Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 60
Cap. 60


Notas iniciais do capítulo

O que é justo?
Até quando seria possível ficarem separados?
(Espero que gostem)



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– Você não vai falar nada? Não era isso que você mais queria ouvir desde o Rio? – Niko não conseguia disfarçar a surpresa pela falta de reação de seu amado, por alguns segundos ele teve aquele sonho bobo que ele correria para seus braços no intuito de comemorem esse novo passo na vida a dois. Só que não, Félix permanecia ali o olhando com aquela expressão de sorriso nos olhos e na iminência de correspondê-lo em seus desejos:

– Niko, eu andei pensando...

Aquele início de frase latejava o coração de Niko, ele não podia acreditar que Félix estava desistindo logo agora que ele resolvera aceitar quele pedido que por mais afoito que fosse era o que ele também queria, se casar era a única maneira de tê-lo ao seu lado, por quê não? Se havia alguma coisa que havia aprendido era que o melhor a fazer era tentar, sair da inércia...Quantas vezes havia ouvido um sonoro não da pessoa que agora o mirava com o mais profundo carinho. Sim, era amor o que ele via nos olhos de Félix e lhe custava acreditar que ele estava pensando algo que não fosse de encontro ao que ele ansiava.

– Carneirinho, eu andei pensando...Não é justo...

– Não é justo o quê, Félix? Você quer ser mais direto como você é normalmente? Está com medo de dizer que foi um precipitado? – A penumbra do quarto não foi suficiente para esconder as mãos de Niko entrelaçadas demonstrando uma certa decepção pela expectativa que o rumo da conversa tomaria.

– Não Carneirinho, não é isso. Eu não sei como você pode ser tão otimista...Eu nem sei como você ainda consegue ser otimista com a gente. Veja hoje, você me trouxe pra cá pra evitar um desastre maior com meu pai...Eu fui um louco, imagina se ele encontrasse o Jayminho e o tratasse mal por nossa causa? Como eu posso pensar que daria certo todos nós debaixo do mesmo teto? E eu também não posso te pedir que espere meu pai morrer pra gente ficar junto. Você precisa de alguém presente, não de um fardo.

“Ah, é isso então...”

– Félix, eu nunca cheguei nem perto de pensar que você é um fardo na minha vida... – Risos – Até porquê quantas vezes eu pedi para esse fardo ficar aqui nessa casa, comigo... – e ele o puxou para um longo abraço daqueles que todos imaginam que nunca deveria acabar.

– Obrigado Carneirinho, mas...

– Mas o quê? Qual era seu plano Félix Khoury? Você planejou algo, eu tenho certeza disso. Tenho tanta certeza como o céu é azul que você planejou algo. Fala, Félix!

O abraço apenas se desfez o suficiente para que Félix tivesse espaço para ficar encaracolando um dos cachos de Niko com as mãos.

– Debaixo dos caracóis...

– Não mude de assunto!

– Eu posso terminar a música?

– Não! Vamos terminar essa conversa!

– Debaixo dos caracóis... – E Félix continuo cantarolando baixinho quase como uma canção de ninar mexendo nos cabelos de Niko que havia desistido de insistir em conversar, totalmente dominado pelas mãos de seu amado. De que adiantava insistir se Félix Khoury havia se tornado senhor de seus desejos, de seu destino?

– Sabe Carneirinho, essa música foi escrita pra você... Só não sabia disso até agora...Há tantas músicas que só agora eu descobri que foram feitas pra você...Eu queria convencer meu pai de irmos todos para aquela casa em Angra, criar os meninos longe dessa selva de pedra e principalmente ter você ao meu lado todas as noites...Eu comecei a acreditar que ia ser bom pra gente uma vida nova, em outro lugar, um recomeço...

– Angra dos Reis?! Mas o que eu vou fazer lá?

– Abrir um restaurante...na verdade eu já investiguei que é viável abrir um restaurante lá para todos aqueles endinheirados... Eu sei, é um risco, mas acho que você tem o capital suficiente e eu posso ser seu avalista no banco...Minha família também é endinheirada...– Félix sentia o rosto queimar, afinal tinha sido pego no flagra, será que seria tão óbvio que ele tinha um plano...Que como tantos outros também não iria dar certo... – Eu poderia gerenciar dois restaurantes – o Gian em São Paulo e o Gian II, a propósito porque o restaurante chama Gian?

