Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 51
Cap. 51


Notas iniciais do capítulo

Li hoje um post que ajudou nesse capítulo:
"Eu preciso de alguém que precise de mim"
Espero que gostem



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O aeroporto estava tranquilo, diferentemente de Niko não parava um minuto na sala de embarque:
– Carneirinho, se era pra ficar nesse estado porque os meninos não vieram era melhor nem estarmos aqui, você quer parar quieto! – O moreno não aguentava mais seu Carneirinho se levantando da cadeira, indo olhar o avião pelas vidraças e voltando metodicamente para a mesma posição. Ele já havia perdido a conta de quantas vezes seu namorado havia feito aquilo.
– Ai Félix, você pode me deixar em paz? Nem sei como você consegue ficar aí tão calmo lendo essas revistas...
– Criatura, o que mais dá para fazer aqui no aeroporto? Senta um pouco e vai ler algo, toma essa revista aqui...Os meninos a essa hora devem estar dormindo tranquilamente e nem lembrando de você. Aposto que eles vão se divertir tanto quanto a gente.... – e ele sorriu maliciosamente indicando que o tipo de diversão seria outro.
Já dentro do avião, Félix queria sentar na janela quando uma senhora chegou dizendo que tinha a mesma poltrona:
– A senhora que resolva isso com a aeromoça, eu quero ir na janela...Deve ter outra janela vaga nesse avião, senão o voo é tão rápido que a senhora nem vai perceber...
– Fééélix! Deixa eu chamar a aeromaça para reacomodar todos nós. – Somente a arrogância de Félix para distrair o carneirinho do nervosismo pela viagem, ele estava impressionado pela falta de generosidade de Félix em ceder um simples assento, nessas horas ele se lembrava que seu amado num passado não tão distante era esse poço de gentileza todo o tempo.
A aeromoça gentilmente informou que houve algum erro na emissão dos bilhetes e infelizmente não havia outra janela disponível, somente corredores para tristeza da senhora. Nesse momento Niko puxou Félix pelo braço indicando que ele se sentaria no corredor sem discussões, afinal eram só alguns minutos até o Rio.
– Quieto Félix! Não custa nada ser gentil de vez em quando, basta cinco minutos e pronto, já vai renascendo! Nem parece que você mudou, sabia?....Ele vai ceder o lugar para a senhora, não se preocupe.
Félix pegou uma revista e ficou calado com a cara fechada, ele realmente queria viajar na janela...Niko? Ele estava concentradíssimo com as instruções da aeromoça como se fosse a primeira vez que viajasse de avião. Por fim a decolagem, e Niko só faltou pregar as mãos nos braços do assento.
De olhos fechado, Félix nem percebia a cena, estava irado pois o Carneirinho havia cedido o lugar dele para uma desconhecida...
– Meu filho, você tem medo de andar de avião? Quer conversar um pouco? Eu me chamo Laura.
– Deu para perceber? – Ele riu nervoso entre uma turbulência e outra.
– Sim, eu lembro de você analisando o avião na sala de embarque...Eu tenho uma filha mais ou menos da sua idade, ela faz a mesma coisa. Não se preocupe, turbulência não derruba avião...Olha seu amigo, acho que até dormiu. Ele é seu amigo, não? Eu nem te agradeci...
– Aqui é o comandante. Senhores passageiros, acabamos de atingir a altitude de cruzeiro, porém devido as condições climáticas solicitamos que TODOS os passageiros permaneçam sentados com os sintos afivelados devido a zona de turbulência que estamos passando.
– Não se preocupe, eles sempre falam isso. Eu ia dizendo que eu nem te agradeci por me ajudar a sentar na janela, eu gosto de sentar na janela pois não gosto de lugares fechados também, mas como sempre vou a São Paulo visitar minha filha o avião acaba sendo mais prático.
– A senhora me desculpe, é que o Félix às vezes vive em outro mundo...Eu tenho medo das turbulências...E da chuva...E de andar de avião a noite...Resumindo eu não gosto de andar de avião! Só ando for realmente necessário. Pronto, falei!
– Eu tenho um gato que chama Félix, meu gato é genioso como ele...- Ela ria - Não se preocupe, já estamos na metade do caminho.
Com a conversa deles indo de vento em popa, Félix acabou saindo do seu cochilo...
