Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 53
Cap. 53


Notas iniciais do capítulo

Nada é do jeito que imaginamos.
Nosso primeiro amor, nosso último então...
Por que a mesma coisa pode acontecer de tantas maneiras diferentes?
Espero que gostem!



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Casa comigo? Aquela frase ecoava na cabeça de Niko enquanto ele puxava Félix para beijá-lo e acariciá-lo, ele lhe pareceu tão agitado... Nervoso tanto quanto ele com aquela pergunta, melhor retomarem o rumo das coisas após um abraço apertado e algumas coisas mais.

– Então você aceita? – O Moreno perguntava de uma maneira tão carinhosa, até um pouco desconhecida para Niko que já estava acostumado com aquelas piadinhas ácidas e com uma certa agressividade mesmo que não houvesse um motivo aparente.

– Ah Félix, você tem cada uma...Aceitar o quê? Pra mim já estamos praticamente casados, só falta você mudar lá para casa de vez com seu pai. – Sim, na cabeça do Carneirinho quando Félix e o senhor César se mudassem para a casa dele a família estaria completa, mesmo com todas as dificuldades à vista ele sabia que seria forte o suficiente para suportar a adaptação do sogro a nova casa.

– Carneirinho, me solta...Sai...Sai...É o apocalipse, me solta!

– Fééélix, ei, que houve? Eu falei alguma besteira? É claro que eu vou querer que você se mude pra minha casa, faz muito mais sentido! Por que você ficou assim? – ele, definitivamente, não estava entendendo nada.

– Nicolas Corona, olha bem pra mim? – Era o apocalipse que Niko não o estivesse levando a sério.

– Olha bem pra mim Carneirinho, eu lá tenho cara de ir morar junto com alguém? Eu devo ter salgado a santa ceia pra alguém dizer que quer que eu entre pra família morando junto. Tanto tempo as pessoas lutaram por um casamento homoafetivo e agora você vem com esse papo. Deve ser o fim dos tempos mesmo. Eu vou dar uma volta na praia, até logo! Pronto, falei.

E ele estava saindo mesmo, Niko nem acreditava naquilo tudo enquanto tentava procurar uma roupa para vestir, pensou melhor e foi até a porta, pelado mesmo, para impedir que ele saísse todo afobado.

– Félix, deixa de ser, olha quanto tempo a gente está junto...Três, quatro meses? Você já foi casado e sabe como é, já até se separou...Pra que inventar isso agora, vamos morar juntos e se tudo funcionar podemos pensar em casar.

– Você quer fazer uma experiência? Foi assim que você foi morar junto com a lacraia? Já sei, ele passou dez anos prometendo que vocês iam casar de véu e grinalda até que a fura olho apareceu...Ou foi você que ficou dez anos fazendo teste? Daí vei a fura-olha e pá! - Revirando os olhos ele começou a insistir pra saber porque ele nunca teve uma união oficial com o Eron.

– Não! Chega, não mistura as coisas! Eu não vou falar do Eron, eu vou falar da gente! Você não acha que é cedo pra gente se casar? Até outro dia estava lendo que os advogados estão tendo os primeiros casos de divórcio gay...Eu não quero entrar nessa estatística!

Aquilo de uma certa maneira magoou o moreno, ao segurar Niko pelos braços para que ele saísse da porta, ele se sentiu no límite, por mais que ele esperasse que o carneirinho dissesse não ao pedido, ele não imaginava que eles precisassem de um tempo junto para testar o relacionamento:

– Niko, deixa eu passar, agora!

– Mas Félix, o que é que eu falei de errado? Eu não disse não, eu gostei da idéia...Eu só acho que a gente poderia começar morando juntos e daí depois casamos.

– Chega Niko! Ninguém gosta da idéia de casar! Se diz sim ou não! Deixa eu passar antes que eu te machuque... – a cada palavra ele fazia mais força para tentar tirar Niko da frente da porta, talvez ele até estivesse certo com aquilo tudo, ele era mais novo, de outra geração até...Por um instante ele se viu velho frente aquele rapaz loiro que o enlouquecera até o ponto dele abrir mão do amor do própria pai.

