Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 39
Cap. 39


Notas iniciais do capítulo

Depois da tempestade...



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Eram três da tarde, Jayminho havia desmaiado de tanto cansaço, Fabricio estava sendo disputado pela d. Maria e Adriana, a família de Niko havia conquistado os caseiros em pouco tempo para sorte de todos, eram mais pessoas pra ajudar com a energia inesgotável das crianças.

– Pelas contas do rosário, essas crianças resolveriam o problema de energia do planeta, carneirinho!

– Toda criança é assim Félix, acho que você já esqueceu como era. Eu vou deixar o Jayminho no quarto e volto. Podemos descansar um pouco, que acha?

– Eu vou pro quarto. - "Até porque o que eu vou dizer para meu pHd em assuntos infantis..."

Niko chegou logo depois com um sorriso, parece que a conversa dos dois havia tocado Félix de alguma maneira, ele não estava tão esquivo e resolvera ajudar

– Posso?

– Você sabe que sim.

E assim foi, Félix estava com a cabeça entre o peito e o braço de Niko para ganhar um carinho nos cabelos, para depois ficarem face a face. Telefone.

– Atende Félix, é o seu.

– Eu sei Niko, está tocando direto...

– Que foi? - Niko não via aquele Félix feliz e sorridente que ele tanto gostava.

– Talvez seja melhor eu atender...é a minha mãe...mas eu sei que não é ela que quer falar comigo..

Logo em seguida:

– Oi Mami, sim, está tudo bem eu não atendi antes...bem eu não sei porquê...sim, eu sei, o Papi está te perturbando não é...deixa eu falar com ele então...Oi Papi...sim a casa está ótima...já resolvi algum dos problemas ontem e segunda termino...quinta estou em São Paulo...vender a casa? Não Papi, qual o sentido disso? Não, não tem ninguém aqui que não deveria estar...Papi...por favor...sim, a casa é sua quando chegar em São Paulo eu vejo isso então, como o senhor quiser...o Bruno pode ajudar...ele é corretor...mas de qualquer jeito eu vou ficar aqui até o carnaval acabar...posso falar com a mami de novo, por favor?

– Mami, o que deu nele?...Ele não desconfia, ele tem certeza, não é? Sim, eu sei, vamos conversar com ele quando eu voltar...E a casa? ...Sim, deve ser muito dinheiro...se ele quiser vender não tem como evitar não é?...Eu sei Mami, se a senhora pudesse...sim, eu sei...talvez ele esqueça isso e comecemos a usar a casa mais...a Paloma, sim talvez ela possa ajudar...mas não a preocupe com isso..Vai passar...Também Mami, beijo.

Ele se virou para a vista do mar entre as cortinas...ele sabia que seu pai falara aquilo de propósito, afinal já era a segunda vez que Félix iria para Angra em pouco tempo, para quem nunca havia se interessado por aquela casa deveria ter algum motivo. Um motivo não, três.

Niko lhe abraçou dizendo que não haveria problema, sempre haveriam praias, hoteis e tudo mais para eles passearem

– Sabe Niko, essa casa de uma certa forma é especial pra mim, eu vim muito aqui quando era criança, com o Jonathan eu já nem sei se vim pra cá... – risos – mas agora eu queria ter aqui pra começar uma nova fase com você e as crianças...mas vou ter que repensar...meu pai não precisa vender essa casa...mas ele fará qualquer coisa no intuito de me atrapalhar...

– Bom ele conseguiu...mas quer saber? Vamos aproveitar essa viagem...eu não faço questão de todo esse luxo, você sabe disso...Podemos fazer tantas outras coisas, quem sabe daqui uns anos se o restaurante ajudar eu compro algo no litoral de São Paulo mesmo... – e Niko deu aquele sorriso tão característico para consolar Félix...

– Daqui uns anos, eu, você e as crianças num apartamento de praia? – Félix olhou surpreso...

– Por que não Félix? Você não acha que daqui uns anos...? – e ele se solta, afinal ele queria animá-lo e não desanimar-se...

– Carneirinho, porque daqui uns anos o Jayminho e o Fabrício vão querer ir com os amigos para a praia, não com nós dois seu bobo...Na verdade eu espero que você me aguente até lá...só isso... – sim, Félix precisava de carinho...