“Eu sou um insensível, é óbvio que ele estava com medo de andar de avião por causa do mal-tempo. ..Até essa amiga da Maria Madalena aqui já havia percebido e eu aqui implicando com a coitada...Ela que o está confortando agora...Ai Félix! Logo nesse final de semana, só falta ele chamar a egípcia pra mim, quando que vamos ter outro final de semana sem as crianças pra eu conversar com ele?...Bom, conversar e outras coisas também” .
O avião passou por uma zona de turbulência mais forte.
– Aqui é o comandante. Senhores passageiros, devido as condições climáticas solicitamos que TODOS os passageiros permaneçam sentados com os sintos afivelados.
– Obrigado pela conversa, eu acho que não tenho estômago para dormir num voo animado assim... Ainda bem que meus filhos não vieram. – Niko conversava olhando para baixo, não queria olhar para Félix e nem para a direção daquela senhora pois a janela estava aberta e ele jurava que podia ver o clarão dos raios já que o avião passava por nuvens...
– Você tem filhos? Que lindo! Quantos anos?
– Eu tenho dois, só não pego a carteira para mostrar as fotos porque eu não quero soltar o cinto de segurança, quando pousarmos eu mostro. A senhora me desculpa?
“Como se fosse resolver alguma coisa ele ficar de cinto, se o avião cair não vai fazer diferença o cinto, carneirinho...um, dois, três...”.
Por fim eles sairam da área de turbulência e Niko criou coragem para pegar a carteira com as fotos, diferentemente de seu acompanhante de viagem, ele preferia conversar para passar o tempo.
Havia três fotos pequenas na carteira, Jayminho, Fabrício e Félix, naturalmente:
– Esse é o Jayminho que eu adotei, o Fabrício é uma longa história de barriga solidária e esse é ele ali, é meu namorado...Ele é uma ótima pessoa, só que às vezes ele esquece disso. Desculpe ele por hoje... - Nem um pouco abalado, ele continuou - Acho que ele estava nervoso era comigo porque eu não parei quieto no embarque... – Risos e uma pontinha de orgulho pelo seu namorado, mesmo implicante ele o achava adorável.
– Eu já tinha percebido, querido...Ele parou de reclamar quando você disse que ele ia sentar no corredor com ou sem você. Achei tão engraçado, ele ficou quieto e se conformou. Ou fingiu que se conformou. Obrigada pela ajuda. – Ela riu tentando se desculpar. .. – Nossa já vamos pousar!
Ao ouvir aquele trecho da conversa, Félix sentiu tanta vergonha por não ser tão seguro quanto Niko que respondera naturalmente "namorado". Nessas horas ele se lembrava das tantas vezes que se deixava levar pelas vontades de seu pai e principalmente por ter demorado tanto em aceitar o quanto gostava de Niko, aquele final de semana haveria de ser especial.
O pouso seria com turbulência no Santos Dumont, ao sentir que nave estava em descida Félix resolveu abrir os olhos e segurou-se para não rir, Niko estava novamente agarrado aos braços da poltrona na tentativa de salvar-se de um acidente...O apocalipse, eles não iriam morrer por causa de uma turbulência.
“Por que ele não disse isso antes? Depois eu pergunto...melhor eu tentar ajudar de alguma forma...Esse Carneirinho não existe. Desse tamanho e...Deixa pra lá.”
Foi assim que Félix segurou a mão de Niko fazendo um pequeno carinho . “Meu Deus, eu não posso estragar esse final de semana...Tem que dar certo, o que eu vou fazer se ele não topar?”
– Já vamos pousar Carneirinho, desculpe se eu não havia percebido que você não gosta de andar de avião. Vem cá. Eu já vim aqui no Rio várias vezes e nunca caí na água no Santos Dummont...
Niko apenas recostou a cabeça aceitando o ombro de Félix, preferiu ficar em silêncio do que retrucar a provocação. O avião finalmente tocou o solo.
Agradecido pela conversa com aquela simpática senhora, ele deixou um cartão do restaurante com a promessa de receber uma visita dela com a família na próxima vez que ela fosse à São Paulo. O moreno meio sem jeito, ainda teve tempo de lhe pedir desculpas pela confusão e agradeceu pela companhia que ela fez a seu carneirinho.
Já no táxi, Niko se deu conta que ainda não havia olhado o endereço do hotel. Pegou o envelope com o endereço e entregou ao taxista.
– Pois não senhor, para o Copacabana Palace.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo - Rio!
(eu não sou do Rio, mas aproveitando a deixa deles irem para Angra dos Reis, achei que o Rio de Janeiro ia ser a melhor coisa na vida deles para os próximos 1 ou 2 capítulos)
obrigada quem sempre lê/comenta aqui e no facebook!



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