– Félix, isso aqui é lindo! – Niko estava extasiado com a visão do paraíso. Mesmo com toda as informações que seu amado havia dado, nada se comparava final de tarde que ele via agora.

A viagem durara quase o dia todo... Félix chegou exausto e se trancou no quarto principal para se acalmar...ele não imaginava que seria tão longa aquela viagem, meses antes havia ido e voltado com Niko e o carneirinho mini em 1 dia... o que havia dado errado daquela vez?

O Carneirinho e suas crias, com a ajuda de Adriana, foram molhar os pés na água, era a primeira vez que Jayminho via o mar...e Adriana também...Niko só estava chateado pois Félix não estava particpando daquela festa, será que ele já tinha tido uma overdose de família mesmo antes da viagem começar direito?

Os caseiros receberam muito bem Niko e as crianças, Pilar já havia explicado tudo e não houve maiores surpresas, já havia um lanche preparado posto a mesa e o jantar já estava a caminho, não havia mais com o que se preocupar naquela noite...a não ser Félix...

O moreno jantou com todos mas permanecia calado, Niko preferiu comer rápido e ajudar Adriana a colocar as crianças para dormir, de uma certa maneira estava receoso do que Félix poderia dizer naquela noite, seu olhar não era dos mais amigos para ninguém.

A casa era grande e espaçosa, Pilar havia providenciado um quarto para Jayminho e outro para Adriana e Fabrício, naturalmente a suíte principal estava arrumada para os dois. Niko havia deixado suas coisas na porta do quarto de Jayminho e havia tomado um banho rápido no mesmo banheiro que as crianças haviam usado.

Ele havia explorado toda a casa como desculpa para localizar Félix, só havia um quarto com a porta fechada, ele preferiu não bater...talvez fosse melhor procurar algum canto pela sala para dormir e amanhã, quando ele estivesse mais calmo eles conversariam...mas fazia tanto calor que ele resolveu ir até a beira da praia olhar o mar mais uma vez.

Para sua surpresa ele estava lá sentado mirando o vazio daquela noite. Niko sentou-se ao seu lado e procurou a mão de seu amado, permaneceu em silêncio:

– Carneirinho desculpe pelo meu humor. Acho que fiquei muito cansado...Espero não ter assustado o Jayminho ou a Adriana...pelo menos o Fabrício não pediu para parar em algum lugar pelo caminho...mas em alguns meses isso muda, não?

– Sim, vai mudar logo, logo – Risos - Você não tem o que pedir desculpas Félix, está tudo bem...Acho que na volta eu posso te ajudar a dirigir, que você acha? Vai ser menos cansativo...

– Se você dirigir carneirinho, aí que a gente não chega em lugar nenhum...

– Félix, eu aqui tentando ajudar! – Niko mudou o tom de voz, era a fênix Félix renascendo das cinzas...e Niko definitivamente não estava a fim de levar aquele tipo de bicada.

– Desculpe carneirinho, eu perco o amigo mas não perco a piada... – Félix teve tempo de segurar Niko pelo braço antes que ele fosse embora, de uma certa forma ele realmente havia perdido um pouco da paciência que ele achava que tinha.

– Foi divertido!

O Carneirinho se senta de novo para explicar:

– Como assim divertido? Eu vim o tempo inteiro reclamando de vocês na viagem...

– Mas quando é que você não reclama, Félix? – Niko tinha os olhos mais compreensivos que Félix precisava...

Eles só não eram mais azuis porque a penumbra da noite não deixava, de uns dias para cá Félix se via mais enfeitiçado por Niko, ele não sabia se era a empolgação pela viagem ou a convivência...não teve mais tempo de pensar em alguma possibilidade pois nem conseguiu entender direito se primeiro veio o beijo ou os dois caindo na areia entre abraços e beijos...

– Carneirinho, estou todo sujo de areia, olha isso, vou ter que tomar outro banho... – Félix nunca gostava de surpresas, era muito melhor ser o dono da situação, principalmente quando a situação tinhas os cabelos mais cacheados do mundo. Ele ria, mas ia aos poucos se levantando e tentando tirar a areia dos braços

– Bom já que é pra reclamar, pelo menos que reclame com algum motivo – e dessa vez ele pulou sob Félix para beijá-lo, entre os beijos e as risadas eles rolaram na areia, Félix fingindo que queria escapar e seu carneirinho fingindo que nunca o deixaria sair dali.

– Carneirinho, vamos sujar todo o quarto ao entrar, olha nosso estado?! Temos que no mínimo cativar a d. Maria ou ela vai expulsar a gente daqui logo, logo...

– Por que sujar o quarto Félix? Não tem uma ducha na beira daquela piscina, tiramos a areia lá, não?

– Eu devo ter salgado o mar morto para você falar em banho de ducha, você tem noção de como essa água está fria? Eu fico tremendo só de pensar...olha aqui, já estou todo arrepiado... veja aqui, olha?