– Tem horas que eu acho que você faz esse drama todo pra eu te paparicar...como se precisasse...onde paramos mesmo?

Félix acabou por adormecer nos braços de Niko...de alguma forma ele acabou convencendo o moreno que não seria o fim do mundo não voltar mais lá, se o pai dele quer vender a casa pelo dinheiro, que vendesse...Niko sabia que não conseguiria oferecer uma vida cheia de luxos a Félix, mas nunca nada nem ninguém poderia dizer que era o dinheiro o motivo de Niko estar com ele, principalmente o doutor César.

Ele ainda nem acreditava que ambos estavam ali, mas era verdade, ao longe ele escutou Adriana chamando por Jayminho que já deveria estar aprontando algo:

– Fica aqui meu gato Félix descansando...

Era quase noite quando Félix levantou...Niko havia preparado o jantar...

– Você não consegue desgrudar da cozinha, Carneirinho? Bobeou você expulsa a d. Maria daqui e ti-bum, tome cozinhar...ela sabe cozinhar criatura...você vive reclamando que vive cansado da rotina do restaurante, que está cansado, e quando eu tento te tirar disso, você corre pra cozinha de novo!

– Acontece que aqui é diferente, Félix...

– Eu desisto de tentar te entender Carneirinho...lá vem a criatura mirim correndo...

– Paiiiiiii, tô com fome....

– Senta filho, senta aqui perto do tio Félix e já começa a jantar com ele, quem sabe ele com comida na boca para de reclamar um pouco..

– Eu não achei graça nenhuma nesse comentário; ha-ha-ha!

– Tio Féééélix?

– Diz criatura mirim. Eu devo ter cortado os cabelos de Sansão pra você me chamar assim.

– Podemos voltar naquela praia amanhã passando pela floresta? Podemos? – eram dias de festa para Jayminho.

– Floresta? Ah, a trilha, sim, podemos. Mas você precisa pedir para o seu pai, não?

Niko concordou, ele confiava em Félix como em nenhuma outra pessoa no mundo...era impressionante como ele o havia conquistado, nem o mal-humor característico o espantava pois no fundo ele acreditava que havia uma pessoa muito amorosa esperando pra ser descoberta.

– Niko, depois que os meninos dormirem eu queria conversar com você na varanda, tudo bem?

Jantar, banho, dormir.

Muito tempo depois... ele encontrou Félix sentado na penumbra da varanda

– Posso acender a luz? Credo que escuridão! Quantas vezes eu já te disse que não gosto da escuridão.

– Não! Não pode! Espera um minuto, vai dar certo.

Sem entender muito bem Niko viu Félix puxando uma mesinha e acendendo duas velas que só serviram mesmo para iluminar as taças, o vinho, os pães e os queijos que ele havia preparado. Meio sem graça ele tentou se explicar:

– Carneirinho, como eu não sei cozinhar e você não larga aquela cozinha, esse foi o mais próximo de um jantar que eu consegui chegar, também trouxe flores, olha só.

Ele puxou de uma das muretas um vasinho de flores que sorriram para os dois, até para abrir a garrafa de vinho ele era elegante...só lhe faltava habilidade culinária mesmo, mas essa parte Niko era imbátivel. Pra quê se preocupar então?

– Tudo isso pra mim?

– Isso é pouco pra alguém que nunca desistiu dessa criatura aqui, mesmo agora que eu quase estrago esse passeio que eu quis tanto que acontecesse...Estamos melhorando, não? Melhor, eu acho que estou melhorando – Um lindo sorriso se abriu - Quando eu vim aqui logo depois que sai da sua casa...ah meu deus, você não faz idéia do meu estado por achar que havia te perdido porque contei do meu passado pra sua mãe...e incrivelmente deu certo. Olha a gente aqui agora.

As taças, os vinhos, era a imagem de um encontro romântico como Niko sempre sonhara com Félix. A conversa estava deliciosa.

– Félix...eu vou ficar como você, mal acostumado...Olha a gente aqui...Está dando certo, quem diria minha mãe iria te aceitar, alguma coisa deve tê-la tocado para ela não ter te expluso de casa assim que te viu.

– Como assim Niko?

