um mês mais frio ainda, Nicolas novamente riu sozinho – se ainda fosse solteiro poderia chegar e se jogar na cama sem banho sem nada e dormir...Só que Félix haveria de estar lá o esperando para aquecê-lo sem jamais iria reclamar do cheiro de peixe de suas mãos; e por respeito a isso Nicolas sabia que não havia como fugir de um banho rápido para dormirem.

“Meu Deus, quinze graus não pareciam tão frios quando saí do restaurante...Será que lá em Angra faz frio assim? Eu vou morar em Angra dos Reis com o Félix, as crianças! Pode até nevar que eu não vou ligar...Não! Sem neve, só um friozinho para o Félix me esquentar a noite!”

Aquela noite era especial, Niko estava muito feliz, o convite para participar de uma cerimônia de premiação para chef revelação do ano era a cereja do bolo para completar os últimos acontecimentos – um anel reluzente com uma declaração de amor, mudar de vida, a tão sonhada família agora completa – tudo aquilo que ele sempre desejou e que Félix recusava em admitir que sempre sonhou com o mesmo destino.

Já de pijamas ele se esforçou para não despertar Félix enquanto lhe beijava a testa, seu amor dormia como o menininho que tantas vezes Márcia lhe contara histórias de quando ele era ainda um bebê como Fabrício ou de suas desventuras na vinte e cinco de março. Ele merecia dormir, tanto quanto o ele próprio que se deitou puxando o braço de Félix em sua direção para abraça-lo num último esforço antes de adormecer.

– Carneirinho?

– Fé-lix? Desculpe, te acordei?

– Você sempre me acorda quando faz isso...

– Desculpe...

– Nunca deixe de me dar boa noite desse jeito , vem cá...Eu esperei o dia todo pelo seu abraço...

Nicolas adormeceu agarrado a Félix como se fosse a primeira vez que ele estivesse naquela cama, o frio era a melhor desculpa para que permanecessem juntos, ainda se perguntava se realmente precisava de uma desculpa para dormirem daquele jeito. Tudo aquilo que lhe remexia a mente enquanto ressonava...Só que o chorinho de Fabrício o fez lembrar que a vida de um pai (e de muitas mães) não era fácil...
"Deve estar com a fralda suja..."
Já passava das cinco quando ele decidiu fazer uma ligação, talvez fosse a hora de fazer uma escolha por mais arriscada que fosse ele não via outra opção, afinal ele também precisava aceitar que em poucos meses eles iriam morar definitivamente como uma família, independente do lugar escolhido.

– Perdi a hora de novo!? Eu devo ter salgado o mar morto para perder a hora de novo! – Félix mais uma vez acordou assustado, já deveria passar das oito da manhã, o que em outras épocas já seria um milagre, o senhor Félix Khoury acordando antes das nove sem um despertador. – Eu nunca vou conseguir levar as crianças na escola!

– Eii, Félix? O que houve agora?

Aquela voz fez com que Félix se virasse rápido, espantando pela surpresa de perceber que não estava sozinho:

– Carneirinho?! Se eu estou atrasado, você acabou de perder a vaga na arca de Noé...Criatura, levanta, você não foi no mercadão, não comprou peixe e aposto que o Jayminho deve estar na frente da televisão atrasado para o colégio...

Pego pela surpresa de ser descoberto pelo esbaforido Félix ele até que tentou responder antes de se espreguissar na cama com um longo bocejo, ainda tinha sono:

– Félix, o que houve? O Jayminho já saiu com a van, o Fabrício mamou por volta de quatro da manhã e hoje está tão frio, não? Pode me devolver o edredon?

– Criatura, estamos, melhor: você está muito atrasado! Que te deu hoje?

– Eu resolvi aceitar uma oferta de um fornecedor de efetuar a entrega de peixe direto no restaurante – Com uma pequena pausa para um sorriso de vitória ele complementou – Se vamos abrir um restaurante novo eu não vou conseguir dar conta de tudo sozinho...Resolvi me dar a manhã de folga!

Félix não falou nada, sua expressão agora demonstrava um imenso orgulho do que acabara de ouvir, seu Carneirinho pela primeira vez em semanas parecia se desligar nem que fosse por uma hora do dia a dia do restaurante, desde que ele assumira o controle das finanças eles conseguiram melhorar a rentabilidade do negócio, contratar mais funcionários e iniciar uma reserva para abrir uma nova unidade...Só que nada disso fazia com que o loiro tivesse mais tempo livre, pelo contrário.

– Vamos não fazer nada hoje? Eu só queria brincar um pouco com as crianças e aproveitar o dia pra conversar com você, Félix...

O moreno ajeitou as sombrancelhas como se esperasse alguma má notícia, talvez ele desistisse de ir visitiar os pais no final de semana ou se desse conta da loucura que estava fazendo ali com ele, já que a cada dia que passava o magnifico Félix se sentia mais e mais acuado com a possibilidade de não ter seus sonhos concretizados. Ele sabia que não poderia depositar todas suas esperanças de uma nova vida em um homem que o olhava apaixonadamente, já haviam conversado tantas vezes disso, que o mudar dependia apenas dele e não do amor que Niko tinha por ele...E em várias vezes lhe faltava a coragem para confessar o quanto o amava e o quanto aquele sentimento lhe dava forças para suas transformações interiores.

– Você foi escolhido como um dos finalistas a revelação do ano? Você não pode perder a premiação? Seria melhor não irmos para Franca porque você precisa estar aqui esse final de semana para a premiação? Resumindo Carneirinho, você só ficou em casa para me seduzir ao ponto de eu desistir de ir falar com seus pais sobre a gente? Eu devo ter feito chapinha nos cabelos de Maria Madalena para ouvir uma história tão sem pé nem cabeça que nem essa!

– Félix, eu fui indicado! Olha na internet, já devem ter atualizado o site do guia de restaurantes com os candidatos. A premiação é esse sábado...Eu dei folga para a Adriana, você sabe disso...Eu preciso ir lá, imagina a divulgação para o Gian? Como você quer que eu vá para Franca? Não seria mais lógico chamar meus pais para cuidar das crianças e conversamos tudo que você quiser no domingo com eles?

Félix se levantou da beira da cama e foi em direção ao banho, talvez uma ducha o ajudasse a esfriar a cabeça, nada do que ele planejava parecia a seu favor.

– Félix, não foge da conversa! Por que essa urgência toda em irmos pra Franca, será que ao menos uma vez você pode deixar de ser tão egoísta?

Do chuveiro uma voz esfumaçada gritou:

– Eu nem uso mais ternos de grife, eu não ganho mais pra isso!


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Notas finais do capítulo

até breve!