– Eu te esquento depois, vamos lá? Deixa de ser reclamão...por favor...massagem nos pés?

– Você não faz idéia de como eu gosto de massagem nos pés...

– Mostre me quanto, então...

– Além da massagem nos pés posso pedir alguma a mais? Não há muito o que fazer na praia mesmo, não é? Ou por quê você acha que eu escolhi Angra? – Um largo sorriso começava a revelar as reais intenções daquele lobo.

Ao amanhacer Félix procurou Niko com um dos braços mas a cama estava vazia, nem no banheiro e a janela que dava saída para o jardim e a praia estava trancada...talvez as crianças estivessem precisando de algo...mas quem precisava de algo às quinze para as sete da manhã...Bom, melhor levantar e procurar todos, ele precisava se redimir, nem quando ele se portava tão mal Niko lhe decepcionava.

– Pelas barbas do profeta, eu devo ter salgado a santa-ceia para você estar na cozinha a essa hora, Niko! Se você queria comer algo cedo por que não me avisou? Era só dizer que a empregada preparava tudo... – rápido ele puxou uma cadeira para se sentar, ainda setava cansado do dia anterior, não era aquilo que ele imaginava como primeira manhã dos dois juntos...

– Bom dia Félix, o dia está lindo não? Você já foi olhar lá fora o sol?

– Não, Niko, eu não consigo amanhecer radiante como você...devem ser seus cabelos...que irradiam algo nessa sua cabecinha...

– Café? Tem waffles e tapioca também. O Jayminho adora tapioca...hummm será que ele vai gostar de waffles? Eu sei que você gosta de waffles...

– Um café forte e amargo

– Féeeeelix?! Credo...eu disse pra d. Maria que eu cuidava do café hoje– você sabe que ela se chama Maria? Achei que você ia gostar de comer meus waffles...

Ele apenas revirou os olhos confirmando o óbvio.

– Bom, você tem certeza que não quer um?

Niko poderia jurar que Félix estava com a boca cheia de água pelos waffles quando ele se levantou com a caneca de café e foi em direção a praia...

“Eu só levantei porque imaginei que ele iria adorar os waffles...Hoje eu vou cuidar dos meus filhos, talvez o Félix esteja ficando mal acostumado...qual o mal de eu querer que preparar o café da manhã dele e das crianças...e eu só fiz waffles porque a d. Pilar disse que ele adorava isso com mel e que o mel já estaria comprado quando eu chegasse...bom não deu certo...”.

Ele se sentou e tomou o café sozinho com uma das tapiocas...

Até a hora do almoço Niko brincou muito com Jayminho, Fabrício e até a Adriana...ele havia decidido que não daria corda a Félix com suas manhas...como ele poderia ficar todo o tempo somente dando atenção a ele.

O almoço transcorreu normal...Félix seguia cabisbaixo...Niko não sabia qual era o problema...mas talvez fosse melhor dar tempo ao tempo...

No meio da tarde, Félix saiu com o carro sem avisar e para sua surpresa encontrou todos dormindo na volta. Um alívio. Haveria tempo ele pensou.

Após o jantar era Jayminho que estava preocupado com Félix, por fim ele cedeu e todos foram jogar damas na varanda até a hora das crianças dormirem.

– Nossa, enfim eles foram dormir – ele se jogou no sofá e não fez nenhuma questão de esconder o alívio...

– Félix, eu achei que você soubesse que viajar com crianças era, vamos dizer, agitado. – o Carneirinho deu um sorriso meio sem-graça, mas era a pura verdade.

– Desculpe, Niko, não foi isso que eu quis dizer. – mas havia sido para Niko de qualquer forma.

– Félix, você me espanta dizendo isso, você conheceu a minha luta para ficar com esses dois desde o início, o que você esperava? Que eu aceitasse seu convite e deixasse as crianças em casa pra não te atrapalhar?? – Niko levantou-se para sair, para ele o melhor era não continuar aquela conversa.

Balançando a cabeça em sinal de negação Félix ainda tentou conversar:

– Carneirinho, ei, não é isso.

– Sabe por que eu sei que é, sabe por quê? Olha pra mim por que eu não quero falar alto. Deixa eu respirar primeiro. Isso é muito próximo do Eron, eu nunca senti que o Eron quisesse as crianças ou não as quisesse também, ele apenas não se intrometia nisso nem para concordar ou discordar somente pra me manter feliz, agora você...Eu achava que você gostava dos meninos! Eu realmente achava – e quando uma lágrima caiu:

– Não, Niko, não... não é nada disso...por favor... – ele chegou mais perto para enxugar aquela lágrima, mas antes Niko se esquivou pra resolver aquilo sozinho.

– Eu tinha pensado algo diferente pra hoje, não essa discussão. Vem cá?

Mas Niko saiu deixando Félix desolado, nada havia dado certo.