– Nada Félix, deve ser esse vinho...eu queria um abraço... – Niko sabia que havia falado demais

– Sem tentar me seduzir, ouviu? Félix Khoury ouviu muito bem, você disse que sua mãe já sabia do meu passado. Carneirinho, você contou pra ela sem me avisar?

– Não Félix...vamos dormir..melhor vamos ficar com sono pra dormir, que acha?

– Niko! Não mente pra mim, só me diga por quê você fez isso...eu só quero entender...

– Não fui eu Félix, foi o Eron...

– Eu não acredito que a lacraia fez isso e ainda te contou...Você sabia, não é?

– Não, não, senta aqui pois eu vou falar só uma vez isso. Sim, ele fez, eu fiquei sabendo pouco depois no dia do meu aniversário, só que eu percebi que te falar só iria trazer mais complicações. Olha seu estado agora? – Ele estava furioso, nem notou que Niko estava tentando se aproximar para um carinho.

– Eu devo ter jogado pedras em Maria Madalena, pena que eu não sou mais presidente do San Magno...Ah mas quando eu voltar pra São Paulo...quando será que eu vou ter paz?

– Félix, deixa o Eron em paz...por favor...

– Você ainda tem coragem de pedir por ele!...Eu não acredito... – Ele foi da irã a mágoa em apenas uma frase...

– Você acabou de me perguntar quando você teria paz; a minha pergunta é quando nós vamos ter paz? Esquece isso, deu certo no final, estamos aqui...ei, olhe pra mim.

Mas Félix havia se sentado abraçando o encosto da pequena cadeira, levava uma taça de vinho pela metade a mão e os olhos afundados, mas aquele turbilhão de emoções não o impedia de escutar as palavras de Niko. Como não ouve resposta, Niko sentou-se de frente pra ele que mesmo se fazendo de difícil não conseguiu mais fugir do carinho daquela mão:

– Félix, tanta gente te perdoou...perdooe Eron agora...não vamos iniciar uma guerra...é com você que eu quero estar...não sou o troféu de ninguém... – e a mão dele saia do queixo para afagá-lo no pescoço enquanto dizia essas palavras...ele sabia que estava sendo retribuído, pois Félix ouvia tudo de olhos fechados.

– Eu não suporto pensar que o Eron está atrás de você, é incontrolável...

– Ele não voltou mais no restaurante depois daquele dia...ele sabe que acabou. Eu tenho certeza que pra mim acabou.

Niko engoliu o seco pra chegar mais perto de Félix com as duas mãos e lhe roubar um selinho pra continuar:

– Eu achei tão lindo isso que você fez pra mim, não vamos estragar agora...Ontem eu dormi sozinho na sala. Você quer que eu durma sozinho hoje?

E num flash Félix lembrou de uma frase, que lhe remetia a um tempo que ele não tinha certeza de nada:

– Eu quero que você seja feliz Carneirinho.

– Acontece que eu sou feliz com você Félix. Só que eu preciso que você aprenda a perdoar da mesma maneira que tanta gente te perdoou. Não procure o Eron, não por mim, por nós – e concordando com tudo aquilo Félix ajeitou-se na cadeira para ficar de mãos dadas com Niko admirando aquela noite.

Ele sabia que era tempo de mudar, tempo de querer ser outra pessoa, uma pessoa que fosse digna daquele home que mesmo com todos os motivos para dizer que não, ainda acreditava que ele era uma pessoa boa.

– Eu não vou sentir falta dessa casa, Carneirinho, eu prometo.

– Que bom Félix, se eu pudesse eu lhe dava essa casa...mas eu nem paguei a minha ainda e nem que eu a vendesse conseguiria comprar um pedacinho dessa – Risos.

– Eu vou sentir falta de acordar e te procurar na cama pra descobrir que você está na cozinha...Acho que eu bebi demais... – Mais Risos entre os afagos que eles trocavam.

– Não, não bebeu...Você só foi um pouco romântico agora. E...hummmm...eu gostei...amanhã eu não preparo o café então...eu te espero, quer?

– Sim, muito.

Entre um beijo e outro Niko ainda teve tempo de pedir por mais daquelas supresas em São Paulo.

Ele só não sabia que Félix planeja isso e muito mais pare ele.

Adormeçeram. Pela primeira vez Félix acreditou que a viagem para a Angra tinha sido uma boa escolha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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