– Félix, não muda de assunto! E nem começa a cantar de novo!

– Eu canto mal?

– Você é desafinado, pronto, falei!

Félix não conteve a risada, somente sua metade para lhe fazer rir numa hora dessas...Como assim desafinado?

– Deixa eu te afinar um pouco, Carneirinho...Vem cá? – A aproximação mais que maliciosa foi interrompida por um categórico não.

– Não?!

– Não, Félix. Até você terminar nossa conversa não vem que não tem. E finalmente ele se liberta, mesmo que a contra gosto do seus intermináveis braços.

– Eu devo ter salgado a santa ceia para ser tão difícil você entender que não vai dar certo! – Félix se levantou bruscamente, talvez uma mudança de humor fosse capaz de fazê-lo compreender que não era justo lhe oferecer o inferno em vida, esse que ele conhecia tão bem.

– Talvez seu pai não ceda aquela casa, até porque até onde eu lembrava ele quer vendê-la. Não me importa isso, vocês podem vir para cá. Eu reformo essa casa, o quarto de hóspedes, o que for necessário para que seu pai venha pra cá. Eu não vou desistir de você a não ser que você não me queira...mais...

Por que era tão natural se afastar de Félix ao menor sinal de se sentir rejeitado? Era como se o moreno visse um filme da primeira noite que ele dormira ali, Niko se afastando porque ele havia mencionado o Anjinho. Bem verdade que aquele homem era um passado distante, distante da alma e do coração.

Pelas percianas do seu quarto Niko observava a rua, não sabia mais o que dizer ou fazer para que Félix entendesse que não seria o pai dele o responsável pela felicidade ou infelicidade deles.

– Não querer você? Eu te quero tanto meu Carneirinho.

– Sim, que mais eu poderia pensar? – Novamente ele sentia os braços do seu amado lhe envolvendo pelas costas, lhe confortando; ele podia sentir o quanto era desejado por aquele afago. Se havia algo que nunca haveria de esquecer nem que vivesse mil anos seria o tesão mais que incontrolável que tomava conta dele nessas horas.

– Você é tudo que eu mais quero, só que você não faz idéia do inferno que seria meu pai...Não há o que fazer Carneirinho, ele não vai aceitar...

– Ele não precisa aceitar, meu amor, é você que precisa aceitar que vai ser assim. Eu não sei viver sem você...Não desista agora...

– Deixa eu enxugar essa lágrima?

– Eu não estou chorando...

– Nâo, não está... não está mais – Félix lhe vira em sua direção para lhe beijar a testa, os olhos umedecidos num pedido de desculpas.

– Eu não quero fazer você sofrer.

– Eu sofreria muito mais se eu ficasse longe de você.

– Você tem certeza que é isso que você quer? Viver no meu inferno particular?

– Não, eu vou te tirar de lá, se você me deixar...Vem morar aqui?

As mãos dele se soltaram para ir de encontro ao rosto do seu amado com um sorriso:

– Só casando.

– Então que casemos. Quando? Que tal em Novembro?

– Começo de julho?

– 2015?

– É claro que não, Criatura! Estou falando desse ano! Você acha que eu vou aguentar esperar tanto tempo pra não sair mais de perto de você?

– Mas eu nem falei para a minha mãe isso ainda!

– A gente pode ir lá no final de semana que vem? Vamos nós quatro.

– Mas a Adriana estará de folta por causa desse último final de semana, já esqueceu?

– Carneirinho, seus cachos estão interrompendo seus neurônios, eu disse vamos nós quatro pra casa dos seus pais – eu, você e as crianças. Sem a Adriana. Vai ser divertido!

– Vamos nos divorciar antes de chegarmos na casa deles...

E eles riram, Félix num momento de felicidade extrema já que seu carneirinho jamais lhe deixaria e Niko de nervoso,afinal ele não poderia estar falando sério. Ou estaria?

Como era inocente aquele carneirinho.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora em postar, acho que agora volto a normalidade de um capítulo por semana.(Pra quem ainda acompanha, muito obrigada pela paciência).
Até breve!



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