– Machucar? Eu te derrubo fácil, Félix! Olha seu físico! Por que você não se acalma e me explica o que você tem contra morar junto? Você é tão complicado! Você nem sabe a ordem das coisas...

– Que ordem Carneirinho? Eu nunca ouvi dizer que precise morar junto pra casar...Você não me ama? A ordem que eu sei é que quando alguém ama uma pessoa, ela quer casar...

– Você quer casar comigo porque eu digo que te amo? Você alguma vez me disse isso? O que você está dizendo?

Nesse momento Félix arregalou os olhos com um tom de surpresa, seria esse o problema? Será que Niko sentia falta dessa declaração, era uma moça mesmo...Será que ele não via o quanto ele havia mudado para ser merecido por ele, aquela conversa estava indo longe demais...Melhor que ele fosse caminhar na praia e assim ele o fez, pois finalmente Niko abriu passagem.

Ele caminho em direção a areia, achou um guarda-sol do hotel e por lá ficou sozinho olhando o mar. Era tão bonito.

Alguns dias antes.

Eu preciso de uma aliança. Compatível com essa aqui. – E rapidamente ele tira do bolso um anel, um daqueles que Niko deixava largado pelo banheiro...

O vendedor daquela relojoaria tão sofisticada no mesmo shopping do restaurante de Niko percebeu rapidamente que o anel não tinha uma dona e sim um dono, retirou-se para buscar algumas opções:

– O senhor tem alguma preferência? Ouro, prata, aço? Em geral alianças são vendidas aos pares, também temos anéis lindos. Um minuto por favor.

Ao retornar o vendedor trouxe dentre outros um anel que chamou a atenção de Félix, era exatamente o tipo de anel que Niko usava, um pouco largo e sem muitos detalhes – prateado.

– Qual o valor desse? Aceita cartão? Pode ser parcelado?

Essas três frases eram novidade para o comprador, ele nunca havia parado para pensar no valor de alguma coisa, logo essa agora que seria para algo tão especial, eles teriam que parcelar em várias vezes no cartão, como era díficil viver com pouco dinheiro pensava...Seria sua nova realidade.

– É possível gravar algo na parte interna, é um presente.

– Sim senhor, com a gravação podemos parcelar em até dez vezes! – O vendedor estava feliz, estava conseguindo vender uma anel caro e ainda iria ganhar uma comissão maior por causa da gravação.

Félix tirou do bolso um papel dobrado, entregou ao vendedor e foi efetuar o pagamento enquanto esperava a gravação. Nunca na vida comprar um presente fora algo tão especial.

“Ele vai fazer doce, como eu fiz até pedir pra dormir na casa dele... Eu vou saber esperar ele estar pronto, eu estou.Vai dar certo!”

Poucos dias antes da viagem e após essa compra.

– Papi, eu vou me casar e sair dessa casa, o senhor está entendendo?

– Cala a boca, Félix, eu prefiro morrer a ver você saindo dessa casa com aquela...

– Papi! O senhor tem essas opções – eu já falei com a mami e o senhor pode permanecer aqui com ela e o Maciel, mudar-se comigo ou ir para um...asilo... – a última palavra era o apocalipse para ambos, mas ainda assim era uma opção.

– Sabe o que me conforta, Félix?

– Diga, papi...

– Ele não vai aceitar! Uma coisa é ter você algumas horas por dia pra você sabe o quê...Outra coisa é aguentar você direto.

– Ele vai aceitar, papai.

– Meu filho, não se engane...Eu me enganei com a Aline.

No dia da viagem antes de sair para o voo, Félix voltou ao quarto apenas para buscar esse anel, não haveria oportunidade melhor de conversar com seu Carneirinho.

Félix saiu do hotel feito um furacão, ele precisava respirar, talvez a brisa do mar batendo no seu rosto o acalmasse; afinal ele tinha feito tantos planos e agora tudo parecia desmoronar. Morar junto pra testar? Ele tinha certeza que ia dar certo.

“Será que todo o problema é eu conseguir dizer quando eu o amo?”

Na porta do hotel Niko tentava achar algum funcionário que soubesse indicar para onde Félix havia saido.

No final da tarde de sábado a praia estava lotada.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários!
Espero que gostem do capítulo e até o próximo com a primeira e última noite deles no Rio de Janeiro.



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